Questões de Vestibular de Português - Variação Linguística

Foram encontradas 182 questões

Q1362644 Português
TEXTO 1
Sair ou não sair, eis a questão!

Entrevista com Dr.ª Olga Inês Tessari



(Texto adaptado. Disponível em <http://olgatessari.com/id225.htm >. Acesso em 28/05/2013.)

TEXTO 2
Sair de casa requer planejamento e maturidade
Eduardo Gois
Dependência dos filhos revela pais despreparados para nova realidade 



(Texto adaptado. Disponível em <http://jornalsantuario.wordpress.com/2012/07/26/sair-de-casarequer-planejamento-e-maturidade/>. Acesso em 28/05/2013.)

TEXTO 3
No dia em que eu saí de casa
Intérpretes: Zezé Di Camargo e Luciano
      No dia em que eu saí de casa,
      Minha mãe me disse:
      – Filho, vem cá!

5    Passou a mão em meus cabelos,
      Olhou em meus olhos,
      Começou falar:

      – Por onde você for, eu sigo
10  Com meu pensamento,
      Sempre onde estiver.

      – Em minhas orações,
      Eu vou pedir a Deus
15  Que ilumine os passos seus.

      Eu sei que ela nunca compreendeu
      Os meus motivos de sair de lá.

20  Mas ela sabe que, depois que cresce,
      O filho vira passarinho e quer voar.

      Eu bem queria continuar ali,
      Mas o destino quis me contrariar.
25
      E o olhar de minha mãe na porta
      Eu deixei, chorando a me abençoar.

      A minha mãe, naquele dia,
30  Me falou do mundo como ele é.

      Parece que ela conhecia
      Cada pedra em que eu iria pôr o pé.

35  E sempre ao lado do meu pai,
      Da pequena cidade ela jamais saiu.

      Ela me disse assim:
      – Meu filho, vá com Deus,
40  Que este mundo inteiro é seu.
                                        (...)

(Texto adaptado. Disponível em <http://zeze-di-camargo-eluciano.musicas.mus.br/letras/85384>. Acesso em 28/05/2013.)

Assinale o que for correto, considerando a leitura dos textos 1, 2 e 3.
No texto 3, evidencia-se o uso coloquial da linguagem na sequência textual “Filho, vem cá!” (linha 3), se a confrontarmos com a sequência “Por onde você for, eu sigo” (linha 9), pois, segundo as normas da língua culta escrita, a primeira sequência deveria ser assim construída: “Filho, venha cá”, para se adequar ao tratamento “você”.
Alternativas
Q1362642 Português
TEXTO 1
Sair ou não sair, eis a questão!

Entrevista com Dr.ª Olga Inês Tessari



(Texto adaptado. Disponível em <http://olgatessari.com/id225.htm >. Acesso em 28/05/2013.)

TEXTO 2
Sair de casa requer planejamento e maturidade
Eduardo Gois
Dependência dos filhos revela pais despreparados para nova realidade 



(Texto adaptado. Disponível em <http://jornalsantuario.wordpress.com/2012/07/26/sair-de-casarequer-planejamento-e-maturidade/>. Acesso em 28/05/2013.)

TEXTO 3
No dia em que eu saí de casa
Intérpretes: Zezé Di Camargo e Luciano
      No dia em que eu saí de casa,
      Minha mãe me disse:
      – Filho, vem cá!

5    Passou a mão em meus cabelos,
      Olhou em meus olhos,
      Começou falar:

      – Por onde você for, eu sigo
10  Com meu pensamento,
      Sempre onde estiver.

      – Em minhas orações,
      Eu vou pedir a Deus
15  Que ilumine os passos seus.

      Eu sei que ela nunca compreendeu
      Os meus motivos de sair de lá.

20  Mas ela sabe que, depois que cresce,
      O filho vira passarinho e quer voar.

      Eu bem queria continuar ali,
      Mas o destino quis me contrariar.
25
      E o olhar de minha mãe na porta
      Eu deixei, chorando a me abençoar.

      A minha mãe, naquele dia,
30  Me falou do mundo como ele é.

      Parece que ela conhecia
      Cada pedra em que eu iria pôr o pé.

35  E sempre ao lado do meu pai,
      Da pequena cidade ela jamais saiu.

      Ela me disse assim:
      – Meu filho, vá com Deus,
40  Que este mundo inteiro é seu.
                                        (...)

(Texto adaptado. Disponível em <http://zeze-di-camargo-eluciano.musicas.mus.br/letras/85384>. Acesso em 28/05/2013.)

Assinale o que for correto, considerando a leitura dos textos 1, 2 e 3.
A linguagem usada nos textos 1 e 2 aponta para o registro culto da língua portuguesa escrita, enquanto o texto 3, devido aos seus objetivos e às suas finalidades, apresenta marcas de oralidade, adequando-se ao seu contexto de uso.
Alternativas
Q1357878 Português
Assinale a alternativa na qual o enunciado expressa um nível de linguagem coloquial:
Alternativas
Ano: 2015 Banca: FAG Órgão: FAG Prova: FAG - 2015 - FAG - Vestibular - Segundo Semestre |
Q1356845 Português
Texto 3


Um dos maiores mitos propagados por aí é o de que dois raios não caem no mesmo lugar. Mas não dê ouvidos a tudo o que lhe dizem. Em áreas de grande incidência, podem cair não somente dois, mas diversos raios. Prova disso é o Cristo Redentor, agraciado por seis raios por ano, em média, de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). E o Empire State Building, em Nova York, que recebe 25 descargas, sendo que já aconteceu de o topo do prédio ser atingido oito vezes em apenas oito minutos.
A chance de uma pessoa ser atingida diretamente por um raio é muito baixa, em termos estatísticos: é menor do que um para um milhão. O que não é motivo para baixar a guarda. Se você estiver em uma área descampada (como uma praia ou campo de futebol) durante uma tempestade forte, a probabilidade é bem maior: de um para mil. Isso porque o seu corpo acaba se transformando em para-raios nessas situações.
Raios são descargas elétricas de grande intensidade que conectam as nuvens de tempestade e o solo. Ou seja: para que eles ocorram, é necessário haver uma nuvem carregada de partículas com carga negativa (geradas pelo choque das partículas de gelo) e um solo repleto de partículas com carga positiva. Como os campos elétricos costumam se acumular em extremidades, não é de se estranhar que arranha-céus, monumentos pontiagudos, copas de árvores e cabeças sejam mais vulneráveis.
É bom lembrar que relâmpago é o nome genérico que se dá às descargas elétricas, mas os raios são só os que se conectam ao solo. E o trovão? É o som produzido pelo ar que se aquece e se expande rapidamente na região em que circula a corrente elétrica do raio.
http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/
O segmento que mostra um tipo de variedade de linguagem diferente dos demais é:
Alternativas
Q1355501 Português
Do texto, pode-se considerar:

I - Ambiguidade, tendo em vista o uso de duplo sentido das palavras “carola” e “corola”.
II - Que no verso cinco as palavras “corola” e “flor” são consideradas cognatas.
III - Paralelismo sintático, no verso oito, em razão da reiteração das estruturas lexicais em ritmo cadenciado.
IV - Que nos versos onze e doze, não se leva em conta o fenômeno da variação linguística e suas implicações no uso da língua.

Analise as proposições e marque a alternativa que apresenta a(s) correta(s).
Alternativas
Q1355499 Português
Na charge acima:

( ) A palavra “bicha”, muito comum no uso da linguagem coloquial, foi usada no sentido de nomear um objeto estranho para a personagem.
( ) Há referência à leitura imprecisa do “código de barras”, provocando um efeito de humor.
( ) A expressão “HMMM...” é um recurso de linguagem utilizado para repetir um mesmo som consonantal.
( ) Apresenta-se uma interação verbal conflituosa em consequência da ausência de envolvimento com as múltiplas práticas de leituras.

Analise as proposições e coloque V para as verdadeiras e F para as falsas. Marque a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFVJM-MG Órgão: UFVJM-MG Prova: UFVJM-MG - 2017 - UFVJM-MG - Vestibular - SASI - Segunda Etapa |
Q1354049 Português

Texto 


Este quadro, retirado do livro "A Língua de Eulália", de Marcos Bagno, apresenta uma comparação entre termos em Latim e suas formas correspondentes no Português-padrão moderno. Utilize-o como base para responder à questão.



Fonte: Bagno, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

O fenômeno apresentado nesse quadro também pode ocorrer na relação entre variantes cultas e populares do Português do Brasil.

ASSINALE a alternativa que contém apenas termos pertencentes a variantes não padrão da Língua que, de modo fonologicamente similar aos casos apresentados no quadro proposto por Bagno, sofreram redução da consoante nasal final:

Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFVJM-MG Órgão: UFVJM-MG Prova: UFVJM-MG - 2017 - UFVJM-MG - Vestibular - SASI - Segunda Etapa |
Q1354048 Português

Texto 


Este quadro, retirado do livro "A Língua de Eulália", de Marcos Bagno, apresenta uma comparação entre termos em Latim e suas formas correspondentes no Português-padrão moderno. Utilize-o como base para responder à questão.



Fonte: Bagno, M. A língua de Eulália: novela sociolinguística. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2001.

ASSINALE a alternativa correta.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFVJM-MG Órgão: UFVJM-MG Prova: UFVJM-MG - 2017 - UFVJM-MG - Vestibular - SASI - Primeira Etapa |
Q1353863 Português

Texto II



Fonte: https://istoe.com.br/326665_VITIMAS+DA+DEPENDENCIA+DIGITAL/ Acesso em 8 de maio de 2018. Adaptado.

Leia estas passagens do texto II:
■ “Não use o Twitter como chat”. ■ “Nunca tuíte mais de 15 vezes ao dia”. ■ “Não retuíte exatamente tudo, mesmo que achar interessante” ■ “Compartilhe fatos de sua vida pessoal e também os links sobre outros assuntos que considerar interessantes”.

Considerando as palavras sublinhadas, ASSINALE a alternativa que indica os processos de inserção dessas palavras na Língua Portuguesa, respectivamente:
Alternativas
Ano: 2017 Banca: UFVJM-MG Órgão: UFVJM-MG Prova: UFVJM-MG - 2017 - UFVJM-MG - Vestibular - SASI - Primeira Etapa |
Q1353860 Português

Analise esta charge para responder as questões de 1 a 3.


Texto I



Fonte: www.cartunista.com.br. Acesso em 8 de maio de 2018.

Sobre o uso das variantes linguísticas no texto I, é CORRETO afirmar que:
Alternativas
Q1353369 Português

Leia o poema do poeta árcade Cláudio Manoel da Costa.


VIII

Este é o rio, a montanha é esta,

Estes os troncos, estes os rochedos;

São estes inda os mesmos arvoredos;

Esta é a mesma rústica floresta.


Tudo cheio de horror se manifesta,

Rio, montanha, troncos, e penedos;

Que de amor nos suavíssimos enredos

Foi cena alegre, e urna é já funesta.

Oh quão lembrado estou de haver subido

Aquele monte, e as vezes, que baixando

Deixei do pranto o vale umedecido!


Tudo me está a memória retratando;

Que da mesma saudade o infame ruído

Vem as mortas espécies despertando.


(MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através de textos. São Paulo: Cultrix, 1986.) 

A respeito da construção do poema, assinale a afirmativa INCORRETA.
Alternativas
Ano: 2006 Banca: UFMT Órgão: UFMT Prova: UFMT - 2006 - UFMT - Vestibular - Primeira Fase |
Q1353366 Português

Os textos abaixo fazem parte da campanha publicitária de uma empresa fabricante de produtos eletrônicos.


TEXTO I


Noel querido,


No próximo dia 24 vou oferecer uma ceia para alguns amigos em minha casa, em petit comitê. Eu adoraria poder contar com a sua presença. E, se você quiser trazer um presente para a anfitriã, não vou me importar, pelo contrário, até dou uma sugestão: você já viu a nova linha de monitores de plasma da Gradiente? É um must! Design clean, tecnologia de última geração. Ficaria o máximo ao lado de minhas obras modernistas. Apenas um pedido, querido. Por favor, não entre pela chaminé para não assustar os convidados. Um beijo.


____________________

Seu nome


TEXTO II


E aí, Papai Noel, Belê?


A parada é a seguinte: eu, ___________________, tô muito a fim, a finzaço mesmo, de ter um Mini System Titanium da Gradiente no meu quarto, aquele que reproduz MP3 com 5.000 Watts de potência, tá ligado? Sabe como é: eu queimo uns CDs MP3, convido a mina para ouvir um som da hora, a gente troca umas idéias e aí, meu velho, você tá ligado, né? E então? Quebra essa pra mim, mano. O senhor, que já tá velhinho, não sabe como é difícil hoje em dia agradar a mulherada.


(VEJA, dezembro de 2003.) 

Sobre a linguagem utilizada nos textos I e II, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

( ) A coloquialidade no texto I é marcada, por exemplo, pela busca de proximidade com o destinatário e por algumas escolhas lexicais; a norma padrão é predominante, como exemplifica o trecho Por favor, não entre pela chaminé para não assustar os convidados. ( ) A oralidade permeia o texto II de forma marcante, como mostram os trechos E aí, Papai Noel? Belê?, e aí, meu velho, você já ta ligado, né?, tô muito a fim, tô a finzaço mesmo. ( ) No texto II, o jovem não se dirige a Papai Noel de forma polida, respeitosa, pois utiliza gírias, como tá ligado, quebra essa e refere-se a ele como mano e meu velho. ( ) O uso, no texto I, de estrangeirismos – em petit comité, must – revela a imagem que a senhora pretende passar ao Papai Noel.

Assinale a seqüência correta.
Alternativas
Ano: 2015 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2015 - Esamc - Vestibular |
Q1353064 Português
Marginalzinho: a socialização de uma elite vazia e covarde

Parada em um sinal de trânsito, uma cena capturou minha atenção e me fez pensar como, ao longo da vida, a segregação da sociedade brasileira nos bestializa.

por Rosana Pinheiro-Machado — publicado 27/01/2015 15:08, última modificação 27/01/2015 15:44


     Era a largada de duas escolas que estavam situadas uma do lado da outra, separadas por um muro altíssimo de uma delas. Da escola pública saíam crianças correndo, brincando e falando alto. A maioria estava desacompanhada e dirigia-se ao ponto de ônibus da grande avenida, que terminaria nas periferias. Era uma massa escura, especialmente quando contrastada com a massa mais clara que saía da escola particular do lado: crianças brancas, de mãos dadas com os pais, babás ou seguranças, caminhando duramente em direção à fila de caminhonetes. Lado a lado, os dois grupos não se misturavam. Cada um sabia exatamente seu lugar. Desde muito pequenas, aquelas crianças tinham literalmente incorporado a segregação à brasileira, que se caracteriza pela mistura única entre o sistema de apartheid racial e o de castas de classes. Os corpos domesticados revelavam o triste processo de socialização ao desprezo, que tende a só piorar na vida adulta.
     Mas eis que, de repente, um menino negro, magro e sorridente, ousou subverter as regras tácitas. Brincando de correr em ziguezague, ele “invadiu” a área branca e se esbarrou num menino que, imediatamente, se agarrou desesperadamente no braço da mulher que lhe buscara. Foi um reflexo automático do medo. O menino “invasor” fez um gesto de desculpas – algo como “foi mal” -, e voltou a correr entre os seus, enquanto que a outra criança seguia petrificada.
     No olhar do menino “invadido”, havia um misto de medo, de raiva, mas principalmente, de nojo – como que se a outra criança tivesse uma doença altamente contagiosa. Não é difícil imaginar o impacto de esse olhar no inconsciente do menino negro e pobre. Este aprendia, desde muito cedo, que era um intocável, que vivia em uma sociedade na qual seu corpo, na esfera pública, valia menos que o de um menino da mesma idade, que ainda não tinha nenhum mérito conquistado, apenas privilégios herdados. As consequências desse gesto minúsculo serão trágicas para o menino "invadido", pois é vítima da ignorância social. Mas será muito mais trágica para quem é negro e desprovido de capital econômico, social e cultural. Para que essa criança não se corrompa no futuro, ela precisa ser salva do olhar de nojo.
     É possível que, por meio de leitura e mistura, o menino amedrontado se engrandeça politicamente no futuro, se liberte do muro que lhe protege e dispense o braço da babá. Mas, infelizmente, há uma tendência grande de que ele, cercado por medo e preconceito, passe o resto de sua existência se protegendo do “marginalzinho”. Pivetes, favelados, fedorentos: isso é tudo que ele ouve sobre seus vizinhos. Trata-se de uma verdade histórica a priori, para além da qual não se consegue pensar. Essas categorias compõem o discurso forjado sobre a pobreza, que, em última instância, visa à intervenção e à manutenção do poder. Reproduzindo este discurso, então, o menino tornar-se-á um adulto. Ele blindará seu carro, colocará alarme em sua casa, pedirá a morte de traficantes. Dirá que rolezinho é arrastão, pedirá mais polícia e curtirá a vida em camarotes. Pode ser até que ele peça a volta da ditadura. Achando que é um cidadão de bem que age contra a marginalidade do mal, forma-se um perfeito idiota.
(Adaptado de , 27/01/2015. Disponível em Carta Capital http://www.cartacapital.com.br/sociedade/marginalzinho-asocializacao-de-uma-elite-vazia-e-covarde-3514.html)
Ainda no segundo parágrafo, a expressão “foi mal”:
Alternativas
Q1350245 Português
Charge

Assinale a alternativa correta quanto ao que se afirma da charge.
Em “Te demitir”, tem-se o exemplo do emprego de informalidade entre os interlocutores.
Alternativas
Ano: 2013 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2013 - Esamc - Vestibular |
Q1348049 Português

Texto para a questão.


    No grande dia Primeiro de Maio, não eram bem seis horas e já o 35 pulara da cama, afobado. Estava bem disposto, até alegre, ele bem afirmara aos companheiros da Estação da Luz que queria celebrar e havia de celebrar.

    Os outros carregadores mais idosos meio que tinham caçoado do bobo, viesse trabalhar que era melhor, trabalho deles não tinha feriado. Mas o 35 retrucava com altivez que não carregava mala de ninguém, havia de celebrar o dia deles. E agora tinha o grande dia pela frente.

[...]

    Abriu o jornal. Havia logo um artigo muito bonito, bem pequeno, falando na nobreza do trabalho, nos operários que eram também os “operários da nação”, é isso mesmo. O 35 se orgulhou todo comovido. Se pedissem pra ele matar, ele matava roubava, trabalhava grátis, tomado dum sublime desejo de fraternidade, todos os seres juntos, todos bons... Depois vinham as notícias. Se esperavam “grandes motins” em Paris, deu uma raiva tal no 35. E ele ficou todo fremente, quase sem respirar, desejando “motins” (devia ser turumbamba) na sua desmesurada força física, ah, as ruças de algum... polícia? polícia. Pelo menos os safados dos polícias.

    Pois estava escrito em cima do jornal: em São Paulo a Polícia proibira comícios na rua e passeatas, embora se falasse vagamente em motins de tarde no Largo da Sé. Mas a polícia já tomara todas as providências, até metralhadoras, estavam em cima do jornal, nos arranha-céus, escondidas, o 35 sentiu um frio. O sol brilhante queimava, banco na sombra? Mas não tinha, que a Prefeitura, pra evitar safadez dos namorados, punha os bancos só bem no sol. E ainda por cima era aquela imensidade de guardas e polícias vigiando que nem bem a gente punha a mão no pescocinho dela, trilo. Mas a Polícia permitiria a grande reunião proletária, com discurso do ilustre Secretário do Trabalho, no magnífico pátio interno do Palácio das Indústrias, lugar fechado! A sensação foi claramente péssima. Não era medo, mas por que que a gente havia de ficar encurralado assim! é! E pra eles depois poderem cair em cima da gente, (palavrão)! Não vou! não sou besta! Quer dizer: vou sim! desaforo! (palavrão), socos, uma visão tumultuaria, rolando no chão, se machucava mas não fazia mal, saíam todos enfurecidos do Palácio das Indústrias, pegavam fogo no Palácio das Indústrias, não! a indústria é a gente, “operários da nação” pegavam fogo na igreja de São Bento mais próxima que era tão linda por “drento”, mas pra que pegar fogo em nada!

(Mário de Andrade. “Primeiro de Maio” in Contos novos)

No conjunto da obra de Mário de Andrade, destaca-se uma quase militância pelo uso, na literatura, de uma língua próxima àquela que se fala nas ruas. Um exemplo de aproximação com a oralidade do cotidiano pode ser encontrado na alternativa:
Alternativas
Ano: 2013 Banca: Esamc Órgão: Esamc Prova: Esamc - 2013 - Esamc - Vestibular |
Q1348042 Português
Um olhar estrangeiro
Vanessa Jurgenfeld


    Há anos, o americano James Green se dedica ao ensino de história do Brasil na Universidade Brown, nos Estados Unidos. Em junho, ele desembarcou no Rio de Janeiro para o que seria apenas mais um simpósio internacional, mas foi surpreendido pela magnitude das manifestações de rua que tornariam junho um mês histórico. Green não teve dúvidas: com as atividades da conferência suspensas um pouco mais cedo, decidiu ouvir de perto as vozes das ruas.
    Assim como Green, outros brasilianistas passaram pelo país nos últimos dias. O historiador Bryan McCann, da Universidade Georgetown, e o economista Werner Baer, da Universidade de Illinois. Aproveitando as férias de verão nos Estados Unidos e o recesso das aulas, visitaram o Brasil para tocar pesquisas sobre assuntos como favelas no Rio e infraestrutura. Depararam-se, porém, com as manifestações, e agora tentam interpretar suas causas e possíveis consequências.
    Green faz ressalvas a comparações internacionais. Para ele, os pesquisadores têm grande dificuldade para analisar os fatos de fora porque, muitas vezes, não entendem as complexidades internas dos países. “Achei inadequadas as análises que imediatamente fizeram analogias com o Oriente Médio. A única coisa em comum é que se usou o mesmo meio [o Facebook] para a mobilização.” Segundo ele, as ansiedades e as preocupações dos manifestantes são totalmente diferentes. “Não dá para comparar o regime autoritário que estava no Egito antes da “Primavera Árabe” com o Brasil, que antes das manifestações tinha um governo com 70% de aprovação.”
    Diferentemente de Green, McCann e Baer acreditam que a onda global recente de protestos indica que o Brasil pode não ser um caso único. Para McCann, comparações com os episódios na Turquia e mesmo com o movimento Occupy Wall Street, que ocorreu nos Estados Unidos em 2011, são pertinentes. “Certamente, as características brasileiras são um pouco diferentes. Mas as manifestações deixam claro que a mídia social e a comunicação instantânea ajudam a espalhar um modo de agir, ajudam a levantar pessoas.” Numa comparação com a Turquia, McCann diz que, embora o Brasil seja “muito mais democrático”, o perfil dos manifestantes é similar. “É uma faixa parecida da população - os jovens -, e o que se poderia chamar de nova classe média. São manifestações de consumidores e de cidadãos que estão exigindo um nível melhor de serviços do governo e de transparência.” Assim como no Occupy Wall Street, McCann identifica nas manifestações no Brasil uma insatisfação com a distribuição de renda e o entendimento de que o crescimento econômico em si não é bom para todo mundo. No Brasil, apesar de a desigualdade cair nos últimos 20 anos, o fato é que alguns enriquecem muito mais rapidamente e de forma mais expressiva do que a maioria, que continua com problemas cotidianos de saúde e transporte público, e não vai comprar mais a ideia de que tudo está ótimo porque tem as Olimpíadas e a Copa do Mundo.” Para o historiador Bryan McCann, as mobilizações acabaram com a utopia de que o Brasil tinha resolvido todos os seus problemas. Baer concorda que as manifestações no Brasil não devem ser vistas de maneira isolada. Mas diz que aqui parece existir insatisfação com questões específicas, como o reaparecimento da inflação e os atrasos em obras de infraestrutura. “É uma mistura de fatos que deixou a população insatisfeita. Não tenho uma teoria nova, são as mesmas especulações que todo mundo está fazendo. Combinando essas insatisfações em geral com o acesso à rede social, resulta esse tipo de acontecimento.” Mas o que o deixou um pouco surpreso é que, embora haja uma taxa de crescimento baixa da economia brasileira, o desemprego - que vem sendo objeto de manifestações em diversos países desenvolvidos - não aumentou. “Então, é muito difícil saber exatamente o que acontece. Acho que ninguém tem uma teoria certa. Nenhuma pessoa honesta pode dizer exatamente: “eu sei a causa de tudo isso””.
    Os brasilianistas observam diferenças nas atitudes dos governos dos diferentes países frente às manifestações. “De certa maneira, o governo brasileiro está reagindo”, diz Baer. “Parece que a presidente Dilma Rousseff sabe que alguma coisa precisa ser feita para atender às reivindicações. McCann concorda que o governo brasileiro procura responder aos protestos, diferentemente do que faz o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, “que está tapando os ouvidos”. A presidenta Dilma, segundo ele, está acenando para o movimento popular. “Se vai dar em alguma coisa, não sei. A reforma política é necessária e isso está claro há uns dez anos. Green argumenta que, para se compreender o encadeamento de protestos no Brasil, é preciso pensar na relação com “as promessas de uma social-democracia justa e ampla que não estão sendo cumpridas por um governo que diz que tudo está melhorando”. A energia política liberada nas ruas, em diferentes manifestações de insatisfação, precisaria, num processo de desdobramento natural, ser combinada com um vigor correspondente na realização das mudanças reclamadas. Os protestos poderão incentivar uma disputa mais acirrada na próxima eleição presidencial. “Acho que a percepção é de que vai haver mais competição política e que a reeleição de Dilma não está garantida. Agora há realmente um debate, o que também é algo positivo”, diz McCann.
(Adaptado de Valor Econômico, 19/07/2013, pp. 11-13.)
Apesar de voltado para a área das finanças, o texto acima foi publicado em um veículo destinado à vulgarização das informações sobre o mercado. Assim, é pertinente o uso de linguagem que se aproxime à oralidade. É possível encontrar esse tipo de estrutura em:
Alternativas
Ano: 2011 Banca: COMPERVE - UFRN Órgão: UFRN Prova: COMPERVE - 2011 - UFRN - Vestibular - 2º DIA - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS |
Q1347251 Português
Considerando o tema apresentado no texto 4, os autores,
Alternativas
Ano: 2011 Banca: COMPERVE - UFRN Órgão: UFRN Prova: COMPERVE - 2011 - UFRN - Vestibular - 2º DIA - CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS |
Q1347249 Português
Com relação ao uso diferenciado da língua,
Alternativas
Q1346689 Português
Cada língua é um conjunto heterogêneo de falares, cujas variações ocorrem em todos os níveis. “Saudosa maloca” é um exemplo de variação. Adoniran Barbosa, autor da letra da música “Saudosa maloca”, é conhecido por criar composições inspiradas nas suas próprias vivências. Leia o fragmento seguinte:
Imagem associada para resolução da questão
O verso que exemplifica variação no nível morfossintático e no fonológico é
Alternativas
Ano: 2012 Banca: Universidade Presbiteriana Mackenzie Órgão: MACKENZIE Prova: Universidade Presbiteriana Mackenzie - 2012 - MACKENZIE - vestibular |
Q1343469 Português

Texto para a questão


Machado de Assis, A mão e a luva
Considere os seguintes traços de estilo:

I. Evidência de metáforas na composição do discurso descritivo.
II. Marca linguística que denuncia a presença do interlocutor no texto.
III. Sinais explícitos de reflexão metalinguística, ou seja, discurso que tematiza o próprio fazer literário.

No texto,
Alternativas
Respostas
41: C
42: C
43: D
44: C
45: C
46: B
47: D
48: B
49: C
50: B
51: E
52: B
53: E
54: C
55: B
56: B
57: B
58: A
59: D
60: A