Questões de Vestibular
Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português
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Leia o poema a seguir, intitulado “As águas do Recife”, de João Cabral de Melo Neto:
Sobre o texto fazem-se as seguintes afirmativas:
I. Embora predomine a função poética da linguagem, há momentos em que se observa a função metalinguística.
II. No enunciado dos versos 1 e 2, observa-se a presença da figura de linguagem chamada metáfora.
III. Nos versos 6 e 11, ocorre a existência de outra figura de linguagem, que é a prosopopeia.
IV. No texto, a linguagem utilizada foge das formas cotidianas de expressão, abandonando, portanto, a lógica comunicativa.
V. Na última estrofe (versos 13 a 16), a figura de linguagem observada é a metonímia, mediante o emprego da causa pelo efeito.
Assinale a alternativa correta:



Em relação ao trecho transcrito de Taunay, considerem-se as seguintes afirmações: I – O coronel morreria pouco tempo depois do fato narrado no trecho. II – Taunay se comprometeu perante o coronel a narrar esse incidente posteriormente. III – O coronel se encontrava num ponto do rio em que a sua correnteza é caudalosa.
Leia a seguinte tirinha do humorista/ cartunista Quino:
Assinale a alternativa que melhor discute o efeito de humor contido na tirinha:
Ao chegar pediu o coronel que lhe dessem água do Apa e, ou porque lhe viessem à mente vagas reminiscências históricas, a propósito de caudais célebres, ou porque, após tanto abalo de espírito, experimentasse como que uma agitação febril, disse sorrindo: “Notemos a que hora provamos a água deste rio.” Puxou o relógio, bebeu e acrescentou a gracejar: “Desejo que este incidente seja consignado na história desta expedição, se algum dia a escreverem.” Pareceu empenhado que se lhe fizesse uma promessa em tal sentido. Foi o autor desta narrativa quem, em nome de todos, a tanto se comprometeu, e hoje o cumpre com religiosa exação porque a morte, de que estava o nosso chefe tão próximo, sabe, pela própria natureza enigmática, tudo enobrecer, tudo absolver e consagrar. É neste ponto o Apa correntoso; mas as grandes lajes que lhe calçam o leito como que convidam a entrar em suas belas águas. Foi o que fizeram muitos soldados; passaram vários para a outra margem a dizer que iam conquistar o Paraguai (TAUNAY, 2006, p. 74- 75). TAUNAY, Alfredo d'Escragnolle. A Retirada da Laguna. São Paulo: Edições Melhoramentos, 2006 (Fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Taunay em A Retirada da Laguna. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque: I. o narrador Taunay, embora não seguisse um roteiro organizado da viagem relata a realidade. Desta forma, constrói imagens fortes dos fatos vividos. Toda a imagem construída antes desse fato vivido por Taunay tem apenas a visão do Brasil litorâneo, caracterizado pela presença da Corte naquele local; através do relato ele consegue observar aspectos ainda não explorados e totalmente desconhecidos, usando da sua descrição com objetivo de informar. II. Visconde de Taunay (1843-1899) narra um episódio da Guerra do Paraguai, considerada a mais sangrenta da América do Sul. Sua obra destaca o cenário por onde ocorreu um fato histórico (Guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai) e é através desse sertão que Taunay mostra a possível busca pelo desconhecido, na qual o que se pode encontrar nem sempre é o que se imagina. III. ao narrar num estilo singelo o fracasso dessa expedição militar, Taunay nos leva a refletir sobre questões como heroísmo, honra e dever. Dos 1680 homens que invadiram o Paraguai, apenas 500 voltaram vivos para o Brasil.
Assinale a alternativa CORRETA:
I. Nesta coletânea de contos, as personagens - sejam adultos ou adolescentes - debatem-se nas cadeias de violência latente que podem emanar do círculo doméstico. Homens ou mulheres, os laços que os unem são, em sua maioria, elos familiares ao mesmo tempo de afeto e de aprisionamento. II. E, como se pouco a pouco se desnudasse uma estratégia, o cotidiano dos personagens de Laços de família, cuja primeira edição data de 1960, vai-se desnudando como um ambiente falsamente estável, em que vidas aparentemente sólidas se desestabilizam de súbito, justo quando o dia-a-dia parecia estar sendo marcado pela ameaça de nada acontecer. III. O texto de Clarice Lispector não costuma apresentar ilusória facilidade. Seu vocabulário não é simples, as imagens voltam-se para animais e plantas, quando não para objetos domésticos e situações da vida diária, com frequência numa voltagem de intenso lirismo.
Assinale a alternativa CORRETA:
Texto A
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas, e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?
MEIRELES, Cecília. Viagem. In: Obra poética. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1958. P. 10.
Texto B
Retrato
de agora a mil horas
o meu retrato
ainda estará aqui
quem aparece
onde pareço?
pouso de passagem
na fotografia
atrás do quadro
que me contorna
desapareço
quem comparece
na própria face?
poso de novo
(me encontra pronta
cada hora que mil)
de agora a mil horas
quem perece
no meu retrato?
CUNHA, Helena Parente. Moderna poesia Bahiana. In: ____Além de estar:
antologia poética. Rio de Janeiro: Imago Ed.; Salvador, BA: Fundação
Cultural do Estado da Bahia, 2000. p. 45
Sobre os poemas, é correto afirmar:
I. Ao uso da primeira pessoa, no poema de Cecília Meireles corresponde um processo de impessoalização no texto de Helena Parente.
II. Transformações físicas e emocionais decorrentes da passagem do tempo estão no texto de Cecília Meireles; no texto de Helena Parente, inferem-se permanências fixadas em fotografia apesar das transformações.
III. Em ambos os textos, há projeções temporais que anunciam transformações situadas num futuro próximo.
IV. No texto de Cecília Meireles, a interrogação final se relaciona com o passado; no texto de Helena Parente, a interrogação final se projeta para o futuro.
V. Em ambos os textos, há referências a transformações ocorridas no passado que se refletem no presente.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
ADONIAS FILHO. Um corpo sem nome. ____. O largo da Palma. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2014. p. 73 e p. 80.
Marque com V ou com F, conforme sejam, respectivamente, verdadeiras ou falsas as afirmativas sobre o texto, sobre a obra de onde foi retirado, ou sobre seu autor.
( ) O lembrar-se ou não se lembrar dos fatos ocorridos é um atributo do Largo da Palma, que se humaniza, ultrapassando a condição de cenário para a de partícipe dos fatos nele ocorridos.
( ) Do mesmo modo que neste, nos demais contos da obra O Largo da Palma, os fatos são narrados em primeira pessoa por um narrador não identificado, e os personagens não têm nome.
( ) Diferentemente dos demais contos da obra O Largo da Palma, neste conto, intitulado “Um corpo sem nome”, a narrativa é feita em terceira pessoa por um narrador onisciente, que testemunha a morte de uma mulher.
( ) O autor se caracteriza pelo uso de uma linguagem precisa, econômica, objetiva, um estilo áspero e seco, apesar de permeado de imagens sugestivas.
( ) Após a morte da mulher, o narrador, com a ajuda da polícia, consegue descobrir sua identidade, reconhecendo-a como uma prostituta com a qual se relacionara na juventude.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 36, p. 39 e p. 42.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 88, p. 89 e p. 90.
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 36, p. 39 e p. 42.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 88, p. 89 e p. 90.
Sobre a fala das mulheres, em cada um dos textos, é correto afirmar:
I. No texto A, diferentemente do texto B, a mulher expressa desespero e inconformidade com a morte do personagem.
II. No texto A, a fala da mulher faz referência à liderança religiosa do personagem, o que não ocorre no texto B.
III. Tanto no texto A como no texto B, as mulheres revelam, com a morte dos personagens principais, insegurança quanto ao futuro.
IV. No texto A, a mulher expressa seu vínculo amoroso com o personagem principal; já no texto B, o vínculo expresso é de natureza profissional.
V. Tanto no texto A como no texto B, as mulheres se revoltam contra as circunstâncias que causaram a morte dos personagens principais.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
AMADO, Jorge. Tenda dos Milagres. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 36, p. 39 e p. 42.
AMADO, Jorge. A morte e a morte de Quincas Berro Dágua. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. p. 88, p. 89 e p. 90.
TEXTO:
Senhora Dona Bahia,
nobre e opulenta cidade,
madrasta dos naturais,
e dos estrangeiros madre:
5 dizei-me por vida vossa
em que fundais o ditame
de exaltar os que aqui vêm
e abater os que aqui nascem?
MATOS, Gregório de. Descreve como os estrangeiros arruínam a Bahia. In: MENDES, Cleise Furtado. Senhora Dona Bahia. Salvador, EDUFBA, 1996. p. 88.
ESPINHEIRA, Gey. A cidade invisível e a cidade dissimulada. In: LIMA,
Paulo Costa (Org.) Quem faz Salvador? Salvador: UFBA, 2002. p. 24-34
(passim).
Há uma afirmação correta sobre as expressões destacadas e seu uso no texto em
I. Na linha 3, o termo “plenitude” significa originalidade, como atributo da cidade.
II. “descarnados” (l. 16) refere-se às paredes das casas, destituídas de revestimento.
III. “único ícone” (l. 29) é uma referência à impossibilidade de a cidade ser representada por um único signo.
IV. “hegemônica” (l. 66) é uma qualidade atribuída à cultura, por seu poder de eliminar oposições entre manifestações culturais de épocas diferentes.
V. A expressão “aos de fora” (l. 71) constitui uma remissão aos colonizadores portugueses que se apropriaram das manifestações culturais autóctones.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
ESPINHEIRA, Gey. A cidade invisível e a cidade dissimulada. In: LIMA,
Paulo Costa (Org.) Quem faz Salvador? Salvador: UFBA, 2002. p. 24-34
(passim).
A análise dos fragmentos do texto está correta em
I. A ideia sugerida pela expressão “peça de época” (l. 65-66) vai ser retomada e reforçada mais adiante, com a referência a negros, pardos e mulatos trabalhando e “fantasiados de negros” (l. 71-72).
II. A referência a “quadro temático da Disneylândia” (l. 74) reforça a ideia de qualidade e representatividade das manifestações culturais apresentadas para consumo de turistas.
III. O uso da expressão “desbotando a paisagem humana” (l. 49-50) estabelece um contraste com o “colorido vivíssimo” (l. 50) das fachadas do casario restaurado no Pelourinho.
IV. Em “multiplicar os espaços internos de suas moradias” (l. 46), há uma referência à ocupação dos espaços de habitação do Pelourinho pela “burguesia colonial e remanescente” (l. 43-44).
V. A expressão “mas também” (l. 77) estabelece um contraste que destaca os aspectos atraentes e fascinantes que integram o imaginário sobre a cidade de Salvador.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a
ESPINHEIRA, Gey. A cidade invisível e a cidade dissimulada. In: LIMA,
Paulo Costa (Org.) Quem faz Salvador? Salvador: UFBA, 2002. p. 24-34
(passim).
“A ilusão do Pelourinho negro/pardo/mulato chega mesmo a parecer verdadeira, tal é a vitalidade dos espetáculos e dos atores em cena para configurar, no cenário urbano colonial, a apresentação de uma peça de época.” (l. 62-66)
Marque com V ou com F, conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas que explicitam interpretações do trecho em destaque.
( ) A qualidade dos espetáculos e dos atores em cena, nas atividades culturais do Pelourinho, constrói a ilusão de empoderamento de negros, pardos e mulatos.
( ) O adjetivo “verdadeira” confirma e reforça o papel central e de destaque desempenhado por negros, pardos e mulatos no Pelourinho e na economia da cidade.
( ) Há uma falácia quanto ao domínio expressivo da população negra, parda ou mulata no cenário do Pelourinho, sugerida pela qualidade dos espetáculos apresentados.
( ) A dinâmica cultural apresentada no Pelourinho só se torna viável pela sua expressão num cenário urbano colonial preservado, onde se evidenciam marcas históricas verdadeiras.
( ) A expressão “peça de época” põe em destaque a simulação de que negros, pardos e mulatos têm domínio sobre as atividades culturais apresentadas no Pelourinho.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
baixo, é a
ESPINHEIRA, Gey. A cidade invisível e a cidade dissimulada. In: LIMA,
Paulo Costa (Org.) Quem faz Salvador? Salvador: UFBA, 2002. p. 24-34
(passim).
Sobre aspectos da cidade destacados no texto, está correto o que se afirma em
I. A singularidade da Cidade da Bahia está vinculada a seu papel histórico, reconhecido como o de superar as mazelas e heranças do colonialismo e da escravidão.
II. O autor desfaz uma imagem folclorizada da cidade, bastante difundida, de que o baiano é um povo lento, e sensual, voltado para a música e as festas, e pouco afeito ao trabalho.
III. No sétimo parágrafo, o autor apresenta os processos de substituição de grupos humanos numa parte da Velha Cidade, com a burguesia cedendo lugar aos pobres e a expulsão recente desses últimos.
IV. A população negro-mestiça de Salvador, através de sua herança histórico-cultural, conseguiu gradualmente superar os efeitos da escravidão, inserindo-se de forma autônoma e bem sucedida na economia do mercado turístico.
V. Apesar de pouco visível, na cidade do Salvador subjaz o domínio de uma cultura exógena, hegemônica e moderna, em detrimento da tradição afro-brasileira, que é utilizada apenas como fachada e elemento exótico para consumo externo.
A alternativa em que todas as afirmativas indicadas estão corretas é a