Questões de Concurso Para prefeitura de telêmaco borba - pr

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Q2723619 Medicina

Referente à lombalgia, analise os itens seguintes e assinale a alternativa correta.


I – Segundo o trabalho de Deyo, publicado no New England Journal of Medicine em 2001, observou-se que a etiologia prevalente para lombalgia é de estiramento ou entorse lombar.

II – Menos de 1% da população adulta economicamente ativa sofre de dorsalgia.

III – São sinais e sintomas de alarme na lombalgia: dor iniciada antes dos 20 e após os 50 anos, febre, perda ponderal, dor intensa noturna ou piora da dor em posição supina, incontinência fecal e/ou urinária, história de neoplasia, anestesia em sela, redução da força em membros inferiores e imunossupressão.

Alternativas
Q2723618 Medicina

Assinale a assertiva que apresenta a portaria que publica a proposta de Projeto de Resolução “Boas Práticas para Organização e Funcionamento de Serviços de Urgência e Emergência”.

Alternativas
Q2723617 Medicina

Analise os seguintes itens a respeito de diarreia crônica e assinale a alternativa correta.


I – Diarreias tipo secretória podem ser desencadeadas por cólera, tumor de tireoide medular e uso de laxantes estimulantes exógenos, por exemplo.

II – Amiloidose pode promover esteatorreia, da mesma forma que a Doença de Whipple.

III – São exemplos de dismotilidade promotora de diarreia crônica: hipertireoidismo, síndrome do intestino irritável e Espru tropical.

IV – Pacientes portadores do Vírus da Imunodeficiência Adquirida podem ter, como sintoma inicial, diarreia crônica.

Alternativas
Q2723616 Medicina

Os Centros de Atenção Psicossocial são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais e estimular sua integração social e familiar, além de outras funções. Para que isso ocorra, necessitam de um número mínimo de membros na equipe.


Assinale a alternativa que contém a relação correta entre o tipo de CAPS e sua equipe mínima, conforme a determinação do Ministério da Saúde:


Tipo de CAPS

Equipe Mínima

I – CAPS I

A – 2 psiquiatras; 1 enfermeiro com formação em nível superior; 5 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais; 8 profissionais de nível médio.

II – CAPS II

B – 1 médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde mental; 1 enfermeiro; 4 profissionais de nível superior dentre psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 5 profissionais de nível médio.

III – CAPS III

C – 1 médico psiquiatra ou com formação em saúde mental; 1 enfermeiro, 3 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais; 4 profissionais de nível médio.

IV – CAPSi

D – 1 psiquiatra; 1 enfermeiro com formação em saúde mental; 1 médico clínico responsável pela triagem, avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas; 4 profissionais de nível superior necessário ao projeto terapêutico; 6 profissionais de nível médio.

V - CAPSad

E – 1 psiquiatra; 1 enfermeiro com formação em saúde mental; 4 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais; 6 profissionais de nível médio.


Alternativas
Q2723615 Medicina

Assinale a alternativa em que se faz a correlação incorreta.

Alternativas
Q2723614 Medicina

Leia o seguinte caso para responder às próximas três questões.


Mulher de 28 anos vai ao consultório queixando-se de dor em joelho direito e hálux contra-lateral, com 10 dias de evolução e que não respondeu ao uso de analgésicos simples. Refere febrícula ao término do dia associada à mialgia inespecífica, além de disúria e corrimento vaginal branco leitoso amarelo esverdeado e prurido ocular bilateral; há 45 dias foi tratada para LUES com esquema adequado preconizado pelo Ministério da Saúde. Ao exame, apresenta-se afebril, e ambos os olhos estão injetados e fotossensíveis; o joelho direito e a primeira articulação metatarsofalangiana esquerda apresentam-se edemaciados e dolorosos com discreta hiperemia.


Sobre esse caso, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.


I – O principal diagnóstico diferencial para esse caso é a gonorreia.

II – Essa paciente possivelmente é HLA-B27 negativa.

III – Ela pode ser tratada com Azitromicina 1g no D1 e D7 associada com Ceftriaxona 250mg Intramuscular no D1 possui maior índice de cura em relação ao uso de Cefetriaxone 250mg Intramuscular no D1 com doxiciclina 100mg via oral de 12/12 horas por 14 dias.

IV – O provável agente etiológico do caso é a Chlamydia trachomatis.

Alternativas
Q2723613 Medicina

Leia o seguinte caso para responder às próximas três questões.


Mulher de 28 anos vai ao consultório queixando-se de dor em joelho direito e hálux contra-lateral, com 10 dias de evolução e que não respondeu ao uso de analgésicos simples. Refere febrícula ao término do dia associada à mialgia inespecífica, além de disúria e corrimento vaginal branco leitoso amarelo esverdeado e prurido ocular bilateral; há 45 dias foi tratada para LUES com esquema adequado preconizado pelo Ministério da Saúde. Ao exame, apresenta-se afebril, e ambos os olhos estão injetados e fotossensíveis; o joelho direito e a primeira articulação metatarsofalangiana esquerda apresentam-se edemaciados e dolorosos com discreta hiperemia.


Essa paciente possui fator de risco para desenvolver qual patologia ginecológica a médio prazo, se não for tratada corretamente?

Alternativas
Q2723612 Medicina

Leia o seguinte caso para responder às próximas três questões.


Mulher de 28 anos vai ao consultório queixando-se de dor em joelho direito e hálux contra-lateral, com 10 dias de evolução e que não respondeu ao uso de analgésicos simples. Refere febrícula ao término do dia associada à mialgia inespecífica, além de disúria e corrimento vaginal branco leitoso amarelo esverdeado e prurido ocular bilateral; há 45 dias foi tratada para LUES com esquema adequado preconizado pelo Ministério da Saúde. Ao exame, apresenta-se afebril, e ambos os olhos estão injetados e fotossensíveis; o joelho direito e a primeira articulação metatarsofalangiana esquerda apresentam-se edemaciados e dolorosos com discreta hiperemia.


Com base no caso, pode-se afirmar que a paciente apresenta uma tríade. Assinale a assertiva que contém o epônimo dessa tríade.

Alternativas
Q2723611 Medicina

Leia as assertivas e assinale a alternativa correta.


I – A insuficiência cardíaca congestiva é uma síndrome clínica sempre causada por alguma doença cardíaca subjacente, mais comumente miocardiopatia isquêmica resultante de aterosclerose e/ou hipertensão arterial.

II – A Doxorrubicina é uma droga amplamente utilizada e que causa efeitos cardiotóxicos com dose cumulativa superior a 450mg/m2 de superfície corporal.

III – Os inibidores da ECA e os BRA associados a betabloqueadores e antagonistas de aldosterona podem diminuir a mortalidade, e aliviam imediatamente os sintomas congestivos.

IV – A insuficiência cardíaca crônica é uma doença progressiva com alta mortalidade, e a classe funcional do paciente geralmente não é um guia ao tratamento.

Alternativas
Q2723610 Medicina

Analise as afirmativas seguintes e assinale a alternativa que contém o resultado final da soma da(s) afirmativa(s) correta(s):


01 – Toda lesão no sistema nervoso central promove atrofia cortical, progredindo para demência.

02 – Delirium tremens com instabilidade autonômica e hiperatividade simpática associa-se, geralmente, a mortalidade de 5 a 10% dos pacientes.

04 – A classe de medicamento de primeira escolha para pacientes com delirium tremens são os Inibidores da Recapitação da Serotonina como a Amitriptilina.

08 – O etilismo pode desenvolver a encefalopatia de Wernicke.

16 – Os benzodiazepínicos tem ação no sistema de ácido gama-amino-butirico, da mesma forma que o álcool no cérebro humano.

Alternativas
Q2723604 Atualidades

Hino do município de Telêmaco Borba/PR


Das virgens matas e campos verdejantes

Servindo-se também o rio Tibagi,

Homens de ideais, espíritos vibrantes.

Constituíram as indústrias aqui.

Estribilho:

Salve! Salve! Telêmaco Borba

Terra querida e de grandes primores,

A nossa homenagem rendamos

À cidade dos trabalhadores.

Pois a cadência de enorme e real progresso

Um município mui grandioso fez nascer,

Marcando assim, verdadeiro sucesso

Faz, então o Paraná engrandecer.



No que tange ao Hino do município, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas e marque a alternativa correta.



( ) Eloah Martins Quadrado é autora da letra do hino.

( ) Bento Mossurunga compôs a música do hino.

( ) Eloah Martins Quadrado foi nomeada primeira professora da Cidade Nova, atual Telêmaco Borba.

( ) Bento Mossurunga fundou a orquestra Estudantil e Consertos – Orquestra Sinfônica da Universidade, a Sociedade de Cultura Artístico Basilio Itiberê.

Alternativas
Q2723600 Noções de Informática

Considerando o MS-Excel versão 2010, observando a figura abaixo, é incorreto afirmar que:



A

B

C

1

12

6

=A1*B1

2

8

2

=A2/B2

3

5

14

=A3-B3

4

6

11

=A4+B4


Alternativas
Q2723598 Matemática

Quatro torcedores, um do São Paulo, um do Cruzeiro, um do Vasco e um do Bahia, estão sentados ao redor de uma mesa quadrada, de modo que, dois a dois, fiquem frente a frente. Sabe-se que Alan é torcedor do Cruzeiro e que Bruno está sentado à direita de Alan. Sabe-se também que Caio está sentado à direita do torcedor do São Paulo. Sabe-se ainda que Daniel não é torcedor do Vasco e que está sentado à frente de Bruno. Dessa forma, é correto afirmar que:

Alternativas
Q2723597 Matemática

Bruno escreveu, em seu caderno, várias sequências formadas por números múltiplos de 4, onde os valores que ocupavam as posições pares eram multiplicados por –1. Cada sequência foi somada e o resultado da soma anotado. A soma das três primeiras sequências escritas por Bruno foram as seguintes:


4 – 8 = – 4

4 – 8 + 12 = 8

4 – 8 + 12 – 16 = – 8


Considere que Bruno escreveu e somou tais sequências, em seu caderno, de modo a obter determinada sequência cuja soma foi 600. O número de termos dessa sequência é igual a:

Alternativas
Q2723596 Matemática

Em um grupo formado por 67 pessoas, verificou-se que 41 pessoas gostam de arroz, 29 gostam de feijão, 33 gostam de carne, 19 gostam de arroz e de feijão, 9 gostam apenas de arroz e de carne, 12 gostam de feijão e de carne e que 6 gostam de arroz, de feijão e de carne. O número de pessoas desse grupo, que não gosta de nenhum desses três tipos de alimentos é igual a:

Alternativas
Q2723595 Raciocínio Lógico

Considere a seguinte afirmativa: “Todo churrasqueiro gosta de picanha”. Em relação a essa proposição, é correto afirmar que:

Alternativas
Q2723594 Matemática

Os cinco filhos de Ana estavam discutindo a respeito da data de nascimento da mãe:


- Almir disse que foi em janeiro, dia 14, sexta-feira.

- Vanderlei disse que foi em janeiro, dia 14, sábado.

- Tiago disse que foi em fevereiro, dia 15, sábado.

- Sandro disse que foi em janeiro, dia 15, sexta-feira.

- Renato disse que foi em fevereiro, dia 15, sexta-feira.


Sabe-se que somente um dos filhos de Ana acertou corretamente sua data de nascimento e que os outros acertaram pelo menos um dos itens (dia, dia da semana e mês). Dessa forma, é correto afirmar que o filho de Ana que acertou a data de nascimento dela foi:

Alternativas
Q2723593 Português

Texto para as próximas cinco questões:


“O cego Estrelinho”

Mia Couto


O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.

O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:

— Tenho que viver já, senão esqueço-me.

Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:

— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!

A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:

— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!

Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.

— Na noite aflige não haver luz?

— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.

Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:

— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?

Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?

Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:

— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.

O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.

— Agora, só agora, sou cego que não vê.

(...)


COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).

No último parágrafo do fragmento do conto “— Agora, só agora, sou cego que não vê”, a oração subordinada presente classifica-se corretamente como:

Alternativas
Q2723592 Português

Texto para as próximas cinco questões:


“O cego Estrelinho”

Mia Couto


O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.

O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:

— Tenho que viver já, senão esqueço-me.

Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:

— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!

A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:

— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!

Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.

— Na noite aflige não haver luz?

— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.

Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:

— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?

Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?

Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:

— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.

O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.

— Agora, só agora, sou cego que não vê.

(...)


COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).

No terceiro período do décimo terceiro parágrafo, temos:

Alternativas
Q2723591 Português

Texto para as próximas cinco questões:


“O cego Estrelinho”

Mia Couto


O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.

O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:

— Tenho que viver já, senão esqueço-me.

Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:

— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!

A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:

— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!

Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.

— Na noite aflige não haver luz?

— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.

Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:

— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?

Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?

Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:

— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.

O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.

— Agora, só agora, sou cego que não vê.

(...)


COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).

Na oração “A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades”, o autor faz uso de um neologismo, assim como no decorrer de toda a obra em questão. Contudo, o neologismo só se torna possível pela utilização dos elementos mórficos naquilo que a gramática normativa pontua como Processo de Formação das Palavras. Levando em consideração apenas o recurso morfológico, qual Processo de Formação foi utilizado?

Alternativas
Respostas
181: A
182: B
183: D
184: D
185: B
186: E
187: C
188: B
189: A
190: E
191: E
192: D
193: B
194: D
195: A
196: E
197: B
198: A
199: D
200: E