Questões de Vestibular Sobre denotação e conotação em português

Foram encontradas 115 questões

Ano: 2024 Banca: CESPE / CEBRASPE Órgão: UNB Prova: CESPE / CEBRASPE - 2024 - UNB - Prova de Conhecimentos II - 1° dia |
Q3107453 Português
          O pastor pianista


Soltaram os pianos na planície deserta
 Onde as sombras dos pássaros vêm beber.
 Eu sou o pastor pianista,
 Vejo ao longe com alegria meus pianos
 Recortarem os vultos monumentais
 Contra a lua.


 Acompanhado pelas rosas migradoras
 Apascento os pianos: gritam
 E transmitem o antigo clamor do homem


 Que reclamando a contemplação,
 Sonha e provoca a harmonia,
 Trabalha mesmo à força,
 E pelo vento nas folhagens,
 Pelos planetas, pelo andar das mulheres,
 Pelo amor e seus contrastes,
 Comunica-se com os deuses. 


Murilo Mendes. O pastor pianista. In: Antonio Candido.
Na sala de aula. Caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 2004, p. 82. 





               Lira 77



 Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
 fui honrado pastor da tua aldeia;
 vestia finas lãs e tinha sempre
 a minha choça do preciso cheia.
 Tiraram-me o casal e o manso gado,
 nem tenho a que me encoste um só cajado.


 (...)


 Ah! minha bela, se a fortuna volta,
 se o bom, que já perdi, alcanço e provo,
 por essas brancas mãos, por essas faces
 te juro renascer um homem novo,
 romper a nuvem que os meus olhos cerra,
 amar no céu a Jove e a ti na terra!


 Fiadas comprarei as ovelhinhas,
 que pagarei dos poucos do meu ganho;
 e dentro em pouco tempo nos veremos
 senhores outra vez de um bom rebanho.
 Para o contágio lhe não dar, sobeja
 que as afague Marília, ou só que as veja.


 Se não tivermos lãs e peles finas,
 podem mui bem cobrir as carnes nossas
 as peles dos cordeiros mal curtidas,
 e os panos feitos com as lãs mais grossas.
 Mas ao menos será o teu vestido
 por mãos de amor, por minhas mãos cosido.


 Nós iremos pescar na quente sesta
 com canas e com cestos os peixinhos;
 nós iremos caçar nas manhãs frias
 com a vara enviscada os passarinhos.
 Para nos divertir faremos quanto
 reputa o varão sábio, honesto e santo.


 Nas noites de serão nos sentaremos
 cos filhos, se os tivermos, à fogueira:
 entre as falsas histórias, que contares,
 lhes contaras a minha, verdadeira.
 Pasmados te ouvirão; eu, entretanto,
 ainda o rosto banharei de pranto.


 Quando passarmos juntos pela rua,
 nos mostrarão co dedo os mais pastores,
 dizendo uns para os outros: — Olha os nossos
 exemplos da desgraça e sãos amores.
 Contentes viveremos desta sorte,
 até que chegue a um dos dois a morte. 


Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu. In: Antonio Candido. Na sala de aula. Caderno de análise literária. São Paulo: Ática, 2004, p. 20 (com adaptações). 
A partir da leitura dos textos O pastor pianista e Lira 77, apresentados anteriormente, julgue o item.

No trecho da Lira 77, as palavras são empregadas majoritariamente em sentido denotativo, entretanto a linguagem figurada se faz presente no conjunto do poema, pois, sob a pele de homem rústico do sujeito lírico, esconde-se poeticamente o homem civilizado. 
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Ano: 2024 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2024 - UNICAMP - Vestibular |
Q3107222 Português
Qual o macete de ‘Macetando’?

Macetar, verbo transitivo: “golpear (alguém ou algo) com maceta ou macete, um martelo de cabo curto”. A definição está nos dicionários, mas o carnaval, como de praxe, mascarou o significado a seu bel-prazer. O coro da multidão que acompanhou Ivete Sangalo na abertura da folia de Salvador comprova que essa é a época ideal para enriquecer o vocabulário. Música gravada pela cantora baiana com participação de Ludmilla, “Macetando” despontou como hit nacional ao encher a boca do povo com o refrão-chiclete: “Ah, bebê, é a Veveta que tá no comando / Macetando, macetando, macetando...”.
(Adaptado de CUNHA, G. Qual o macete de ‘macetando’? O Globo (versão online), 10/02/2024.)


Na letra da música em questão, um dos aspectos que contribuem para o mascaramento do significado de macetar é
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Ano: 2024 Banca: COTEC Órgão: IFN-MG Prova: COTEC - 2024 - IFN-MG - Técnico em Administração |
Q3042307 Português
Leia o trecho a seguir, parte da canção “Bença” do mineiro Gustavo Pereira Marques (rapper, escritor e compositor brasileiro), conhecido pelo nome artístico Djonga, para responder a esta questão. O rapper é considerado um dos artistas mais influentes da atualidade e chama a atenção por suas letras repletas de críticas sociais.  

Texto 3
Bença (Djonga) Me dá (e vai) vovô, vovô (e vai) Me dê vovô (e vai), mamãe (e vai) Vó, como 'cê conseguiu criar três mulheres sozinha Na época que mulher não valia nada? Menina na cidade grande, no susto viúva E daquela cor que só serve pra ser abusada Você não costurou só roupa, né? Teve que costurar um mundo de trauma, abdicação, luta Pra hoje falar com orgulho que essa família não tem vagabundo Aprendi no seu colo Tenha medo de quem 'tá vivo e respeito por quem 'tá morto Ouvindo desde novo, 'cê já é preto Não, não sai desse jeito, se não eles te olha torto Fico pensando, uma cama pra quatro Ditadura na rua e o frio que trinca o corpo Onde mães fortes e generosas se criaram O que é dos outro não é meu, mas o que é meu 'tá aí pros outro Se precisar Na macumba ela é foda Dinheiro é pra quem precisa, aqui é só por caridade Pensando tudo que 'cê passou nessa vida E no fundo do seus olhos não consigo ver maldade Vejo gente criando problemas Pra competir quem sofre mais, porra, são covardes Olhe pras suas nega véia e entenda Que num é em blog de hippie boy que se aprende sobre ancestralidade Vai e vai Ganha esse mundo sem olhar pra trás e vai Só não esquece de voltar pra Vai e vai Ganha esse mundo sem olhar pra trás e vai Só não esquece de voltar [...] 
Disponível em: https://www.letras.mus.br/djonga/benca/. Acesso em: 18 jul. 2024. Adaptado.


Assinale a alternativa que apresenta trecho da música “Bença” com sentido conotativo.

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Ano: 2023 Banca: UFGD Órgão: UFGD Prova: UFGD - 2023 - UFGD - Vestibular - Ingresso em 2024 |
Q3249054 Português
O rap é um estilo de música muitas vezes caracterizado por letras fortes e impactantes. Não raramente, os rappers utilizam-se de samples em suas músicas, ou seja, inserem em suas letras trechos de outras obras, atribuindo novos significados a esses fragmentos e gerando uma nova composição que pode reforçar ou ressignificar o conteúdo do sample. Na canção AmarElo, de Emicida, o sample utilizado é parte da música Sujeito de Sorte, de Belchior.
Sujeito de sorte
Presentemente eu posso me Considerar um sujeito de sorte Porque apesar de muito moço Me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado Deus é brasileiro e anda do meu lado E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais Tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri Mas esse ano eu não morro
Disponível em: https://www.letras.mus.br/belchior/344922/. Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento).

 AmarElo
Eu sonho mais alto que drones Combustível do meu tipo? A fome Pra arregaçar como um ciclone Pra que amanhã não seja só um ontem Com um novo nome
[...]
É um mundo cão pra nóis, perder não é opção, certo? De onde o vento faz a curva, brota o papo reto Num deixo quieto, num tem como deixar quieto A meta é deixar sem chão quem riu de nós sem teto, vai
[...]
Mano, rancor é igual tumor, envenena raiz Onde a plateia só deseja ser feliz, saca? Com uma presença aérea, onde a última tendência É depressão com aparência de férias
Disponível em: https://g.co/kgs/VQLE8i. Acesso em: 1 jun. 2023 (fragmento).

A partir dos seus conhecimentos sobre a língua portuguesa e com base na canção AmarElo e na leitura dos fragmentos transcritos, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2023 Banca: COMVEST - UNICAMP Órgão: UNICAMP Prova: COMVEST - UNICAMP - 2023 - UNICAMP - Vestibular - Conhecimentos Gerais - 1ª Fase |
Q2327065 Português
‘Nevou’ no Rio


Em pleno verão, o fenômeno que vem chamando atenção nas ruas do Rio é conhecido como “nevada carioca”, ou apenas “nevou”. Trata-se da mania de descolorir, platinando os cabelos até os fios ficarem completamente brancos, que tomou conta das cabeças dos jovens de Norte a Sul e virou a febre do momento. A onda começou às vésperas do Natal, ganhou força no réveillon e entrou em janeiro lotando os salões. Nascida nas comunidades e nos subúrbios, a tendência ultrapassou fronteiras geográficas e sociais da cidade, principalmente depois de ganhar as redes e de ter conquistado artistas e atletas. Cabeleireiros e donos de salão apostam que o modismo resiste com força até os dias de folia.

(Adaptado de: https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/01/nevou-no-rio-mania-de- -descolorir-o-cabelo-ate-ficar-quase-branco-vira-moda-entre-os-cariocas.ghtml. Acesso em 22/06/2023.)
No texto, o verbo nevar apresenta sentido
Alternativas
Ano: 2022 Banca: UEMA Órgão: UEMA Prova: UEMA - 2022 - UEMA - Vestibular |
Q2076433 Português

O (não) lugar do “pardo”

     Lá no fim do século XIX e no começo do XX, o Brasil passava pelo dilema que todas as nações modernas enfrentaram (e, de certa maneira, ainda enfrentam): como criar uma identidade nacional que justifique e mantenha o Estado?

     Notem que eu ouso criar, porque é bem isso mesmo, inventar uma história que servisse aos interesses da elite dominante e homogeneizasse a população brasileira. Ora, essa população era formada, principalmente, por pretos escravos ou ex-escravos, indígenas perseguidos e uma parcela de gente branca. No centro da discussão estava: quem seria o cidadão brasileiro.

     Houve quem defendesse a educação para o trabalho: ensinar os pretos amolecidos e degenerados pela escravidão (faz me rir) a trabalhar resignado. Teve aqueles que achavam que a inferioridade dos pretos era tão grande que não adiantava educar nem nada, era melhor expulsar ou deixar morrer. O Brasil, em seus debates sobre a nação e seus cidadãos, bebeu muito das teorias racialistas que estavam em voga na Europa e sendo amplamente utilizadas para justificar a colonização na África depois de séculos e séculos de saque humano. [...]

    Daí surge o pardo como a gente conhece hoje. O pardo não é raça, não é povo, não é cidadão brasileiro. Ele é o estágio transitório entre a base da pirâmide (os negros) e o topo (os brancos). Não é branco, ainda não chegou no estágio sublime de branquitude que garante o direito à vida, oportunidades e cidadania, mas é prova viva da boa vontade e do esforço de se embranquecer tão valorizado por uma elite branca que, desde sempre, morre de medo dos pretos fazerem daqui o Haiti.

     Como fala Foucault, o poder, no estado moderno, não é negativo, ele é normatizador. Ou seja, estabelece normas de conduta, estéticas, discursivas, e beneficia aqueles que fazem o jogo. No caso do Brasil, o jogo da branquitude. Quanto mais branco você tentar ser, seja usando intervenções estéticas ou compartilhando o discurso político e social, mais “tolerável” você vai ser. Nisso, nós que somos claros, temos uma vantagem: o branqueamento estético é mais alcançável para nós. Mas nada disso garante que você vai passar de boa em uma sociedade racialmente hierarquizada, o embranquecimento é, sobretudo, uma mutilação. E pra quem ainda tem dúvidas, mutilação é sempre ruim ok? Não tem gradação de violência e mutilação. [...]


https://medium.com/@isabelapsena/o-n%C3%A3o-lugar-do-pardo 

A fluidez do texto é perceptível e garante ao leitor interesse por sua leitura pelo fato de serem inseridas expressões coloquiais, descontraídas, gerando atração muito mais pelo conteúdo do que pela forma.


Essa assertiva é comprovada no seguinte exemplo: 

Alternativas
Ano: 2022 Banca: FUVEST Órgão: USP Prova: FUVEST - 2022 - USP - Vestibular - 1ª Fase |
Q1994330 Português
“Eu quase fui um índio sacana, como meu tio. (...) Desses índio que são índio pela metade. Ou seja, qui nem índio, nem branco, nem cholo, nem negro, nem serrano, nem costeiro, nem camponês, nem equatoriano, nem estrangeiro, nem nada. Índio sacana, claro. Índio qu’está à vista de toda gente e ninguém vê, qu’está mesminho nas ruas todos os dias, caminhando pra lá pra cá, buscando trabalho nas porta de gente rica, de jardineiro, de mensageiro, cuidador de cachorros, saloneiro, caseiro, criador de crianças, de toda classe de trabalho. Chofer. O Equador está cheinho de índio sacana assim. Desse tipo d’índio que não é nada”. 
CARVALHO-NETO, Paulo de. Meu tio Atahualpa. Rio de Janeiro: Salamandra, 1978.
A expressão “índio sacana”, presente no texto, faz referência a: 
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FUVEST Órgão: USP Prova: FUVEST - 2022 - USP - Vestibular - 1ª Fase |
Q1994326 Português
Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte Porque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forte E tenho comigo pensado, Deus é brasileiro e anda do meu lado E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro 
Belchior. “Sujeito de sorte”.
Leia as seguintes afirmações a respeito da letra da música:
I - Os adjuntos adverbiais temporais remetem a um contraste entre passado e presente, o que reforça o caráter metafórico do texto.
II - A locução “apesar de” contribui para a expressão de um sentimento inesperado em relação ao sentido de “muito moço”.
III – As formas verbais “morri” e “morro”, embora se refiram a momentos distintos, apresentam sentido denotativo.

Está correto o que se afirma em:
Alternativas
Q2030440 Português

O Poeta da Roça


Sou fio das mata, cantô da mão grosa
Trabaio na roça, de inverno e de estio
A minha chupana é tapada de barro
Só fumo cigarro de paia de mio

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestrê, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola
Cantando, pachola, à percura de amô

Não tenho sabença, pois nunca estudei
Apenas eu seio o meu nome assiná
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre
E o fio do pobre não pode estudá

Meu verso rastero, singelo e sem graça
Não entra na praça, no rico salão
Meu verso só entra no campo da roça e
 [dos eito
E às vezes, recordando feliz mocidade
Canto uma sodade que mora em meu peito.
[...]
Eu canto o mendigo de sujo farrapo,
Coberto de trapo e mochila na mão,
Que chora pedindo o socorro dos home,
E tomba de fome, sem casa e sem pão.

E assim, sem cobiça dos cofre luzente,
Eu vivo contente e feliz com a sorte,
Morando no campo, sem vê a cidade,
Cantando as verdade das coisa do Norte.

Adaptada de ASSARÉ, Patativa do.
Cante lá que eu canto cá: Filosofia de um trovador
nordestino. 2. Ed. Petrópolis: Vozes, 1978.
Patativa do Assaré, apesar de ter inúmeros poemas publicados, não escrevia nenhum deles. Com habilidade inacreditável de memorização, o poeta decorava todos seus poemas. Todos os versos que hoje podemos ver são graças ao trabalho de outras pessoas que se empenharam em transcrever os poemas do poeta, seja ouvindo diretamente do poeta, seja através de gravações. Deste modo, sua poesia é fortemente marcada pela oralidade. No texto de Patativa do Assaré, aparecem expressões da fala popular como “Sou fio das mata, cantô da mão grosa” (linha 160), “Trabaio na roça, de inverno e de estio”, (linha 161) “Cantando, pachola, à percura de amô” (linha 167). Considerando este aspecto da poesia de Patativa do Assaré, atente para as seguintes afirmações:
I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita de estilo coloquial marcada pelo uso consciente de palavras próprias da fala. II. As expressões coloquiais utilizadas no texto revelam o lugar de onde veio o poeta e sua história, deixando claro que a poesia que produz é sobre as coisas simples da vida. III. O emprego destes coloquialismos revela a cultura local em que o autor está inserido.
Está correto o que se afirma em
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Q1797637 Português
Leia o poema de Jorge de Lima (1895-1953) para responder à questão. 

O acendedor de lampiões 

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente! 

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita: —
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!

(Antologia poética: Jorge de Lima, 2014.)
No contexto do poema, o verso “Parodiar o sol e associar-se à lua” (1a estrofe) expressa,
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Q1642827 Português
Leia a crônica a seguir, de Luis Fernando Veríssimo, e responda à questão:

Ser um tímido notório é uma contradição. O tímido tem horror a ser notado, quanto mais a ser notório. Se ficou notório por ser tímido, então tem que se explicar. Afinal, que retumbante timidez é essa, que atrai tanta atenção? Se ficou notório apesar de ser tímido, talvez estivesse se enganando junto com os outros e sua timidez seja apenas um estratagema para ser notado. Tão secreto que nem ele sabe. É como no paradoxo psicanalítico: só alguém que se acha muito superior procura o analista para tratar um complexo de inferioridade, porque só ele acha que se sentir inferior é doença.
Todo mundo é tímido, os que parecem mais tímidos são apenas os mais salientes. Defendo a tese de que ninguém é mais tímido do que o extrovertido. O extrovertido faz questão de chamar atenção para sua extroversão, assim ninguém descobre sua timidez. Já no notoriamente tímido a timidez que usa para disfarçar sua extroversão tem o tamanho de um carro alegórico. Daqueles que sempre quebram na concentração. Segundo minha tese, dentro de cada Elke Maravilha existe um tímido tentando se esconder e dentro de cada tímido existe um exibido gritando “Não me olhem! Não me olhem!”, só para chamar a atenção.
O tímido nunca tem a menor dúvida de que, quando entra numa sala, todas as atenções se voltam para ele e para sua timidez espetacular. Se cochicham, é sobre ele. Se riem, é dele. Mentalmente, o tímido nunca entra num lugar. Explode no lugar, mesmo que chegue com a maciez estudada de uma noviça. Para o tímido, não apenas todo mundo mas o próprio destino não pensa em outra coisa a não ser nele e no que pode fazer para embaraçá-lo.
O tímido vive acossado pela catástrofe possível. Vai tropeçar e cair e levar junto a anfitriã. Vai ser acusado do que não fez, vai descobrir que estava com a braguilha aberta o tempo todo. E tem certeza de que cedo ou tarde vai acontecer o que o tímido mais teme, o que tira o seu sono e apavora os seus dias: alguém vai lhe passar a palavra.
O tímido tenta se convencer de que só tem problemas com multidões, mas isto não é vantagem. Para o tímido, duas pessoas são uma multidão. Quando não consegue escapar e se vê diante de uma platéia, o tímido não pensa nos membros da platéia como indivíduos. Multiplica-os por quatro, pois cada indivíduo tem dois olhos e dois ouvidos. Quatro vias, portanto, para receber suas gafes. Não adianta pedir para a platéia fechar os olhos, ou tapar um olho e um ouvido para cortar o desconforto do tímido pela metade. Nada adianta. O tímido, em suma, é uma pessoa convencida de que é o centro do Universo, e que seu vexame ainda será lembrado quando as estrelas virarem pó.
VERISSIMO, Luis Fernando. Da Timidez. In: Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 111-112.
Acerca dos recursos linguístico-semânticos utilizados nos dois primeiros parágrafos da crônica, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2019 Banca: COMPERVE - UFRN Órgão: UFRN Prova: COMPERVE - 2019 - UFRN - Vestibular - Técnico em Massoterapia |
Q1401434 Português

O Texto  servirá de base para a questão.


TOMATE, O DIURÉTICO NATURAL


        Quem tem raízes italianas sabe que o tomate é um fruto indispensável no preparo de refeições. Ingrediente principal de molhos, ele faz parte do dia a dia dos brasileiros, acompanhando massas, cortado na salada, picado no vinagrete, batido na sopa ou até em forma de suco. Caqui, cereja, italiano, o que não faltam são opções para quem quiser variar no cardápio com ele, que sempre agrega sabor e saúde às mais diversas refeições.

        Porém, sua versatilidade não está só nos tipos. Muito saudável, é também uma boa escolha para quem busca prevenir uma série de doenças. É o caso do câncer de próstata: um estudo recente publicado na revista Molecular Cancer Research relacionou a ingestão de altos níveis de betacaroteno à prevenção do desenvolvimento de tumores na região. Outro fator de saúde associado ao seu consumo é a perda de peso. "O fruto auxilia no emagrecimento por ter baixo valor calórico. Possui ainda propriedades desintoxicantes, influenciando positivamente o funcionamento dos rins e promovendo efeito diurético, que aumenta a quantidade de líquido eliminado", explica a nutricionista Amanda Maffei (SP). Ela ressalta ainda que o fruto é capaz de combater o acúmulo da gordura localizada graças à sua ação anti-inflamatória.

        Uma das substâncias do tomate que traz benefícios ao organismo é o licopeno, um carotenoide que lhe dá a coloração vermelha. "Esse antioxidante combate os radicais livres, prevenindo o envelhecimento precoce e protegendo o sistema cardiovascular", pontua Amanda. O carotenoide também tem sido associado aos fatores de prevenção do câncer de próstata. Além disso, de acordo com a dermatologista Patrícia Mafra (SP), esse antioxidante ajuda no combate aos radicais livres e evita o envelhecimento precoce da pele causado pelos raios ultravioleta.


Vitaminas benéficas


Amanda destaca a forte presença das vitaminas A e C no tomate, nutrientes importantes para o sistema imunológico e para a visão, que tornam o consumo desse vegetal ainda mais recomendado. "Há também o magnésio, que age no metabolismo energético e no funcionamento das células, é relaxante muscular e equilibra a acidez sanguínea", acrescenta. Outra substância importante contida no vegetal é o cromo, que ajuda a regular os níveis de açúcar no sangue, como explica a nutricionista Regina Teixeira (SP). "O tomate contribui ainda para a redução do colesterol e a prevenção de infecções, além de eliminar ácido úrico do organismo", completa.


Cuidados importantes


        Para quem apresenta problemas digestórios, como a gastrite, a recomendação é tomar cuidado. "Esse é um alimento ácido, que aumenta a produção de ácido clorídrico, causando mais dor", adverte Amanda. Ela também alerta sobre a quantidade de potássio contida no tomate, que pode aumentar a formação de cálculos renais, principalmente para as pessoas que possuem essa predisposição.


        Em relação ao consumo, 100 g de tomate (algo como uma unidade grande) forneceriam cerca de 6% da dose diária recomendada de potássio para adultos. A maior ingestão do nutriente na dieta está associada a menores taxas de acidente vascular cerebral (AVC) e pode diminuir a incidência de doenças cardiovasculares. A nutricionista Regina recomenda incluí-lo no cardápio diariamente e acrescenta: "Existe uma vantagem no consumo cozido, porque nosso organismo absorve melhor o licopeno, especialmente quando regado com um fio de azeite".


Na hora da compra


        Quando for escolher o fruto ideal, opte sempre pelos mais firmes e vermelhos e higienize muito bem antes de consumir. "Todo tomate deve ser lavado em água corrente e, em seguida, ficar imerso por 15 minutos em um litro de água com uma colher cheia (sopa) de solução de hipoclorito de sódio. Depois desse tempo, enxágue em água corrente antes de consumir", indica a nutricionista Maria Eduarda MeIo (SP). No entanto, ela ressalta que essa higienização tem o objetivo de diminuir os riscos microbiológicos, mas não de el iminar resíduos de agrotóxicos. ''As melhores opções são o consumo de alimentos da época ou orgânicos", pondera.

VIEIRA, Mariana; TORETTA, Murilo. Tomate, o diurético natural. VIVASAÚDE. São Paulo: Editora Escala, Ed. 188, jan. 2019. p. 36-39. [Adaptado].

      

O texto apresenta uma linguagem
Alternativas
Ano: 2019 Banca: FUVEST Órgão: FUVEST Prova: FUVEST - 2019 - FUVEST - Vestibular - Primeira Fase |
Q1397984 Português

 amora                                          

 a palavra amora                          

  seria talvez menos doce               

 e um pouco menos vermelha      

 se não trouxesse em seu corpo  

(como um velado esplendor)      

  a memória da palavra amor         


   a palavra amargo                         

seria talvez mais doce              

e um pouco menos acerba       

se não trouxesse em seu corpo

(como uma sombra a espreitar)

 a memória da palavra amar       

Marco Catalão, Sob a face neutra.

Tal como se lê no poema,
Alternativas
Q1395969 Português

Leia os itens abaixo:


I – “A mulher baixou os olhos como que pedindo perdão”. (linhas 57-58)

II – “Maria queria tanto dizer ao filho que o pai havia mandado um abraço, um beijo, um carinho”. (linhas 158-160)

III – “Maria olhou saudosa e desesperada para o primeiro”. (linhas 102-104)

V – “Estavam todos armados com facas- -laser que cortam até a vida”. (linhas 153- 155)


Assinale a alternativa em que o sentido conotativo está presente:

Alternativas
Ano: 2019 Banca: Instituto Consulplan Órgão: FMO Prova: Instituto Consulplan - 2019 - FMO - Vestibular - 2º DIA DE PROVA - MEDICINA - TIPO 04 - AZUL |
Q1351812 Português
Após a leitura do poema a seguir, analise as assertivas que estão corretamente relacionadas a ele de acordo com as características apresentadas.
Canção amiga
Eu preparo uma canção, em que minha mãe se reconheça todas as mães se reconheçam e que fale como dois olhos. [...] Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas. Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças.
(ANDRADE, C. D. Novos Poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. Fragmento.)

I. É possível identificar que o texto tem como objetivo central a transmissão de uma orientação relevante ao leitor.
II. O exclusivo emprego de linguagem conotativa é elemento suficiente para a caracterização do texto como literário.
III. Sendo um texto literário, “Canção amiga” demonstra a exploração da capacidade significativa da língua para provocar determinada reação no leitor.

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s)
Alternativas
Ano: 2019 Banca: FUNDATEC Órgão: SEBRAE - SP Prova: FUNDATEC - 2019 - SEBRAE - SP - Vestibular - Graduação em Administração |
Q1321802 Português
Instrução: A questão pode referir-se ao texto abaixo; consulte-o, quando necessário. Os destaques ao longo do texto estão citados na questão.

Empreendedores e suas bolinhas de gude
Por Romero Rodrigues
(Fonte: https://www.istoedinheiro.com.br – 25/09/19 – texto adaptado)

Em relação à linguagem do texto, é correto afirmar que:
I. A linguagem é predominantemente denotativa, visto que os vocábulos são utilizados em seus significados básico e literal. II. A linguagem é predominantemente conotativa, em que as palavras, em sua maioria, ganham um novo significado no contexto de ocorrência. III. A informalidade da linguagem é precária, haja vista que os vocábulos contidos no texto são concentrados na sabedoria popular.
Quais estão corretas?
Alternativas
Ano: 2019 Banca: IF-PE Órgão: IF-PE Prova: IF-PE - 2019 - IF-PE - Vestibular |
Q1316475 Português
TEXTO 3

VILAREJO

Há um vilarejo ali
Onde areja um vento bom
Na varanda quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão

Terra de heróis, lares de mãe
Paraíso se mudou para lá
Por cima das casas cal

Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonhos semeando o mundo real
Toda a gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá

Vem andar e voa
Vem andar e voa
Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos
Os destinos e essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for

Compositores: Marisa Monte/Pedro Baby/Carlinhos Brown/Arnaldo Antunes

Em relação aos recursos de estilo no TEXTO 3, analise as afirmativas abaixo.

I. Os compositores optaram por empregar uma linguagem predominantemente denotativa, impessoal, o que comunga com o gênero em que se enquadra o TEXTO 3.

II. A seleção vocabular em pares como “varanda/descansa”, “fartos/fortes” e “sonhos/semeando” revela o emprego de figuras como aliteração e assonância, o que contribui para a sonoridade do texto.

III. No verso “Sonhos semeando o mundo real”, infere-se que os sonhos não se contrapõem à realidade; eles são importantes para a construção de um mundo mais justo.

IV. Uma interpretação possível para o TEXTO 3 é a de que o “Vilarejo” é uma metáfora de um lugar onde existam segurança e igualdade social.

V. Levando-se em consideração que o sufixo da palavra “Vilarejo” expressa uma ideia de pequeno tamanho, é um equívoco que nesse lugar não haja exclusão – “Toda a gente cabe lá”.

Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas

Alternativas
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2019 - UNESP - Vestibular |
Q1281743 Português

    — […] O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas. [...] Aparentemente, há nada mais contristador que uma dessas terríveis pestes que devastam um ponto do globo? E, todavia, esse suposto mal é um benefício, não só porque elimina os organismos fracos, incapazes de resistência, como porque dá lugar à observação, à descoberta da droga curativa. A higiene é filha de podridões seculares; devemo-la a milhões de corrompidos e infectos. Nada se perde, tudo é ganho.

(Quincas Borba, 2016.)

Está empregado em sentido figurado o termo sublinhado em:
Alternativas
Ano: 2019 Banca: VUNESP Órgão: UNESP Prova: VUNESP - 2019 - UNESP - Vestibular |
Q1281736 Português
Constituem exemplos de linguagem formal e de linguagem coloquial, respectivamente, as seguintes falas:
Alternativas
Q1263720 Português
Na oração “Figurinhas viram febre”, a expressão sublinhada é
Alternativas
Respostas
1: C
2: D
3: E
4: C
5: B
6: C
7: B
8: C
9: A
10: B
11: D
12: A
13: D
14: B
15: C
16: A
17: D
18: A
19: E
20: D