Questões de Concurso Sobre variação linguística em português

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Q2015150 Português
Leia o texto para responder a questão.

Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta. Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabor
Considerando o trecho a seguir “Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, ‘pague mico’, saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta. Antes idiota que infeliz!", à luz das modalidades escrita e falada da língua, assinale a opção correta.
Alternativas
Q2012658 Português
       Na minha vila, a única vila do mundo, as mulheres sonhavam com vestidos novos para saírem. Para serem abraçadas pela felicidade. A mim, quando me deram a saia de rodar, eu me tranquei em casa. Mais que fechada, me apurei invisível, eternamente nocturna. Nasci para cozinha, pano e pranto. Ensinaram-me tanta vergonha em sentir prazer, que acabei sentindo prazer em ter vergonha. Belezas eram para as .mulheres de fora. Elas desencobriam as pernas para maravilhações.[...] Estava tão habituada a não ter motivo, que me enrolei no velho sofá. Olhei a janela e esperei que, como uma doença que passa, a noite passasse. No dia seguinte, as outras chegariam e me falariam do baile, das lembranças cheias de riso matreiro. E nem inveja sentiria. Mais que o dia seguinte, eu espera pela vida seguinte.
A escrita de Mia Couto tem base em histórias de vida com um discurso ideológico e social. Em suas narrativas estão inseridos os costumes moçambicanos, a cultura e outras noções. Considere a leitura do fragmento de "A saia almarrotada" e assinale a alternativa correta em relação à condição feminina, no excerto.  



Em relação à linguagem empregada por Mia Couto, no fragmento de "A saia almarrotada", pode-se afirmar que:
Alternativas
Q2006240 Português
Erro de português – de onde vem essa ideia?

Marcos Bagno 

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Disponível em: <https://www.parabolablog.com.br/index.php/blogs/erro-de-portugues-de-onde-vemessa-ideia> Acesso em: 26 dez. 2020. Grifos do autor.

Em Para entender o texto: leitura e redação, José Luiz Fiorin e Francisco Platão Savioli (2010) exploram as informações implícitas que se depreendem de um texto, distinguindo-as em pressupostos e subentendidos.
Das análises abaixo, qual estabelece uma relação adequada entre a sentença retirada do texto de Bagno, a informação implícita veiculada e a classificação proposta por Fiorin e Savioli? 
Alternativas
Q2004260 Português

Leia a charge.


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https://descomplica.com.br/artigo


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q1997922 Português


A lógica norueguesa


De todas as viagens que fiz, nenhum povo me surpreendeu mais do que o norueguês. Estive por lá num início da primavera e fiquei intrigado com um trator que arava a terra no acostamento da rodovia onde eu trafegava. Logo descobri: o governo da Noruega paga aos fazendeiros para fazer jardins ao lado das rodovias. Certamente viajar rodeado por flores agradaria muito mais a qualquer turista. (...)

Dinheiro não é problema. A Noruega é um dos 10 maiores exportadores de petróleo do mundo. O governo tem reservas para sustentar o país por 100 anos se não entrar mais um centavo nos cofres públicos e ocupa a 6ª posição entre os menos corruptos (a Dinamarca é o primeiro e o Brasil… bem, deixa isso pra lá). Nem por isso há distribuição de grana, o governo aperta o cidadão, cobra altos impostos, e assim mantém as pessoas sempre desafiadas para ganhar a vida.

Quem manda é um rei, talvez a única monarquia que foi eleita no mundo. Em 1905, a Noruega não quis mais fazer parte da Suécia e em um plebiscito decidiu pela separação com 99,95% dos votos (só 184 eleitores votaram contra). Decidiram também pela monarquia, mas faltava um rei. Convidaram então Carlos da Dinamarca, que só aceitou a missão depois que um plebiscito aprovou seu nome por esmagadora maioria. O atual monarca é Haroldo V da Noruega.

Talvez você se lembre de que um dos quadros da série O Grito foi roubado e os ladrões deixaram até um bilhete (“obrigado pela falta de segurança”). Mas não foi por acaso: os responsáveis pela segurança se preocuparam que alguém pudesse se ferir em um assalto e isso seria mais intolerável que qualquer roubo. “Todo mundo sabe que esse quadro é nosso, ninguém vai comprar”, disseram os noruegueses. Tiro e queda, o quadro voltou.

É claro que um povo assim não se contentaria apenas em separar o lixo com rigor. Isso é para principiantes. Lá eles usam o lixo não reciclável para queimar e produzir energia elétrica. Imagina fazer um lixão num país tão lindo! Só que sempre surge um novo problema: falta lixo. Agora a Noruega se tornou importadora de lixo para produzir energia elétrica.

Gostei tanto que quis trazer para casa um aquavit, a bebida típica, com seus 40% de teor de álcool. No supermercado só achei cerveja e tive de perguntar. Não, não, destilados só em lojas controladas pelo governo (o vinmonopolet) que só vende para maiores de idade e jamais para pessoas embriagadas. Achei uma loja de licor e criei coragem de sacar meu cartão de crédito para pagar uma pequena fortuna pela garrafa. A vendedora, até então uma simpática idosa, me olhou horrorizada enquanto dizia: “como assim, você quer pagar bebida alcoólica com cartão de crédito?”. Tem toda lógica, convenhamos.

ARAÚJO, R. Disponível em: https://www.revistaviajemais.com.br/a-logica-norueguesa/#more-1248. Acesso em: 08/07/21

A respeito da linguagem utilizada no texto, analise as afirmativas.


I- O texto abusa dos usos próprios da linguagem oral, como bem, deixa isso pra lá.

II- Os termos surpreendeu, intrigado e agradaria são exemplos de recursos persuasivos utilizados pelo autor.

III- O aumentativo em Imagina fazer um lixão num país tão lindo! refere-se ao tamanho dos sacos de lixo utilizados no país.

IV- Em consonância com o gênero textual, predominam as formas verbais no pretérito.


Está correto o que se afirma em 

Alternativas
Q1910871 Português

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder à questão que a ele se refere.


Imagem associada para resolução da questão


Sobre a construção do Texto 2, é CORRETO afirmar que se verifica o uso de  

Alternativas
Q1910869 Português

A alternativa em que se verifica uma marca de uso da oralidade é 

Alternativas
Q1910561 Português
INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 1 a seguir para responder à questão que a ele se refere.

Texto 1 

Um SPA para o cérebro 



Texto 2 
Imagem associada para resolução da questão

Imagem associada para resolução da questão



Sobre a construção do Texto 2, é CORRETO afirmar que se verifica o uso de

Alternativas
Q1906979 Português

Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados na questão. 


A ordem alfabética japonesa
Por Luiza Costa



Considerando o texto, analise as assertivas a seguir:

I. Trata-se de um texto expositivo argumentativo, pois expõe fatos e argumentos em prol da defesa de um ponto de vista.

II. O texto é construído empregando a modalidade informal de escrita, como pode ser percebido pelo uso das contrações “pra” e “pro”.

III. O autor inicia o texto a partir do estranhamento causado pela posição da delegação brasileira na cerimônia de abertura das Olímpiadas e expõe informações que explicam o ocorrido.


Quais estão corretas?

Alternativas
Q1906042 Português

Analise a peça publicitária a seguir.


Imagem associada para resolução da questão


A respeito das linguagens apresentadas na peça publicitária, assinale a afirmativa correta.

Alternativas
Q1906041 Português

O fragmento de texto a seguir refere-se à questão.

“Você entra no bate-papo, conversa, troca e-mail, faz amizade. Passa horas navegando com um bando de estranhos. E nunca mais sabe ao certo com quem está falando. O anonimato pode ser uma das vantagens de rede, mas também uma armadilha. [...]” 

(Viviane Zandonadi. Folha São Paulo. 04/08/1999)

“Passa horas navegando com um bando de estranhos.”
Assinale a opção que indica a variação linguística e a linguagem presentes no fragmento acima.
Alternativas
Q1880154 Português

Em relação à tipologia do texto, às ideias nele expressas e a seus aspectos linguísticos, julgue o item.


No texto, estruturado em forma dissertativa, a autora emprega linguagem coloquial para expressar suas ideias e sua subjetividade. 

Alternativas
Q1878192 Português

TEXTO 19

FRAGMENTO DE VIVA O POVO BRASILEIRO



JOÃO UBALDO RIBEIRO | João Ubaldo Osório Pimentel nasceu em Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Professor, advogado, jornalista escritor e Acadêmico consagrado. Colunista, redator e editor em diversos jornais no Brasil e no exterior. Escritor prermiado e consagrado.



      “(1) Na doutrina da tarde, (2) às vezes se ensinava a aprisionar em desenhos intermináveis a língua até então falada na aldeia, com a consequência de que, pouco mais tarde, os padres mostravam como usar apropriadamente essa língua, corrigindo erros e impropriedades e causando grande consternação em muitos, alguns dos quais, confrangidos de vergonha, decidiram não dizer mais nada o resto de suas vidas, enquanto outros só falavam pedindo desculpas pelo desconhecimento das regras da boa linguagem.



Quanto aos termos sublinhados, é correto afirmar que:  

Alternativas
Q1878180 Português

Após a leitura dos textos 5 e 6, responda à questão.



TEXTO 5

LETRA DE CHICLETE COM BANANA*



*Ano de gravação por Jackson do Pandeiro: 1959.

Jornal do Comércio 




JACKSON DO PANDEIRO | José Gomes Filho nasceu no Engenho Tanques, em Alagoa Grande, Paraíba, em 31 de agosto de 1919, e faleceu em Brasília, em 10 de julho de 1982. É chamado “O Rei do Ritmo”. Ao lado de Luiz Gonzaga, nacionalizou a música e a cultura nordestinas.


Composição original de GORDURINHA | Waldeck Artur de Macedo nasceu em Salvador, Bahia, em 10 de agosto de 1922, e faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1969. Compositor, autor, cantor, radialista, humorista.


Eu só boto bebop* no meu samba
Quando Tio Sam tocar um tamborim
Quando ele pegar
No pandeiro e no zabumba.
Quando ele aprender
Que o samba não é rumba.
Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana.
Chiclete eu misturo com banana,
E o meu samba vai ficar assim:


Tururururururi bop-bebop-bebop
Eu quero ver a confusão


Tururururururi bop-bebop-bebop
Olha aí, o samba-rock, meu irmão 


É, mas em compensação,
Eu quero ver um boogie-woogie**
De pandeiro e violão.
Eu quero ver o Tio Sam
De frigideira


* O bebop é uma das correntes mais influentes do jazz. Seu nome provém da imitação do som das centenas de martelos que batiam no metal na construção das ferrovias estadunidenses, gerando uma “melodia” cheia de pequenas notas. Numa batucada brasileira.


** O boogie-woogie é um estilo de blues, caracterizado pelo uso sincopado da mão esquerda ao piano. Foi consagrado e popularizado pela música negra, nos anos 1930 e 1940, nos Estados Unidos.


TEXTO 6
LETRA DE JACK SOUL BRASILEIRO*


*Ano de gravação: 2000.


LENINE | Oswaldo Lenine Macedo Pimentel nasceu em Recife, Pernambuco, em 1959. É cantor, compositor, arranjador, multi-instrumentista, letrista, ator, escritor, produtor musical, engenheiro químico e ecologista. 


Jack Soul Brasileiro
E que o som do pandeiro
É certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do swing
É o país da contradição


Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada
Na língua da percussão
A dança mugango dengo
A ginga do mamolengo
Charme dessa nação


Quem foi?
Que fez o samba embolar?
Quem foi?
Que fez o coco sambar?
Quem foi?
Que fez a ema gemer na boa?
Quem foi?
Que fez do coco um cocar?
Quem foi?
Que deixou um oco no lugar?
Quem foi?
Que fez do sapo cantor de lagoa?


Me diz aí, Tião!
Diga, Tião! Oi!
Fosse? Fui!
Comprasse? Comprei! Pagasse?
Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais...


Jack Soul Brasileiro
Do tempero, do batuque
Do truque, do picadeiro
E do pandeiro, e do repique
Do pique do funk rock
Do toque da platinela*
Do samba na passarela
Dessa alma brasileira
Despencando da ladeira
Na zueira da banguela


* chapas metálicas do pandeiro

Releia os versos adiante e responda à questão proposta a seguir.



Me diz aí, Tião!

Diga, Tião! Oi!

Fosse? Fui!

Comprasse? Comprei!

Pagasse? Paguei!

Me diz quanto foi?

Foi 500 reais...



Nesse refrão estão claras as marcas da variação linguística de tipo:

Alternativas
Q1877011 Português
Acerca da diversidade linguística e cultural e suas contribuições para a sociedade é INCORRETO afirmar que: 
Alternativas
Q1877009 Português

"O estudo das variações linguísticas requer do indivíduo/educador a percepção que essa existência não é por acaso que se é dado de forma inerente à língua, portanto é fundamental significar a importância das variações. É certo que as variações linguísticas estão presentes na vida dos alunos e para a escola aceitar a variação linguística como um fato linguístico, precisa mudar toda a sua visão de valores educacionais".

Assim, os professores ficam responsáveis por:

Alternativas
Q1866802 Português


Disponível em: <tirasarmandinho>. Acesso em 18 de outubro de 2021.

No trecho “Esse toco aí?”, sobre a palavra em destaque podemos afirmar que:

I- Assim como “aipim”, “macaxeira” e “mandioca”, esta também é uma marca linguística que pode denotar regionalismo.
II- Diferentemente das expressões “aipim”, “macaxeira” e “mandioca”, esta não pode ser considerada uma marca linguística de regionalismo.
III- Toda a frase poderia ser substituída por “Essa ramagem aí?”, sem o prejuízo do efeito de sentido pretendido no texto em questão.
IV- A frase denota a expressão de surpresa da personagem ao descobrir que “esse toco” se tratava da mesma planta a qual mencionara no primeiro quadrinho.

Está(ão) CORRETO(s) apenas o(s) item(s):
Alternativas
Q1866796 Português
O Texto 1, de autoria de Maurício de Sousa, consiste numa homenagem a Juliette Freire, a campinense vencedora do Big Brother Brasil 2021. O Texto 2, por sua vez, traz a definição de Sérgio Roberto Costa para um determinado gênero textual. Sua leitura é necessária para responder a questão:



Disponível em:<https://br.ign.com/turma-da-monica/>. Acesso em 18 de outubro de 2021.


TEXTO 2:

“Segmento ou fragmento de HQs, geralmente com três ou quatro quadrinhos, apresenta um texto sincrético que alia o verbal e o visual no mesmo enunciado e sob a mesma enunciação. Circula em jornais ou revistas, numa só faixa horizontal de mais ou menos 14 cm x 4 cm, em geral, na seção “Quadrinhos” do caderno de diversões, amenidades ou também conhecido como recreativo, onde se podem encontrar Cruzadas, Horóscopo, HQs, etc.”.

Fonte: COSTA, Sérgio Roberto. Dicionário de gêneros textuais. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. 
Aexpressão “Eita, mulinga!”, no segundo quadrinho, permite-nos perceber uma variação linguística caracterizada por:
Alternativas
Q1866046 Português
Leia o texto abaixo e, em seguida responda à questão


O ceguinho (Stanislaw Ponte Preta)


    No duro mesmo só existiriam dois tipos de cegos: o de nascença e o que ficou cego em vida. Mas, como diz Primo Altamirando, contrariando a chamada voz popular, Deus põe e o homem dispõe. Assim, há um terceiro tipo de cego que nenhum oftalmologista, seja qual for a amplitude de seus conhecimentos oftalmológicos, jamais poderá curar: o cego por necessidade.

    E que o leitor mais apressado pouquinha coisa não pense que estou me referindo àquele tipo de camarada que se encaixa perfeitamente no dito "o pior cego é o que não quer ver", porque este é cego por metáfora, enquanto que o terceiro tipo de cego, isto é, o cego por necessidade, é considerado por todos como cego no duro, às vezes com carteirinha de cego e tudo.

    Seu Júlio, que hoje é lavador de automóveis (e entre os automóveis que lava, lava o meu), já foi cego por necessidade. Começou sua carreira na porta da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim (agora Matriz de Nossa Senhora de Copacabana). Seu Júlio, artista consciencioso, era um cego perfeito e ganhava esmola às pampas.

    - E o senhor sempre trabalhou como cego, seu Júlio?

    - Não senhor. Eu comecei perneta, sim senhor.

    - Perneta?

    - Usava perna de pau. Quem me ensinou foi um cigano meu amigo. Agente botando uma calça larga o truque é fácil de fazer.

    Mas, como perneta, seu Júlio um dia teve uma contrariedade. Apareceu pela aí um chefe de polícia com intenções de endireitar o Brasil e foi chato. Organizou uma campanha de perseguição à mendicância e seu Júlio entrou bem. Quando o carro da polícia, mais conhecido na linguagem policial como viatura, parou na porta da igreja, mendigo que podia se pirou, mas seu Júlio não pôde correr de calça larga e perna de pau, que a tanta perfeição não chegaram os engodos do cigano. Seu Júlio foi em cana.

    - E quando saiu das grades?

    - Virei cego por necessidade. Treinei uns dois meses em casa, passando dia e noite com uma venda nos olhos. Fiquei bárbaro em trejeito de cego. A pessoa podia fazer o maior barulho do meu lado, que eu nem me virava pra ver o que tinha acontecido. Fiquei um cego tão legal que um dia houve um desastre bem em frente à igreja. Um carro bateu num caminhão da Cervejaria Brahma e caiu garrafa pra todo lado. Foi um barulho infernal. Pois eu fiquei impávido. Nem me mexi.

    Quando seu Júlio me contou esta passagem, notei o orgulho estampado em seu semblante. Era como um velho ator a contar, numa entrevista, a noite em que a plateia interrompeu seu trabalho com aplausos consagradores em cena aberta. Era como um veterano craque de futebol a descrever para os netos o gol espetacular que fizera e que deu às suas cores o campeonato daquele ano.

    - Como cego o senhor nunca foi em cana, seu Júlio?

    - Nunquinha. Sabe como é... Cego vê longe. Mal surgia um polícia suspeito eu me mandava a 120.

    - E por que abandonou a carreira de cego?

    - Concorrência desleal.

    E explica que, no tempo dele, não havia essa coisa de alugar criança subnutrida para pedir esmola. Depois que apareceram as mães de araque, o cego tornou-se quase obsoleto no setor da mendicância. Apolícia também, hoje em dia, é praticamente omissa.
    - E sendo a polícia omissa, dá muito mais mendigo à saída da missa diz seu Júlio, sem evitar o encabulamento pelo trocadilho infame. Toda essa desorganização administrativa levou-o a abandonar a carreira de cego por necessidade.

    Nos países subdesenvolvidos a mendicância é uma miséria. Seu Júlio que o diga. Era um cego dos melhores, mas largou a carreira na certeza de que, mais dia menos dia, vai ter muito mais gente pedindo do que dando esmola. (Acontece na cidade/ Carlos E. Novaes [et. al.], S. Paulo: Ática, 2005)
Do ponto de vista da macroestrutura textual, o texto apresenta as seguintes características:

I- É uma crônica que revela, por meio de linguagem simples e descontraída e de sequências narrativas e dialógicas, uma fase de dificuldade vivida pelo personagem central, que usou de subterfúgios para sobreviver.
II- Há várias expressões de natureza coloquial no texto, recurso usado para dar mais veracidade aos fatos e originalidade, dado o contexto de que faz parte o personagem, fator que determina que o texto circula na esfera jornalística, e não na literária.
III- Através da narrativa, o autor expõe um problema social – as condições precárias de vida de muitas pessoas que vivem pedindo esmolas, situação que persiste e tende a piorar.
IV- Há evidência de ironia, no sentido de que os termos “trabalho” e “carreira”, presentes nos trechos: “trabalhou como cego”, “começou/abandonou sua carreira”, são usados em contraposição à noção de emprego formal.
V- No trecho que faz alusão à omissão da polícia na tarefa de tirar as pessoas das ruas, o autor alerta, indiretamente, para o fato de que se não houver fiscalização as pessoas vão se acostumar com a vida de mendicância e não vão procurar emprego.

É CORRETO o que se afirma apenas em:
Alternativas
Q1863896 Português

“Posto que o capitão-mor desta vossa frota e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que se ora nesta navegação achou, não deixarei de dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder ainda que, para bem contar e falar, o saiba pior que todos fazer.”



Esse segmento inicial da Carta nos mostra como a linguagem muda com o tempo; assim, se, em lugar do século XVI, esse texto fosse adaptado para nossos dias, deveríamos substituir

Alternativas
Respostas
581: A
582: B
583: A
584: C
585: D
586: C
587: B
588: C
589: E
590: E
591: B
592: C
593: E
594: E
595: C
596: B
597: D
598: A
599: D
600: C