Questões de Concurso Para prefeitura de pitangueiras - sp

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Q2446321 Pedagogia
De acordo com a Gestalt, compreender o comportamento do homem envolve conhecer como ele percebe os elementos da realidade. Nem sempre o que ele vê condiz com a realidade, por estar muitas vezes relacionada mais à aparência. Nossos comportamentos, desse modo, nem sempre têm motivações ou são movidos por situações objetivas. Podemos, por exemplo, nos indispor com um colega, por conta de acreditarmos que ele está diferente, que não está nos dando a atenção devida, exclusivamente pelo nosso jeito de ver, sem que haja de fato exemplo concreto dessa atenção diferenciada. E a inteligência também depende desse processo. De acordo com tal teoria, correspondem, respectivamente, à lei principal que governa o pensamento, ao fenômeno pelo qual acontece a aprendizagem, e um dos teóricos desta corrente:
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Q2446320 Pedagogia
Imaginemos uma cena em que um professor de ensino médio esteja conduzindo uma aula de História sobre a Revolução Industrial. Ele inicia a aula perguntando aos alunos sobre o que já sabem do tema, incentivando a participação de todos. Ao invés de simplesmente apresentar fatos e datas, o professor busca relacionar o conteúdo histórico com a realidade atual. Ele utiliza recursos audiovisuais, como vídeos e imagens, para contextualizar os impactos da Revolução Industrial na sociedade da época, destacando as desigualdades sociais, a exploração do trabalho infantil e as mudanças nos modos de produção. Durante a explanação, o professor incentiva o debate e a reflexão dos alunos sobre como esses problemas ainda persistem ou se manifestam de maneiras diferentes na sociedade contemporânea. O ambiente é de diálogo aberto, no qual o professor atua como mediador, buscando instigar o pensamento crítico, a reflexão sobre as desigualdades sociais e a conscientização dos alunos sobre a importância de compreender o passado para entender o presente e influenciar o futuro. Podemos relacionar esta aula à tendência pedagógica e à concepção de aprendizagem, respectivamente: 
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Q2446319 Pedagogia
Jean Piagetse propôs a estudar o processo de desenvolvimento do pensamento e não a aprendizagem em si. Ele observa a aprendizagem infantil não com o intuito de diferenciá-la do desenvolvimento, mas para obter uma resposta à questão fundamental (de ordem epistemológica), que se refere à natureza da inteligência, qual seja: como se constrói o conhecimento? É importante destacar que, de acordo com o autor, o sujeito do conhecimento não é um indivíduo particular qualquer. Ele teoriza sobre um sujeito ideal, universal e, portanto, atemporal. Esse sujeito epistêmico com o qual trabalha, mesmo que não corresponda a alguém em particular, sintetiza as possibilidades de cada indivíduo e de todos ao mesmo tempo. Na perspectiva piagetiana, o outro polo dessa relação, o objeto de conhecimento, refere-se a um meio genérico, que engloba tanto os aspectos físicos quanto os sociais. Nas sistematizações teóricas de Piaget, conhecer é:

I. Organizar, estruturar e explicar o real a partir de experiências vividas.

II. Modificar, transformar o objeto, compreender o mecanismo de sua transformação e, consequentemente, o caminho pelo qual o objeto é construído.

III. Sempre resultado da ação do sujeito sobre o objeto.

IV. É transformar e seu mecanismo é essencialmente operatório.


Está correto o que se afirma em
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Q2446318 Pedagogia
A Secretaria de Educação de determinado município enfrenta um dilema orçamentário. O governo local decidiu realocar o financiamento destinado à educação infantil para o ensino médio da rede municipal. O argumento é que o ensino médio precisa de uma melhoria estrutural significativa para atender às demandas crescentes dos estudantes, enquanto a educação infantil, embora fundamental, poderia temporariamente sofrer um corte no financiamento. Aplicando princípios e diretrizes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996 – LDB) para resolver esse impasse, qual a abordagem mais apropriada para resolver o dilema enfrentado pela Secretaria de Educação do município quanto à realocação dos recursos da educação infantil para o ensino médio?
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Q2446317 Pedagogia
Na história da educação brasileira, registramos, nos anos de 1930, que o governo provisório que acabava de assumir tratou logo de estabelecer condições de infraestrutura administrativa, para fazer prevalecer alguns dos princípios básicos em que se fundamentava o novo regime. Dessa forma, e como consequência disso, criaram-se logo vários Ministérios, e o da Educação e Saúde Pública foi instituído logo após a tomada de poder, no ano de 1930. Era esse Ministério a primeira das grandes realizações práticas, mas, diga-se de passagem, não constituía propriamente uma novidade, já que no início da República ele existia, embora com curta duração. Sua ação se fez sentir logo, através dos atos de seu Ministro da Educação e Saúde Pública. A reforma empreendida por ele efetivou-se através de uma série de decretos como: o Decreto nº 19.859, que criou o Conselho Nacional de Educação, o Decreto nº 19.851, que dispõe sobre a organização do ensino superior no Brasil e adota o regime universitário, o Decreto nº 19.890, que dispõe sobre a organização do ensino secundário, dentre outros. Este conjunto de decretos integram um período da história da educação brasileira intitulada:
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Q2446316 Pedagogia
Analise as atividades a seguir que foram aplicadas em uma turma qualquer de ensino fundamental:

“Organizar os alunos em um círculo e explicar que cada um terá a oportunidade de compartilhar uma experiência pessoal na qual se sentiram valorizados ou, ao contrário, desrespeitados; estabeleça um protocolo de escuta ativa: enquanto um aluno compartilha sua experiência, os demais devem prestar atenção sem interromper, demonstrando compreensão e empatia por meio de expressões não verbais.”

À luz da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), analise estas atividades:

I. Inter-relacionam-se e desdobram-se no tratamento didático proposto para as três etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), articulando-se na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores, nos termos da LDB.

II. Atendem em parte ao desenvolvimento de uma das competências gerais da BNCC, em que os alunos devem exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais.

III. Contribuem ao desenvolvimento de uma das competências específicas de ciências humanas para o ensino fundamental em que os alunos devem compreender a si e ao outro como identidades diferentes, de forma a exercitar o respeito à diferença em uma sociedade plural e promover os direitos humanos.


Está correto o que se afirma em
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Q2446315 Pedagogia
O Projeto Político-Pedagógico (PPP) é um documento que orienta as práticas educativas da escola, englobando princípios, metas e ações para direcionar o ensino, considerando a realidade da comunidade escolar. Ele define a identidade, objetivos e valores da instituição, integrando aspectos pedagógicos, estruturais e administrativos, para promover uma educação de qualidade, inclusiva e participativa, formando os alunos para uma atuação crítica e ética na sociedade. Na perspectiva das duas lógicas distintas e conflitivas na sua construção, a estratégica e a emancipadora, a utilização que a administração educacional faz de conceitos como o de projeto da escola, autonomia da escola, gestão democrática leva a práticas educacionais totalmente distintas. O desafio a ser enfrentado na construção de um PPP na perspectiva emancipadora é:
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Q2446314 Legislação dos Municípios do Estado de São Paulo
O Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Pitangueiras prevê que o servidor poderá ser cedido para ter exercício em outro órgão ou entidade para exercício de cargo em comissão. A cessão far-se-á mediante
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Q2446313 Legislação dos Municípios do Estado de São Paulo
Trata-se do deslocamento do servidor, com o respectivo cargo, para o quadro de pessoal de outro órgão ou entidade do mesmo Poder, observados a vinculação entre os graus de complexidade e responsabilidade, a correlação das atribuições, a equivalência entre os vencimentos e o interesse da Administração, com prévia apreciação da Seção de Recursos Humanos. Tal ato dar-se-á, exclusivamente, para ajustamento de quadros de pessoal às necessidades dos serviços, inclusive nos casos de reorganização, extinção ou criação de órgão ou entidade. Considerando as disposições da Lei nº 1.904/1997, o conceito anteriormente explicitado, diz respeito à:
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Q2446312 Legislação dos Municípios do Estado de São Paulo
Fulana, servidora do município de Pitangueiras, almeja a designação por acesso, para função de chefia de determinado órgão público municipal, porém esta designação será, exclusivamente, para servidor de carreira. Considerando o caso hipotético e tomando como base o Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Pitangueiras, assinale a afirmativa correta.
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Q2446311 Legislação dos Municípios do Estado de São Paulo
Considerando somente a Lei nº 1.904/1997, analise as afirmativas a seguir.

I. Após cada quinquénio ininterrupto de exercício, o servidor fará jus a três meses de licença prêmio, a título de prêmio por assiduidade, com a remuneração do cargo.

II. O servidor terá direito a licença, sem remuneração, durante o período que mediar entre a sua escolha em convenção partidária, como candidato a cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candidatura perante a Justiça Eleitoral.

III. Poderá ser concedida ao servidor licença por motivo de doença do cônjuge ou companheiro, padrasto ou madrasta, ascendente, descendente, enteado e colateral consanguíneo ou afim até o segundo grau civil, mediante comprovação por junta médica oficial.

Está correto o que se afirma em
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Q2446310 Legislação dos Municípios do Estado de São Paulo
Meire, servidora pública do município de Pitangueiras, além do vencimento e das vantagens previstas em Lei, fará jus às seguintes gratificações e adicionais, EXCETO: 
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Q2446309 Matemática
Certa empresa vende fardos de papel higiênico em embalagens com 12 rolos de 60 metros de papel cada. Após um estudo que identificou uma maior aceitação de mercado de fardos com maiores quantidades de rolos, a empresa resolveu aumentar seus fardos de 12 para 16 rolos de papel sem modificar o preço do produto. Sendo assim, para que a empresa consiga manter o preço do fardo ela deverá reduzir a quantidade de papel higiênico em cada rolo para quantos metros?
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Q2446308 Matemática
Os funcionários de determinada empresa foram distribuídos em dois grupos de compartilhamento automático de e-mails. Sabe-se que grupo é composto por 35 funcionários e o outro grupo conta com 25 funcionários. Do total de funcionários da empresa, metade está em ambos os grupos; e todos os funcionários estão em pelo menos um dos grupos. Sendo assim, é possível garantir que essa empresa possui quantos funcionários no total?
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Q2446307 Matemática
Juliana foi a um piquenique com dois amigos e se esqueceu de levar seu lanche. Cada um dos dois amigos levou um mesmo lanche e, para que Juliana não ficasse com fome, cada amigo aceitou dar a ela uma porção J de seu próprio lanche. Sabendo-se que Juliana comeu menos do que a metade de cada lanche, e que, ao todo, ela comeu mais do que cada um dos amigos individualmente, é correto afirmar que essa porção J deve estar compreendida entre:
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Q2446306 Raciocínio Lógico
Maria e suas 3 irmãs são madrinhas em um casamento e foram ao evento com vestidos das seguintes cores: Maria foi de amarelo, duas de suas irmãs foram de azul e a outra foi de rosa. No momento de tirar a foto das quatro madrinhas, a noiva solicitou que as irmãs usando vestidos de mesma cor não ficassem uma do lado da outra. Neste caso, o número de formas distintas que as madrinhas podem aparecer nessa foto pertence a qual dos intervalos a seguir?
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Q2446305 Matemática
Fernanda usou uma caixa de pizza de formato octogonal regular para recortar um quadrado, conforme figura a seguir:



Imagem associada para resolução da questão



Se a maior diagonal deste octógono é d, quanto vale a área que sobrou da caixa (representada na figura pelo sombreado), após a retirada do quadrado?
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Q2446304 Português
Pelo ralo


        Os pratos estão empilhados de um dos lados da pia numa torre irregular, equilibrando-se uns sobre os outros de forma precária, como os destroços de um prédio bombardeado ameaçando cair. Estão sujos. Muito sujos. Foram deixados ali já faz algum tempo e os pedaços de detritos sobre eles se cristalizaram, tomando formas absurdas, surreais. Há grãos e lascas, restos de folhas, amontoados de uma indefinida massa de cor acinzentada. Copos e tigelas de vidro, também empilhados num desenho caótico, exibem a superfície maculada, cheia de nódoas, e o metal das panelas, chamuscado e sujo em vários pontos, lembra a fuselagem de um avião incendiado. Mas há mais do que isso. Há talheres por toda parte, lâminas, cabos, extremidades pontiagudas que surgem por ente os pratos, em sugestões inquietantes. E há ainda a cratera da pia, onde outros tantos pratos e travessas, igualmente sujos, estão quase submersos numa água escura, como se, num campo de batalha, a chuva tivesse caído sobre as cinzas. O cenário é desolador.

          A mulher se aproxima, os olhos fixos na pia. Suas mãos, cujos dedos exibem dobras ressecadas, resultado de muitos anos de contato com água e detergente, movem-se em torno da cintura e caminham até as costas, levando as tiras do avental vermelho e branco. Com gestos rápidos, ágeis, faz-se a laçada, que ajusta o avental em seu lugar. E a mulher abre a torneira. Encostada à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos. Ligou o aquecedor no máximo, pois sabe que precisará dela fumegante, para derreter as crostas formadas depois de tantas horas. Logo o vapor começa a subir. Emana da pia, primeiro lentamente, depois numa nuvem mais encorpada, quase apocalíptica, enquanto o jato d’água chia contra a superfície da louça suja. A mulher despeja algumas gotas de detergentes na esponja e começa a lavar. Esfrega com vigor, começando pelas travessas que estavam imersas na água parada, pegando em seguida os copos e, por fim, a pilha de pratos. Vai acumulando-os, já envoltos em espuma, de um dos lados da pia, num trabalho longo, árduo. E só depois se põe a enxaguá-los, deixando que a água escoe, levando consigo o que resta dos detritos.

         De repente, a mulher sorri. As pessoas não acreditam, mas ela gosta de lavar louça. Sempre gostou. A sensação da água quente nas mãos, seu jato carregando as impurezas, são para ela um bálsamo. “É bom assistir a essa passagem, à transformação do sujo em limpo”, ouviu dizer um dia um poeta, que também gostava de lavar louça. Ficara feliz ao ouvir aquilo. Só então se dera conta do quanto havia de beleza e poesia nesses gestos tão simples. Mas agora a mulher suspira. Queria poder também lavar os erros do mundo, desfazer seus escombros, apagar-lhe as nódoas, envolver em sabão todos os ódios e horrores, as misérias e mentiras. Porque, afinal, do jeito que as coisas andam, é o próprio mundo que vai acabar – ele inteiro – descendo pelo ralo.


(SEIXAS, Heloisa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 set. 2001. Revista de Domingo, Seção Contos Mínimos.)
Em “Encostada à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos.” (2º§), o “à” não seria mantido indicando ocorrência de crase, se:
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Q2446303 Português
Pelo ralo


        Os pratos estão empilhados de um dos lados da pia numa torre irregular, equilibrando-se uns sobre os outros de forma precária, como os destroços de um prédio bombardeado ameaçando cair. Estão sujos. Muito sujos. Foram deixados ali já faz algum tempo e os pedaços de detritos sobre eles se cristalizaram, tomando formas absurdas, surreais. Há grãos e lascas, restos de folhas, amontoados de uma indefinida massa de cor acinzentada. Copos e tigelas de vidro, também empilhados num desenho caótico, exibem a superfície maculada, cheia de nódoas, e o metal das panelas, chamuscado e sujo em vários pontos, lembra a fuselagem de um avião incendiado. Mas há mais do que isso. Há talheres por toda parte, lâminas, cabos, extremidades pontiagudas que surgem por ente os pratos, em sugestões inquietantes. E há ainda a cratera da pia, onde outros tantos pratos e travessas, igualmente sujos, estão quase submersos numa água escura, como se, num campo de batalha, a chuva tivesse caído sobre as cinzas. O cenário é desolador.

          A mulher se aproxima, os olhos fixos na pia. Suas mãos, cujos dedos exibem dobras ressecadas, resultado de muitos anos de contato com água e detergente, movem-se em torno da cintura e caminham até as costas, levando as tiras do avental vermelho e branco. Com gestos rápidos, ágeis, faz-se a laçada, que ajusta o avental em seu lugar. E a mulher abre a torneira. Encostada à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos. Ligou o aquecedor no máximo, pois sabe que precisará dela fumegante, para derreter as crostas formadas depois de tantas horas. Logo o vapor começa a subir. Emana da pia, primeiro lentamente, depois numa nuvem mais encorpada, quase apocalíptica, enquanto o jato d’água chia contra a superfície da louça suja. A mulher despeja algumas gotas de detergentes na esponja e começa a lavar. Esfrega com vigor, começando pelas travessas que estavam imersas na água parada, pegando em seguida os copos e, por fim, a pilha de pratos. Vai acumulando-os, já envoltos em espuma, de um dos lados da pia, num trabalho longo, árduo. E só depois se põe a enxaguá-los, deixando que a água escoe, levando consigo o que resta dos detritos.

         De repente, a mulher sorri. As pessoas não acreditam, mas ela gosta de lavar louça. Sempre gostou. A sensação da água quente nas mãos, seu jato carregando as impurezas, são para ela um bálsamo. “É bom assistir a essa passagem, à transformação do sujo em limpo”, ouviu dizer um dia um poeta, que também gostava de lavar louça. Ficara feliz ao ouvir aquilo. Só então se dera conta do quanto havia de beleza e poesia nesses gestos tão simples. Mas agora a mulher suspira. Queria poder também lavar os erros do mundo, desfazer seus escombros, apagar-lhe as nódoas, envolver em sabão todos os ódios e horrores, as misérias e mentiras. Porque, afinal, do jeito que as coisas andam, é o próprio mundo que vai acabar – ele inteiro – descendo pelo ralo.


(SEIXAS, Heloisa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 set. 2001. Revista de Domingo, Seção Contos Mínimos.)
Dentre os trechos do texto destacados a seguir, pode-se identificar enunciados cujo conteúdo possui sentido relacionado à positividade, considerando-se o contexto em que estão inseridos, EXCETO:
Alternativas
Q2446302 Português
Pelo ralo


        Os pratos estão empilhados de um dos lados da pia numa torre irregular, equilibrando-se uns sobre os outros de forma precária, como os destroços de um prédio bombardeado ameaçando cair. Estão sujos. Muito sujos. Foram deixados ali já faz algum tempo e os pedaços de detritos sobre eles se cristalizaram, tomando formas absurdas, surreais. Há grãos e lascas, restos de folhas, amontoados de uma indefinida massa de cor acinzentada. Copos e tigelas de vidro, também empilhados num desenho caótico, exibem a superfície maculada, cheia de nódoas, e o metal das panelas, chamuscado e sujo em vários pontos, lembra a fuselagem de um avião incendiado. Mas há mais do que isso. Há talheres por toda parte, lâminas, cabos, extremidades pontiagudas que surgem por ente os pratos, em sugestões inquietantes. E há ainda a cratera da pia, onde outros tantos pratos e travessas, igualmente sujos, estão quase submersos numa água escura, como se, num campo de batalha, a chuva tivesse caído sobre as cinzas. O cenário é desolador.

          A mulher se aproxima, os olhos fixos na pia. Suas mãos, cujos dedos exibem dobras ressecadas, resultado de muitos anos de contato com água e detergente, movem-se em torno da cintura e caminham até as costas, levando as tiras do avental vermelho e branco. Com gestos rápidos, ágeis, faz-se a laçada, que ajusta o avental em seu lugar. E a mulher abre a torneira. Encostada à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos. Ligou o aquecedor no máximo, pois sabe que precisará dela fumegante, para derreter as crostas formadas depois de tantas horas. Logo o vapor começa a subir. Emana da pia, primeiro lentamente, depois numa nuvem mais encorpada, quase apocalíptica, enquanto o jato d’água chia contra a superfície da louça suja. A mulher despeja algumas gotas de detergentes na esponja e começa a lavar. Esfrega com vigor, começando pelas travessas que estavam imersas na água parada, pegando em seguida os copos e, por fim, a pilha de pratos. Vai acumulando-os, já envoltos em espuma, de um dos lados da pia, num trabalho longo, árduo. E só depois se põe a enxaguá-los, deixando que a água escoe, levando consigo o que resta dos detritos.

         De repente, a mulher sorri. As pessoas não acreditam, mas ela gosta de lavar louça. Sempre gostou. A sensação da água quente nas mãos, seu jato carregando as impurezas, são para ela um bálsamo. “É bom assistir a essa passagem, à transformação do sujo em limpo”, ouviu dizer um dia um poeta, que também gostava de lavar louça. Ficara feliz ao ouvir aquilo. Só então se dera conta do quanto havia de beleza e poesia nesses gestos tão simples. Mas agora a mulher suspira. Queria poder também lavar os erros do mundo, desfazer seus escombros, apagar-lhe as nódoas, envolver em sabão todos os ódios e horrores, as misérias e mentiras. Porque, afinal, do jeito que as coisas andam, é o próprio mundo que vai acabar – ele inteiro – descendo pelo ralo.


(SEIXAS, Heloisa. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 set. 2001. Revista de Domingo, Seção Contos Mínimos.)
Em “Com gestos rápidos, ágeis, faz-se a laçada, que ajusta o avental em seu lugar. E a mulher abre a torneira. Encostada à pia, espera, tocando a água de vez em quando com a ponta dos dedos.” (2º§), pode-se afirmar que as duas ocorrências da preposição “com” indicam, respectivamente: 
Alternativas
Respostas
301: A
302: D
303: A
304: C
305: B
306: A
307: A
308: C
309: D
310: B
311: A
312: D
313: C
314: A
315: D
316: A
317: B
318: C
319: A
320: C