Para que serve uma premiação científica? Há várias
maneiras de responder a essa pergunta. Todo prêmio é, em
primeiro lugar, um reconhecimento do trabalho realizado por
um pesquisador, uma equipe ou instituição. Seu valor é imaterial. Premiar, nesse sentido, é prestigiar quem contribuiu de
maneira significativa para o avanço de determinado campo
do conhecimento.
Essas honrarias costumam vir acompanhadas de alguma quantia em dinheiro. Logo, prêmios também ajudam a
financiar a pesquisa científica e a dar incentivos concretos,
materiais, para que os pesquisadores continuem seu trabalho, sobretudo num país como o Brasil, que remunera mal
seus cientistas.
Mas acreditamos que a função mais importante de um
prêmio é a de destacar certas temáticas ou áreas do conhecimento. Um prêmio é um farol, que aponta direções nas quais
a curiosidade humana deve continuar avançando, e também
um holofote, capaz de jogar luz sobre assuntos até então
pouco conhecidos do público geral.
O Prêmio Nobel, o mais prestigioso do mundo, é o que
melhor ilustra esse fenômeno. Quando a academia sueca
anuncia os vencedores do Nobel de Física ou Química,
telejornais do mundo inteiro dedicam preciosos minutos a
temas herméticos como entrelaçamento quântico ou química
bio-ortogonal. De que outra maneira isso ganharia espaço no
horário nobre?
Portanto, um prêmio, na medida em que chama a atenção da sociedade para esta ou aquela temática, é uma forma
de valorizar e divulgar a própria ciência. É com base nisso
que afirmamos que o Brasil precisa como nunca premiar o
trabalho de seus cientistas.
(Opinião. https://www.estadao.com.br/opiniao, 29.09.2023. Adaptado)