Questões de Vestibular
Sobre denotação e conotação em português
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No trecho da Lira 77, as palavras são empregadas majoritariamente em sentido denotativo, entretanto a linguagem figurada se faz presente no conjunto do poema, pois, sob a pele de homem rústico do sujeito lírico, esconde-se poeticamente o homem civilizado.
Macetar, verbo transitivo: “golpear (alguém ou algo) com maceta ou macete, um martelo de cabo curto”. A definição está nos dicionários, mas o carnaval, como de praxe, mascarou o significado a seu bel-prazer. O coro da multidão que acompanhou Ivete Sangalo na abertura da folia de Salvador comprova que essa é a época ideal para enriquecer o vocabulário. Música gravada pela cantora baiana com participação de Ludmilla, “Macetando” despontou como hit nacional ao encher a boca do povo com o refrão-chiclete: “Ah, bebê, é a Veveta que tá no comando / Macetando, macetando, macetando...”.
(Adaptado de CUNHA, G. Qual o macete de ‘macetando’? O Globo (versão online), 10/02/2024.)
Na letra da música em questão, um dos aspectos que contribuem para o mascaramento do significado de macetar é
Texto 3
Bença (Djonga) Me dá (e vai) vovô, vovô (e vai) Me dê vovô (e vai), mamãe (e vai) Vó, como 'cê conseguiu criar três mulheres sozinha Na época que mulher não valia nada? Menina na cidade grande, no susto viúva E daquela cor que só serve pra ser abusada Você não costurou só roupa, né? Teve que costurar um mundo de trauma, abdicação, luta Pra hoje falar com orgulho que essa família não tem vagabundo Aprendi no seu colo Tenha medo de quem 'tá vivo e respeito por quem 'tá morto Ouvindo desde novo, 'cê já é preto Não, não sai desse jeito, se não eles te olha torto Fico pensando, uma cama pra quatro Ditadura na rua e o frio que trinca o corpo Onde mães fortes e generosas se criaram O que é dos outro não é meu, mas o que é meu 'tá aí pros outro Se precisar Na macumba ela é foda Dinheiro é pra quem precisa, aqui é só por caridade Pensando tudo que 'cê passou nessa vida E no fundo do seus olhos não consigo ver maldade Vejo gente criando problemas Pra competir quem sofre mais, porra, são covardes Olhe pras suas nega véia e entenda Que num é em blog de hippie boy que se aprende sobre ancestralidade Vai e vai Ganha esse mundo sem olhar pra trás e vai Só não esquece de voltar pra Vai e vai Ganha esse mundo sem olhar pra trás e vai Só não esquece de voltar [...]
Disponível em: https://www.letras.mus.br/djonga/benca/. Acesso em: 18 jul. 2024. Adaptado.
Assinale a alternativa que apresenta trecho da música “Bença” com sentido conotativo.
Sujeito de sorte
Presentemente eu posso me Considerar um sujeito de sorte Porque apesar de muito moço Me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado Deus é brasileiro e anda do meu lado E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais Tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri Mas esse ano eu não morro
Disponível em: https://www.letras.mus.br/belchior/344922/. Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento).
AmarElo
Eu sonho mais alto que drones Combustível do meu tipo? A fome Pra arregaçar como um ciclone Pra que amanhã não seja só um ontem Com um novo nome
[...]
É um mundo cão pra nóis, perder não é opção, certo? De onde o vento faz a curva, brota o papo reto Num deixo quieto, num tem como deixar quieto A meta é deixar sem chão quem riu de nós sem teto, vai
[...]
Mano, rancor é igual tumor, envenena raiz Onde a plateia só deseja ser feliz, saca? Com uma presença aérea, onde a última tendência É depressão com aparência de férias
Disponível em: https://g.co/kgs/VQLE8i. Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento).
A partir dos seus conhecimentos sobre a língua portuguesa e com base na canção AmarElo e na leitura dos fragmentos transcritos, assinale a alternativa correta.
O (não) lugar do “pardo”
Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?
Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.
Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]
Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.
Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]
https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo
A fluidez do texto é perceptível e garante ao leitor interesse por sua leitura pelo fato de serem inseridas expressões coloquiais, descontraídas, gerando atração muito mais pelo conteúdo do que pela forma.
Essa assertiva é comprovada no seguinte exemplo:
CARVALHO-NETO, Paulo de. Meu tio Atahualpa. Rio de Janeiro: Salamandra, 1978.
A expressão “índio sacana”, presente no texto, faz referência a:
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro
Belchior. “Sujeito de sorte”.
Leia as seguintes afirmações a respeito da letra da música:
I - Os adjuntos adverbiais temporais remetem a um contraste entre passado e presente, o que reforça o caráter metafórico do texto.
II - A locução “apesar de” contribui para a expressão de um sentimento inesperado em relação ao sentido de “muito moço”.
III – As formas verbais “morri” e “morro”, embora se refiram a momentos distintos, apresentam sentido denotativo.
Está correto o que se afirma em:
I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita de estilo coloquial marcada pelo uso consciente de palavras próprias da fala. II. As expressões coloquiais utilizadas no texto revelam o lugar de onde veio o poeta e sua história, deixando claro que a poesia que produz é sobre as coisas simples da vida. III. O emprego destes coloquialismos revela a cultura local em que o autor está inserido.
Está correto o que se afirma em
O Texto servirá de base para a questão.
TOMATE, O DIURÉTICO NATURAL
Quem tem raízes italianas sabe que o tomate é um fruto indispensável no preparo de refeições. Ingrediente principal de molhos, ele faz parte do dia a dia dos brasileiros, acompanhando massas, cortado na salada, picado no vinagrete, batido na sopa ou até em forma de suco. Caqui, cereja, italiano, o que não faltam são opções para quem quiser variar no cardápio com ele, que sempre agrega sabor e saúde às mais diversas refeições.
Porém, sua versatilidade não está só nos tipos. Muito saudável, é também uma boa escolha para quem busca prevenir uma série de doenças. É o caso do câncer de próstata: um estudo recente publicado na revista Molecular Cancer Research relacionou a ingestão de altos níveis de betacaroteno à prevenção do desenvolvimento de tumores na região. Outro fator de saúde associado ao seu consumo é a perda de peso. "O fruto auxilia no emagrecimento por ter baixo valor calórico. Possui ainda propriedades desintoxicantes, influenciando positivamente o funcionamento dos rins e promovendo efeito diurético, que aumenta a quantidade de líquido eliminado", explica a nutricionista Amanda Maffei (SP). Ela ressalta ainda que o fruto é capaz de combater o acúmulo da gordura localizada graças à sua ação anti-inflamatória.
Uma das substâncias do tomate que traz benefícios ao organismo é o licopeno, um carotenoide que lhe dá a coloração vermelha. "Esse antioxidante combate os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e protegendo o sistema cardiovascular", pontua Amanda. O carotenoide também tem sido associado aos fatores de prevenção do câncer de próstata. Além disso, de acordo com a dermatologista Patrícia Mafra (SP), esse antioxidante ajuda no combate aos radicais livres e evita o envelhecimento precoce da pele causado pelos raios ultravioleta.
Vitaminas benéficas
Amanda destaca a forte presença das vitaminas A e C no tomate, nutrientes importantes para o sistema imunológico e para a visão, que tornam o consumo desse vegetal ainda mais recomendado. "Há também o magnésio, que age no metabolismo energético e no funcionamento das células, é relaxante muscular e equilibra a acidez sanguínea", acrescenta. Outra substância importante contida no vegetal é o cromo, que ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue, como explica a nutricionista Regina Teixeira (SP). "O tomate contribui ainda para a redução do colesterol e a prevenção de infecções, além de eliminar ácido úrico do organismo", completa.
Cuidados importantes
Para quem apresenta problemas digestórios, como a gastrite, a recomendação é tomar cuidado. "Esse é um alimento ácido, que aumenta a produção de ácido clorídrico, causando mais dor", adverte Amanda. Ela também alerta sobre a quantidade de potássio contida no tomate, que pode aumentar a formação de cálculos renais, principalmente para as pessoas que possuem essa predisposição.
Em relação ao consumo, 100 g de tomate (algo como uma unidade grande) forneceriam cerca de 6% da dose diária recomendada de potássio para adultos. A maior ingestão do nutriente na dieta está associada a menores taxas de acidente vascular cerebral (AVC) e pode diminuir a incidência de doenças cardiovasculares. A nutricionista Regina recomenda incluí-lo no cardápio diariamente e acrescenta: "Existe uma vantagem no consumo cozido, porque nosso organismo absorve melhor o licopeno, especialmente quando regado com um fio de azeite".
Na hora da compra
Quando for escolher o fruto ideal, opte sempre pelos mais firmes e vermelhos e higienize muito bem antes de consumir. "Todo tomate deve ser lavado em água corrente e, em seguida, ficar imerso por 15 minutos em um litro de água com uma colher cheia (sopa) de solução de hipoclorito de sódio. Depois desse tempo, enxágue em água corrente antes de consumir", indica a nutricionista Maria Eduarda MeIo (SP). No entanto, ela ressalta que essa higienização tem o objetivo de diminuir os riscos microbiológicos, mas não de el iminar resíduos de agrotóxicos. ''As melhores opções são o consumo de alimentos da época ou orgânicos", pondera.
VIEIRA, Mariana; TORETTA, Murilo. Tomate, o diurético natural. VIVASAÚDE. São Paulo: Editora Escala, Ed. 188, jan. 2019. p. 36-39. [Adaptado].
amora
a palavra amora
seria talvez menos doce
e um pouco menos vermelha
se não trouxesse em seu corpo
(como um velado esplendor)
a memória da palavra amor
a palavra amargo
seria talvez mais doce
e um pouco menos acerba
se não trouxesse em seu corpo
(como uma sombra a espreitar)
a memória da palavra amar
Marco Catalão, Sob a face neutra.
Leia os itens abaixo:
I – “A mulher baixou os olhos como que pedindo perdão”. (linhas 57-58)
II – “Maria queria tanto dizer ao filho que o pai havia mandado um abraço, um beijo, um carinho”. (linhas 158-160)
III – “Maria olhou saudosa e desesperada para o primeiro”. (linhas 102-104)
V – “Estavam todos armados com facas- -laser que cortam até a vida”. (linhas 153- 155)
Assinale a alternativa em que o sentido conotativo está presente:
Canção amiga
Eu preparo uma canção, em que minha mãe se reconheça todas as mães se reconheçam e que fale como dois olhos. [...] Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas. Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças.
(ANDRADE, C. D. Novos Poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. Fragmento.)
I. É possível identificar que o texto tem como objetivo central a transmissão de uma orientação relevante ao leitor.
II. O exclusivo emprego de linguagem conotativa é elemento suficiente para a caracterização do texto como literário.
III. Sendo um texto literário, “Canção amiga” demonstra a exploração da capacidade significativa da língua para provocar determinada reação no leitor.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)

I. A linguagem é predominantemente denotativa, visto que os vocábulos são utilizados em seus significados básico e literal. II. A linguagem é predominantemente conotativa, em que as palavras, em sua maioria, ganham um novo significado no contexto de ocorrência. III. A informalidade da linguagem é precária, haja vista que os vocábulos contidos no texto são concentrados na sabedoria popular.
Quais estão corretas?
Em relação aos recursos de estilo no TEXTO 3, analise as afirmativas abaixo.
I. Os compositores optaram por empregar uma linguagem predominantemente denotativa, impessoal, o que comunga com o gênero em que se enquadra o TEXTO 3.
II. A seleção vocabular em pares como “varanda/descansa”, “fartos/fortes” e “sonhos/semeando” revela o emprego de figuras como aliteração e assonância, o que contribui para a sonoridade do texto.
III. No verso “Sonhos semeando o mundo real”, infere-se que os sonhos não se contrapõem à realidade; eles são importantes para a construção de um mundo mais justo.
IV. Uma interpretação possível para o TEXTO 3 é a de que o “Vilarejo” é uma metáfora de um lugar onde existam segurança e igualdade social.
V. Levando-se em consideração que o sufixo da palavra “Vilarejo” expressa uma ideia de pequeno tamanho, é um equívoco que nesse lugar não haja exclusão – “Toda a gente cabe lá”.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas
— […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais contristador que uma dessas terríveis pestes que devastam um ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um benefício, não só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga curativa. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho.
(Quincas Borba, 2016.)
Texto 2