Questões de Vestibular
Sobre romantismo em literatura
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INSTRUÇÃO: Para responder à questão, leia o excerto abaixo, retirado da obra Macário, de Álvares de Azevedo.
(O DESCONHECIDO) Eu sou o diabo. Boa-noite, Macário.
(MACÁRIO) Boa-noite, Satã. (Deita-se. O desconhecido sai). O diabo! uma boa fortuna! Há dez anos que eu ando para encontrar esse patife! Desta vez agarrei-o pela cauda! A maior desgraça deste mundo é ser Fausto sem Mefistófeles. Olá, Satã!
(SATÃ) Macário.
(MACÁRIO) Quando partimos?
(SATÃ) Tens sono?
(MACÁRIO) Não.
(SATÃ) Então já.
(MACÁRIO) E o meu burro?
(SATÃ) Irás na minha garupa.
Sobre o movimento literário em que se inscreve Álvares
de Azevedo, é INCORRETO afirmar:
Memórias de um Sargento de Milícias
cronologicamente faz parte da literatura romântica brasileira; no entanto, torna-se uma obra atípica em relação ao momento em que foi escrita. Das alternativas abaixo, indique a que não valida essa afirmação porque
“Estávamos em fins de janeiro. Os paus-d'arco, floridos, salpicavam a mata de pontos amarelos; de manhã a serra cachimbava; o riacho, depois das últimas trovoadas, cantava grosso, bancando rio, e a cascata em que se despenha, antes de entrar no açude, enfeitava-se de espuma". (RAMOS, 1977, p. 86).
Embora produzido no contexto da estética modernista, o romance aproxima-se, na citação lida, a outro movimento literário marcado pela valorização e idealização da natureza, qual seja:
A questão abordam um poema do português Eugênio de Castro (1869-1944).
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rochonchuda e bonitota. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal-apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
Sua história tem pouca coisa de notável. Fora Leonardo algibebe em Lisboa, sua pátria; aborrecera-se porém do negócio, e viera ao Brasil. Aqui chegando, não se sabe por proteção de quem, alcançou o emprego de que o vemos empossado, e que exercia, como dissemos, desde tempos remotos. Mas viera com ele no mesmo navio, não sei fazer o quê, uma certa Maria da hortaliça, quitandeira das praças de Lisboa, saloia rochonchuda e bonitota. O Leonardo, fazendo-se-lhe justiça, não era nesse tempo de sua mocidade mal-apessoado, e sobretudo era maganão. Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou-lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já esperasse por aquilo, sorriu-se como envergonhada do gracejo, e deu-lhe também em ar de disfarce um tremendo beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou-se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares, que pareciam sê-lo de muitos anos.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
Considere as seguintes afirmações referentes ao excerto:
I A narrativa é isenta de traços idealizantes, seja no que se refere às personagens, seja no que se refere a suas relações amorosas.
II O ângulo de representação privilegiado pelo romancista é o da comicidade e do humor.
III A vivacidade da cena figurada no excerto deve-se à presença de um narrador-personagem, que participa da ação.
Está correto o que se afirma em
Brasil
O Zé Pereira chegou de caravela
E preguntou pro guarani da mata virgem
— Sois cristão?
— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte
Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!
Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!
O negro zonzo saído da fornalha
Tomou a palavra e respondeu
— Sim pela graça de Deus
Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!
E fizeram o Carnaval
Oswald de Andrade, Poesias Reunidas.
[4]
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
que viva de guardar alheio gado,
de tosco trato, de expressões grosseiro,
dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal(1) e nele assisto(2) ;
dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
das brancas ovelhinhas tiro o leite,
e mais as finas lãs, de que me visto.
Graças, Marília bela,
graças à minha estrela!
(...)
[5]
Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia(3) .
(...)
Não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
altos volumes(4)de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos,
tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.
Tomás A. Gonzaga, Marília de Dirceu.
Glossário:
(1)casal: pequena propriedade rural.
(2)assisto: resido, moro.
(3)bateia: utensílio empregado no garimpo; espécie de gamela.
(4)altos volumes: referência a processos judiciais, pois o poeta
era magistrado.
A alternativa correta para o preenchimento das lacunas é:
IV
Era um sonho dantesco!... o tombadilho, Que das luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...
Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Regam o sangue das mães: Outras, moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs!
E ri-se a orquestra, irônica, estridente... E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais ... Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala. E voam mais e mais...
Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que de martírios embrutece, Cantando, geme e ri!
No entanto o capitão manda a manobra. E após fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: "Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!..."
E ri-se a orquestra irônica, estridente. . . E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual um sonho dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam! E ri-se Satanás!...
(Espumas flutuantes. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, s.d. p. 184-5.)
Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I. O texto revela grande força expressiva em razão de sua plasticidade, criada a partir das fortes imagens e das sugestões de cor, som e movimento que envolvem a cena.
II. As metáforas “a orquestra” e “a serpente”, na 3.ª e na 6.ª estrofes, sugerem, respectivamente, o conjunto de sons (gritos, lamentos) emitidos pelos negros maltratados e o chicote utilizado nesse sistema de violência e tortura.
III. O tema de O navio negreiro é a denúncia da escravidão e do transporte de negros para o Brasil. Quando o poema foi escrito, em 1868, já fazia dezoito anos que vigorava a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico de escravos, mas a escravidão no país persistia.
Está(ão) correta(s):
I. Vinicius de Moraes, em sua obra, entre o muito que fez pela poesia brasileira, estabeleceu uma peculiaríssima ligação entre o mar, a praia e a vida amorosa; reconstruiu o soneto; transformou o versículo solene dos seus primeiros livros em ritmo suspenso entre verso e prosa, de modo a não haver mais verso nem prosa; foi capaz de se apegar às coisas pequenas e humildes para lhes dar uma gravidade que não vem do tom, mas da estrutura latente de paradoxo que enforma sua poesia.
II.Os romances iniciais de Machado de Assis, embora guardem ainda características do Romantismo, já contêm, em sua quase totalidade, aquelas que o autor desenvolverá plenamente nos romances tipicamente realistas: a análise psicológica das personagens, um humorismo ferrenho, diversas interrupções na ordem linear das narrativas, longos monólogos interiores sobre a visão naturalista da vida social, política e econômica do interior pernambucano e o gosto em explicar o comportamento humano à luz das teorias científicas de sua época.
III.Com Francisco Lobo da Costa, o trabalho, começado pelos primeiros românticos para arrancar-nos da influência portuguesa, progrediu bastante. O moço fluminense, educado por alemães, acostumou-se a olhar para o grande mundo das letras e da poesia e a ler os grandes mestres gregos e latinos. Como poeta, foi um talento possante e não podia viver muito, era doentio, melancólico, demasiadamente franzino e apenas cantava os aspectos patológicos da capital carioca.