Questões de Vestibular
Sobre variação linguística em português
Foram encontradas 180 questões
Amigo, não tenha quêxa,
Veja que eu tenho razão
Em lhe dizê que não mêxa
Nas coisa do meu sertão.
Pois, se não sabe o colega
De quá manêra se pega
Num ferro pra trabaiá,
Por favô, não mêxa aqui,
Que eu também não mêxo aí,
Cante lá que eu canto cá.
Repare que a minha vida
É deferente da sua.
A sua rima pulida
Nasceu no salão da rua.
Já eu sou bem deferente,
Meu verso é como a simente
Que nasce inriba do chão;
Não tenho estudo nem arte,
A minha rima faz parte
Das obra da criação.
PATATIVA DO ASSARÉ. Cante lá que eu canto cá. Petrópolis: Vozes, 1992 (fragmento).
O coronel recusou a sopa.
— Que é isso, Juca? Está doente?
O coronel coçou o queixo. Revirou os olhos. Quebrou um palito. Deu um estalo com a língua.
— Que é que você tem, homem de Deus?
O coronel não disse nada. Tirou uma carta do bolso de dentro. Pôs os óculos. Começou a ler:
— Exmo. Snr. Coronel Juca.
— De quem é?
— Do administrador da Santa Inácia.
— Já sei. Geada?
— Escute. Exmo. Snr. Coronel Juca. Respeitosas Saudações. Em primeiro lugar Saudo-vos. V.Ecia. e D. Nequinha. Coronel venho por meio desta respeitosamente comunicar para V. E. que o cafezal novo agradeceu bastante as chuvarada desta semana. E tal e tal e tal. Me acho doente diversos incômodos divido o serviço.
— Coitado.
MACHADO, A. A. Notas biográficas do novo deputado. In: OLIVEIRA, N. Histórias de imigrantes. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado).
O Lavrador
Esse homem deve ser de minha idade – mas sabe muito mais coisas. Era colono em terras mais altas, se aborreceu com o fazendeiro, chegou aqui ao Rio Doce quando ainda se podia requerer duas colônias de cinco alqueires “na beira da água grande” quase de graça. Brocou a mata com a foice, depois derrubou, queimou, plantou seu café.
Explica-me: “Eu trabalho sozinho, mais o menino meu.” Seu raciocínio quando veio foi este: “Vou tratar de cair na mata; a mata é do governo, e eu sou fio do Estado, devo ter direito.” Confessa que sua posse até hoje não está legalizada: “Tenho de ir a Linhares, mas eu magino esse aguão...”
BRAGA, R. 200 crônicas escolhidas. Rio Janeiro: Record, 2004.
Aluísio Azevedo, O cortiço.
* ensarilhar-se: emaranhar-se.
** rezinga: resmungo.

Assum preto
Tudo em vorta é só beleza
Sol de abril e a mata em frô
Mas Assum preto, cego dos óio
Num vendo a luz, ai, canta de dô.
Tarvez por ignorança
Ou mardade das pió
Furaro os óio do Assum preto
Pra ele assim, ai, cantá mió.
Assum preto veve sorto
Mas num pode avuá
Mil vez a sina de uma gaiola
Desde que o céu, ai, pudesse oiá.
Assum preto, o meu cantar
É tão triste como o teu
Também robaro o meu amor
Que era a luz, ai, dos óio meu.
GONZAGA, L.; TEIXEIRA, H. Disponível em:
www.vagalume.com.br. Acesso em: 17 jul. 2014.
A língua portuguesa, como toda língua viva, agrega ao longo de seu desenvolvimento histórico elementos que marcam variações em seu sistema. Entretanto, algumas pessoas veem tais variações como “erros”. Percebe-se que o jornalista citado tem esse pensamento, pois, segundo a notícia, ele
A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma grande variedade de dialetos. Nesse sentido, a linguagem usada no texto

A questão está baseada no fragmento do conto O Alienista, da Machado de Assis, disponível
no site: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000231.pdf.
Texto 1
LHULLIER, Luciana. Onde mora sua muiteza? In: No coração da floresta (blog). 08 out. 2013 (adaptado).
Original disponível em: <https://contesdesfee.wordpress.com/page/2/>
Para responder à questão, marque (V) para as justificativas verdadeiras e (F) para as falsas, considerando as palavras ou expressões às quais se refere o advérbio “lá”.
( ) [...] Alice seguiu um coelho até sua toca e lá se viu em um espaço totalmente novo. (linhas 5 e 6) – “lá” significa “toca do coelho” ( ) É lá que ela [...] encontra velhos amigos [...]. (linha 14) – “lá” significa “toca do coelho” ( ) [...] você perdeu sua muiteza. Lá dentro. Falta alguma coisa. (linha 17) – “lá” significa “infância” ( ) Talvez tenha sido isso que ela fora até lá buscar. (linha 19) – “lá” significa “infância” ( ) Vagamos pelo mundo com alguma coisa faltando. Lá dentro. (linha 26) – “lá” significa “um espaço dentro de nós”
A sequência correta dessa associação, de cima para baixo, é

Texto 2
Será que os dicionários liberaram o ‘dito-cujo’?
Por Sérgio Rodrigues
Brasileirismo informal, termo não está proibido, mas deve ser usado de forma brincalhona
O registro num dicionário não dá certificado automático de adequação a expressão alguma: significa apenas que ela é usada com frequência suficiente para merecer a atenção dos lexicógrafos.
O substantivo “dito-cujo”, que substitui o nome de uma pessoa que já foi mencionada ou que por alguma razão não se deseja mencionar, é um brasileirismo antigo e, de certa forma, consagrado, mas aceitável apenas na linguagem coloquial.
Mais do que isso: mesmo em contextos informais seu emprego deve ser sempre “jocoso”, ou seja, brincalhão, como anotam diversos lexicógrafos, entre eles o Houaiss e o Francisco Borba. Convém que quem fala ou escreve “dito-cujo” deixe claro que está se afastando conscientemente do registro culto.
Exemplo: “O leão procurou o gerente da Metro e se ofereceu para leão da dita-cuja, em troca de alimentação”, escreveu Millôr Fernandes numa de suas “Fábulas fabulosas”.
(http://veja.abril.com.br/blog/sobrepalavras/consultorio/sera-que-os-dicionarios-liberaram-odito-cujo/>. Acesso em 13/11/2015. Texto adaptado)
ANDRADE. Carlos Drummond de. Prece do brasileiro. Disponível em: <http://www.memoriaviva.com.br/drummond/poema064.htm>
A linguagem do texto caracteriza-se pelo uso