Questões de Vestibular
Sobre romantismo em literatura
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Texto para as questão.
O despropósito fez-me perder outro capítulo. Que melhor não era dizer as coisas lisamente, sem todos estes solavancos! Já comparei o meu estilo ao andar dos ébrios. Se a ideia vos parece indecorosa, direi que ele é o que eram as minhas refeições com Virgília, na casinha da Gamboa, onde às vezes fazíamos a nossa patuscada, o nosso luncheon. Vinho, frutas, compotas. Comíamos, é verdade, mas era um comer virgulado de palavrinhas doces, de olhares ternos, de criancices, uma infinidade desses apartes do coração, aliás o verdadeiro, o ininterrupto discurso do amor. Às vezes vinha o arrufo temperar o nímio adocicado da situação. Ela deixava-me, refugiava-se num canto do canapé, ou ia para o interior ouvir as denguices de Dona Plácida. Cinco ou dez minutos depois, reatávamos a palestra, como eu reato a narração, para desatá-la outra vez. Note-se que, longe de termos horror ao método, era nosso costume convidá-lo, na pessoa de Dona Plácida, a sentar-se conosco à mesa; mas Dona Plácida não aceitava nunca.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
(*) Luncheon (Ing.): lanche, refeição ligeira, merenda.
Numere os parênteses, obedecendo a seguinte convenção:
1. Barroco
2. Arcadismo
3. Romantismo
( ) Exacerbação do sentimento, envolto numa visão de amor idealista.
( ) Visão dualista do universo, refletida numa linguagem essencialmente antitética.
( ) Expressão constante e quase monótona da fugacidade da vida.
( ) Ênfase na incorrespondência amorosa das tiranas donzelas.
( ) Sobre a exaltação da beleza feminina, superior aos elementos da natureza.
De cima para baixo, a resposta é:
(...) Não acho mais graça nenhuma nisso da gente submeter comoções a um leito de Procusto(1) para que obtenham, em ritmo convencional, número convencional de sílabas. Já, primeiro livro, usei indiferentemente, sem obrigação de retorno periódico, os diversos metros pares. Agora liberto-me também desse preconceito.
(...) Marinetti (2) foi grande quando redescobriu o poder sugestivo, associativo, simbólico, universal, musical da palavra em liberdade. Aliás: velha como Adão. Marinetti errou: fez dela sistema. É apenas auxiliar poderosíssimo. Uso palavras em liberdade.
(...) (1) Na mitologia grega, Procusto era um bandido que tinha, em sua casa, uma cama (leito) de ferro na qual convidava todos os viajantes a se deitarem. Se os hóspedes fossem muito altos, ele amputava o excesso de comprimento do corpo desses viajantes para ajustá-los à cama e, se tinham pequena estatura, eram esticados até atingirem o comprimento determinado. (2) Fillipo Tommaso Marinetti.
Instrução: Leia o texto para responder às questões.
Um sarau é o bocado mais delicioso que temos, de telhado
abaixo. Em um sarau todo o mundo tem que fazer. O
diplomata ajusta, com um copo de champagne na mão, os
mais intrincados negócios; todos murmuram, e não há quem
deixe de ser murmurado. O velho lembra-se dos minuetes e
das cantigas do seu tempo, e o moço goza todos os regalos da
sua época; as moças são no sarau como as estrelas no céu;
estão no seu elemento: aqui uma, cantando suave cavatina,
eleva-se vaidosa nas asas dos aplausos, por entre os quais
surde, às vezes, um bravíssimo inopinado, que solta de lá
da sala do jogo o parceiro que acaba de ganhar sua partida
no écarté, mesmo na ocasião em que a moça se espicha
completamente, desafinando um sustenido; daí a pouco vão
outras, pelos braços de seus pares, se deslizando pela sala e
marchando em seu passeio, mais a compasso que qualquer
de nossos batalhões da Guarda Nacional, ao mesmo tempo
que conversam sempre sobre objetos inocentes que movem
olhaduras e risadinhas apreciáveis. Outras criticam de uma
gorducha vovó, que ensaca nos bolsos meia bandeja de doces
que veio para o chá, e que ela leva aos pequenos que, diz,
lhe ficaram em casa. Ali vê-se um ataviado dandy que dirige
mil finezas a uma senhora idosa, tendo os olhos pregados
na sinhá, que senta-se ao lado. Finalmente, no sarau não é
essencial ter cabeça nem boca, porque, para alguns é regra,
durante ele, pensar pelos pés e falar pelos olhos.
E o mais é que nós estamos num sarau. Inúmeros batéis
conduziram da corte para a ilha de... senhoras e senhores,
recomendáveis por caráter e qualidades; alegre, numerosa e
escolhida sociedade enche a grande casa, que brilha e mostra
em toda a parte borbulhar o prazer e o bom gosto.
Entre todas essas elegantes e agradáveis moças, que
com aturado empenho se esforçam para ver qual delas vence
em graças, encantos e donaires, certo sobrepuja a travessa
Moreninha, princesa daquela festa.
(Joaquim Manuel de Macedo. A Moreninha, 1997.)
( ) Nos dois textos, é a partir do silêncio noturno que surge o sentimento de solidão. No poema de Casimiro de Abreu, essa solidão do eu lírico se potencializa com elementos da natureza que também trazem uma certa melancolia: a quietude das ondas do mar, a lua que reflete na água.
( ) A noite tem função simbólica distinta nos dois textos: no primeiro ela provoca um leve meditar, sem sofrimento; no segundo traz dor e sensação de abandono.
( ) O subjetivismo, o sentimento nostálgico e a tristeza são alguns dos traços da poesia do romântico Casimiro de Abreu, evidenciados em “Saudades”.
( ) O autor de “Saudades”, assim como o poeta Gonçalves Dias, pertence à segunda geração romântica, conhecida como a do ‘Mal do Século’.
( ) Em seu célebre prefácio à obra Cromwell, o es- critor romântico francês Victor Hugo desdenhava da necessidade de rigidez nas estruturas de composição no Romantismo, postulando uma espontaneidade de criação. Esse pensamento pode ser comprovado com o texto 1, que apresenta um poema com versos livres e brancos.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

Assinale a alternativa em que não se aplica o comentário acima:

julgue os itens de 35 a 47.

julgue os itens de 35 a 47.

julgue os itens de 35 a 47.