Questões de Concurso
Para prefeitura de ji-paraná - ro
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Escrever
A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.
Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando, [...] aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.
Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.
Dele deve ter vindo a expressão “cheio de masmas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.
[…]
É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de escrever.
Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e a vírgula, nunca juntos. Faça com que o primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.
[…]
O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só confundem o passageiro que quer chegar logo ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.
Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de sofistica o texto com uma expressão estrangeira. É out.Escreva em português. Aproveite e diga ao diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na moda, como se estivesse num jornal japonês.
[…]
De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”, “seriamente” ou “bemhumoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras, e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam tudo limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.
SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Escrever. Veja, jan 2011. (Fragmento). Disponível em https://veja.abril.com.br
O fragmento em análise, de Joaquim Ferreira dos Santos, em que há referência a um fato sócio-histórico — a escrita —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao:
Com base nos conceitos e normas gerais da auditoria, analise as afirmativas a seguir.
I. O foco principal da auditoria operacional é a legalidade dos processos assistenciais, contábeis e financeiros.
II. A auditoria de conformidade avalia os sistemas de saúde, observando aspectos de eficiência, eficácia e efetividade.
III. Uma evidência física é aquela que pode ser comprovada materialmente.
Está correto apenas o que se afirma em: