Questões de Concurso
Para prefeitura de telêmaco borba - pr
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Referente à lombalgia, analise os itens seguintes e assinale a alternativa correta.
I – Segundo o trabalho de Deyo, publicado no New England Journal of Medicine em 2001, observou-se que a etiologia prevalente para lombalgia é de estiramento ou entorse lombar.
II – Menos de 1% da população adulta economicamente ativa sofre de dorsalgia.
III – São sinais e sintomas de alarme na lombalgia: dor iniciada antes dos 20 e após os 50 anos, febre, perda ponderal, dor intensa noturna ou piora da dor em posição supina, incontinência fecal e/ou urinária, história de neoplasia, anestesia em sela, redução da força em membros inferiores e imunossupressão.
Assinale a assertiva que apresenta a portaria que publica a proposta de Projeto de Resolução “Boas Práticas para Organização e Funcionamento de Serviços de Urgência e Emergência”.
Analise os seguintes itens a respeito de diarreia crônica e assinale a alternativa correta.
I – Diarreias tipo secretória podem ser desencadeadas por cólera, tumor de tireoide medular e uso de laxantes estimulantes exógenos, por exemplo.
II – Amiloidose pode promover esteatorreia, da mesma forma que a Doença de Whipple.
III – São exemplos de dismotilidade promotora de diarreia crônica: hipertireoidismo, síndrome do intestino irritável e Espru tropical.
IV – Pacientes portadores do Vírus da Imunodeficiência Adquirida podem ter, como sintoma inicial, diarreia crônica.
Os Centros de Atenção Psicossocial são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais e estimular sua integração social e familiar, além de outras funções. Para que isso ocorra, necessitam de um número mínimo de membros na equipe.
Assinale a alternativa que contém a relação correta entre o tipo de CAPS e sua equipe mínima, conforme a determinação do Ministério da Saúde:
Tipo de CAPS |
Equipe Mínima |
I – CAPS I |
A – 2 psiquiatras; 1 enfermeiro com formação em nível superior; 5 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais; 8 profissionais de nível médio. |
II – CAPS II |
B – 1 médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde mental; 1 enfermeiro; 4 profissionais de nível superior dentre psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 5 profissionais de nível médio. |
III – CAPS III |
C – 1 médico psiquiatra ou com formação em saúde mental; 1 enfermeiro, 3 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais; 4 profissionais de nível médio. |
IV – CAPSi |
D – 1 psiquiatra; 1 enfermeiro com formação em saúde mental; 1 médico clínico responsável pela triagem, avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas; 4 profissionais de nível superior necessário ao projeto terapêutico; 6 profissionais de nível médio. |
V - CAPSad |
E – 1 psiquiatra; 1 enfermeiro com formação em saúde mental; 4 profissionais de nível superior de outras categorias profissionais; 6 profissionais de nível médio. |
Assinale a alternativa em que se faz a correlação incorreta.
Leia o seguinte caso para responder às próximas três questões.
Mulher de 28 anos vai ao consultório queixando-se de dor em joelho direito e hálux contra-lateral, com 10 dias de evolução e que não respondeu ao uso de analgésicos simples. Refere febrícula ao término do dia associada à mialgia inespecífica, além de disúria e corrimento vaginal branco leitoso amarelo esverdeado e prurido ocular bilateral; há 45 dias foi tratada para LUES com esquema adequado preconizado pelo Ministério da Saúde. Ao exame, apresenta-se afebril, e ambos os olhos estão injetados e fotossensíveis; o joelho direito e a primeira articulação metatarsofalangiana esquerda apresentam-se edemaciados e dolorosos com discreta hiperemia.
Sobre esse caso, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta.
I – O principal diagnóstico diferencial para esse caso é a gonorreia.
II – Essa paciente possivelmente é HLA-B27 negativa.
III – Ela pode ser tratada com Azitromicina 1g no D1 e D7 associada com Ceftriaxona 250mg Intramuscular no D1 possui maior índice de cura em relação ao uso de Cefetriaxone 250mg Intramuscular no D1 com doxiciclina 100mg via oral de 12/12 horas por 14 dias.
IV – O provável agente etiológico do caso é a Chlamydia trachomatis.
Leia o seguinte caso para responder às próximas três questões.
Mulher de 28 anos vai ao consultório queixando-se de dor em joelho direito e hálux contra-lateral, com 10 dias de evolução e que não respondeu ao uso de analgésicos simples. Refere febrícula ao término do dia associada à mialgia inespecífica, além de disúria e corrimento vaginal branco leitoso amarelo esverdeado e prurido ocular bilateral; há 45 dias foi tratada para LUES com esquema adequado preconizado pelo Ministério da Saúde. Ao exame, apresenta-se afebril, e ambos os olhos estão injetados e fotossensíveis; o joelho direito e a primeira articulação metatarsofalangiana esquerda apresentam-se edemaciados e dolorosos com discreta hiperemia.
Essa paciente possui fator de risco para desenvolver qual patologia ginecológica a médio prazo, se não for tratada corretamente?
Leia o seguinte caso para responder às próximas três questões.
Mulher de 28 anos vai ao consultório queixando-se de dor em joelho direito e hálux contra-lateral, com 10 dias de evolução e que não respondeu ao uso de analgésicos simples. Refere febrícula ao término do dia associada à mialgia inespecífica, além de disúria e corrimento vaginal branco leitoso amarelo esverdeado e prurido ocular bilateral; há 45 dias foi tratada para LUES com esquema adequado preconizado pelo Ministério da Saúde. Ao exame, apresenta-se afebril, e ambos os olhos estão injetados e fotossensíveis; o joelho direito e a primeira articulação metatarsofalangiana esquerda apresentam-se edemaciados e dolorosos com discreta hiperemia.
Com base no caso, pode-se afirmar que a paciente apresenta uma tríade. Assinale a assertiva que contém o epônimo dessa tríade.
Leia as assertivas e assinale a alternativa correta.
I – A insuficiência cardíaca congestiva é uma síndrome clínica sempre causada por alguma doença cardíaca subjacente, mais comumente miocardiopatia isquêmica resultante de aterosclerose e/ou hipertensão arterial.
II – A Doxorrubicina é uma droga amplamente utilizada e que causa efeitos cardiotóxicos com dose cumulativa superior a 450mg/m2 de superfície corporal.
III – Os inibidores da ECA e os BRA associados a betabloqueadores e antagonistas de aldosterona podem diminuir a mortalidade, e aliviam imediatamente os sintomas congestivos.
IV – A insuficiência cardíaca crônica é uma doença progressiva com alta mortalidade, e a classe funcional do paciente geralmente não é um guia ao tratamento.
Analise as afirmativas seguintes e assinale a alternativa que contém o resultado final da soma da(s) afirmativa(s) correta(s):
01 – Toda lesão no sistema nervoso central promove atrofia cortical, progredindo para demência.
02 – Delirium tremens com instabilidade autonômica e hiperatividade simpática associa-se, geralmente, a mortalidade de 5 a 10% dos pacientes.
04 – A classe de medicamento de primeira escolha para pacientes com delirium tremens são os Inibidores da Recapitação da Serotonina como a Amitriptilina.
08 – O etilismo pode desenvolver a encefalopatia de Wernicke.
16 – Os benzodiazepínicos tem ação no sistema de ácido gama-amino-butirico, da mesma forma que o álcool no cérebro humano.
Hino do município de Telêmaco Borba/PR
Das virgens matas e campos verdejantes
Servindo-se também o rio Tibagi,
Homens de ideais, espíritos vibrantes.
Constituíram as indústrias aqui.
Estribilho:
Salve! Salve! Telêmaco Borba
Terra querida e de grandes primores,
A nossa homenagem rendamos
À cidade dos trabalhadores.
Pois a cadência de enorme e real progresso
Um município mui grandioso fez nascer,
Marcando assim, verdadeiro sucesso
Faz, então o Paraná engrandecer.
No que tange ao Hino do município, atribua V (verdadeiro) ou F (falso) às afirmativas e marque a alternativa correta.
( ) Eloah Martins Quadrado é autora da letra do hino.
( ) Bento Mossurunga compôs a música do hino.
( ) Eloah Martins Quadrado foi nomeada primeira professora da Cidade Nova, atual Telêmaco Borba.
( ) Bento Mossurunga fundou a orquestra Estudantil e Consertos – Orquestra Sinfônica da Universidade, a Sociedade de Cultura Artístico Basilio Itiberê.
Considerando o MS-Excel versão 2010, observando a figura abaixo, é incorreto afirmar que:
A |
B |
C |
|
1 |
12 |
6 |
=A1*B1 |
2 |
8 |
2 |
=A2/B2 |
3 |
5 |
14 |
=A3-B3 |
4 |
6 |
11 |
=A4+B4 |
Quatro torcedores, um do São Paulo, um do Cruzeiro, um do Vasco e um do Bahia, estão sentados ao redor de uma mesa quadrada, de modo que, dois a dois, fiquem frente a frente. Sabe-se que Alan é torcedor do Cruzeiro e que Bruno está sentado à direita de Alan. Sabe-se também que Caio está sentado à direita do torcedor do São Paulo. Sabe-se ainda que Daniel não é torcedor do Vasco e que está sentado à frente de Bruno. Dessa forma, é correto afirmar que:
Bruno escreveu, em seu caderno, várias sequências formadas por números múltiplos de 4, onde os valores que ocupavam as posições pares eram multiplicados por –1. Cada sequência foi somada e o resultado da soma anotado. A soma das três primeiras sequências escritas por Bruno foram as seguintes:
4 – 8 = – 4
4 – 8 + 12 = 8
4 – 8 + 12 – 16 = – 8
Considere que Bruno escreveu e somou tais sequências, em seu caderno, de modo a obter determinada sequência cuja soma foi 600. O número de termos dessa sequência é igual a:
Em um grupo formado por 67 pessoas, verificou-se que 41 pessoas gostam de arroz, 29 gostam de feijão, 33 gostam de carne, 19 gostam de arroz e de feijão, 9 gostam apenas de arroz e de carne, 12 gostam de feijão e de carne e que 6 gostam de arroz, de feijão e de carne. O número de pessoas desse grupo, que não gosta de nenhum desses três tipos de alimentos é igual a:
Considere a seguinte afirmativa: “Todo churrasqueiro gosta de picanha”. Em relação a essa proposição, é correto afirmar que:
Os cinco filhos de Ana estavam discutindo a respeito da data de nascimento da mãe:
- Almir disse que foi em janeiro, dia 14, sexta-feira.
- Vanderlei disse que foi em janeiro, dia 14, sábado.
- Tiago disse que foi em fevereiro, dia 15, sábado.
- Sandro disse que foi em janeiro, dia 15, sexta-feira.
- Renato disse que foi em fevereiro, dia 15, sexta-feira.
Sabe-se que somente um dos filhos de Ana acertou corretamente sua data de nascimento e que os outros acertaram pelo menos um dos itens (dia, dia da semana e mês). Dessa forma, é correto afirmar que o filho de Ana que acertou a data de nascimento dela foi:
Texto para as próximas cinco questões:
“O cego Estrelinho”
Mia Couto
O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.
O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
— Tenho que viver já, senão esqueço-me.
Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:
— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!
A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:
— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!
Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.
— Na noite aflige não haver luz?
— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.
Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:
— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?
Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?
Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:
— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.
O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.
— Agora, só agora, sou cego que não vê.
(...)
COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).
No último parágrafo do fragmento do conto “— Agora, só agora, sou cego que não vê”, a oração subordinada presente classifica-se corretamente como:
Texto para as próximas cinco questões:
“O cego Estrelinho”
Mia Couto
O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.
O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
— Tenho que viver já, senão esqueço-me.
Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:
— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!
A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:
— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!
Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.
— Na noite aflige não haver luz?
— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.
Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:
— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?
Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?
Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:
— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.
O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.
— Agora, só agora, sou cego que não vê.
(...)
COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).
No terceiro período do décimo terceiro parágrafo, temos:
Texto para as próximas cinco questões:
“O cego Estrelinho”
Mia Couto
O cego Estrelinho era pessoa de nenhuma vez: sua história poderia ser contada e descontada não fosse seu guia, Gigito Efraim. A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades. Aquela mão era repartidamente comum, extensão de um no outro, siamensal. E assim era quase de nascença. Memória de Estrelinho tinha cinco dedos e eram os de Gigito postos, em aperto, na sua própria mão.
O cego, curioso, queria saber de tudo. Ele não fazia cerimónia no viver. O sempre lhe era pouco e o tudo insuficiente. Dizia, deste modo:
— Tenho que viver já, senão esqueço-me.
Gigitinho, porém, o que descrevia era o que não havia. O mundo que ele minuciava eram fantasias e rendilhados. A imaginação do guia era mais profícua que papaeira. O cego enchia a boca de águas:
— Que maravilhação esse mundo. Me conte tudo, Gigito!
A mão do guia era, afinal, o manuscrito da mentira. Gigito Efraim estava como nunca esteve S. Tomé: via para não crer. O condutor falava pela ponta dos dedos. Desfolhava o universo, aberto em folhas. A ideação dele era tal que mesmo o cego, por vezes, acreditava ver. O outro lhe encorajava esses breves enganos:
— Desbengale-se, você está escolhendo a boa procedência!
Mentira: Estrelinho continuava sem ver uma palmeira à frente do nariz. Contudo, o cego não se conformava em suas escurezas. Ele cumpria o ditado: não tinha perna e queria dar o pontapé. Só à noite, ele desalentava, sofrendo medos mais antigos que a humanidade. Entendia aquilo que, na raça humana, é menos primitivo: o animal.
— Na noite aflige não haver luz?
— Aflição é ter um pássaro branco esvoando dentro do sono.
Pássaro branco? No sono? Lugar de ave é nas alturas. Dizem até que Deus fez o céu para justificar os pássaros. Estrelinho disfarçava o medo dos vaticínios, subterfugindo:
— E agora, Gigitinho? Agora, olhando assim para cima, estou face ao céu?
Que podia o outro responder? O céu do cego fica em toda a parte. Estrelinho perdia o pé era quando a noite chegava e seu mestre adormecia. Era como se um novo escuro nele se estreasse em nó cego. Devagaroso e sorrateiro ele aninhava sua mão na mão do guia. Só assim adormecia. A razão da concha é a timidez da amêijoa? Na manhã seguinte, o cego lhe confessava: se você morrer, tenho que morrer logo no imediato. Senão-me: como acerto o caminho para o céu?
Foi no mês de dezembro que levaram Gigitinho. Lhe tiraram do mundo para pôr na guerra: obrigavam os serviços militares. O cego reclamou: que o moço inatingia a idade. E que o serviço que ele a si prestava era vital e vitalício. O guia chamou Estrelinho à parte e lhe tranquilizou:
— Não vai ficar sozinhando por aí. Minha mana já mandei para ficar no meu lugar.
O cego estendeu o braço a querer tocar uma despedida. Mas o outro já não estava lá. Ou estava e se desviara, propositado? E sem água ida nem vinda, Estrelinho escutou o amigo se afastar, engolido, espongínquo, inevisível. Pela pimeira vez, Estrelinho se sentiu invalidado.
— Agora, só agora, sou cego que não vê.
(...)
COUTO, Mia. Estórias abensonhadas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996. (Pág 23 e 24).
Na oração “A mão de Gigito conduziu o desvistado por tempos e idades”, o autor faz uso de um neologismo, assim como no decorrer de toda a obra em questão. Contudo, o neologismo só se torna possível pela utilização dos elementos mórficos naquilo que a gramática normativa pontua como Processo de Formação das Palavras. Levando em consideração apenas o recurso morfológico, qual Processo de Formação foi utilizado?