Questões de Concurso Para professor de nível médio

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Q2488591 Libras
A construção da identidade da pessoa surda é influenciada por fatores diferentes, como contexto familiar, contato com comunidades surdas etc. A literatura especializada faz referência a, pelo menos, cinco tipos de identidades manifestos por diferentes pessoas surdas. Considerando o exposto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.


( ) Identidade surda: diz respeito aos sujeitos surdos que se inserem plenamente na comunidade surda e se reconhecem como pertencentes a mesma, usam apenas língua de sinais, apresentam características culturais e forma de estar no mundo baseadas na visualidade, defendem e militam pelo direito de ser diferente e de vivenciar a cultura surda.


( ) Identidade híbrida: característica de pessoas com surdez adquirida, que aprenderam inicialmente a estar e participar do meio e construir o pensamento como ouvintes, utilizando, também, uma língua oral para se comunicar, e que passaram a estar imersas no contexto da surdez, como pessoas surdas.


( ) Identidade de transição: identificada porque a maior parte dos surdos, sendo oriundos de famílias ouvintes, passa por um processo de transição entre a tentativa de estar no mundo a partir da perspectiva ouvinte e de uma linguagem oral e visual truncada.


( ) Identidade embaraçada: característica de pessoas que não têm referência nem na cultura surda, nem na ouvinte. Apresentam dificuldades de comunicação, sendo as expressões que usam, por vezes, incompreensíveis. Não sabem usar língua de sinais. Têm a vida, o comportamento e os aprendizados determinados pela perspectiva ouvinte.


( ) Identidade diáspora: característica de pessoas que não foram inseridas em alguma comunidade surda. Essas pessoas costumam ter dificuldades de se reconhecer/aceitar como surdas e buscam sua referência na cultura ouvinte. Valorizam e seguem a representação ouvinte, considerando-a superior à surda.


A sequência está correta em
Alternativas
Q2488590 Libras
Analise as afirmativas a seguir.

I. A surdez é uma diminuição da capacidade de percepção normal dos sons, que traz ao indivíduo uma série de consequências ao seu desenvolvimento, principalmente no que diz respeito à linguagem oral.


II. Considera-se surdo o indivíduo cuja audição não é funcional na vida comum, e parcialmente surdo aquele cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. A competência auditiva é classificada como: normal, perda leve, moderada, severa e profunda. A surdez severa e profunda impede que o aluno adquira, naturalmente, a linguagem oral.


III. Por decorrência dessa dificuldade em desenvolver normalmente a linguagem oral, os indivíduos surdos podem apresentar um atraso intelectual de dois a cinco anos, dificuldades de abstração, generalização, raciocínio lógico, simbolização, dentre outros.


IV. Essa incapacidade de se comunicar, da mesma forma que as demais pessoas, atua de modo significativo em sua personalidade, fazendo com que manifestem tendências de introspecção, imaturidade emocional, rigidez de juízos e opiniões, prejudicando o desenvolvimento do sujeito em sua globalidade.


V. A fim de que estes problemas sejam evitados é aconselhável que a criança surda seja encaminhada o mais cedo possível a uma escola especializada, para que possa receber estimulação auditiva e oral adequada, adquirindo um desenvolvimento próximo aos padrões de normalidade.


VI. O domínio da linguagem oral irá permitir sua plena integração na sociedade, uma vez que essa é a forma usual de comunicação entre as pessoas.


VII.O desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem está subordinado ao aprendizado da linguagem oral.



As informações apresentadas dizem respeito à concepção de surdez denominada: 
Alternativas
Q2488589 Libras
Considerando-se os tipos de discursos existentes, aos quais os aprendizes surdos estão constantemente expostos no ambiente escolar e na sociedade, aquele que tem como objetivo principal convencer ou induzir o receptor a adotar certo comportamento e, a partir de um propósito bem definido, utiliza-se de recursos que abrangem modalidades muito utilizadas pelos meios de comunicação, artigos científicos, textos publicitários, posto que almeja-se fazer o receptor mudar seu proceder, assim influenciando as condutas, se refere ao discurso:
Alternativas
Q2488588 Libras
Analise os trechos a seguir.

Português (língua fonte)
... baixa temperatura, altas quantidades de celíaca, altas quantidades de gases nestas celíacas...Vão ser chamadas de magnas deoníticos ou graníticos. Por quê? Porque são magnas em que eu vou ter muito mais quartzo aqui, coisa que aqui eu não vou ter. A medida que vai diminuindo, começa a aumentar a quantidade dos outros. Olha aqui ó... Principalmente porque há ferros magnesianos. O que são ferros magnesianos? Temos os minerais. Eu vou falar dos minerais magnos e feltono (?) Isso aqui ó... se separarem, os minerais magnos são os minerais escuros e os minerais feltono (?) são os claros. Por quê? Porque magno de magnésio. Magnésio é de ferro. Por isso vocês têm um basalto e o basalto é escuro, porque ele é mais rico em ferro magnesiano. Minerais em ferro de magnésio. Ele não tem quartzo.

Língua Brasileira de Sinais (língua-alvo, interpretação realizada pelo intérprete)
\ ... TEMPERATURA DIMINUIR BAIXO FRIO MUITO C-I-L-I-C-A MUITO COLOCAR G-S MISTURAR JUNTO SURGIR M-A-G-M-A-S TAMBÉM PEDRA G-R-A-N-I-T-I-N-0 POR CAUSA M-A-G-M-A-S TER MAIS MAIS SURGIR Q-U-A-R-T-Z-0 C-I-L-I-C-A DIMINUIR DIMINUIR COMEÇAR OUTRO AUMENTAR AUMENTAR C-I-L-I-C-A DIMINUIR FERRO M-A-G-N-E-S-I-A-N-0 AUMENTAR JUNTO N M IS MAIS MAIS A N-I-Q-U-E-L DIMINUIR • MINERAL (?) F-E-L-T-N-0 SEPARAR CONSEGUIR SEPARAR N-I-Q-U-E-L PRETO M-A-GN-E-S-I-0 - DESCULPA EXPLICAR ANTES NÃO, AGORA EXPLICAR MAIS FERRO MAIS JUNTO AJUNTAR FERRO MA-G-N-E-S-I-0 JUNTO SURGIR PEDRA B-A-S-A-L-T-0 (?) CERTO.


Considerando os excertos anteriores, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2488587 Libras
São várias as competências do instrutor/tradutor/intérprete que balizam a análise dos processos nos quais ele está envolvido, existindo categorias diversas para fundamentar tal análise. Não é qualquer um que conhece duas línguas e que tem capacidade para transmitir informação de uma língua para a outra. “Competência que envolve habilidade para compreender a articulação do significado no discurso da língua-fonte; para interpretar o significado da língua-fonte para a língua-alvo sem distorções, adições ou omissões, habilidade para conservar uma mensagem oriunda da língua-fonte na língua-alvo sem influência estrutural da língua-fonte e, ainda, para aplicar o conhecimento da língua-fonte e da língua-alvo de forma apropriada do ponto de vista do estilo”. Tais informações dizem respeito à competência
Alternativas
Q2488586 Pedagogia
É considerada processual; contínua; cumulativa; abrangente; e, interdisciplinar com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos; o professor é o gestor das progressões de aprendizagem com foco no processo e não no produto; Tais características referem-se à avaliação:
Alternativas
Q2488585 Pedagogia
O Projeto Político Pedagógico é um plano construído por toda a comunidade escolar. No que diz respeito ao aspecto político, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2488584 Pedagogia
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), os docentes incumbir-se-ão na organização do ensino de:

I. Zelar pela aprendizagem dos alunos.

II. Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento.

III. Participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.

IV. Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino.

V. Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar parcialmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional.


Está correto o que se afirma apenas em 
Alternativas
Q2488583 Pedagogia
Analise a informação a seguir: “o aluno é visto como depositário passivo dos conhecimentos, que devem ser acumulados na mente através de associações. O professor é quem deposita os conhecimentos, pois ele é visto como um especialista na aplicação de manuais; sendo sua prática extremamente controlada”. Trata-se, portanto, de uma tendência pedagógica: 
Alternativas
Q2488581 Legislação dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro
Sobre os adicionais remuneratórios de acordo com a Lei Municipal nº 2.378/1992, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q2488572 Raciocínio Lógico
Uma pesquisa foi feita com 544 pessoas visando avaliar a utilização dos serviços de duas grandes operadoras de internet (A e B) atualmente. Observou-se que 320 pessoas utilizam os serviços da operadora de internet A, 80 pessoas utilizam os serviços de ambas as operadores e 64 pessoas utilizam, exclusivamente, os serviços de outras operadoras. Considerando tais informações, quantas pessoas utilizam somente os serviços da operadora de internet B?
Alternativas
Q2488571 Pedagogia
Sobre alfabetização e letramento, analise as afirmativas a seguir.


I. Enquanto a alfabetização desenvolve a aprendizagem das letras e símbolos escritos, o letramento se ocupa da função social de ler e escrever.

II. A memorização do alfabeto, o reconhecimento das letras, a ligação entre sílabas e a formação de palavras são competências desenvolvidas pelas crianças durante a sua alfabetização.

III. A alfabetização é o processo inicial de transmissão de leitura e escrita.


Está correto o que se afirma em 
Alternativas
Q2488570 Português
Levando-se em consideração que a literatura infantil é uma ferramenta significativa na prática escolar promovendo a leitura de maneira lúdica e prazerosa, facilitando a formação do espírito crítico do leitor, ampliando sua visão de mundo e despertando sua sensibilidade e criatividade, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) A literatura infantil pode ser considerada como um rico instrumento para o desenvolvimento do imaginário infantil, marcado por sua intenção pedagógica.

( ) A leitura deve ser trabalhada de maneira mais próxima da realidade das pessoas e não como atividades artificiais, em situações fabricadas na sala de aula.

( ) O sujeito leitor deve estabelecer trocas e interagir com o texto, propiciando a ele condições de se posicionar diante da leitura: personagens, diálogos, trilhas sonoras, cenários etc., através da construção dos significados pela interação.


A sequência está correta em
Alternativas
Q2488569 Português
Sobre a temática alfabetização e letramento, assinale a afirmativa inadequada.
Alternativas
Q2488568 Pedagogia
É incumbência da escola ensinar o português padrão, já que esse, usualmente, o aluno não domina. Levando-se em consideração que a língua é um fator de interação social, torna-se necessário que, EXCETO:
Alternativas
Q2488567 Português
Para que realmente se transcorra a aprendizagem da leitura e escrita, é necessário que o professor:

I. Proporcione situações em que os textos estejam contextualizados, ou seja, não apresentem palavras e frases soltas.

II. Dê aos alunos textos sem imagens, mas informando o conteúdo.

III. Desavie os alunos a ler e a produzir textos, sejam eles orais ou coletivos.


Está correto o que se afirma em 
Alternativas
Q2488566 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Conotação é o sentido que se dá a uma palavra ou expressão a partir de seu contexto; é aquilo que se quer dizer a partir de um contexto. Denotação é o sentido literal, aquele que está no dicionário. Assinale, a seguir, a transcrição literal que está no sentido denotativo.
Alternativas
Q2488565 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Assinale a alternativa em que ocorra erro de concordância.
Alternativas
Q2488564 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
“Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:” (26º§) Levando-se em consideração que “sentimentalismo” é excesso de emoção ou sentimento e “burguês” é próprio de indivíduo pertencente à classe que tem situação social e econômica confortável, como se sentia o cronista sufocado em sentimentalismo burguês?
Alternativas
Q2488563 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento.” (11º§) O vocábulo correspondente a “enquanto”, nessa frase, é
Alternativas
Respostas
101: B
102: B
103: A
104: A
105: D
106: B
107: D
108: D
109: A
110: C
111: B
112: A
113: A
114: A
115: D
116: A
117: B
118: C
119: A
120: A