"Cazuza" é considerado pela crítica um romance memorialista,...
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Q2076555
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A questão a seguir embasam-se na obra de Viriato Corrêa. Escrita na década de 1930, essa obra literária
contém as memórias de infância do menino Cazuza, vivida no interior do Maranhão no final do século XIX.
Nessa poesia popular nordestina trazida por Viriato Corrêa, em "Cazuza", observa-se o intuito dos
repentistas de sobrepujarem um ao outro
— José Firmino acredite,
Não gosto de me gabar,
Mas quando pego a viola,
Quando começo a cantar,
Saem da cova os defuntos,
Os peixes saem do mar,
Os anjos descem do céu,
E tudo vem me escutar.
O José Firmino quase não deixou que o
companheiro acabasse o último verso, e cantou
de viola estendida no peito:
— Eu não tenho inveja disso,
Sou valente, valentão,
Canguçu é meu cavalo,
Cascavel meu cinturão,
Eu engulo brasa viva,
Pego corisco com a mão,
Um empurrão do meu dedo
Bota dez morros no chão.
O outro acelerou os dedos nas cordas da viola e
respondeu:
— Se eu for contar minhas artes
Não acabo nunca mais;
Para apagar os incêndios
Uso breu e aguarrás,
Eu ponho luneta em pulga,
E gravata em Satanás,
Eu faço gelo com brasa,
Coisa que você não faz,
Faço o carro andar na frente,
Faço o boi andar atrás.
E ergueu-se. José Firmino ergueu-se também.
Eram ambos fortes no desafio. Não haveria
vencido nem vencedor. Não valia a pena teimar.
CORRÊA, Viriato. Cazuza. 37ª ed. São Paulo: Editora Nacional, 1992
"Cazuza" é considerado pela crítica um romance memorialista, confessional. O fragmento do texto que
possibilita enquadrá-lo nesse tipo de romance é