Questões de Concurso
Sobre pontuação em português
Foram encontradas 12.356 questões
Resolva questões gratuitamente!
Junte-se a mais de 4 milhões de concurseiros!
Ainda a respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto, julgue o item subsecutivo.
A supressão da vírgula empregada logo após “prerrogativa”
(l.41) manteria a coerência do texto, embora alterasse o seu
sentido.
O fascínio do bom humor
O que a obra de Sérgio Rodrigues nos ensina sobre bem viver
FLÁVIA YURI OSHIMA
O bom humor talvez seja um dos mais democráticos estados de espírito. Ele não exige fatos nem um ponto de vista determinado para existir. Não é preciso ser otimista, nem mesmo ouvir boas notícias, para ter bom humor. Claro que coisas boas e um estado de espírito positivo são terreno fértil para ele. Mas o bom humor é uma entidade independente, que pode ser preservada na adversidade e nos ânimos mais soturnos. O alemão Arthur Schopenhauer, conhecido como o mais pessimista dos filósofos, dizia que o bom humor é a única característica divina que o homem possui. Ele não tem relação com ser extrovertido e não obriga ninguém a dar risadas. Pode residir num espírito sereno, compenetrado. O bom humor está disponível a todos e em qualquer situação.
Junto com o espanto e a saudade, a partida de uma amiga querida e de um ídolo me fizeram pensar no bom humor esta semana. Não é preciso mencionar o quanto estar em volta de pessoas bem humoradas faz bem para o espírito. Quem é vivo e circula entre humanos sabe disso. O filósofo francês Émile-Auguste Chartier escreveu que o bom humor é um ato de generosidade: dá mais do que recebe. Discordo dele. Acho que os bem humorados recebem tanto quanto dão, dos outros e deles mesmo. Para mim, é uma espécie de carinho consigo mesmo. Já tenho tantos pepinos, para que o peso de ter de aguentar meu próprio mau humor? Estou tão cansada, para que ter de carregar ainda esse espírito rabugento? A vida é tão curta, as pessoas são tão frágeis, estamos todos no mesmo barco, de que adianta tanto mau humor? Falar é mais fácil que fazer. Por isso, é tão admirável conhecer pessoas que fazem do bom humor um jeito de encarar a vida, independentemente de como ela se apresente. É digno de menção.
Giovanna tinha 36 anos. Lutava contra um câncer na cabeça há dois. Era jornalista. Ela nos deixou no domingo, dia 31 de agosto. Era minha amiga. Sérgio Rodrigues tinha 87 anos. Perdeu a luta contra um câncer de próstata. Era arquiteto e design. Morreu segunda-feira, dia 1° de setembro. Era um ídolo para mim. Os dois não se conheciam. Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos. Passariam por avô e neta ou pai e filha, sem estranhamento.
A morte tem o poder de dar salvo conduto até para os mais insuportáveis, que ganham qualidades variadas depois da partida. Não é o caso desses dois. A gentileza e o bom humor de Giovana sempre foram um ponto fora da curva entre as dezenas de estudantes de comunicação chatonildos da faculdade - me incluo entre eles. A obra de Sérgio Rodrigues fala por si. Mesmo que você não goste de seu estilo, é difícil não esboçar um sorriso ao ver o resultado do seu trabalho. É leve, elegante, criativo e bem humorado. Sérgio Rodrigues tem peças nos acervos do Museu de Arte Moderna, em Nova York, nos museus de Estocolmo, na Suécia, e de Munique, na Bavária (Alemanha). É tido como o mestre do design mobiliário, e tem também casas e brinquedos entre suas obras.
Acho que cultivar o bom humor em situações extremas é uma forma de vitória. Sérgio conseguiu espalhar pelo mundo seu bom ânimo nas peças que criou, perpetuando-o. Giovana e a medicina não tinham mais recursos para combater aquela coisa que crescia em seu cérebro, mas ela o venceu, da maneira que pôde, com seu bom humor até o fim. O céu ficou mais leve com a chegada dos dois. Talvez até chova.
http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/Flavia-Yuri-Oshima/noti- cia/2014/09/o-fascinio-do-bbom-humorb.html
Em “É leve, elegante, criativo e bem humorado.”, as vírgulas foram utilizadas para
(Texto)
A crise econômica brasileira vem atingindo sobretudo as classes sociais mais desfavorecidas.
Como resposta a este "momento económico desafiador", a financiadora Brazil Foundation
(BF), uma organização que há 15 anos capta recursos por melo de doações para financiar
projetos sociais no Brasil, lançou seu edital anual para selecionar e financiar entidades que
5 queiram desenvolver projetos nas áreas de saúde, educação e cultura, direitos humanos e
participação cívica, e desenvolvimento socioeconômico, A BF busca, desta forma, fortalecer
iniciativas que estejam contribuindo para a transformação social do pais, ao destinar um total
de dois milhões de reais para financiar os projetos ao longo de 2016 - entre 30.000 e 50.000
reais para cada um.
10 Maria Cecilia Oswaldo Cruz, diretora de programas da BF, explica por telefone ao EL PAÍS que a
organização trabalha a partir de quatro pilares básicos: "Ela identifica os projetos, apoia
financeiramente, ajuda em seu desenvolvimento e conecta com outros projetos. A entidade
não busca projetos que apenas supram uma carência, isto é, com um caráter puramente
filantrópico, mas principalmente que tenham um relativo impacto em uma determinada área
15 ou comunidade, apresentando uma metodologia inovadora e que promova um
desenvolvimento a longo prazo, segundo ela.
Além do apoio financeiro, a organização oferece treinamento aos membros das organizações
selecionadas como objetivo de fortalecer as estratégias de planejamento, gestão financeira,
comunicação e captação de recursos". A novidade deste ano está na parceria entre a BF e a
20 Bovespa, através da qual 20 dos projetos financiados estarão em uma plataforma de captação
da Bolsa, o que vai garantir recursos para mais um ano, segundo Oswaldo Cruz.
No ano passado, a BF lançou ainda o projeto Women for Women Project (Projeto Mulheres
para Mulheres), com a finalidade de encontrar 100 mulheres, brasileiras ou de qualquer parte
do mundo, que doassem 100.000 dólares cada uma para criar uma rede de colaboração local e
25 global que fomentasse os direitos e as oportunidades da mulher no Brasil.
(Extraído de El Pais em 09/11/2015 - Adaptado)
Analise a frase abaixo e marque a alternativa em que a vírgula está empregada pelo mesmo motivo:
“Maria Cecília Oswaldo Cruz, diretora de programas da BF, explica por telefone ao EL PAÍS (...)” (linha 10).
Texto I
Quindins
asdQuando sentiu que ia morrer, o Dr. Ariosto pediu para falar a sós com a mulher, dona Quiléia (Quequé).
asd- Senta aí, Quequé.
asdEla sentou na beira da cama. Protestou, chorosa, quando o marido disse que sabia que estava no fim. Mas o Dr. Ariosto a acalmou. Os dois sabiam que ele tinha pouco tempo de vida e era melhor que enfrentassem a situação sem drama. Precisava contar uma coisa à mulher. Para morrerem paz. Contou, então, que tinha outra família.
asd- O quê, Ariosto?!
asdTinha. Pronto. Outra mulher, outros filhos, até outros netos. A dona Quiléia iria saber de qualquer maneira, pois ele incluíra a outra família no seu testamento. Mas tinha decidido contar ele mesmo. De viva, por assim dizer, voz. Para que não ficasse aquela mentira entre eles. E para que dona Quiléia fosse tolerante com a sua memória e com a outra. Promete, Quequé? Dona Quiléia chorava muito. Só pôde fazer “sim” com a cabeça. Aliviado, o Dr. Ariosto deixou a cabeça cair no travesseiro. Podia morrer em paz.
asdMas aconteceu o seguinte: não morreu. Teve uma melhora surpreendente, que os médicos não souberam explicar e que Dona Quiléia atribui à promessa que fizera a seu santo. Em poucas semanas, estava fora de cama. Ainda precisa de cuidados, é claro. Dona Quiléia tem que regular sua alimentação, dar remédio na hora certa... Ficam os dois sentados na sala, olhando a televisão, em silêncio. Um silêncio constrangido. O Dr. Ariosto arrependido de ter feito a confissão. A Dona Quiléia achando que não fica bem se aproveitar de uma revelação que o homem fez, afinal, no seu leito de morte. Simplesmente não tocam no assunto. No outro dia o Dr. Ariosto teve permissão do médico para sair, pela primeira vez, de casa. Arrumou-se. Pediu para chamarem um táxi.
asd- Quer que eu vá com você? - perguntou a mulher.
asd- Não precisa. - Você demora?
asd- Não, não. Vou só...
asdNão completou a frase. Ficaram mais alguns instantes na porta, em silêncio. Depois ele disse:
asd- Bom. Tchau.
asd- Tchau.
asdAgora, tem uma coisa: Dona Quiléia não pagou a promessa ao santo. Ainda compra quindins escondido e os come sozinha. Aliás, deu para comer quindões. Grandes, enormes, translúcidos quindões.
(Luis Fernando Veríssimo)
Em “Tinha. Pronto. Outra mulher, outros filhos, até outros netos.” (5°§), a pontuação confere um sentido expressivo ao texto, ilustrando, por parte do narrador, uma linguagem:
Texto para responder às questões de 01 a 15.
Muribeca
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão.Até televisão.
É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer?
E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?
Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira [...]? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?
O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho [...] aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica . Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? [...] Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?
[...] Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro – o moço tá servido? A moça?
Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda. [...] Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho.
Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
FREIRE, Marcelino .Angu de sangue. Cotia: teliê, 2000. p. 23-5.
A elaboração do texto escrito envolve uma série de decisões relativas ao emprego dos sinais gráficos. No trecho “Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda.”, o travessão foi usado para:
Texto 2 para responder as questões de 33 a 35.
Com relação à pontuação de orações do texto, assinale a alternativa correta.
Considere as seguintes propostas de alterações no emprego de sinais de pontuação no texto.
1 - supressão da segunda vírgula da linha 4
2 - inserção de vírgula depois de informação (linha 11)
3 - substituição do ponto final depois de coisa (linha. 16) por vírgula, iniciando com letra minúscula a conjunção Mas (linha 16)
4 - supressão dos travessões da linha 18
A correção gramatical das respectivas frases seria mantida apenas com as alterações das propostas
O que nosso cérebro faz de nós
01 O que você faria se tivesse que responder a dezenas de milhares de comandos e
02 comunicar-se com mais de mil pessoas ao mesmo tempo, sendo que essa troca de informações
03 pode mudar o tempo todo? Se você fosse um neurônio, não teria problema algum. Agora imagine
04 toda essa atividade sendo exercida por cerca de 86 bilhões de células neurais. É na intimidade
05 desses circuitos de múltiplos contatos entre os neurônios, auxiliados por células, que transitam
06 nossos instintos, afetos, pensamentos, subjetividade, nossa lógica, atitudes e estratégias,
07 _______, quem somos.
08 Se o que somos é o resultado de nossas funções cerebrais, é importante esclarecer que as
09 pessoas não são pré-determinadas, mas se constituem ao longo de sua vida. Somos todos
10 diferentes não apenas porque resultamos de uma constituição genética diferente, mas porque
11 vivemos diferentes experiências. No final das contas, ambos os fatores, a genética e a
12 experiência, _____ sobre os circuitos neurais, sobre as conexões entre os neurônios, as sinapses.
13 Cada comportamento é o resultado das atividades cerebrais. É graças a essa plasticidade que
14 experiências traumáticas podem ser superadas, que nosso humor é adaptável ao contexto, que
15 nossas atitudes podem melhorar com nossos erros. Inventamos, planejamos a longo prazo,
16 dimensionamos as consequências de nossos atos. No entanto, muitas dessas capacidades não
17 são exclusividade humana. O cérebro vem evoluindo há milhões de anos. Responder a certos
18 estímulos, regular nossas vísceras, corrigir a postura corporal e a locomoção, formar memórias,
19 manifestar nosso medo e raiva fazem parte de nossos kits neurais básicos de sobrevivência.
20 Muito já se conhece sobre localizações de funções no cérebro, mas os neurocientistas
21 seguem mesmo interessados em decifrar a área mais desenvolvida que os humanos possuem: o
22 pré-frontal.
23 Sobre o cérebro, do ponto de vista molecular ao emocional e comportamental, muito vem
24 sendo compreendido. Só que ao conhecê-lo melhor, deparamos com a realidade nua e crua dos
25 mecanismos neurais, que pode, à primeira vista, ir contra preceitos até então soberanos. É o caso
26 do livre-arbítrio. Ao ver como o cérebro processa e avalia decisões, encaramos o fato de que
27 muita atividade neuronal já aconteceu antes de nos darmos conta de nossas vontades e intenções.
28 Outras áreas mais desenvolvidas no nosso cérebro são as da linguagem. Diz-se que a
29 linguagem verbal é um dom da espécie humana. Ainda não há um veredicto final da ciência sobre
30 isso, mas sim, é bem provável. A aprendizagem da linguagem pelas regiões cerebrais
31 responsáveis floresce em conexões sinápticas e, com poucos meses de vida, independente da
32 formação cultural de um povo, o cérebro aprende a reconhecer os fonemas da língua falada a sua
33 volta, associando-os à mímica facial típica de cada som, seguindo um padrão universal. Mas, de
34 novo, descobriu-se que não somente as crianças, mas outros mamíferos também são capazes de
35 perceber categorias fonéticas.
36 Por isso, se quisermos entender _______ somos como somos, precisamos também
37 conhecer o cérebro dos outros animais. As pesquisas do grupo de Suzana Herculano-Houzel
38 reconhecem que o encéfalo humano não possui um número excepcionalmente maior de neurônios
39 cerebrais que explique as nossas habilidades cognitivas superiores. Talvez o que possa justificar
40 essa diferença cognitiva seja a incrível ideia que nossos ancestrais tiveram de, um dia, cozinharem
41 a comida que consumiam. Daí pra diante, nosso cérebro que arduamente orquestrava
42 comportamentos e trabalhosas funções digestórias e metabólicas para obter energia de alimentos
43 ____ pôde, então, se dedicar a outras atividades, como falar, filosofar, criar. E a história humana
44 tomou um rumo diferente da de outras espécies.
Fonte: Caderno PrOA - http://www.clicrbs.com.br – acesso em 29-9-2015 – texto adaptado
Quanto à pontuação em situações textuais e à acentuação gráfica de determinados vocábulos, avalie as afirmações que são feitas a seguir:
I. A vírgula da linha 03 separa um adjunto adverbial deslocado, assim como a da linha 08.
II. As vírgulas da linha 18 separam orações reduzidas, as quais exercem funções distintas em relação à forma verbal fazem (l. 19).
III. As ocorrências da palavra circuitos (l. 05 e 12) foram incorretamente grafadas no texto, visto apresentarem as condições exigidas para acentuação do i: ser tônico, formar sílaba sozinho, apresentando, portanto, um hiato.
IV. Na linha 24, conhecê-lo recebe acento gráfico por tratar-se de um vocábulo terminado em e; no caso, um verbo no infinitivo, seguido de pronome.
Quais estão INCORRETAS?
Texto para responder às questões de 01 a 13.
Peste Alada
Mosquitos são criaturas terríveis. Estima-se que eles tenham sido responsáveis por metade de todas as mortes de seres humanos ao longo da história. Ou seja, mataram mais gente do que qualquer outra coisa. Isso acontece porque, como se multiplicam rápido e em enormes quantidades, são excelentes transmissores de doenças - como a dengue, que é causada por um vírus chamado DENV. O mosquito pica uma pessoa infectada, adquire o vírus, e o espalha para outras pessoas ao picá-las também. A dengue é uma doença séria, que pode matar, e um grande problema no Brasil: em 2013, o Ministério da Saúde registrou 1,4 milhão de casos, mais que o dobro do ano anterior. Tudo culpa do Aedes aegypti. Ele é um mosquito de origem africana, que chegou ao Brasil via navios negreiros, na época do comércio de escravos. E hoje, impulsionado pela globalização, levou a dengue a mais de cem países (na década de 1970, apenas nove tinham epidemias da doença). Os números mostram que, mesmo com todos os esforços de combate e campanhas de educação e prevenção, o mosquito está ganhando a guerra.
Entra em cena o OX513A, que foi criado pela Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ele é idêntico ao Aedes aegypti - exceto por dois genes modificados, colocados pelo homem. Um deles faz as larvas do mosquito brilharem sob uma luz especial (para que elas possam ser identificadas pelos cientistas). O outro é uma espécie de bomba-relógio, que mata os filhotes do mosquito. A ideia é que ele seja solto na natureza, se reproduza com as fêmeas de Aedes e tenha filhotes defeituosos - que morrem muito rápido, antes de chegar à idade adulta, e por isso não conseguem se reproduzir. Com o tempo, esse processo vai reduzindo a população da espécie, até extingui-la. Recentemente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, um órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia, aprovou o mosquito. E o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a permitir a produção em grande escala do OX513A- que agora só depende de uma última liberação da Anvisa. A Oxitec, empresa criada pela Universidade de Oxford para explorar a tecnologia, acredita que isso vai ocorrer. Tanto que acaba de inaugurar uma fábrica em Campinas para produziro mosquito.
O OX513A já foi utilizado em testes na Malásia, nas Ilhas Cayman (no Caribe) e em duas cidades brasileiras: Jacobina e Juazeiro, ambas na Bahia. Deu certo. Em Juazeiro, a população de Aedes aegypti caiu 94% após alguns meses de tratamento com os mosquitos transgênicos. Em Jacobina, 92%. As outras formas de combate, como mutirões de limpeza, campanhas educativas e visitas de agentes de saúde, continuaram sendo realizadas. “Nós não paramos nenhuma ação de controle. Adicionamos mais uma técnica”, diz a bióloga Margareth Capurro, da USP, coordenadora técnica das experiências. Há indícios de que o mosquito transgênico funciona. Mas ele também tem seu lado polêmico. [...]
Mas, e se o mosquito OX513A sofresse uma mutação, e se tornasse imune ao gene letal? Afinal, é assim que a evolução funciona. Mutações são inevitáveis. [...] A Oxitec diz que não há risco. Ela estima que até 5% dos filhotes transgênicos poderão sobreviver ao gene letal, e chegar à idade adulta. Mas eles serão menores e mais fracos do que os mosquitos “selvagens”, e por isso não conseguirão se reproduzir. Mesmo se conseguirem, em tese não terão nenhuma característica que os torne mais perigosos que o Aedes comum. Além disso, como eles são criados em laboratório, seu DNA pode ser monitorado. “Os dois genes [que foram] inseridos são muito estáveis. A linhagem 0X513A foi criada em 2002, e até agora teve mais de cem gerações em laboratório, sem nenhuma mudança nos genes inseridos”, afirmou a empresa em nota enviada à SUPER.
Revista Superinteressante, edição 337, set de 2014
No trecho: “Ou seja, mataram mais gente do que qualquer outra coisa.”, a vírgula foi empregada para:
A vírgula:
Considere o texto abaixo para responder às seis próximas questões.
O mundo com sede
O Brasil tem água potável suficiente para abastecer cinco vezes a população da Terra. Mas a distribuição pelo território nacional não é equilibrada.
Os números sobre os recursos hídricos brasileiros são um exagero. Os rios que cortam o Brasil carregam 12% do total de água doce superficial do planeta - o dobro de todos os rios da Austrália e Oceania, 42% a mais que os da Europa e 25% a mais que os do continente africano.
Mesmo contando com as épocas de seca, em que os rios reduzem muito sua vazão, temos água para satisfazer as necessidades do país por 57 vezes. Com todo esse volume, seria possível abastecer a população de mais cinco planetas Terra - 32 bilhões de pessoas -, com 250 litros de água para cada um por dia.
Mas, como ocorre em outras partes do mundo, aqui também os recursos hídricos são mal distribuídos: 74% de toda água brasileira está concentrada na Amazônia, onde vivem apenas 5% da população. Uma característica que as bacias têm em comum: todas sofrem com algum tipo de degradação por causa da ação do homem.
A fim de gerenciar os recursos hídricos brasileiros, a Agência Nacional das Águas (ANA) divide o país em 12 regiões hidrográficas, que correspondem a 12 bacias. É com base nessa divisão que o governo federal calcula e gerencia a relação entre a oferta e a demanda de água no país. A gestão da rede hídrica nacional é fundamental para evitar a destruição dos recursos naturais e a repetição dos episódios de racionamento e blecaute que afetaram algumas regiões do país mais de uma vez.
A cada segundo, o Brasil retira de seus rios somente 3,4% da vazão total. Mas apenas pouco mais da metade disso é efetivamente aproveitada e não retorna às bacias. A região hidrográfica que mais consome água é a do Paraná, responsável por 23% do total. Na região Atlântico Nordeste Oriental, onde a maioria dos cursos de água é intermitente, as retiradas superam a disponibilidade hídrica.
Em algumas localidades, a água disponível por habitante não supera os 500 metros cúbicos por ano. Isso significa que cada cidadão da região sobrevive com um volume de água equivalente a um terço do volume que caracteriza o estresse hídrico, segundo a ONU: 1,7 mil metros cúbicos por ano. Como ocorre no restante do mundo, a maior parcela da água consumida no país vai para a agricultura.
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_261013.shtml?func=2. Acesso em 20/11/2015.
Considere o termo grifado no trecho abaixo.
“Mas, como ocorre em outras partes do mundo, aqui também os recursos hídricos são mal distribuídos”.
O uso das vírgulas se justifica por tratar-se:
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 09.
Não há como não ressaltar a fortíssima repercussão – e os aplausos – da encíclica Laudato Si, do papa Francisco, principalmente as questões ali relacionadas com meio ambiente – uma delas, a dos recursos hídricos. Também é instigante verificar a coincidência da encíclica em temas centrais – como o da água – com os enunciados na mesma semana por um novo documento da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.
Pode-se começar pela questão dos recursos hídricos, com base em estudos da Nasa decorrentes de registros de satélites (pesquisas de 2003 a 2013). Neles se ressalta que “o mundo caminha para a falta de água” e que 21 dos 37 maiores aquíferos subterrâneos do mundo “estão sendo exauridos em níveis alarmantes”, pois a retirada é maior que a reposição. E isso acontece simultaneamente com algumas das secas mais fortes da história, inclusive nos EUA e no Nordeste brasileiro.
A encíclica papal investe pesadamente contra a “crescente tendência à privatização” dos recursos hídricos no mundo, “apesar de sua escassez” – e tendendo a transformá-los “em mercadoria, sujeita às leis do mercado” –, o que prejudicaria muito os pobres. E a água continua a ser desperdiçada, em países ricos e nos menos desenvolvidos. O conjunto de causas leva a um aumento do custo de alimentos – a ponto de vários estudos indicarem um déficit de recursos hídricos em poucas décadas –, afetando “bilhões de pessoas”. Além disso, seria admissível pensar que “o controle da água por grandes empresas multinacionais de negócios” pode tornar-se “um dos fatores mais importantes de conflitos neste século”.
Essas causas podem levar também à dramática perda da biodiversidade, que se ressente ainda da ação de produtos químicos nas lavouras. Nesse ponto, a encíclica é muito direta e dura ao ressaltar que na Amazônia e na bacia do Congo “interesses globais, sob pretexto de proteger os negócios, podem solapar a soberania das nações”. Já há até – diz o documento – “propostas de internacionalização da Amazônia, que serviriam apenas aos interesses econômicos de corporações transnacionais”.
A encíclica papal e os estudos da Nasa são dois documentos que nos põem diante das questões cruciais para a humanidade nestes tempos conturbados. Não há como fugir a elas em nenhum lugar. Em termos de Brasil, convém que prestemos muita atenção a documentos como o da Pesquisa Nacional por Amostragem de Municípios, que aponta milhões de brasileiros vivendo na miséria e outras dezenas de milhões abaixo do nível de pobreza. A hora de agir é agora.
(Washington Novaes. O Estado de S. Paulo. 26.06.2015. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a pontuação foi empregada de acordo com a norma-padrão.
Texto para responder às questões de 01 a 15.
Muribeca
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão.
É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?
Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira [...]? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?
O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho [...] aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? [...] Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?
[...] Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro – o moço tá servido? A moça?
Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda. [...]
Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho.
Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
FREIRE, Marcelino. Angu de sangue. Cotia:Ateliê, 2000. p. 23-5.
A elaboração do texto escrito envolve uma série de decisões relativas ao emprego dos sinais gráficos. No trecho “Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda.”, o travessão foi usado para:
(Texto 01)
“O fato de os brasileiros estarem insatisfeitos com os representantes que eles próprios escolheram dá uma ideia da insatisfação geral com a chamada classe política.” (linhas 21 a 23)
I. O fato dos brasileiros estarem insatisfeitos, com os representantes de cujos eles próprios escolheram dá uma ideia da insatisfação geral com a chamada classe política. II. O fato de os brasileiros estarem insatisfeitos com os representantes os quais eles mesmos escolheram dá uma ideia da insatisfação geral com a chamada classe política. III. O fato de os brasileiros estarem não satisfeitos com os representantes - que eles próprios escolheram - dá uma ideia: da insatisfação geral com a chamada classe política.

I. A expressão 'de forma adequada' poderia vir depois da forma verbal 'possa' entre duas vírgulas; II. O uso do acento grave se justifica porque a palavra 'direito' exige a preposição 'a' e o substantivo 'defesa' admite o artigo feminino singular; III. O pronome 'se' poderia estar entre os dois verbos, sem hífen.

I. A vírgula após a palavra 'dia' se justifica porque a expressão que inicia o período tem valor adverbial e está deslocada do fim para o início do período; II. Os dois pontos têm valor explicativo; III. O pronome 'se' poderia, também, vir depois da forma verbal 'reuniram'.
I - A vírgula nem sempre representa uma pausa. As justificativas para sua colocação são de ordem sintática e não de pronúncia. II - A vírgula pode ser empregada entre o verbo e seu complemento.