Questões de Vestibular
Sobre modernismo em literatura
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A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroshima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa, sem nada. (MORAES, Vinicius de. Poesia completa e prosa. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.)
Imagem da explosão da bomba atômica, que serve como tema para a composição de Vinicius de Moraes.
Comparando a imagem da explosão da bomba atômica com as imagens criadas pelo eu lírico em “A rosa de Hiroshima”, pode-se afirmar que:
Ode ao burguês
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, O burguês-burguês! A digestão bem-feita de São Paulo! O homem-curva! O homem-nádegas! O homem que sendo francês, brasileiro, italiano, É sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
[...]
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma! Oh! purée de batatas morais! Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas! Ódio aos temperamentos regulares! Ódio aos relógios musculares! Morte e infâmia! Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos, Sempiternamente as mesmices convencionais! De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Ela! Dois a dois! Primeira posição! Marcha! Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio! Morte ao burguês de giolhos, cheirando religião e que não crê em Deus! Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico! Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
Em relação ao poema, indique V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) O título demonstra, após a leitura do poema, a intenção crítica do eu lírico diante do elemento “burguês”. ( ) A expressão “burguês-níquel” demonstra a importância que o eu lírico concede ao dinheiro, ao materialismo. ( ) As características quanto ao tema e ao estilo apresentados tornam o poema um exemplo da literatura da primeira fase do Modernismo no Brasil. ( ) A preocupação com o emprego constante de conectores lógicos demonstra o cuidado com o uso da linguagem, característica marcante da primeira fase modernista.
A sequência está correta em
Instrução: A questão refere-se a obra Bagagem, de Adélia Prado.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sabre poemas da obra.
( ) "Com licença poética" apresenta intertextualidade com a obra de Carlos Drummond de Andrade.
( ) "Sedução" trata do homem amado, prometido para o casamento.
( ) "Antes do nome" caracteriza-se como reflexão sobre o fazer poético.
( ) "Pascoa" caracteriza a velhice.
A sequencia correta de preenchimento dos
parênteses, de cima para baixo, e
Leia as seguintes afirmações sobre o poema "Ensinamento".
I - O sujeito Iírico mostra que o sentimento e revelado pelas ações das pessoas. II - A cena recuperada mostra o gesto de amor da mãe para com o pai. III- O ensinamento do poema e que o amor e mais importante do que a instrução.
Quais estão corretas?
O esforço do escritor atual e inverso. Ele deseja apagar as distancias sociais, identificando-se com a matéria popular. Por isso usa a primeira pessoa como recurso para confundir autor e personagem, adotando uma espécie de discurso direto permanente e desconvencionalizado, que permite fusão maior que a do indireto livre. Esta abdicação estilística e um traço da maior importância na atual ficção brasileira. [ ... ] Este animo de experimentar e renovar talvez enfraqueça a ambição criadora, porque se concentra no pequeno fazer de cada texto. Daí o abandono dos grandes projetos de antanho. [ ... ] O ímpeto narrativo se atomiza e a unidade ideal acaba sendo o canto, a crônica, o sketch, que permitem manter a tensão difícil da violência, do insólito ou da visão fulgurante.
Considere as seguintes afirmações.
I - O autor procura justificar a tendência crescente de romances brasileiros narrados em primeira pessoa, que se verifica ate hoje. II - Os "grandes projetos" podem ser exemplificados em obras como o Cicio da cana-de-açúcar, de Jose Lins do Rego, como os Romances da Bahia, de Jorge Amado, como O tempo e o vento, de Erico Verissimo. III- O autor procura justificar a emergência de narrativas curtas no Brasil, coma o canto e a crônica.
Quais estão corretas?
Instrução: A questão refere-se a obra As meninas, de Lygia Fagundes Telles.
Leia o fragmento a seguir da obra, em que a personagem Lia conversa com o motorista de Lorena.
- A filha também lhe da alegria? Ele demora na resposta. Vejo sua boca entortar. - Essa moda que vocês tem, essa de liberdade. Cismou de andar solta demais e não topo isso. Agora inventou de estudar de novo. Entrou num curso de madureza.
- E isso não e bom? - S6 sei que antes de fechar os olhos quero ver a garota casada, e s6 o que peço a Deus. Ver ela casada.
- Garantida, o senhor quer dizer. Mas ela pode estudar, ter uma profissão e casar também, não e mais garantido assim? Se casar errado, fica desempregada. Mais velha, com filhos, entende [ ... ].
- A Loreninha também fala assim mas vocês são de família rica, podem ter esses luxos. Minha filha e moça pobre e lugar de moça pobre e em casa, com o marido, com os filhos. Estudar s6 serve pra atrapalhar a cabeça dela quando estiver lavando roupa no tanque.
Considere as afirmac;6es abaixo, a respeito da situação da mulher, tema ilustrado no fragmento acima e presente em outros momentos do romance.
I - 0 discurso do motorista e exemplo de postura patriarcalista, que desaprova a liberdade da mulher, especialmente se ela for de classe baixa, pois a maior aspiração que ela pode ter na vida e o casamento.
II - A sexualidade feminina não e tema tratado no romance, aparecendo apenas de modo difuso, a fim de escapar da censura vigente a época de sua publicação, em 1973.
III- As ideias de Lia mostram sua postura libertaria em relação ao papel da mulher na sociedade, contrariando as vis6es estereotipadas que a reduzem a um ser passivo e dependente dos homens.
Quais estao corretas?
No bloco superior abaixo, estão listadas personagens do romance; no inferior, características dessas personagens.
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Lorena Vaz Leme 2. Lia de Melo Shultz 3. Ana Clara Conceição
( ) E modelo, viciada em drogas, e divide-se entre o noivo rico e o amante traficante. ( ) Envolve-se na militância política contra a ditadura e presencia a prisão de seu namorado. ( ) E culta, vive trancada em seu quarto-concha, possui um passado trágico, relacionado a morte do irmão e a loucura do pai. ( ) E filha de mãe baiana, vai para São Paulo estudar Ciências Sociais, fugindo do passado sombrio do pai, um ex-militar nazista.
A sequencia correta, de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e
E uma cova grande pra tua carne pouca Mas a terra dada, não se abre a boca É a conta menor que tiraste em vida É a parte que te cabe deste latifúndio É a terra que querias ver dividida Estarás mais ancho que estavas no mundo Mas a terra dada, não se abre a boca
Considere as afirmações abaixo, sobre o fragmento.
I - O tema da reforma agraria, recuperado por Chico Buarque de Holanda, também esta presente no Auto de Joao Cabral de Melo Neto. II - A magreza do lavrador faz a cova parecer um latifúndio. III- A morte, para o lavrador pobre, parece ser mais vantajosa do que a miséria em vida.
Quais estao corretas?
Instrução: A questão refere-se à obra Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus.
Leia os fragmentos abaixo.
Quando eu fui catar papel encontrei um preto. Estava rasgado e sujo que dava pena. Nos seus trajes rôtos êle podia representar-se como diretor do sindicato dos miseráveis.
2 de maio de 1958 [ ... ] Passei o dia catando papel. A noite meus pés doíam tanto que eu não podia andar.
14 de junho ... Esta chovendo. Eu não posso ir catar papel. O dia que chove eu sou mendiga.
3 de maio ... Fui na feira da Rua. Carlos de Campos, catar qualquer coisa.
Depois fui catar lenha. Parece que vim ao mundo predestinada a catar. Só não cato a felicidade.
Considere as seguintes afirmac;6es sabre a ac;ao de "catar".
I - Relaciona-se ao título da obra, uma vez que Quarto de despejo serve de metáfora a situação da própria personagem, que vive na favela como um objeto descartado.
II - Associa-se a atividade da escritora, que recolhe da experiência de viver do lixo a própria matéria para a sua criação literária.
III- Refere-se a descoberta dos diários de Carolina pelo jornalista Audálio Dantas, graças ao qual ela se torna uma escritora de grande sucesso editorial, condição que lhe garante sustentabilidade financeira e saída definitiva da miséria.
Quais estão corretas?
Um tema em Quarto de despejo e encontrado também no poema "O bicho", de Manuel Bandeira, transcrito a seguir.
O bicho
Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade.
o bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Assinale a alternativa que identifica esse tema recorrente nas duas obras.
Instrução: A questão refere-se a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos.
Considere as afirmações abaixo, sabre o romance.
I - A obra esta integrada a Geração de 30, momenta do Modernismo brasileiro voltado sobretudo para a representação das contradições entre o processo de modernização e o atraso das estruturas patriarcais da sociedade brasileira.
II - As tensões psicol6gicas do narrador e personagem Paulo Hon6rio conferem uma carga intimista que enfraquece as pressões da natureza e do meio social sabre as ações do romance.
III - As tensões psicológicas e a problematização do processo de escrita caracterizam a obra, que, assim, ultrapassa os limites do regionalismo, afeito ao descritivismo da paisagem local.
Quais estão corretas?
Assinale a alternativa correta a respeito do romance.
RIQUEZAS NATURAIS
Muitos metaes pepinos romans e figos De muitas castas Cidras limões e laranjas Uma infinidade Muitas cannas daçucre Infinite algodam Tambem ha muito paobrasil
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o poema.
( ) Insere-se no contexto do primitivismo das vanguardas do Modernismo brasileiro, remetendo particulamente as propostas do Manifesto Pau-Brasil, de Oswald de Andrade. ( ) Constr6i imagens incompatíveis com os ideais de progresso e civilização, trazidos pelas vanguardas europeias, inspiradoras do Modernismo brasileiro. ( ) Reforça os elementos naturais da paisagem, remetendo a "cor local", tal coma o nacionalismo presente em Jose de Alencar e Gonçalves Dias. ( ) Descreve a exuberância da natureza tropical, apropriando-se de maneira paródica dos discursos dos primeiros cronistas, que alardeavam as belezas naturais das terras recém-descobertas.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e
Associe adequadamente o bloco inferior ao superior.
1. Barraco 2. Romantismo 3. Modernismo
( ) Utiliza manifestos coma grande meio de divulgação das intenções estéticas e ideol6gicas. ( ) Caracteriza-se como retorno a uma intensa religiosidade. ( ) Procura configurar os dilemas e as contradições do ser humano. ( ) Busca a identidade nacional coma temática, mantendo a forma conforme o padrão europeu.
A sequencia correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, e
I - A personagem Bertoleza, de O cortiço, representa um entrave as ambições de Joao Romão de ascender socialmente, razão pela qual ele planeja devolve-la ao seu antigo senhor, na condição de escrava que era. II - Euclides da Cunha narra, em "A luta", terceira parte de Os sertões, as formas de organização e as estratégias de combate dos sertanejos, liderados por Antonio Conselheiro, que derrotam o Exercito Republicano. III- O personagem Ricardo Coração dos Outros, em Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, e um musico popular, que goza da estima da mais alta sociedade carioca, por ser a expressão característica da alma nacional.
Quais estão corretas?
Leia o poema e observe a pintura a seguir para responder à questão.
Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci: oh quem cuidara,
Que entre pedras tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!
Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me ele declara
Centra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza
Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:
Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei; que Amor tirano,
Onde há mais resistência mais se apura
COSTA, Claudio Manuel da. Soneto XCVIII. Disponível em: <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>
CARAVAGGIO, Michelangelo. Conversão de São Paulo – 1600-1601. Óleo sobre tela. Disponível em: <galleryhip.com>
Sapo-cururu Da beira do rio. Oh que sapo gordo! Oh que sapo feio! Sapo-cururu Da beira do rio. Quando o sapo coaxa, Povoléu tem frio.
Que sapo mais danado, Ó maninha, Ó maninha! Sapo-cururu é o bicho Pra comer de sobreposse.
Sapo-cururu Da barriga inchada. Vôte! Brinca com ele... Sapo cururu é senador da República.
BANDEIRA, Manuel. Estrela da Vida Inteira. 20ª edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
No texto de Bandeira está explícito o procedimento de intertextualidade caracterizado pelo diálogo que um texto estabelece com outro, o que faz desse poema:
CUNHATÃ
Vinha do Pará
Chamava Siquê.
Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça.
Piá branca nenhuma corria mais do que ela.
Tinha uma cicatriz no meio da testa:
- Que foi isto, Siquê?
Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra:
- Minha mãe (a madrasta) estava costurando
Disse vai ver se tem fogo
Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo
Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa
Rui, riu, riu
Uêrêquitáua.
O ventilador era a coisa que roda.
Quando se machucava, dizia: Ai Zizus!
BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. 20.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993, p. 138.
O poema de Bandeira foi publicado em 1930 e traz algumas palavras da língua indígena misturadas ao português. Já em seu título comparece uma palavra de origem da língua tupi, cunhatã, que significa “menina, moça, mulher adolescente”.
Ao fazer o uso de
uma língua indígena nesse poema, observa-se que o
autor:
Saiu e andou. Olhou o céu, os ares, as árvores de Santa Teresa, e se lembrou que, por estas terras, já tinham errado tribos selvagens, das quais um dos chefes se orgulhava de ter no sangue o sangue de dez mil inimigos. Fora há quatro séculos. Olhou de novo o céu, os ares, as árvores de Santa Teresa, as casas, as igrejas; viu os bondes passarem; uma locomotiva apitou; um carro, puxado por uma linda parelha, atravessou-lhe na frente, quando já a entrar do campo... Tinha havido grandes e inúmeras modificações. Que fora aquele parque? Talvez um charco. Tinha havido grandes modificações nos aspectos, na fisionomia da terra, talvez no clima... Esperemos mais, pensou ela; e seguiu serenamente ao encontro de Ricardo Coração dos Outros. TERCEIRA PARTE V - A Afilhada
Com base no fragmento, o final do romance, apesar de triste, como anuncia o próprio título, contém uma mensagem de otimismo, expressa nos pensamentos da personagem Olga, afilhada de Policarpo. O otimismo se justifica pela expectativa de: