Questões Militares
Sobre fundamentos da história : tempo, memória e cultura em história
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A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje [...]. Mas a memória coletiva é não somente uma conquista, é também um instrumento e um objeto de poder.
(LE GOFF, J. História e Memória. Campinas: Editora da Unicamp, 5. ed., 2003, p. 469-470.)
A partir dos conhecimentos sobre a Idade Moderna e a Idade Contemporânea, considere as seguintes afirmativas:
1. Em 2020, várias estátuas de Cristóvão Colombo foram derrubadas para se protestar contra o genocídio de povos americanos nativos.
2. A obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena objetiva valorizar a atuação de grupos e indivíduos marginalizados na história e na memória do nosso país.
3. Após a morte de Lênin (1924), Stálin coordenou o silenciamento da memória e das representações de Lênin nos países soviéticos.
4. No projeto “Brasil: Nunca Mais”, a memória das torturas dos presos políticos no período do Estado Novo foi recuperada.
Assinale a alternativa correta.
A história é um discurso mutável e problemático – ostensivamente a respeito de um aspecto do mundo, o passado –, produzido por um grupo de trabalhadores cujas mentes são de nosso tempo (em grande maioria, em nossa cultura, historiadores assalariados) e que fazem seu trabalho em modalidades mutuamente reconhecíveis que são posicionadas epistemológica, ideológica e praticamente; e cujos produtos, uma vez em circulação, estão sujeitos a uma série de usos e abusos logicamente infinitos mas que, na realidade, correspondem a uma variedade de bases de poder existentes em qualquer momento que for considerado, as quais estruturam e distribuem os significados das histórias ao longo de um espectro que vai do dominante ao marginal.
(Keith Jenkins, Re-thinking History. Apud Ciro Flamarion Cardoso, Introdução. Em: Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas (org.), Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia)
No excerto, Keith Jenkins
Escolhi meu tema como um tributo a Isaac Deutscher, cuja obra mais permanente é um clássico na história da Revolução Russa, ou seja, sua biografia de Trotsky. Assim, a resposta imediata a essa pergunta do título [Podemos escrever a história da Revolução Russa?] é, obviamente, sim.
Mas isso deixa em aberto a questão mais ampla: podemos algum dia escrever a história definitiva de alguma coisa – não apenas a história conforme vista hoje, ou em 1945 – inclusive, é claro, da Revolução Russa? Nesse caso, em um sentido óbvio, a resposta é não, a despeito do fato de que há uma realidade histórica objetiva, que os historiadores investigam, para estabelecer, entre outras coisas, a diferença entre fato e ficção. Somos livres para crer que Hitler fugiu dos russos e se refugiou no Paraguai, mas não foi assim.
(Eric Hobsbawm, Sobre história)
Para Eric Hobsbawm, não é possível “escrever a história definitiva de alguma coisa”, porque
A nova história é a história escrita como reação deliberada contra o “paradigma” tradicional, aquele termo útil, embora impreciso […] Será conveniente descrever este paradigma tradicional como “história rankeana”, conforme o grande historiador alemão Leopold von Ranke (1795-1886). Poderíamos também chamar este paradigma de a visão do senso comum da história, não para enaltecê-la, mas para assinalar que ele tem sido com frequência – com muita frequência – considerado a maneira de se fazer história.
(Peter Burke, A escrita da história: novas perspectivas)
Para Peter Burke, a antiga e a nova história se contrastam, entre outros pontos, pois, em termos do paradigma tradicional, a história
Tendo como referência esse fragmento de texto e o pensamento de Descartes, julgue o próximo item.
Segundo Descartes, o erro está relacionado à imperfeição, de forma que somente Deus, por ser perfeito, pode saber o que é verdadeiro.
(Marcos Napolitano, A História depois do papel. Em: Carla Bassanezi Pinsky (org.), Fontes históricas)
Acerca dessa discussão, Napolitano entende que o historiador deve considerar as fontes audiovisuais e musicais
(Peter Burke (org.), A escrita da história: novas perspectivas)
Segundo Burke, a história tradicional
1. A crença no caráter científico da história, que no entanto é uma ciência em construção: isto conduziu, em especial, à afirmação da necessidade de passar de uma “história-narração” a uma “história-problema” mediante a formulação de hipóteses de trabalho.
(Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas (org.), Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia)
A “tendência ora em foco” é a
As fontes audiovisuais e musicais ganham crescentemente espaço na pesquisa histórica. Do ponto de vista metodológico, são vistas pelos historiadores como fontes primárias novas, desafiadoras, mas seu estatuto é paradoxal. Por um lado, as fontes audiovisuais (cinema, televisão e registros sonoros em geral) são consideradas por alguns, tradicional e erroneamente, testemunhos quase diretos e objetivos da história, de alto poder ilustrativo, sobretudo quando possuem um caráter estritamente documental, qual seja, o registro direto de eventos e personagens históricos. Por outro lado, as fontes audiovisuais de natureza assumidamente artística (filmes de ficção, teledramaturgia, canções e peças de teatro) são percebidas muitas vezes sob o estigma da subjetividade absoluta, impressões estéticas de fatos sociais objetivos que lhes são exteriores.
(Marcos Napolitano, A História depois do papel. Em: Carla Bassanezi Pinsky (org.), Fontes históricas)
Acerca dessa discussão, Napolitano entende que o historiador deve considerar as fontes audiovisuais e musicais
A nova história é a história escrita como uma reação deliberada contra o “paradigma” tradicional, aquele termo útil, embora impreciso, posto em circulação pelo historiador de ciência americano Thomas Kuhn. Será conveniente descrever esse paradigma tradicional como história rankeana, conforme o grande historiador alemão Leopold von Ranke (1795-1886) […]. Em prol da simplicidade e da clareza, o contraste entre a antiga e a nova história pode ser resumida em seis pontos.
(Peter Burke (org.), A escrita da história: novas perspectivas)
Segundo Burke, a história tradicional
Baseando-me em síntese de minha autoria já antiga, eis aqui o que vejo como pontos básicos quanto à tendência ora em foco:
1. A crença no caráter científico da história, que no entanto é uma ciência em construção: isto conduziu, em especial, à afirmação da necessidade de passar de uma “história-narração” a uma “história-problema” mediante a formulação de hipóteses de trabalho.
(Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas (org.), Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia)
A “tendência ora em foco” é a
I. O autor, ao contextualizar temporalmente os personagens evidenciados nas fontes, traça diversas conexões entre os discursos produzidos em cada tempo e as relações de poder travadas na época da conquista. II. A tese central de Todorov sobre a vitória espanhola contra os Astecas, está centrada na incapacidade dos indígenas em entender e comunicar-se individualmente com o outro. III. Todorov utiliza um aparato documental produzido pelos conquistadores e missionários espanhóis, tais como cartas e diários. Sua leitura é a de um semiótico, pois analisa as fontes de formas discursivas. IV. Ao problematizar a questão do outro, Todorov se propôs a comprovar que os espanhóis não conheciam os indígenas. O contato entre os distintos povos não resultou na compreensão, mas na destruição e massacre dos índios pelos conquistadores.
( ) A nova história política permitiu historicizar o que antes era considerada apenas como anedota. ( ) O fenômeno atribuído aos reis franceses e ingleses de curar escrófulas (adenite tuberculosa), com o toque das mãos é característico do medievo, os ritos de cura não poderíam ser difundidos na modernidade, visto que a medicina e outras formas de conhecimento deslegitimariam tais práticas. ( ) O caráter sobrenatural do poder dos reis franceses e ingleses tem elementos de legitimidade anteriores às dinastias Capetingia e Plantageneta, de meados do século XIII. Pepino, o Breve, no século VIII, e os reis posteriores a ele, já haviam legitimado o seu poder a partir de uma cerimônia influenciada no Antigo Testamento: a unção régia constituía-se, portanto em um rito de sacralização do monarca.
A história, com raras exceções, até a segunda metade do século XX silenciou e negligenciou diversos indivíduos sociais, entre eles as mulheres. A história das mulheres foi e é uma reação contra esses silêncios. Sobre a história das mulheres observe as afirmativas abaixo, use “V” quando for verdadeiro e “F” quando for falso, depois assinale a sequência correta.
( ) Os novos rumos e as novas abordagens assumidos pela história cultural pluralizaram os objetos da história e, nessa perspectiva, as mulheres assumiram na historiografia a condição de sujeitos históricos. ( ) As lutas sociais estão desassociadas da história das mulheres, constituindo-se apenas uma disciplina acadêmica sem perspectivas práticas. ( ) A história positivista, devido a sua exclusiva atenção pela política, privilegiou as fontes oficiais, militares, diplomáticas, em que as mulheres pouco aparecem, construindo uma história dos homens para os homens.
Analise as afirmativas sobre a Nova História e marque a opção correta.
I. A produção historiográfica ligada à Nova História é uma reação ao paradigma tradicional rankeano.
II. A Nova História passou a se interessar por praticamente toda a ação humana, ou seja, para esse novo campo do saber, tudo possui história.
III. Foi com a Nova História que a disciplina tornou-se profissionalizada, com seus departamentos em universidades e com suas publicações específicas.