Questões Militares de História - História Geral
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[…] a ideia de que era possível narrar a História da Grécia por meio de suas cidades principais, Atenas e Esparta, parece também ter perdido sentido. Essas duas cidades eram grandes exceções, não a regra. Nesse campo, vale a pena citar os trabalhos coletivos do Centro para o Estudo da Pólis de Copenhagen, dirigido por Morgens Hansen. Dos inventários produzidos e dos amplos debates publicados destaca-se a imensa variedade das cidades no mundo de fala grega e não grega. A importância da cidade (pólis) para a vida dos gregos é, além disso, colocada em perspectiva. A maioria das cidades tinha dimensões mínimas (centenas de habitantes, às vezes poucos milhares) e não era autônoma. Inúmeras localidades e regiões nunca se organizaram como cidades – ao menos antes do Império Romano.
(Norberto Luiz Guarinello, História Antiga)
Segundo Guarinello, na obra citada, a História de Roma
A história é um discurso mutável e problemático – ostensivamente a respeito de um aspecto do mundo, o passado –, produzido por um grupo de trabalhadores cujas mentes são de nosso tempo (em grande maioria, em nossa cultura, historiadores assalariados) e que fazem seu trabalho em modalidades mutuamente reconhecíveis que são posicionadas epistemológica, ideológica e praticamente; e cujos produtos, uma vez em circulação, estão sujeitos a uma série de usos e abusos logicamente infinitos mas que, na realidade, correspondem a uma variedade de bases de poder existentes em qualquer momento que for considerado, as quais estruturam e distribuem os significados das histórias ao longo de um espectro que vai do dominante ao marginal.
(Keith Jenkins, Re-thinking History. Apud Ciro Flamarion Cardoso, Introdução. Em: Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas (org.), Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia)
No excerto, Keith Jenkins
Escolhi meu tema como um tributo a Isaac Deutscher, cuja obra mais permanente é um clássico na história da Revolução Russa, ou seja, sua biografia de Trotsky. Assim, a resposta imediata a essa pergunta do título [Podemos escrever a história da Revolução Russa?] é, obviamente, sim.
Mas isso deixa em aberto a questão mais ampla: podemos algum dia escrever a história definitiva de alguma coisa – não apenas a história conforme vista hoje, ou em 1945 – inclusive, é claro, da Revolução Russa? Nesse caso, em um sentido óbvio, a resposta é não, a despeito do fato de que há uma realidade histórica objetiva, que os historiadores investigam, para estabelecer, entre outras coisas, a diferença entre fato e ficção. Somos livres para crer que Hitler fugiu dos russos e se refugiou no Paraguai, mas não foi assim.
(Eric Hobsbawm, Sobre história)
Para Eric Hobsbawm, não é possível “escrever a história definitiva de alguma coisa”, porque
A nova história é a história escrita como reação deliberada contra o “paradigma” tradicional, aquele termo útil, embora impreciso […] Será conveniente descrever este paradigma tradicional como “história rankeana”, conforme o grande historiador alemão Leopold von Ranke (1795-1886). Poderíamos também chamar este paradigma de a visão do senso comum da história, não para enaltecê-la, mas para assinalar que ele tem sido com frequência – com muita frequência – considerado a maneira de se fazer história.
(Peter Burke, A escrita da história: novas perspectivas)
Para Peter Burke, a antiga e a nova história se contrastam, entre outros pontos, pois, em termos do paradigma tradicional, a história
O homem é antes de agir; nada que ele faça pode mudar o que ele é. Esta, grosso modo, é a essência filosófica do racismo.
(BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998. p. 82.)
[...] quer o racismo resulte de uma catástrofe, quer seja instrumento consciente para provocá-la, está sempre intimamente ligado ao desprezo pelo trabalho, à rejeição de limitações de posse, ao desarraigamento geral e à fé na divina escolha do seu grupo.
(ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 2009. p. 227.)
A ideologia racial foi um componente político fundamental no desenvolvimento do nazismo. Outro exemplo histórico em que a ideologia racial desempenhou papel importante é o:
Mundo Negro
A Etiópia é o nosso coração. [...] A Abissínia veio a proeminência sob a chefia do genial negro que foi Menelik II, derrotando a Itália [...]. O Mundo tem reparado que a Etiópia ainda é, por sua insigne vitória, uma nação de valor.
(A Ethiopia é nosso coração. O Clarim da Alvorada. São Paulo, 26 jul. 1931, Seção Mundo Negro.)
O trecho acima, retirado do jornal O Clarim da Alvorada, importante veículo da imprensa negra paulista, faz referência tanto à resistência etíope contra a colonização italiana no final do século XIX quanto à ascensão de Haile Selassie, último imperador da Etiópia, coroado em 2 de novembro de 1930. A partir desse trecho e dos conhecimentos sobre a História da África e dos afrodescendentes, assinale a alternativa que relaciona corretamente o papel da Etiópia com o colonialismo no continente africano e os impactos desse papel no mundo.
Economia e Sociedade no Egito Antigo
O Reino Antigo compreende as dinastias IV a VIII, entre 2575 e 2134 [a.C.], com apogeu na primeira de tais dinastias, época da construção de enormes sepulcros, as três grandes pirâmides de Guiza, perto de Mênfis, pelos faraós Khufu (o Quéops dos gregos), Khafra (Quéfren) e Menkaura (Miquerinos); os dois primeiros, em especial, levantaram monumentos de tal magnitude que supõem um sistema tanto político quanto econômico muito bem-organizado.
(CARDOSO, Ciro Flamarion. O Egito Antigo. São Paulo: Brasiliense, 1982. p. 51-52.)
A partir do excerto acima e dos conhecimentos acerca da política e da economia do Egito Faraônico e das antigas sociedades africanas, é correto afirmar:
O conjunto dos eventos da cronologia acima ocorreu durante o
processo de
“A criação da Milícia é o fato fundamental que colocou o governo em um plano absolutamente diferente dos precedentes e o transformou em um regime. O Partido armado conduziu ao regime totalitário. A noite de janeiro de 1923, na qual foi criada a Milícia, condenou à morte o velho estado democrático-liberal, ou seja, o seu jogo constitucional, que consistia na alternância dos partidos no governo da nação.”
(Adaptado e traduzido de Opera omnia. Dal discorso dell'Ascensione agli accordi del Laterano. Florença: La Fenice, 1957, p. 12.)
Com base no trecho citado, assinale a afirmativa que identifica corretamente a característica do regime totalitário fascista ao qual Mussolini se refere.
A esse respeito, pode-se afirmar que, a curto prazo, a principal consequência da Grande Guerra foi a
Analise a imagem.
Os elementos encontrados na imagem fazem referência
Leia o trecho do discurso do ex-primeiro-ministro inglês Winston Churchill, pronunciado na cidade norte-americana de Fulton, em 1946.
De Stettin, no Báltico, a Trieste, no Adriático, desceu uma cortina de ferro sobre o continente. Por trás dessa linha estão todas as capitais dos antigos Estados da Europa Central e Oriental: Varsóvia, Berlim, Viena, Budapeste, Belgrado, Sófia e Bucareste.
(Martin Gilbert. Churchill: uma vida, 2016.)
Nesse discurso foi empregada a expressão “cortina de ferro”, que se referiu, em grande parte da segunda metade do século XX,
[...] a revolução que eclodiu entre 1789 e 1848 [...] constitui a maior transformação da história humana desde os tempos remotos quando o homem inventou a agricultura e a metalurgia, a escrita, a cidade e o Estado. Esta revolução transformou, e continua a transformar, o mundo inteiro.
(Eric J. Hobsbawm. A Era das revoluções: Europa 1789-1848, 1981.)
As profundas rupturas históricas citadas no excerto definem-se como mudanças
Os 40 anos dos governos dos reis D. João II e D. Manuel (1481-1521) cobrem momentos extremamente fecundos da história da Humanidade. É o tempo das grandes viagens e descobertas marítimas: a de Bartolomeu Dias que, na tábua das naus, sem combate com os homens mas tão só com os elementos, verificou a ligação do Atlântico e do Índico; a viagem de Cristóvão Colombo que ligou permanentemente a Europa, ávida de ouro e prata, a um novo continente, a América; a de Vasco da Gama que duradouramente uniu pelos oceanos e pelas naus da pimenta o Ocidente ao Oriente; a viagem de Pedro Álvares Cabral que ligou Lisboa e a Europa ao Atlântico Sul.
(António Borges Coelho. “Os argonautas portugueses e o seu velo de ouro (séculos XV e XVI)”. In: José Tengarrinha (org.). História de Portugal, 2001.)
O excerto refere-se à cronologia histórica que tem como referência o período de governo de dois reis portugueses. Nesse período,
Os comerciantes estão sequestrando o nosso povo dia após dia – filhos deste país, filhos de nossos nobres e vassalos, mesmo as pessoas de nossa própria família [...]. Essa corrupção e depravação estão tão generalizadas que a nossa terra é inteiramente despovoada. [...] Precisamos neste reino só de sacerdotes e professores, e nenhuma mercadoria, a menos que seja vinho e farinha para o santo sacramento [...]. É nosso desejo que este reino não seja um lugar para o comércio ou transporte de escravos.
(MEREDITH, Martin. O Destino da África: cinco mil anos de riquezas, ganância e desafios. Tradução Marlene Suano. Rio de Janeiro: Zahar, 2017, p. 122.)
Com base no texto acima e nos conhecimentos acerca dos contatos entre sociedades africanas e europeias no início da Idade Moderna, é correto afirmar que:
[...] essa foi a única revolta de escravos bem-sucedida da História, e as dificuldades que tiveram de superar colocam em evidência a magnitude dos interesses envolvidos.
(JAMES, C. J. R. Os Jacobinos Negros. Tradução Afonso Teixeira Filho. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 15.)
O excerto acima se refere à/ao:
[...] o acúmulo de agressões que atingiram as populações do Ocidente de 1348 ao começo do século XVIII criou, de alto a baixo do corpo social, um abalo psíquico profundo [...]. Constitui-se um ‘país do medo’ no interior do qual uma civilização se sentiu ‘pouco à vontade’ e povoou de fantasmas mórbidos.
(DELUMEAU, J. História do Medo no Ocidente: 1300-1800, Uma Cidade Sitiada. Tradução Maria Lucia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 43.)
De acordo com os conhecimentos sobre a Europa no século XIV, são duas das principais “agressões” relacionadas ao excerto acima: