A charge, que caracteriza o processo político eleitoral no...

A Primeira República (1889-1930), também conhecida como República Velha, foi marcada pela concentração de poder nas mãos das oligarquias agrárias, especialmente aquelas do Sudeste e Nordeste. Durante esse período, o sistema político brasileiro era essencialmente oligárquico, com o poder sendo controlado por uma elite rural que mantinha sua hegemonia através de práticas como o coronelismo, o clientelismo e o controle do voto. Apesar de o regime ter características que aparentavam ser liberais e democráticas, como a existência de eleições, a manipulação do processo eleitoral e o uso de mecanismos como o voto de cabresto garantiam que os interesses dessas oligarquias fossem preservados.

Um dos principais mecanismos utilizados para manter o poder foi a chamada "política dos governadores", uma aliança entre o governo federal e as elites regionais, na qual o presidente apoiava os interesses dos governadores e, em troca, recebia apoio político nas eleições. As eleições durante a Primeira República eram amplamente manipuladas, com práticas fraudulentas e a compra de votos sendo comuns. Essa manipulação servia para manter o controle sobre as instituições políticas e garantir a continuidade do domínio das oligarquias rurais, especialmente em estados como São Paulo e Minas Gerais, que alternavam na presidência, prática conhecida como "política do café com leite".

O Brasil durante a Primeira República dependia fortemente da exportação de produtos primários, como o café, que representava a principal fonte de receita do país. Essa dependência da economia agrícola reforçava a importância política das oligarquias rurais e consolidava seu poder no cenário nacional. No entanto, essa estrutura socioeconômica também criava um profundo abismo entre as elites e as camadas populares, que tinham pouquíssima participação efetiva nas decisões políticas do país. A aparente liberalidade do regime ocultava um sistema autoritário, no qual a participação política era restrita e controlada pelas elites agrárias.

A) INCORRETO. Não houve um período em que o presidente, no início do processo político eleitoral contemporâneo, tenha concedido favores em troca de votos que provocassem instabilidade econômica.

B) INCORRETO. A Constituição de 1988 permitiu o voto dos analfabetos, mas isso não implicou legalmente na compra de votos. O direito ao voto de analfabetos foi uma conquista democrática e representou a ampliação dos direitos políticos no Brasil.

C) INCORRETO. Durante o regime militar (1964-1985), apesar da ausência de liberdade política, os eleitores não eram obrigados a votar em candidatos oficiais por meio de uma lista única. O regime militar utilizava outros mecanismos de controle, como o bipartidarismo e o controle sobre as eleições indiretas para presidente.

D) INCORRETO. Durante o regime populista, especialmente nos governos de Vargas, houve concessões à classe trabalhadora, mas isso não representou controle sobre o voto em prejuízo de empresários e proprietários de terra. O populismo de Vargas tinha características mais complexas de mediação entre diferentes interesses.

E) CORRETO. A Primeira República (1889-1930) foi marcada pela dominação das oligarquias rurais, que controlavam o poder político, apesar da aparência liberal e democrática do governo. Esse período foi caracterizado por práticas como o coronelismo e o voto de cabresto, garantindo que os interesses das elites agrárias fossem preservados.

A análise da Primeira República é fundamental para entender a trajetória política do Brasil, especialmente no que diz respeito às tensões entre o liberalismo e o autoritarismo. Embora o regime tenha se autoproclamado republicano e democrático, a realidade do controle oligárquico e do poder concentrado nas mãos das elites rurais mostrou que a democracia estava longe de ser plena nesse período. A questão eleitoral, marcada por práticas como o voto de cabresto, é um dos pontos centrais para compreender a manutenção do poder pelas oligarquias.

Resposta: E 

Gabarito do Professor: E