Questões de Concurso Para prefeitura de miracema - rj

Foram encontradas 725 questões

Resolva questões gratuitamente!

Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!

Q2368377 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

Algumas ocorrências do emprego do sinal de aspas podem ser indicadas no texto (5º e 6º parágrafos):

       Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

Assinale a frase a seguir em que as aspas exercem a mesma função vista no trecho destacado anteriormente, considerando o contexto.
Alternativas
Q2368376 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

Em Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019.” (3º§), o termo destacado só não pode ser substituído por: 
Alternativas
Q2368375 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

A autora inicia o texto com um recurso que indica: 
Alternativas
Q2368374 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

“Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.” (2º§)
Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda.” (3º§)

Acerca dos vocábulos destacados, pode-se afirmar que, de acordo com o contexto em que foram empregados: 
Alternativas
Q2368373 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

Os verbos classificados como impessoais têm características específicas e são determinadas de acordo com o significado que expressam considerando o contexto em que estão inseridos como ocorre em “Há pouco mais de 30 anos, [...]” (2º§). Assim, indique, a seguir, a alternativa em que há correção de acordo com a norma padrão da língua.
Alternativas
Q2368372 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

A partir da leitura do texto, pode-se afirmar que o tema sobre o qual as ideias e informações são estruturadas está corretamente indicado em: 
Alternativas
Q2368371 Português
Quem paga a conta? O retrato da crise climática é a desigualdade


      Era agosto de 2019, por volta das 15h30, o céu do país todo ficou encoberto, transformando o que era para ser dia em noite. Todos sem entender o que estava acontecendo. Agora, novembro de 2023, calor extremo com sensação térmica de até 60°C em alguns estados. Chuvas torrenciais com ventos que ultrapassavam 10 km/h. Infelizmente, esses acontecimentos têm como causa uma resposta que já é praticamente automática: crise climática.

        Há pouco mais de 30 anos, com o início na ECO-92, que posteriormente culminou na COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), as primeiras agendas globais sobre mudanças climáticas eram construídas. Empresas e países têm buscado formas de reduzir as emissões de gases do efeito estufa para diminuir o ritmo do aquecimento global.

       Entretanto, o alarde justo e necessário sobre as mudanças climáticas demanda uma reflexão que não pode ficar encoberta como o céu cheio de fumaça daquele agosto de 2019. Para alguns menos imediata, ela vai além dos fenômenos da natureza e está muito mais relacionada à distribuição de renda. Uma parcela da população ainda é esquecida, tanto pelo setor público quanto pelo privado, ao falarmos nos impactos da ação do homem no planeta: os mais pobres. [...]

      Mesmo as queimadas ocasionadas pelo desmatamento ilegal na Amazônia, que encobriram diversos estados do país em 2019, dão um exemplo de como as populações mais vulneráveis são potencialmente mais afetadas por um problema que é de todas as pessoas. Ao retornar em forma de fumaça e fuligem para as periferias, as queimadas contribuem para o desenvolvimento de doenças respiratórias que, somadas às longas filas nos serviços públicos, se tornam problemas graves para essas populações.

        Por sua vez, o calor extremo que vivenciamos nas últimas semanas transforma os “barracos” em verdadeiros fornos, por ainda utilizarem materiais mais baratos que contribuem para a retenção do calor no recinto. Sem mencionar a junção do calor com a falta de abastecimento contínuo de água em algumas regiões, que obriga essas famílias a armazenar água em garrafas PET para beber.

      Os dias de frio e chuva também não são amenos em termos de problemas climáticos acentuados. Além dos alagamentos e queda de encostas que drasticamente vitimam pessoas, os danos persistem com regiões periféricas inteiras que são “esquecidas” sem água e luz por semanas.

       Nessa matemática do acúmulo, as parcelas mais privilegiadas da sociedade são também as mais beneficiadas o que acaba aumentando o abismo da desigualdade social. Isso destinou à população mais pobre um retrato doloroso de desigualdade, uma realidade que infelizmente acompanho diariamente com as famílias que atendemos na ONG PAC. [...]

        Entre as guias dos ODS, temos a “educação de qualidade”, que considero uma das principais ferramentas para o enfrentamento da crise climática. Explico: investir na educação significa promover oportunidades e, mais ainda, atuar para a conscientização sobre a sustentabilidade desde a infância. Além disso, é por meio do incentivo à educação que podemos pensar em novas tecnologias sustentáveis que tenham como pressuposto o uso de materiais de baixo custo e que de fato atendam a populações mais vulneráveis.

        O impacto positivo do investimento na educação e formação profissional vai além, especialmente quando pensamos nas periferias. Contribuir com o desenvolvimento pessoal e profissional desses novos talentos significa promover uma mudança de vida estrutural, já que esse jovem retornará para a comunidade esses conhecimentos e se tornará espelho para os demais.

      Para que isso ocorra, é fundamental a construção de políticas públicas de incentivo, em que empresas apoiem projetos educacionais, a partir da percepção de sua urgência e de que não há possibilidade de um futuro sem impactos da crise climática sem investir na educação.

        O que não dá mais é para esperar, o planeta já se cansou faz tempo. Do contrário, continuaremos remando contra a maré, em uma conta que só cresce a cada dia e continua sendo paga por quem tem menos.


(Rosane Chene. Disponível: https://www.hojeemdia.com.br/opiniao/. Adaptado.)

Em relação à expressão “O retrato da crise climática é a desigualdade”, pode-se reconhecer como argumento relacionado o trecho destacado em: 
Alternativas
Q2629770 Segurança e Saúde no Trabalho

A NR 12 regulamenta a segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. Sobre arranjo físico e instalações, analise as afirmativas a seguir.


I. Nos locais de instalação de máquinas e equipamentos, as áreas de circulação devem ser devidamente demarcadas em conformidade com as normas técnicas oficiais. É permitida a demarcação das áreas de circulação utilizando-se marcos, balizas, ou outros meios físicos. As áreas de circulação devem ser mantidas desobstruídas.

II. A distância mínima entre máquinas, em conformidade com suas características e aplicações, deve de 1,0 a 5,0 m, desde que a segurança dos trabalhadores seja garantida durante sua operação, manutenção, ajuste, limpeza e inspeção, permitindo, assim, a movimentação dos segmentos corporais, em face da natureza da tarefa.

III. As áreas de circulação e armazenamento de materiais e os espaços em torno de máquinas devem ser projetados, dimensionados e mantidos de forma que os trabalhadores e os transportadores de materiais, mecanizados e manuais, movimentem-se com segurança.

IV. As máquinas estacionárias devem possuir medidas preventivas quanto à sua estabilidade, de modo que não basculem e não se desloquem intempestivamente por vibrações, choques, forças externas previsíveis, forças dinâmicas internas, ou qualquer outro motivo acidental.

V. Nas máquinas móveis que possuem rodízios, pelo menos um deles deve possuir travas.


Está correto o que se afirma apenas em

Alternativas
Q2629737 Português

Mulher negra e os desafios no mercado de trabalho


A representatividade das mulheres no mercado de trabalho é uma questão cada vez mais presente na agenda de diversidade das empresas. Muitas vezes, no entanto, acaba ficando atrelada apenas aos discursos e evidencia a falta de ações práticas, o que se acentua principalmente com relação à ausência de mulheres negras em cargos superiores. É o que aponta o estudo Mulheres Negras na Liderança 2023, realizado pela plataforma 99Jobs em parceria com o Pacto Global da ONU no Brasil. Segundo o levantamento, 60% das entrevistadas afirmam que nas companhias onde trabalham não existem outras mulheres negras em cargos de liderança.

É necessário ressaltar que a representatividade no local de trabalho não é apenas sobre cumprir cotas, mas também proporcionar um ambiente que valorize e respeite a diversidade de experiências, perspectivas e talentos. E empresas que oferecem oportunidades para as mulheres negras de ocupar cargos de destaque faz que enriqueçam a tomada de decisões e impulsionem sua inovação, além do que a representatividade inspira outras negras a acreditar na possibilidade de alcançar seus objetivos profissionais. Inclusive, a pesquisa Trama do Pertencimento, realizada pela consultoria Bain & Company, apontou que mais de 70% das mulheres negras que trabalham em empresas no Brasil, acredita que o senso de inclusão na companhia em que trabalham aumentou devido às discussões sobre diversidade e inclusão nos últimos anos.

E, como todos já sabemos, infelizmente, a jornada da mulher negra no mercado de trabalho é frequentemente marcada por desafios adicionais, já que a discriminação racial e de gênero persiste, tornando mais difícil para elas avançarem na carreira. Sem falar que estereótipos e preconceitos ainda influenciam as percepções dos empregadores, muitas vezes levando a oportunidades limitadas e promoções negligenciadas. Além disso, a falta de modelos a seguir e redes de apoio específicas podem criar um sentimento de isolamento para essas mulheres. A minha trajetória na liderança, por exemplo, foi durante muitos anos solitária, pois não havia outras colegas negras que eu pudesse compartilhar todas as situações vividas diariamente, já que os espaços de comando no Brasil país sempre foram majoritariamente brancos.

Acredito que a área de recursos humanos pode ter a missão de sensibilizar os líderes das companhias e garantir o seu desenvolvimento em políticas e práticas que abordem desafios específicos enfrentados pelas negras, tais como: diversidade na contratação, desenvolvimento profissional, cultura de inclusão, combate à discriminação, conscientização com comunicação, entre outros.

De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PnadC) 2022, realizada pelo IBGE, a população brasileira é formada por 29% de mulheres negras, mas apenas 3% delas _______ cargos de liderança, que __________ a nível gerente ou superior, o que evidencia a falta de oportunidades na maioria das empresas.

Outro recorte que ressalta um dos motivos para as mulheres negras muitas vezes não obterem oportunidades é aquele feito pelo Dieese, em que dos 38 milhões de lares chefiados por mulheres, 21,5 milhões eram liderados por negras com a responsabilidade do trabalho doméstico, o que dificulta esse acesso ao mercado de trabalho.

Por outro lado, gostaria de afirmar que, mesmo com tantas dificuldades, algumas mulheres negras têm alcançado notáveis conquistas na carreira, pois temos exemplos de líderes, empreendedoras e profissionais de sucesso em muitos setores. Para isso, é importante que as negras inspirem outras pessoas com suas trajetórias. É importante que essas conquistas sejam celebradas e compartilhadas para que sirvam de exemplo e inspiração.

A maior representatividade da mulher negra no mercado de trabalho é uma questão urgente. Para isso, ela tem de deixar de ser vista como útil apenas para tarefas operacionais. Para alcançarmos uma verdadeira equidade no local de trabalho, é essencial que as empresas se comprometam com políticas e práticas que promovam a diversidade e a inclusão. Assim, algum dia, podemos construir uma realidade em que todas as mulheres, independentemente de sua raça ou origem, tenham a oportunidade de prosperar e brilhar no mundo profissional.


(Claudia Perazio. Disponível em: <https://www.hojeemdia.com.br/. Publicado em: 28/12/2023.)

Em “É o que aponta o estudo Mulheres Negras na Liderança 2023, realizado pela plataforma 99Jobs em parceria com o Pacto Global da ONU no Brasil. Segundo o levantamento, 60% das entrevistadas afirmam que nas companhias onde trabalham não existem outras mulheres negras em cargos de liderança.” (1º§), a palavra “onde” é empregada como pronome relativo. Indique, a seguir, a alternativa que tal emprego é considerada inadequado de acordo com a norma padrão da língua.

Alternativas
Q2629637 Enfermagem

Considerando que um dos tratamentos do paciente com diabetes mellitus tipo 1 é a insulinoterapia, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Q2629618 Legislação Estadual

A Receita e a Despesa do município de Miracema estão disciplinadas na Lei Orgânica do Município, de 05 de abril de 1990. Assinale, a seguir, a afirmativa que indica corretamente Receita do município nos termos de sua Lei Orgânica.

Alternativas
Q2629569 Português

Luta


Eram duas mulheres brigando – e depois não houve nada. Embolaram-se por qualquer motivo e não queriam desprender-se uma da outra. Não havendo superioridade física acentuada de uma das partes, as duas se fundiram num corpo confuso e sacudido de vibrações, que ia e vinha pela calçada, lento e brusco, nervoso e rítmico. O instinto de dança subsistia no íntimo das contendoras, prevalecendo sobre as tentativas dos corpos para se abaterem mutuamente. E tudo se fazia em silêncio, como se baila, mesmo porque nenhuma palavra adiantaria à cólera das mulheres, que só o jogo de músculos e nervos saberia exprimir numa linguagem dinâmica e cheia de consequências.

Brigaram bem cinco minutos, é uma eternidade para entreveros. Não tinham pressa de acabar. Brigavam com fúria e ao mesmo tempo com método. O fato de uma não ser bastante vigorosa para decidir imediatamente a peleja não impediu que ela dominasse a outra. Dominava, mas a outra não se rendia. Tão rentes as duas, tão grudadas, que o mesmo gesto agressor era gesto de apoio. A mais fraca empenhava-se em salvar o rosto do agravo de unhas e dentes e, de cabeça baixa, olhos cerrados, fazia pressão sobre o pescoço da competidora, enquanto lhe apertava a cintura com a mão esquerda e com a direita atacava na medida do possível. Mas a segunda lhe ministrava pequenos tapas enérgicos nas faces sempre que podia reeguer-lhe a cabeça; e quando deixava de fazê-lo, era para ir dilacerando a blusa, que não resistiu ao assalto e logo se esfarinhou em trapos. Sem descuidar-se da defesa, atacou em seguida o soutien, e um seio negro saltou, assustado. A mais fraca estava demasiado absorvida em equilibrar-se e fisgar uma orelha da mais forte e não se afligiu com esse pormenor. Percebia-se que, se a luta durasse, a mais forte poria nua a mais fraca, mas botar nu o adversário não é vencê-lo, e estava longe o momento da exaustão absoluta de uma, ou de ambas.

Continuaram rodando e oscilando numa área limitada, até que a de maior poder ofensivo entreviu o partido a tirar da rampa da garagem subterrânea, e foi conduzindo o balé nessa direção. No empenho de não cair, a outra se deixava empurrar e ia recuando de costas, sem esperança, mas sem pânico. Ambas tinham posto demasiada alma naquela briga para dar-lhe final prematuro, e a obstinação de uma em bater não era menor que a da outra em apanhar, evidenciando igual têmpera nas duas, sem embargo da vitória física já pendida para um lado. Sumiram lá dentro, lentamente.

O escuro da garagem reteve-as por alguns momentos, até que a vencedora emergiu, vagarosa, arquejante. Os lábios tremiam, o rosto expunha sinais de combate, os olhos esgazeados não se voltavam para nenhum ponto. Inclinou-se para apanhar na calçada da rua elegante a marmita que ali deixara. Depois, andou um pouco, às tontas, até firmar rumo, e seguiu para o trabalho.

O grupo que se formara ao iniciar-se a peleja foi se dispersando, alegremente. Eram pessoas de vários tipos e condições, e nenhuma pensara em intervir, como se faz em briga de homem. Ou se alguém pensou, foi travado pela perspectiva do ridículo. Costumes. Briga de mulher é motivo de curiosidade divertida, apenas. No máximo, as pessoas distintas olham com reprovação desdenhosa. Ônibus, lotações e automóveis, parados para apreciar o espetáculo, puseram-se em movimento. A outra mulher, a derrotada, subiu afinal a rampa, também digna, com o busto envolto num jornal.


(ANDRADE, Carlos Drummond de. Luta. In: – Fala, amendoeira. Rio de Janeiro, José Olympio, 1973. p. 141-3. Adaptado.)

Os lábios tremiam, o rosto expunha sinais de combate, os olhos esgazeados não se voltavam para nenhum ponto.” (4º§) A palavra sublinhada pode ser substituída, sem alteração semântica, por

Alternativas
Q2369482 Enfermagem
A visita domiciliar é considerada um importante recurso para prevenção de doenças, promoção da saúde, tratamento e reabilitação de enfermidades e agravos. Com caráter intervencionista, a visita deve ser planejada e realizada de forma sistematizada. Com base no enunciado, analise as afirmativas a seguir.

I. É por meio dessa estratégia que o agente de combate a endemias passa a ter um contato maior com a comunidade, pois possibilita conhecer as necessidades de saúde de cada usuário, a rotina, o dia a dia e os membros que compõem sua família.

II. Por meio da visita domiciliar, é possível conhecer o ambiente familiar, as reais condições de vida, habitação, higiene, alimentação, meio ambiente, hábitos e rotinas do indivíduo.

III. As visitas domiciliares são realizadas por profissionais de diversas áreas, que formam uma equipe interdisciplinar.

IV. É um instrumento de assistência importante, pois contribui para a mudança de padrões de comportamento e para a promoção da qualidade de vida por meio de promoção da integralidade em saúde.


Está correto o que se afirma em
Alternativas
Q2369472 Enfermagem
Uma equipe de saúde preparada para reconhecer as dificuldades das mulheres e orientar de forma oportuna e, de acordo com a realidade de cada família e seu arranjo, influencia positivamente na realidade de seu território, melhorando indicadores relacionados ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável. A promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação complementar saudável podem ser realizados em diferentes contextos, com o envolvimento de todos os profissionais da Atenção Básica, seja no domicílio ou na unidade de saúde, em consultas, visitas ou atividades de grupo. Sobre a amamentação, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2369233 Raciocínio Lógico
Até a década dos anos 90 era comum, em algumas cidades do interior, encontrarmos a figura do leiteiro – pessoas que passavam pelas ruas oferecendo leite de vaca, muitas vezes trazido direto da roça em latões galvanizados, transportado em charrete ou acoplado na lateral de motos. Considere que João transporta leite pelas ruas de determinado bairro, levado em dois latões. Sabe-se que ele já possui seus clientes fixos e sempre abastece a comunidade. Neste dia, João fez as seguintes entregas:

1. Na primeira rua, entregou 10 litros de leite; 2. Na segunda rua, entregou 11 litros de leite; 3. Na terceira rua, deixou metade do leite; e, 4. Na quarta rua, entregou 22 litros de leite.

Sabe-se que no final das entregas, João ainda possuía 10 litros de leite. Quantos litros de leite João tinha no começo das entregas?
Alternativas
Q2369226 Português
O homem que espalhou o deserto


          Quando menino, costumava apanhar a tesoura da mãe e ia para o quintal, cortando folhas das árvores. Havia mangueiras, abacateiros, ameixeiras, pessegueiros e até mesmo jabuticabeiras. Um quintal enorme, que parecia uma chácara e onde o menino passava o dia cortando folhas. A mãe gostava, assim ele não ia para a rua, não andava em más companhias. E sempre que o menino apanhava o seu caminhão de madeira (naquele tempo, ainda não havia os caminhões de plástico, felizmente) e cruzava o portão, a mãe corria com a tesoura: tome, filhinho, venha brincar com as suas folhas. Ele voltava e cortava. As árvores levavam vantagem, porque eram imensas e o menino pequeno. O seu trabalho rendia pouco, apesar do dia a dia, constante, de manhã à noite.

        Mas o menino cresceu, ganhou tesouras maiores. Parecia determinado, à medida que o tempo passava, a acabar com as folhas todas. Dominado por uma estranha impulsão, ele não queria ir à escola, não queria ir ao cinema, não tinha namoradas ou amigos. Apenas tesouras, das mais diversas qualidades e tipos. Dormia com elas no quarto. À noite, com uma pedra de amolar, afiava bem os cortes, preparando-as para as tarefas do dia seguinte. Às vezes, deixava aberta a janela, para que o luar brilhasse nas tesouras polidas.

       A mãe, muito contente, apesar de o filho detestar a escola e ir mal nas letras. Todavia, era um menino comportado, não saía de casa, não andava em más companhias, não se embriagava aos sábados como os outros meninos do quarteirão, não frequentava ruas suspeitas onde mulheres pintadas exageradamente se postavam às janelas, chamando os incautos. Seu único prazer eram as tesouras e o corte das folhas.

        Só que, agora, ele era maior e as árvores começaram a perder. Ele demorou apenas uma semana para limpar a jabuticabeira. Quinze dias para a mangueira menor e vinte e cinco para a maior. Quarenta dias para o abacateiro que era imenso, tinha mais de cinquenta anos. E seis meses depois, quando concluiu, já a jabuticabeira tinha novas folhas e ele precisou recomeçar.

        Certa noite, regressando do quintal agora silencioso, porque o desbastamento das árvores tinha afugentado pássaros e destruído ninhos, ele concluiu que de nada adiantaria podar as folhas. Elas se recomporiam sempre. É uma capacidade da natureza, morrer e reviver. Como o seu cérebro era diminuto, ele demorou meses para encontrar a solução: um machado.

         Numa terça-feira, bem cedo, que não era de perder tempo, começou a derrubada do abacateiro. Levou dez dias, porque não estava habituado a manejar machados, as mãos calejaram, sangraram. Adquirida a prática, limpou o quintal e descansou aliviado.

         Mas insatisfeito, porque agora passava os dias a olhar aquela desolação, ele saiu de machado em punho, para os arredores da cidade. Onde encontrava árvore, capões, matos atacava, limpava, deixava os montes de lenhas arrumadinhos para quem quisesse se servir. Os donos dos terrenos não se importavam, estavam em vias de vendê-los para fábricas ou imobiliárias e precisavam de tudo limpo mesmo.

          E o homem do machado descobriu que podia ganhar a vida com o seu instrumento. Onde quer que precisassem derrubar árvores, ele era chamado. Não parava. Contratou uma secretária para organizar uma agenda. Depois, auxiliares. Montou uma companhia, construiu edifícios para guardar machados, abrigar seus operários devastadores. Importou tratores e máquinas especializadas do estrangeiro. Mandou assistentes fazerem cursos nos Estados Unidos e Europa. Eles voltaram peritos de primeira linha. E trabalhavam, derrubavam. Foram do sul ao norte, não deixando nada em pé. Onde quer que houvesse uma folha verde, lá estava uma tesoura, um machado, um aparelho eletrônico para arrasar.

       E enquanto ele ficava milionário, o país se transformava num deserto, terra calcinada. E então, o governo, para remediar, mandou buscar em Israel técnicos especializados em tornar férteis as terras do deserto. E os homens mandaram plantar árvores. E enquanto as árvores eram plantadas, o homem do machado ensinava ao filho a sua profissão.


(BRANDÃO, Ignácio de Loyola. O homem que espalhou o deserto. In: Cadeiras proibidas. 2.ed. Rio de Janeiro, Codecri, 1979. p. 78-80.)
As árvores levavam vantagem, porque eram imensas e o menino pequeno.” (1º§) A expressão destacada na frase anterior tem a mesma função sintática que a expressão grifada em:
Alternativas
Q2369181 Português
A criada


      Seu nome era Eremita. Tinha dezenove anos. Rosto confiante, algumas espinhas. Onde estava a sua beleza? Havia beleza nesse corpo que não era feio nem bonito, nesse rosto onde uma doçura ansiosa de doçuras maiores era o sinal da vida.

        Beleza, não sei. Possivelmente não havia, se bem que os traços indecisos atraíssem como água atrai. Havia, sim, substância viva, unhas, carnes, dentes, mistura de resistências e fraquezas, constituindo vaga presença que se concretizava, porém imediatamente numa cabeça interrogativa e já prestimosa, mal se pronunciava um nome: Eremita. Os olhos castanhos eram intraduzíveis, sem correspondência com o conjunto do rosto. Tão independentes como se fossem plantados na carne de um braço, e de lá nos olhassem – abertos, úmidos. Ela toda era de uma doçura próxima a lágrimas.

      Às vezes respondia com má-criação de criada mesmo. Desde pequena fora assim, explicou. Sem que isso viesse de seu caráter. Pois não havia no seu espírito nenhum endurecimento, nenhuma lei perceptível. “Eu tive medo”, dizia com naturalidade. “Me deu uma fome”, dizia, e era sempre incontestável o que dizia, não se sabe por quê. “Ele me respeita muito”, dizia do noivo e, apesar da expressão emprestada e convencional, a pessoa que ouvia entrava num mundo delicado de bichos e aves, onde todos se respeitam. “Eu tenho vergonha”, dizia, e sorria enredada nas próprias sombras. Se a fome era de pão – que ela comia depressa como se pudessem tirá-lo – o medo era de trovoadas, a vergonha era de falar. Ela era gentil, honesta. “Deus me livre, não é?”, dizia ausente.

       Porque tinha suas ausências. O rosto se perdia numa tristeza impessoal e sem rugas. Uma tristeza mais antiga que o seu espírito. Os olhos paravam vazios; diria mesmo um pouco ásperos. A pessoa que estivesse a seu lado sofria e nada podia fazer. Só esperar.

        Pois ela estava entregue a alguma coisa, a misteriosa infante. Ninguém ousaria tocá-la nesse momento. Esperava-se um pouco grave, de coração apertado, velando-a. Nada se poderia fazer por ela senão desejar que o perigo passasse. Até que num movimento sem pressa, quase um suspiro, ela acordava como um cabrito recém-nascido se ergue sobre as pernas. Voltara de seu repouso na tristeza.

            Voltava, não se pode dizer mais rica, porém mais garantida depois de ter bebido em não se sabe que fonte. O que se sabe é que a fonte devia ser antiga e pura. Sim, havia profundeza nela. Mas ninguém encontraria nada se descesse nas suas profundezas – senão a própria profundeza, como na escuridão se acha a escuridão. É possível que, se alguém prosseguisse mais, encontrasse, depois de andar léguas nas trevas, um indício de caminho, guiado talvez por um bater de asas, por algum rastro de bicho. E – de repente – a floresta.

         Ah, então devia ser esse o seu mistério: ela descobrira um atalho para a floresta. Decerto nas suas ausências era para lá que ia. Regressando com os olhos cheios de brandura e ignorância, olhos completos. Ignorância tão vasta que nela caberia e se perderia toda a sabedoria do mundo.

         Assim era Eremita. Que se subisse à tona com tudo o que encontrara na floresta seria queimada em fogueira. Mas o que vira – em que raízes mordera, com que espinhos sangrara, em que águas banhara os pés, que escuridão de ouro fora a luz que a envolvera – tudo isso ela não contava porque ignorava: fora percebido num só olhar, rápido demais para não ser senão um mistério.

        Assim, quando emergia, era uma criada. A quem chamavam constantemente da escuridão de seu atalho para funções menores, para lavar roupa, enxugar o chão, servir a uns e outros.

          Mas serviria mesmo? Pois se alguém prestasse atenção veria que ela lavava roupa – ao sol; que enxugava o chão – molhado pela chuva; que estendia lençóis – ao vento. Ela se arranjava para servir muito mais remotamente, e a outros deuses. Sempre com a inteireza de espírito que trouxera da floresta. Sem um pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá e ninguém tira.

          A única marca do perigo por que passara era o seu modo fugitivo de comer pão. No resto era serena. Mesmo quando tirava o dinheiro que a patroa esquecera sobre a mesa, mesmo quando levava para o noivo em embrulho discreto alguns gêneros da despensa. A roubar de leve ela também aprendera nas suas florestas.


(LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998, pág. 117-119.)
Assinale a alternativa em que o referente retoma corretamente o termo indicado.
Alternativas
Q2368898 Matemática
No último censo do IBGE em 2022, a cidade de Miracema, apresentou uma população de 26.881 habitantes, possuindo uma extensão de 303,270 Km². Considerando as informações apresentadas, informe, a seguir, a densidade demográfica da cidade. 
Alternativas
Q2368811 Português
A maior tartarugada…


         A maior tartarugada da América do Sul não houve. Mas durante dois meses foi um acontecimento entre um grupo de sibaritas fim de semana que frequenta à tarde um bar do centro.
         A tartaruga sonhava em câmera lenta na areia cálida das margens de um igarapé amazonense, sonhava com o mundo melhor de daqui a 200 anos, quando a pegaram e lhe torceram o destino.
       Foi encaixotada, baloiçou na correnteza de um rio em uma igara frágil, tomou um avião em Belém, voou sobre as nuvens, como suas antepassadas lendárias, não para a festa do céu, mas para a panela de um coronel amigo meu.
       No bar, não se falava em outra coisa. Era uma soberba tartaruga, volumosa, da raça mais nobre e saborosa. Durante vários dias discutiu-se a melhor maneira de assassiná-la, prepará-la, cozinhá-la e comê-la. Entre os convidados do coronel, havia gente do norte, sequiosa de repetir um prato, e gente do sul e de Minas, que aguardava com alguma ansiedade o momento de prová-lo.
       A tartaruga desceu no aeroporto Santos Dumont, onde o coronel e dois íntimos dele foram levar as boas-vindas ao delicioso quelônio, seguindo para a residência do primeiro, no Leblon. Aí, ela passou a esperar a morte com um estoicismo estúpido. Alguns dos futuros convivas foram visitá-la pessoalmente e voltaram encantados: “É uma tartaruga genial”!
       A data do banquete foi marcada. Depois adiada. O que foi? O que houve? Ela anda meio triste, explicava o coronel consternado. Saudades da pátria, disse um paraense. Pressentimento da morte, arriscou um sujeito romântico.
       A verdade é que a tartaruga não ia lá muito bem das pernas. Mergulhara em um quietismo exagerado, mesmo para um animal de sua espécie, recusava delicadamente qualquer alimento, espichava o pescocinho mecânico, contemplava com desalento o mundo exterior, e voltava à solidão inexpugnável de sua carapaça.
         Nunca se vira no mundo tartaruga tão introspectiva.
       Chamou-se às pressas um veterinário. Este chegou, de óculos, com sua ciência também subjetiva, olhou a tartaruga nos olhos, como se lhe perguntasse discretamente a idade, virou-a de barriga para cima, auscultou-a, redigindo depois, em silêncio, uma receita.
        – Pode-se fazer alguma coisa por ela, doutor? – perguntou o coronel, pálido, mas disposto a saber toda a verdade.
       – Sinto dizer que ela vai muito mal – respondeu em tom frio o veterinário. – Sofre de arteriosclerose. Deve ser uma tartaruga em idade muito avançada. Suas túnicas arteriais devem estar duras como pedras.
        – Bonito! – exclamou o coronel.
     – Como?! – interrogou o veterinário, achando que o dono da cliente aludira às palavras técnicas empregadas por ele.
      – É que eu ia fazer um big almoço dela... Agora o que vou dizer ao pessoal? Em um sábado pela manhã, a tartaruga entrou lentamente em pane e morreu. Teve um enterro comum de bicho morto. Mas no bar houve um momento de condolência, quando soubemos da infausta notícia.  


(Paulo Mendes Campos. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/. Acesso em: 18/11/2023.) 

Nos trechos “A verdade é que a tartaruga não ia lá muito bem das pernas. Mergulhara em um quietismo exagerado, [...]” (7º§) e “nunca se vira no mundo tartaruga tão introspectiva.” (8º§), os verbos “mergulhara” e “vira” estão flexionados no 
Alternativas
Q2368806 Português
A maior tartarugada…


         A maior tartarugada da América do Sul não houve. Mas durante dois meses foi um acontecimento entre um grupo de sibaritas fim de semana que frequenta à tarde um bar do centro.
         A tartaruga sonhava em câmera lenta na areia cálida das margens de um igarapé amazonense, sonhava com o mundo melhor de daqui a 200 anos, quando a pegaram e lhe torceram o destino.
       Foi encaixotada, baloiçou na correnteza de um rio em uma igara frágil, tomou um avião em Belém, voou sobre as nuvens, como suas antepassadas lendárias, não para a festa do céu, mas para a panela de um coronel amigo meu.
       No bar, não se falava em outra coisa. Era uma soberba tartaruga, volumosa, da raça mais nobre e saborosa. Durante vários dias discutiu-se a melhor maneira de assassiná-la, prepará-la, cozinhá-la e comê-la. Entre os convidados do coronel, havia gente do norte, sequiosa de repetir um prato, e gente do sul e de Minas, que aguardava com alguma ansiedade o momento de prová-lo.
       A tartaruga desceu no aeroporto Santos Dumont, onde o coronel e dois íntimos dele foram levar as boas-vindas ao delicioso quelônio, seguindo para a residência do primeiro, no Leblon. Aí, ela passou a esperar a morte com um estoicismo estúpido. Alguns dos futuros convivas foram visitá-la pessoalmente e voltaram encantados: “É uma tartaruga genial”!
       A data do banquete foi marcada. Depois adiada. O que foi? O que houve? Ela anda meio triste, explicava o coronel consternado. Saudades da pátria, disse um paraense. Pressentimento da morte, arriscou um sujeito romântico.
       A verdade é que a tartaruga não ia lá muito bem das pernas. Mergulhara em um quietismo exagerado, mesmo para um animal de sua espécie, recusava delicadamente qualquer alimento, espichava o pescocinho mecânico, contemplava com desalento o mundo exterior, e voltava à solidão inexpugnável de sua carapaça.
         Nunca se vira no mundo tartaruga tão introspectiva.
       Chamou-se às pressas um veterinário. Este chegou, de óculos, com sua ciência também subjetiva, olhou a tartaruga nos olhos, como se lhe perguntasse discretamente a idade, virou-a de barriga para cima, auscultou-a, redigindo depois, em silêncio, uma receita.
        – Pode-se fazer alguma coisa por ela, doutor? – perguntou o coronel, pálido, mas disposto a saber toda a verdade.
       – Sinto dizer que ela vai muito mal – respondeu em tom frio o veterinário. – Sofre de arteriosclerose. Deve ser uma tartaruga em idade muito avançada. Suas túnicas arteriais devem estar duras como pedras.
        – Bonito! – exclamou o coronel.
     – Como?! – interrogou o veterinário, achando que o dono da cliente aludira às palavras técnicas empregadas por ele.
      – É que eu ia fazer um big almoço dela... Agora o que vou dizer ao pessoal? Em um sábado pela manhã, a tartaruga entrou lentamente em pane e morreu. Teve um enterro comum de bicho morto. Mas no bar houve um momento de condolência, quando soubemos da infausta notícia.  


(Paulo Mendes Campos. Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/. Acesso em: 18/11/2023.) 

Considere a oração do texto “[...] voou sobre as nuvens, como suas antepassadas lendárias, não para a festa do céu, mas para a panela de um coronel amigo meu”. (3º§) Nela, há a conjunção coordenativa adversativa “mas”. A frase que possui uma conjunção de mesmo valor e que simboliza uma reescrita da oração sem modificar o sentido se dá em: 
Alternativas
Respostas
701: C
702: B
703: B
704: D
705: B
706: C
707: D
708: D
709: A
710: C
711: B
712: D
713: A
714: C
715: B
716: A
717: D
718: C
719: C
720: C