Questões de Concurso Sobre uso das aspas em português

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Q2120769 Português

INSTRUÇÃO: Leia o texto a seguir para responder à questão.


Jacinda Ardern, a mãe trabalhadora, “influencer”’ e primeira-ministra da Nova Zelândia


Ela é a grande favorita para as próximas eleições do país por sua gestão eficaz da pandemia de Covid-19 e por seu carisma nas redes sociais, onde é capaz de rir de si mesma.



Quando sua filha Neve fez dois anos, em junho, Jacinda Ardern assou um bolo em forma de piano que foi muito mais difícil de preparar do que ela esperava. A primeira-ministra da Nova Zelândia publicou uma selfie ao lado de sua criação em sua conta no Instagram, com o seguinte comentário: “Tem uma lata de lentilhas escorando esta coisa por trás. Feliz aniversário, Neve! Obrigada por ignorar todas as imperfeições da vida e ser uma alegria”. Desde que assumiu o cargo, em 2017, Ardern tem compartilhado com os neozelandeses os momentos marcantes e as dificuldades de combinar o poder com a maternidade, e já agradeceu várias vezes em público o trabalho feito por seu companheiro, o jornalista Clarke Gayford, que é o principal cuidador de Neve. Em uma entrevista à imprensa local, Gayford confessou que a chegada da Covid-19 foi um desafio para a família, com dias em que Ardern chegava em casa após a meia-noite para depois se levantar às cinco da manhã.

A capacidade de mostrar seu lado mais humano é um dos atributos por trás da alta popularidade da primeira-ministra, com a qual o Partido Trabalhista espera ganhar as eleições de 17 de outubro.Adeputada Priyanca Radhakrishnan explica ao EL PAÍS por que acredita que sua chefa desperta tanta admiração: “Já tivemos três primeiras-ministras na Nova Zelândia, mas Jacinda faz política de forma diferente. Ela não ataca o adversário, ela joga limpo e combina empatia com força. As pessoas se concentram em sua bondade porque é o aspecto novo, mas ela também é uma líder que toma decisões com garra”.

Jacinda Ardern não tem problemas em mostrar suas fraquezas tanto no âmbito pessoal como no político. Quando o coronavírus voltou à Nova Zelândia em meados de agosto, a primeira-ministra confessou ter ficado “abatida”, depois de celebrar mais de 100 dias sem nenhum caso de Covid-19. Ela disse à imprensa que se sentiu melhor depois de falar por telefone com a chanceler (chefa de Governo) alemã, Angela Merkel. Apesar de terem ideologias políticas distintas, as duas líderes têm uma relação calorosa — tanto que, quando um jornalista perguntou “que líder mundial visitaria primeiro”, Ardern respondeu: “Acho que não vou surpreendê-lo, é Merkel”.

O governo neozelandês foi reconhecido internacionalmente por sua estratégia de contenção da pandemia, que causou apenas 25 mortes em um país de quase cinco milhões de habitantes. A deputada Radhakrishnan explica como a primeira-ministra coloca a vida dos neozelandeses acima de qualquer outra consideração. “Não é fácil confinar uma cidade, uma região ou um país porque o impacto econômico é significativo, todos nós sabemos disso, mas, para nós, escolher entre as pessoas e a economia é uma dicotomia falsa, porque se você perde as pessoas, perde a economia”, afirma a deputada.

A região de Auckland, a mais populosa do país, continua em nível de alerta elevado pela Covid-19, com os eventos públicos da campanha eleitoral cancelados até novo aviso. É por isso que as redes sociais se transformaram em campo de batalha para os líderes políticos. Jacinda Ardern aparece quase diariamente em suas contas no Facebook e no Instagram, e combina postagens formais, nas quais promove suas promessas eleitorais, com conexões muito mais informais, a partir de sua casa e vestida com um moletom, com introduções como esta: “Saudações a todos. Estou diante de uma parede vazia porque é o único lugar da minha casa que não está desarrumado”.

A conta de Ardern no Facebook tem 1,7 milhão de seguidores, enquanto a de sua rival, a líder da oposição Judith Collins, tem 58.000. Ardern e seu companheiro não publicam fotos de sua filha, mas compartilham muitos detalhes de sua vida privada, como quando ele teve de pintar o cabelo dela (durante o confinamento), ou seu fracasso quando tentaram desfraldar a menina muito cedo. A líder trabalhista virou sensação na internet graças à sua naturalidade diante da câmera, sua simpatia e sua capacidade de rir de si mesma, a tal ponto que os veículos de comunicação a chamam de “maior influencer política do país” e “primeira-ministra do Facebook”.

Embora sirva de inspiração para mulheres na Nova Zelândia e no resto do mundo, a primeira-ministra admitiu em uma entrevista que seu desejo é “normalizar” a figura da mãe trabalhadora. Quando uma menina se aproximou dela durante um evento de campanha, agarrando com as duas mãos um conto ilustrado sobre sua vida, Ardern parou por alguns minutos para conversar com ela e escreveu esta dedicatória no livro: “As garotas podem fazer qualquer coisa”.

Disponível em: https://bityli.com/KYmNL. Acesso em: 21 set. 2020. (Fragmento adaptado)
Releia o trecho a seguir.
“[...] a primeira-ministra admitiu em uma entrevista que seu desejo é “normalizar” a figura da mãe trabalhadora.”
Nesse contexto, as aspas da palavra destacada foram utilizadas para
Alternativas
Q2119507 Português

Leia o texto para responder à questão.


     O que ainda restava da minha visão iluminista está fazendo água. A ideia de que estamos inexoravelmente "evoluindo" vem sendo questionada há muito tempo, mas confesso que ainda alimentava alguma ilusão. Meu erro foi o de elevar a tecnologia a um grau de importância que ela não merece ter. Não se trata de avaliar o "custo-benefício", é coisa mais profunda do que contabilidades possam alcançar. [...]


    Não é novidade que somos seres gregários, que necessitamos uns dos outros [...]. O que tem nos passado despercebido é que à medida que reduzimos a qualidade das relações colocamos em risco nossa própria existência. Estamos perdendo qualidade, iludidos com a quantidade de relações e a brevidade do tempo a elas dedicado. É só retrocedermos um pouco no tempo.


    Muitos devem se lembrar de que visitávamos parentes e amigos sem aviso prévio. A surpresa era parte do processo, da liberação de adrenalina que estimulava as confidências, o olho no olho, a troca de afetos. [...] Pouco tempo depois caiu em desuso a visita surpresa e passamos a pedir autorização para visitar.


    O próximo passo foi quando abandonamos o encontro e adotamos a conversa por telefone. Na base da voz tentamos substituir o encontro presencial e, iludidos com pobres equações que relacionavam economia de tempo de deslocamento com maior produtividade, acatamos a filosofia de botequim: "Tempo é dinheiro, ganhe dinheiro não perdendo tempo". [...]


    Logo a seguir passamos a perguntar, por mensagens, se poderíamos ligar: pode falar? Chegava o tempo da necessidade da autorização para o telefonema. Aos poucos as conversas vão rareando e são substituídas por mensagens. Nem mais a surpresa do telefonema é permitida: o bina anuncia quem liga e agora a mensagem busca o agendamento da fala.


    Não demora muito e as mensagens passam a encurtar, limitando-se a certo número de caracteres. Convenciona-se um limite suportável de caracteres e o Twitter dá o tom ao assumir um número mágico: 140. Transmita tudo o que quiser, sintetize o que pensa, resuma seus sentimentos em 140 caracteres.


    Ao mesmo tempo, as mensagens por áudio ganham força sob o argumento da praticidade e da economia de tempo. E deixamos de exercitar a escrita, processo que exige reflexão sobre conteúdo, forma e modo de expressar o que sentimos. E passamos a escutar as mensagens em velocidade duplicada — afinal (adivinhe), tempo é dinheiro.


    O certo é que, de um jeito ou de outro, conformados em tentar transmitir o que pensamos através das mensagens, escrevemos subordinados a esses códigos que nos limitam. [...]



ABRAHÃO, Jorge. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/colunas/>. Acesso em: 13 fev. 2023. (Fragmento).

No trecho “A ideia de que estamos inexoravelmente ‘evoluindo’ vem sendo questionada há muito tempo, mas confesso que ainda alimentava alguma ilusão.”, o termo “evoluindo” está entre aspas porque
Alternativas
Ano: 2023 Banca: FGV Órgão: CGM - RJ Prova: FGV - 2023 - CGM - RJ - Contador |
Q2115737 Português
Texto – O futuro do plástico (fragmento)

Por Bruno Garattoni e Tiago Cordeiro

“[...]
           Em setembro, um estudo publicado por cientistas chineses detectou, pela primeira vez, a presença de microplásticos (partículas com menos de 5 milímetros) na placenta humana. Eles analisaram as placentas de 17 gestantes, e todas continham quantidades ‘muito abundantes’ de microplásticos. [...]

     Estamos expostos ao plástico antes mesmo de nascer. E, ao chegar a este mundo, somos bombardeados por ele. Literalmente. Em 2020, cientistas da Universidade Cornell, nos EUA, coletaram amostras de ar em 11 pontos do país – e descobriram que, nelas, ‘chovem’ mais de 1.000 toneladas de microplásticos por ano, o equivalente a 120 milhões de garrafas PET.
    [...]
           Mas suas principais fontes são a água e a comida. Um estudo da Universidade de Newcastle analisou a quantidade presente em alguns alimentos, como peixes, mariscos, sal, cerveja, água, mel e açúcar – e concluiu que cada adulto ingere em média 20 gramas de microplásticos, o equivalente a uma pecinha de Lego, por mês.

          E o cálculo não considera outros alimentos ou fontes, como os microplásticos presentes em cremes dentais ou liberados por panelas com o revestimento antiaderente danificado – que podem soltar mais de 9.000 pedacinhos a cada uso. Ou seja: não estamos apenas sendo soterrados pelo plástico. Ele já está dentro de nós.
    [...].

A ilha transparente

          Em 1997, o oceanógrafo Charles Moore estava voltando de uma regata entre Los Angeles e Honolulu, no Havaí, quando resolveu testar seu veleiro, o Alguita. Pegou uma rota tranquila, com pouco vento, no Giro do Pacífico Norte [...]. Mas, aí, viu pedaços de plástico boiando a esmo no meio do oceano.
         Era a primeira observação da Grande Ilha de Lixo do Pacífico, um fenômeno que havia sido teorizado em 1988 por cientistas do governo americano. A ilha fica entre a costa oeste dos EUA e o Japão, e é formada por mais de 1,8 trilhão de detritos, que somam mais de 80 mil toneladas de plástico e se estendem por 1,6 milhão de quilômetros quadrados – o tamanho do estado do Amazonas.
         Só que a ilha não é bem como as pessoas imaginam, com uma gigantesca maçaroca flutuante. Em sua maior parte, ela é invisível a olho nu. Isso porque o lixo vai se fragmentando – e 80% dele já está na forma de microplásticos.
           Eles são muito pequenos, e ficam espalhados por uma área gigantesca. Por isso, a ilha é difícil de ver – seja de barco ou por imagens de satélite.
         Mas causa um impacto ambiental enorme: afeta mais de 700 espécies. Os animais marinhos podem ficar presos na ilha de lixo, ou ingerir plástico em quantidades nocivas. Além disso, como os pedacinhos de plástico deixam a água ligeiramente turva, reduzem o acesso das algas marinhas à luz do sol, podendo desregular seriamente a cadeia alimentar.  

A bactéria mutante

          A usina nuclear de Chernobyl é um dos pontos mais contaminados do mundo. Quando seu reator 4 explodiu, em 1986, a radioatividade no local chegou a incríveis 300 sieverts por hora: o equivalente a 3 milhões de exames de raio-X, e suficiente para matar uma pessoa em cerca de 1 minuto. [...]
          Mas foi ali que, em 1991, pesquisadores acharam algo incrível: um fungo radiotrófico, ou seja, capaz de se alimentar de radiação. Ele se chama Cryptococcus neoformans, e a ciência já o conhecia; mas essa sua nova habilidade, não. [...]
        Décadas mais tarde, em 2016, algo parecido aconteceu – só que com o plástico. Um grupo de pesquisadores estava testando amostras do solo perto de uma usina de reciclagem de garrafas PET na cidade de Sakai, no Japão. Eles encontraram uma bactéria capaz de ‘comer’ esse material, transformando-o em energia para sobreviver.
            O micróbio foi batizado de Ideonella sakaiensis, e passou a ser estudado em laboratório. O segredo dessa bactéria está numa enzima que ela produz: a PETase, que decompõe esse tipo de plástico [o plástico produzido a partir do polietileno tereftalato, ou PET, e que pode ser encontrado nas garrafas plásticas que recebem esse nome]. Nos anos seguintes, outras pesquisas descobriram dezenas de PETases, fabricadas por vários microorganismos. Elas decompõem o plástico em poucos dias – acelerando muito a degradação natural, que leva séculos.
           Cientistas da Universidade do Texas criaram uma versão alterada da enzima, que se chama FAST-PETase e funciona incrivelmente bem: basta aplicá-la sobre o plástico, deixar o material numa temperatura de 30 a 50 graus (fácil de atingir e manter num galpão ou tonel levemente aquecido, por exemplo), e a natureza faz todo o resto. Um a sete dias depois, dependendo da temperatura ambiente, você tem plástico novo.
            Sem precisar derreter o material, usar aditivos nem lidar com substâncias tóxicas. E a enzima não só decompõe o plástico, ela o refaz: repolimeriza as moléculas do material, montando novamente as cadeias de átomos que formam o PET (e o tornam tão flexível e resistente).
        Também há testes com novos métodos de reaproveitamento. A empresa holandesa Ioniqa, por exemplo, inventou uma técnica que permite reciclar as garrafas PET infinitas vezes, como é feito com as latinhas de alumínio. (No método tradicional, isso não acontece: o plástico perde qualidade após cada reciclagem, e você precisa adicionar uma porcentagem cada vez maior de material ‘virgem’, ou seja, novo, para fazer as garrafas.)
    [...]
          Em suma: vem aí uma série de inovações que podem aumentar muito a reciclagem. ‘Agora dá para começar a enxergar uma verdadeira economia circular em torno do plástico’, disse o químico Hal Alper, um dos criadores da enzima FAST-PETase, ao anunciá-la.
     [...]”

Disponível em: https://super.abril.com.br/ciencia/o-futuro-doplastico. Acesso em: 04/01/2023
Todas as alternativas abaixo apresentam passagens retiradas de O futuro do plástico nas quais foi empregado o sinal gráfico das aspas. A alternativa em que a função desse sinal está INCORRETAMENTE identificada é: 
Alternativas
Q2108626 Português
Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados na questão.

Gerenciar melhor as emoções pode prevenir envelhecimento

(Revista Planeta)



(Disponível em: https://www.revistaplaneta.com.br 13/01/23– fragmento de texto adaptado especialmente para esta prova).
Sobre sinais de pontuação utilizados no texto, afirma-se que:

I. O ponto de interrogação utilizado no final do primeiro parágrafo marca o fim da oração enunciada com entonação interrogativa, chamada retórica.
II. Na linha 14, a vírgula marca o deslocamento do adjunto adverbial.
III. As aspas entre as linhas 26 e 29 foram utilizadas pela mesma razão que as das linhas 15 e 16.

Quais estão corretas?
Alternativas
Q2101794 Português
Gamificação: atração e retenção de talentos

Por Diego Cidade

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(Disponível em: https://exame.com/carreira/gamificacao-melhore-suas-estrategias-de-atracao-e-retencao-de-talentos/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
Considerando o emprego correto dos sinais de pontuação, analise as assertivas a seguir:
I. Na linha 10, a vírgula em destaque separa um adjunto adverbial deslocado. II. O emprego das aspas na linha 17 marca a ocorrência de uma palavra em sentido metafórico. III. Na linha 31, o duplo travessão não poderia ser substituído por dupla vírgula.
Quais estão corretas?  
Alternativas
Q2089496 Português

O ciclo da vida


    Recorro à minha profissão de tradutora, que exerci intensamente por longo tempo, para apresentar aqui versos da poetisa americana Edna St. Vincent Millay, falecida, sobre a morte: “Não me resigno quando depositam corações amorosos na terra dura. É assim, assim será para sempre: entram na escuridão os sábios e os encantadores. Coroados de lírios e louros, lá se vão: mas eu não me conformo. Na treva da tumba lá se vão, com seu olhar sincero, o riso, o amor; vão docemente os belos, os ternos, os bondosos; vão‐se tranquilamente os inteligentes, os engraçados, os bravos. Eu sei. Mas não aprovo. E não me conformo”.

    Conformados ou não, a morte é algo que precisaríamos aceitar, com mais ou menos dor, mais ou menos resistência, mais ou menos inconformidade. E esse processo, mais ou menos demorado, mais ou menos cruel, depende da estrutura emocional e das crenças de cada um.

     O ciclo da vida e morte é um duro aprendizado. Nós, maus alunos.

    Não escrevo sobre o tema pela morte de um ou outro, em acidentes, por doença dolorosa, ou mesmo dormindo, morte abençoada. Morrem mais pessoas aqui de morte violenta do que em guerras atuais. A banalização da morte, portanto a desvalorização da vida, é espantosa. Escrevo porque ela, a senhora Morte, é cotidiana e estranha, ao menos para a maioria de nós. Há alguns anos, menininha ainda, uma de minhas netas me perguntou com a perturbadora simplicidade das crianças: “Por que eu não tenho vovô?”. Respondi, como costumo, da maneira mais natural possível, que o vovô tinha morrido antes de ela nascer, que estava em outro lugar, e, acreditava eu, ainda sabendo da gente, sempre cuidando de nós – também dela. Continuei dizendo que a vida das pessoas é como a das plantas e dos animais. Nascem, crescem, umas morrem muito cedo, outras ficam bem velhinhas, umas morrem por acidente, ou doença, ou simplesmente se acabam como uma vela se apaga.

    Falar é fácil, eu dizia a mim mesma enquanto comentava isso com a criança. O drama da vida não se encerra com o baque da morte, mas começa, nesse instante outra grande indagação.

    Recordo a frase, atribuída a Sócrates na hora em que bebia cicuta, condenado pelos cidadãos de Atenas a se matar: “Se a morte for um sono sem sonhos, será bom; se for um reencontro com pessoas que amei e se foram, será bom também. Então, não se desesperem tanto”. Precisamos de tempo para integrar a morte na vida. Talvez os mortos vivam enquanto lembrarmos suas ações, seu rosto, a voz, o gesto, a risada, a melancolia, os belos momentos e os difíceis. Enquanto eles se repetirem no milagre genético, em filhos, e netos, ou se perpetuarem em fotografias e filmes. Enquanto alguém os retiver no pensamento, os mortos estarão de certa forma vivos? Porque morrer é natural, deveria ser simples: mas para quase todos nós, é um grande e grave enigma.

(Lya Luft. Revista Veja. Em: agosto de 2014. Adaptado.)

A pontuação tem por objetivo estruturar os textos, estabelecer pausas e entonações da fala além de outros propósitos. No último parágrafo do texto, o uso de aspas indica que a alegação:
Alternativas
Q2088509 Português

Olhos para ver um mundo novo a cada dia


    Em maio de 2019, o quadro “Meules”, do pintor francês Claude Monet (1840-1926), foi vendido na tradicional casa de leilões Sotheby’s, em Nova York, por nada menos que US$ 110,7 milhões (mais de R$ 580 milhões), um recorde para quadros do Impressionismo. O estilo, segundo os leiloeiros, é marcado por, entre outras coisas, contornos pouco definidos, cores não misturadas e ênfase na representação precisa da luz natural.

    Mas Monet tinha ainda outra “característica” que o aproximava de outros expoentes do estilo, como Pierre Auguste Renoir, Paul Cezanne e Edgar Degas: eles eram míopes. E de acordo com artigo do neurocirurgião Noel Dan, publicado em 2003 no Journal of Clinical Neuroscience, é tentador atribuir o desenvolvimento do Impressionismo, “ao menos em parte, à visão míope de seus praticantes”. A afirmação, claro, desperta até hoje debates acalorados entre especialistas, tanto em oftalmologia quanto em arte.

    Já numa chave mais médica e menos romantizada, a miopia é um distúrbio visual que faz com que a imagem entre em foco antes de chegar à retina. Isso faz com que objetos vistos a alguma distância pareçam desfocados – a visão parece embaçada. Segundo a AAO (Academia Americana de Oftalmologia, na sigla em inglês), se nada for feito para impedir o avanço da miopia, até 2050 metade da população mundial (que, lembremos, no mês passado alcançou 8 bilhões de pessoas) poderá ter a visão afetada por ela. O problema nada tem de trivial: ainda, segundo a AAO, o custo da miopia em perda de produtividade está estimado em cerca de US$ 244 bilhões por ano.

    No Brasil, dados de um levantamento feito pelo Hospital de Olhos mostram um aumento de 23% nos diagnósticos de miopia para pacientes com idades entre zero e doze anos no primeiro semestre deste ano: foram 538, contra 425 no mesmo período de 2021. Especialistas apontam como possíveis causas o uso excessivo de aparelhos eletrônicos (celulares, tablets, computadores etc.). Alguns talvez tenham ouvido de mães, tias ou avós para não assistir TV muito perto da tela. Embora seja tentador achar que elas poderiam estar certas desde o início, não há comprovação científica para se estabelecer uma relação de causa e efeito entre a exposição a telas e mais casos de miopia. Mas uma meta-análise publicada na revista especializada The Lancet sugere uma associação desse tipo.

    O fato desse avanço da miopia entre crianças possivelmente ter relação com a exposição a telas de gadgets é causa para alguma preocupação. Afinal, estamos rumando a um futuro em que as telas serão cada vez mais presentes nas vidas de todos. A pandemia deu um vislumbre disso: aulas passaram a ser ministradas via on-line – e as crianças, então, ficaram bem mais tempo com olhos voltados às telinha. Sem poderem sair de casa, jogos de celular, ou em consoles ligados à TV, filmes, desenhos animados e outras formas de diversão se tornaram a regra. Até para os adultos foi assim, com as muitas reuniões de trabalho em videoconferências.  

    E não se trata de uma tendência vista apenas no Brasil e nem que tenha surgido agora, claro. Reportagem do The New York Times já do ano passado lembrava que, em 2020, o Jama (Jornal da Associação Médica Americana, na sigla em inglês) trouxe um editorial intitulado “2020 como o ano da miopia de quarentena” (em tradução livre). O texto diz que lockdowns precisam considerar “um planejamento cuidadoso de atividades internas e, de preferência, não restringir as brincadeiras ao ar livre em crianças pequenas”. Isso ajudaria a controlar “uma onda de miopia de quarentena”.

    Por mais que nossas atividades, no trabalho, no estudo e na vida pessoal, estejam atreladas a dispositivos digitais e suas telas, o corpo humano tem limites: não é sem consequências – como o avanço da miopia tem mostrado – que nos expomos a toda e qualquer inovação sem considerar possíveis desdobramentos. A moderação precisa encontrar espaço: para as crianças, isso pode significar algum tempo longe das telas. Brincar em espaços abertos, em que possam tentar enxergar coisas ao longe, é uma excelente alternativa para preservar seus olhos. Há muito mais lá fora para se ver do que cabe nas telinhas, e elas precisam ter olhos saudáveis para descobrir o mundo a cada dia.


(Cláudio L. Lottenberg*, Veja. Disponível em: https://veja.abril.com.br/ coluna/coluna-claudio-lottenberg/olhos-para-ver-um-mundo-novo-acada-dia/15 dez 2022. * Mestre e doutor em Oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), é presidente institucional do Instituto Coalizão Saúde e do conselho do Hospital Albert Einstein.)

Pode-se inferir acerca das aspas no texto delimitando o vocábulo “característica” em: Mas Monet tinha ainda outra “característica” que o aproximava de outros expoentes do estilo, como Pierre Auguste Renoir, Paul Cezanne e Edgar Degas: eles eram míopes. (2º§), que tal emprego indica:
Alternativas
Q2087247 Português
Mensagem de final de ano aos jovens (des)informados

     O ano passou num piscar de olhos. Aliás, tem sido assim desde que a tecnologia e seus artefatos chegaram para tornarem-se peças indispensáveis no nosso cotidiano. A tecnologia acelerou a vida que, como diz a sábia boneca Emília em suas famosas “Memórias da Emília” do nosso imortal Monteiro Lobato, já é, por si só, um pisca-pisca. Segundo ela, que do alto de sua filosofia absolutamente genial narrou suas memórias ao Visconde de Sabugosa: “a gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme-eacorda, dorme-e-acorda, até que dorme e não acorda mais. É, portanto, um pisca-pisca. (...) A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca; pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos, por fim, pisca pela última vez e morre.

    E depois que morre? – perguntou o Visconde.
    – Depois que morre vira hipótese. É ou não é?”.
    É. Piscamos e lá se foi 2022.

    O ser humano pisca de 15 a 20 vezes por minuto e, em condições normais, um olho chega a piscar 8.000 vezes por dia. Isso é necessário para que possamos lubrificar os olhos limpando-os de agentes externos, como poeira ou outros minúsculos elementos, que, a cada piscada, são impedidos de entrar em contato direto com a córnea. Estudos apontam que o ato de piscar está relacionado a um breve descanso da mente, além de servir para lubrificar essa área tão importante dos olhos. Piscamos para ver melhor, mais limpo e também para pensar com mais clareza. Nestes tempos em que nossos computadores, tablets e celulares fazem parte de quem somos, descobriu-se que estamos piscando cinco vezes menos do que deveríamos, a isso deram o nome de Síndrome do Uso Excessivo do Computador. Vejam só: estamos ficando doentes de tanto ver o mundo pelas telas! Fico aqui pensando o que diria Emília, se soubesse disso. Piscando menos, vivemos menos e logo, logo, talvez ela dissesse, de nós só sobrarão hipóteses!...

    Piscamos menos e mesmo assim o tempo passa célere, e temos nos preocupado cada vez mais com ele, ainda mais você, caro jovem leitor, que já reclama que não tem tempo para fazer nem metade do que gostaria! Na Era da (Des)Informação o tempo passa mais rápido porque as telas não dão descanso: entre um pisca e outro a gente vê um vídeo no TikTok, pisca e posta uma foto no Instagram, pisca de novo e comenta o post do amigo no Twitter e ainda dá tempo de piscar mais uma vez e entrar no YouTube para dar uma espiada no vídeo daquele influencer preferido. Parece muito pisca- -pisca, mas, pelo que nos mostram as pesquisas, no meio de tantas redes sociais não dá tempo de piscar o suficiente, e a vista fica cada dia mais cansada, embaçada e a gente, mais encurvado, com a perspectiva de, daqui a 800 anos, estarmos corcundas, com quatro pálpebras e com as mãos em forma de garra, como constatou estudo realizado pela empresa de telecomunicações Toll Free Forwarding. Ou então se nada disso se concretizar, nos restará apenas ser só uma hipótese...

    Sem querer ser pessimista ou alarmista demais, o propósito desta mensagem de final de ano a todos os jovens leitores é alertar para a nossa potência nesse mundo VUCA, ou mundo BANI, como queira, nessa sociedade do cansaço, nessa modernidade líquida. Precisamos piscar mais se quisermos continuar vivos. Podemos piscar mais vezes e sairmos das telas dos celulares. Podemos ler um livro impresso e exercer a liberdade suprema de pular páginas, de começar pelo meio, de parar de ler e olhar pela janela – aquela de verdade mesmo, que tem formatos mil, que fica entre nós, nossas casas e o mundo real. Precisamos conversar com as pessoas, encontrar os amigos, ir ao estádio de futebol, passear pelos parques, nadar nos rios – enquanto eles ainda existem e são “nadáveis” – navegar os mares ao invés de as redes sociais. Podemos nos enredar em outras redes, aquelas que construímos, na escola, no clube, na vizinhança, aquelas que de fato são laços e possuem o poder de destruir muros. Podemos dominar os algoritmos se ampliarmos as nossas experiências, porque eles ainda não prescindem do humano e tanto mais humanos nos tornamos, quanto mais experiências concretas conseguimos viver e compartilhar.

    Não se trata aqui de dar uma receita de ano novo – elas não funcionam, sabemos nós, que todos os anos fazemos listas repletas de promessas – mas apenas de lembrar que podemos seguir piscando, fazendo os nossos olhos brilharem com outras paisagens. Não tem sido fácil para você, jovem leitor, singrar mares tão desconhecidos, tão sem bússola como os grandes navegadores estavam quando desbravaram os continentes do chamado novo mundo. Mas se eles chegaram a outros lugares, provaram que é possível descobrir o desconhecido. Os instrumentos que os ajudaram servem perfeitamente para os dias de hoje: curiosidade, estratégia, pesquisa, resistência, resiliência, crença no sonho, no impossível, fé em si mesmo e um desejo recorrente de viver melhor. Como dizia o escritor Eduardo Galeano é para isso que serve a utopia: “para que eu não deixe de caminhar”.

    Aos jovens (des)informados desse futuro tão incerto desejo um tempo a mais entre uma piscada e outra, um tempo para fechar os olhos e descansar das telas, uma piscada mais elaborada que permita a construção de narrativas que não precisem ser postadas para tornarem-se relevantes, e muitas piscadas por conta da vivência de histórias inclusivas, diferentes, diversas e desiguais. Desejo que construam hipóteses – muitas! – e que possam referendá-las com rigor, ética e criticidade. E que assim tornem-se cada dia mais potentes, protagonistas e reais.

(ALVES, Januária Cristina. Mensagem de final de ano aos jovens (des)informados. Jornal Nexo, 2022. Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/colunistas/2022/Mensagem-de-finalde-ano-aos-jovens-DesInformados. Acesso em: 21/12/2022. Adaptado.)
Em relação ao emprego dos sinais de pontuação, analise as afirmativas a seguir.
I. Os parênteses em “(des)informados” sinalizam a dupla possibilidade de leitura do termo. II. As aspas em “para que eu não deixe de caminhar’” (8º§) e em “‘a gente nasce (...) É ou não é?” (1º§ ao 3º§) foram empregadas com funções distintas. III. Em “Os instrumentos que os ajudaram servem perfeitamente para os dias de hoje: curiosidade, estratégia, pesquisa, resistência, resiliência [...]” (8º§), os dois-pontos foram utilizados para introduzir uma enumeração. IV. Em “Vejam só: estamos ficando doentes de tanto ver o mundo pelas telas!” (5º§), o ponto de exclamação foi usado para indicar entusiasmo. V. Em “A tecnologia acelerou a vida que, como diz a sábia boneca Emília em suas famosas ‘Memórias da Emília’ do nosso imortal Monteiro Lobato [...]” (1º§), a inserção de vírgula após as duas ocorrências da palavra “Emília” melhoraria a fluidez da leitura sem, contudo, alterar o sentido do enunciado.
Está correto o que se afirma em
Alternativas
Q2084698 Português
Quem está “on”?



Martha Medeiros. In: NSC Total. Acesso em:https://www.nsctotal.com.br/colunistas/martha-medeiros/quem-esta-on , 14 out., 2022.
“Dizem que é o tal do “Fear of Missing Out”, ou em bom português, “medo de ficar por fora”.(Linhas 15 e 16)
O uso das aspas no trecho sublinhado explica-se por
Alternativas
Q2078981 Português

Jacinda Ardern, a mãe trabalhadora, “influencer”’ e primeira-ministra da Nova Zelândia


Ela é a grande favorita para as próximas eleições do país por sua gestão eficaz da pandemia de Covid-19 e por seu carisma nas redes sociais, onde é capaz de rir de si mesma


Quando sua filha Neve fez dois anos, em junho, Jacinda Ardern assou um bolo em forma de piano que foi muito mais difícil de preparar do que ela esperava. A primeira-ministra da Nova Zelândia publicou uma selfie ao lado de sua criação em sua conta no Instagram, com o seguinte comentário: “Tem uma lata de lentilhas escorando esta coisa por trás. Feliz aniversário, Neve! Obrigada por ignorar todas as imperfeições da vida e ser uma alegria”. Desde que assumiu o cargo, em 2017, Ardern tem compartilhado com os neozelandeses os momentos marcantes e as dificuldades de combinar o poder com a maternidade, e já agradeceu várias vezes em público o trabalho feito por seu companheiro, o jornalista Clarke Gayford, que é o principal cuidador de Neve. Em uma entrevista à imprensa local, Gayford confessou que a chegada da Covid-19 foi um desafio para a família, com dias em que Ardern chegava em casa após a meia-noite para depois se levantar às cinco da manhã.

A capacidade de mostrar seu lado mais humano é um dos atributos por trás da alta popularidade da primeira-ministra, com a qual o Partido Trabalhista espera ganhar as eleições de 17 de outubro.Adeputada Priyanca Radhakrishnan explica ao EL PAÍS por que acredita que sua chefa desperta tanta admiração: “Já tivemos três primeiras-ministras na Nova Zelândia, mas Jacinda faz política de forma diferente. Ela não ataca o adversário, ela joga limpo e combina empatia com força. As pessoas se concentram em sua bondade porque é o aspecto novo, mas ela também é uma líder que toma decisões com garra”.

Jacinda Ardern não tem problemas em mostrar suas fraquezas tanto no âmbito pessoal como no político. Quando o coronavírus voltou à Nova Zelândia em meados de agosto, a primeira-ministra confessou ter ficado “abatida”, depois de celebrar mais de 100 dias sem nenhum caso de Covid-19. Ela disse à imprensa que se sentiu melhor depois de falar por telefone com a chanceler (chefa de Governo) alemã, Angela Merkel. Apesar de terem ideologias políticas distintas, as duas líderes têm uma relação calorosa — tanto que, quando um jornalista perguntou “que líder mundial visitaria primeiro”, Ardern respondeu: “Acho que não vou surpreendê-lo, é Merkel”.

O governo neozelandês foi reconhecido internacionalmente por sua estratégia de contenção da pandemia, que causou apenas 25 mortes em um país de quase cinco milhões de habitantes. A deputada Radhakrishnan explica como a primeira-ministra coloca a vida dos neozelandeses acima de qualquer outra consideração. “Não é fácil confinar uma cidade, uma região ou um país porque o impacto econômico é significativo, todos nós sabemos disso, mas, para nós, escolher entre as pessoas e a economia é uma dicotomia falsa, porque se você perde as pessoas, perde a economia”, afirma a deputada.

A região de Auckland, a mais populosa do país, continua em nível de alerta elevado pela Covid-19, com os eventos públicos da campanha eleitoral cancelados até novo aviso. É por isso que as redes sociais se transformaram em campo de batalha para os líderes políticos. Jacinda Ardern aparece quase diariamente em suas contas no Facebook e no Instagram, e combina postagens formais, nas quais promove suas promessas eleitorais, com conexões muito mais informais, a partir de sua casa e vestida com um moletom, com introduções como esta: “Saudações a todos. Estou diante de uma parede vazia porque é o único lugar da minha casa que não está desarrumado”.

A conta de Ardern no Facebook tem 1,7 milhão de seguidores, enquanto a de sua rival, a líder da oposição Judith Collins, tem 58.000. Ardern e seu companheiro não publicam fotos de sua filha, mas compartilham muitos detalhes de sua vida privada, como quando ele teve de pintar o cabelo dela (durante o confinamento), ou seu fracasso quando tentaram desfraldar a menina muito cedo.Alíder trabalhista virou sensação na internet graças à sua naturalidade diante da câmera, sua simpatia e sua capacidade de rir de si mesma, a tal ponto que os veículos de comunicação a chamam de “maior influencer política do país” e “primeira-ministra do Facebook”.

Embora sirva de inspiração para mulheres na Nova Zelândia e no resto do mundo, a primeira-ministra admitiu em uma entrevista que seu desejo é “normalizar” a figura da mãe trabalhadora. Quando uma menina se aproximou dela durante um evento de campanha, agarrando com as duas mãos um conto ilustrado sobre sua vida, Ardern parou por alguns minutos para conversar com ela e escreveu esta dedicatória no livro: “As garotas podem fazer qualquer coisa”.


Disponível em: https://bityli.com/KYmNL. Acesso em: 21 set. 2020. (Fragmento adaptado).

Releia o trecho a seguir.

“[...] a primeira-ministra admitiu em uma entrevista que seu desejo é “normalizar” a figura da mãe trabalhadora.”


Nesse contexto, as aspas da palavra destacada foram utilizadas para

Alternativas
Q2078307 Português
Texto para responder à questão.

Conceitos da vida cotidiana

   A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação poética e um ornamento retórico – é mais uma questão de linguagem extraordinária do que de linguagem ordinária. Mais do que isso, a metáfora é usualmente vista como uma característica restrita à linguagem, uma questão mais de palavras do que de pensamento ou ação. Por essa razão, a maioria das pessoas acha que pode viver perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao contrário, que a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no pensamento e na ação. Nosso sistema conceptual ordinário, em termos do qual não só pensamos, mas também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza.
   Os conceitos que governam nosso pensamento não são meras questões do intelecto. Eles governam também a nossa atividade cotidiana até nos detalhes mais triviais. Eles estruturam o que percebemos, a maneira como nos comportamos no mundo e o modo como nos relacionamos com outras pessoas. Tal sistema conceptual desempenha, portanto, um papel central na definição de nossa realidade cotidiana.
   Para dar uma ideia de como um conceito pode ser metafórico e estruturar uma atividade cotidiana, comecemos pelo conceito de DISCUSSÃO e pela metáfora conceitual DISCUSSÃO É GUERRA. Essa metáfora está presente em nossa linguagem cotidiana numa grande variedade de expressões: seus argumentos são indefensáveis; ele atacou todos os pontos da minha argumentação; e, destruí sua argumentação.
   É importante perceber que não somente falamos sobre discussão em termos de guerra. Podemos realmente ganhar ou perder uma discussão. Vemos as pessoas com quem discutimos como um adversário. Atacamos suas posições e defendemos as nossas. Planejamos e usamos estratégias. Se achamos uma posição indefensável, podemos abandoná-la e colocar-nos numa linha de ataque. Muitas das coisas que fazemos numa discussão são parcialmente estruturadas pelo conceito de guerra.
   Esse é um exemplo do que queremos dizer quando afirmamos que um conceito metafórico estrutura (pelo menos parcialmente) o que fazemos quando discutimos, assim como a maneira pela qual compreendemos o que fazemos.
(LAKOFF, G. & JOHNSON, M. Texto adaptado de Metáforas da vida cotidiana. Campinas: Mercado de Letras; São Paulo: Educ., 2002, p. 45- 47.)
Reconhecendo-se a função exercida pelo emprego do travessão em “[...] um recurso da imaginação poética e um ornamento retórico – é mais uma questão de linguagem extraordinária do que de linguagem ordinária.” (1º§), assinale a afirmativa correta.
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Q2076800 Português

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Manual de Procedimentos para Assessorias em Santa

Catarina (com adaptações).

Com base no texto e em seus aspectos linguísticos, julgue o item.

O uso de aspas em “nesse ritmo que estou correndo não aguento nem 10 minutos” (linhas 34 e 35) e em “overtraining” (linha 37) seguiu a mesma regra gramatical. 

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Q2075983 Português
As aspas – sinal gráfico [" "] – podem ter diferentes funções nos textos. Observe o uso desse sinal de pontuação no seguinte excerto:
Aposto que você já atinou para o problemão pré-histórico que isto representa: as pessoas que os europeus encontraram ao ancorar seus navios em Porto Seguro 517 anos atrás, por mais morenas que fossem, não tinham nada de africanas. Sua aparência – em especial o formato do crânio e os olhos que popularmente descreveríamos como “puxados” – lembra muito mais a de gente do nordeste da Ásia. [LOPES, Reinaldo José. 1499: o Brasil antes de Cabral. Rio de Janeiro: Harper Collins, 2017. P.40]
Na passagem em análise, as aspas têm a seguinte função:
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Q2075824 Português
TEXTO 01

Questão de horário

Walcyr Carrasco

     Eu sou um chato, do tipo que faz questão de chegar na hora certa. Há países em que o horário é um rito religioso. Ninguém se atrasa. Uma vez, na Holanda, demorei cinco minutos extras para descer de elevador e fui recebido de cara feia. Mas aqui, entre nós, brasileiros, é muito diferente. Certa vez, pertencia a uma associação. Marcou-se uma reunião às 19 horas no Rio de Janeiro. Meia hora depois, ninguém. O primeiro membro só apareceu às 20h30. O diretor, às 21. A reunião começou às 22, quando eu, exausto, só queria ir embora. Todos os outros ostentavam sorrisos, bom humor. Óbvio, nunca mais fui a encontro algum dessa associação.
     Hoje, trabalho com pessoas muito pontuais, e as reuniões on-line nos tornaram mais pontuais ainda. Horário é horário, ninguém suportaria permanecer 45 minutos olhando a tela em branco, aguardando o ingresso na reunião. Somos exceção. Tenho um amigo, por exemplo, capaz de marcar algo às 10 da manhã, um novo compromisso às 10h15, outro às 10h30. Dá errado, sempre. Ou certo, porque as pessoas com quem ele marca também se atrasam, e ele teria de ficar esperando. É uma pessoa agradável e simpática. Não é nem por má vontade. Parece que há uma inabilidade de calcular o tempo. Sempre na última hora surge algo para fazer e ele corre.
     Quinze minutos é o máximo que se deve esperar, segundo aprendi. Mas se a gente quer muito o encontro, seja por motivo pessoal ou profissional, por que não dar mais um tempinho na esperança de, enfim, resolver? O pior é ter de continuar simpático, sorridente, após um chá de cadeira. Mas se é para ficar de cara feia, melhor nem esperar. Tenho um amigo que conta cada instante. E diz: “Você chegou quinze segundos atrasado”. Também é um exagero. Gasta-se meia hora apenas para acalmá-lo. Aí, a alegria do encontro já foi embora.
     Perder o timing pode mudar uma vida inteira. O horário do Enem ou da prova de vestibular, por exemplo, é rígido. Quem chega depois, chora. Há restaurantes que seguram a reserva só quinze minutos. Em compensação, nada mais injusto que os horários de voos. Aviões atrasam, são cancelados, a gente passa horas no aeroporto e fica por isso mesmo. Eu nunca posso me atrasar, mas eles sim.
     Formigas e abelhas têm estruturas organizacionais sólidas. E nenhuma usa relógio. Assim como os pássaros que sabem a hora de migrar. Nós, humanos, é que nos atrapalhamos. Confesso: já fui a festa no dia seguinte ao marcado. Um desastre. Há noivos que esperam horas no altar, e noivas que aguardam anos para o pedido de casamento. Em Minas há uma cidade, no interior, chamada Espera Feliz. Mas é possível existir felicidade em uma espera? Só fico feliz quando aguardo o vaivém dos pratos de um bom jantar. A gula estimula a paciência. Já quando se está com fome e o menu demora é o fim do mundo.
     Horário também é questão de empatia. O que se tem de mais precioso é o tempo. Por que alguém se acha no direito de deixar o outro esperando?

Disponível em: https://veja.abril.com.br/coluna/walcyr-carrasco/questao-de-horario/ (Adaptado) Acesso em: 07 jan. 2023.
As aspas em: “Você chegou quinze segundos atrasado” foram usadas para indicar
Alternativas
Q2068384 Português
Analise as assertivas a seguir a respeito do emprego dos sinais de pontuação.
   I. Na linha 08, o emprego das aspas demarca um título.  II. As vírgulas hachuradas na linha 34 e 35 separam uma oração que adiciona uma informação que restringe o significado do termo anterior, pois sem ela o seu sentido não estaria completo. III. Na linha 42, o emprego dos dois pontos insere uma explicação de uma ideia exposta anteriormente.

Quais estão corretas? 
Alternativas
Q2061701 Português
Texto CB3A1

    Em 2007, o Brasil recebeu a exposição de anatomia intitulada Bodies revealed: fascinating + real, traduzida como Corpo humano: real e fascinante. Cerca de 670 mil pessoas de diversas cidades brasileiras puderam visitar a exposição na qual os objetos expostos eram nada menos do que 16 cadáveres e 225 órgãos humanos. Adentrar em um salão repleto de cadáveres estripados e mutilados deveria suscitar a mesma sensação de uma câmara dos horrores, já que os mortos são notoriamente objetos de tabu, fontes de mana, considerados impuros, perigosos e, não raramente, repugnantes. Entretanto, os corpos dissecados da exposição, apresentados esfolados ou fatiados, inteiros ou em partes, eviscerados ou não, e tematicamente organizados em sistemas — esquelético, muscular, nervoso, respiratório, digestório, excretor, reprodutor, circulatório — eram tratados como objetos de “arte”. Ao contrário daqueles grandes vidros de formol que distorcem a imagem do seu conteúdo desbotado, largamente usados em laboratórios e museus para conservar restos biológicos, Bodies revealed é um espetáculo cadavérico no qual corpos dissecados e partes corporais — reduzidos a formas, cores e texturas — são espetacularmente exibidos em pedestais, displays e caixas transparentes, distribuídos meticulosamente em espaços organizados e iluminados para realçar suas formas e cores.
     Há um evidente sensacionalismo mórbido nas exposições de corpos humanos, visto que não haveria o mesmo impacto se os corpos expostos fossem sintéticos ou de animais. Isto evidencia o fato de que a relação que se estabelece entre nós, espectadores, e os cadáveres expostos tem uma dimensão social, distinta da que teríamos se fossem apenas modelos de plástico ou cera, ainda que reproduções perfeitas, ou de um cadáver animal, qualquer que seja a técnica de conservação. As exposições de corpos humanos até podem oferecer motivações mais nobres do que o simples entretenimento mórbido, mas sem abrirem mão da morbidez como peça fundamental do espetáculo. Com efeito, o tom geral daqueles que defendem essas exposições apela para a utilidade educativa de se usarem corpos humanos reais, dissecados e modelados, em posições didáticas, pois essa técnica possibilita o acesso a “espécimes” cuja riqueza de detalhes e de informações era antes acessível apenas aos anatomistas.

Internet: <www.scielo.br>  (com adaptações). 

No que se refere aos sentidos do texto CB3A1, julgue o item a seguir.


No quarto período do primeiro parágrafo, as aspas no vocábulo ‘arte’ indicam o questionamento feito pelo autor a respeito de corpos dissecados constituírem objetos de arte.

Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBFC Órgão: SEC-BA Prova: IBFC - 2023 - SEC-BA - Mediador |
Q2055263 Português
Atente a estrutura retirada do texto “Eu os declaro marido e mulher”. Quanto ao emprego das aspas. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que espelha esses valores corretamente.
I. Salientar palavras de outras línguas – estrangeirismos – usadas dentro de um período. III. Indicar – algumas vezes de forma irônica – o emprego de palavras em sentido diverso do que lhe é habitual. III. Isolar o discurso de um personagem em textos narrativos. Geralmente isso ocorre quando se trata de discursos únicos, de pouca extensão. 
Alternativas
Ano: 2023 Banca: IBFC Órgão: SEC-BA Prova: IBFC - 2023 - SEC-BA - Mediador |
Q2055260 Português
Observe o excerto: “Geralmente é servido champanhe e todos comem, bebem, dançam e comemoram por muitas horas”. Agora aponte a alternativa correta em relação ao uso das vírgulas na estrutura entre aspas. 
Alternativas
Q2026386 Português

Imagem associada para resolução da questão

CAZO. Disponível em: https://www.ji.com.br/artigo/charge-dodia-2084. Acesso em: 20 ago. 2022.


Nessa charge, as aspas foram empregadas para

Alternativas
Q3106697 Português
    Aspas têm sido úteis no decorrer da minha vida e, imagino, na de inúmeras pessoas também. Na escola, ao usá-las pela primeira vez numa redação, provoquei até emoção na professora. Ganhei elogios. Coisa de que nunca se esquece.

    Utilizar aspas em uma palavra ou expressão não significa perdão ou redenção. É falso, também, dizer que amenizam o próprio conteúdo ou o impacto dessas expressões. Ao contrário, todo pensamento escrito, sinalizado ou falado “entre aspas” vale mais ainda, e por duas razões.

   Primeiro: usar aspas é uma escolha consciente. Não decidimos abrir aspas pela ameaça de um revólver na cabeça, por chantagem emocional ou financeira. Palavras e expressões entre aspas são selecionadas com autonomia e independência e, assim, refletem e registram opiniões e intenções.

   Segundo, ao usar aspas, a pessoa faz uma denúncia de si mesma. Algo do inconsciente humano vive precisamente entre o abre aspas e o fecha aspas. Ao utilizá-las, revelamos um pouquinho do que habitualmente escondemos ou contamos só pela metade, devagarinho, de modo a ir calibrando a reação da sociedade, de quem amamos, de qualquer pessoa ou grupo que nos afete.

    Apenas nos últimos dias ecoou dentro de mim um alerta sobre o uso das aspas, pois me dei conta de que esse sinal gráfico em forma de pequenas alças – como as aspas são descritas nos dicionários – é de uso arriscado, enganoso e potencialmente danoso. Seu uso, hoje deduzo, não é tão inofensivo.


(Cláudia Werneck. Aspas nunca mais. www1.folha.uol.com.br, 08.09.2021. Adaptado)
Segundo o texto, é correto afirmar que o uso das aspas: 
Alternativas
Respostas
201: A
202: B
203: A
204: E
205: C
206: A
207: B
208: C
209: A
210: A
211: A
212: E
213: B
214: C
215: D
216: C
217: A
218: B
219: B
220: E