Questões Militares Sobre funções da linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética. em português

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Ano: 2018 Banca: IBFC Órgão: PM-SE Prova: IBFC - 2018 - PM-SE - Soldado da Polícia Militar |
Q910070 Português
Texto I

A Rua
(Fragmento)

    EU AMO A RUA. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres[...], mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua.
    (...) a rua é um fator da vida das cidades, a rua tem alma! (...) a rua é a agasalhadora da miséria. Os desgraçados não se sentem de todo sem o auxílio dos deuses enquanto diante dos seus olhos uma rua abre para outra rua (...).
    A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos seres, e haveis de ter visto pedreiros e canteiros, ao erguer as pedras para as frontarias, cantarem, cobertos de suor, uma melopeia tão triste que pelo ar parece um arquejante soluço. A rua sente nos nervos essa miséria da criação, e por isso é a mais igualitária, a mais socialista, a mais niveladora das obras humanas. (...) A rua é a eterna imagem da ingenuidade. Comete crimes, desvaria à noite, treme com a febre dos delírios, para ela como para as crianças a aurora é sempre formosa, para ela não há o despertar triste, e quando o sol desponta e ela abre os olhos esquecida das próprias ações, é (...) tão modesta, tão lavada, tão risonha, que parece papaguear com o céu e com os anjos...
    A rua faz as celebridades e as revoltas, a rua criou um tipo universal, tipo que vive em cada aspecto urbano, em cada detalhe, em cada praça, tipo diabólico que tem, dos gnomos e dos silfos das florestas, tipo proteiforme, feito de risos e de lágrimas, de patifarias e de crimes irresponsáveis, de abandono e de inédita filosofia, tipo esquisito e ambíguo com saltos de felino e risos de navalha, o prodígio de uma criança mais sabida e cética que os velhos de setenta invernos, mas cuja ingenuidade é perpétua, voz que dá o apelido fatal aos potentados e nunca teve preocupações, criatura que pede como se fosse natural pedir, aclama sem interesse, e pode rir, francamente, depois de ter conhecido todos os males da cidade, poeira d’oiro que se faz lama e torna a ser poeira – a rua criou o garoto!

RIO, João do. A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, pp. 28–31.

Vocabulário
Agremia: do verbo agremiar; juntar num mesmo grupo.
Canteiros: pedreiros responsáveis pelas construções com pedra.
Frontarias: fachada principal; frente.
Melopeia: melodia; canção melodiosa.
Silfos: seres mágicos do ar presente em mitologias europeias.
Proteiforme: que muda de forma frequentemente.
Potentados: majestades; maiorais; pessoas de grande poder.
Ao tratar da rua, nota-se que o autor privilegia uma abordagem essencialmente:
Alternativas
Q905633 Português

Texto I


                                    Após a guerra

                                                            (Lima Barreto)


      Decididamente, os homens não tomam juízo e mesmo a Morte, que deve ser a soberana de todos nós, é impotente para nos pôr na cachola um pouco de bom senso elementar.

      Há um ano que as hostilidades entre povos de diversos feitios e estágios de civilização foram suspensas, após uma carnificina nunca vista nos anais da história escrita.

      As mais cruéis campanhas da antiguidade, com os seus massacres subsequentes, nada são comparadas com essa guerra que se desdobrou por todo o antigo continente.

      Cidades, aldeias, monumentos insubstituíveis do passado foram destruídos, sem dó nem piedade, à bala de canhões descomunais e pelo fogo implacável.

      Aquela região da Europa que, depois da Itália, é das mais interessantes sob o ponto de vista artístico, além de outros, foi calcada aos pés pelos exércitos alemães, arrasada, queimada. Quero falar da Flandres, tanto a belga como a francesa.

      O espetáculo após a guerra é de uma tristeza sem limites. Não é daquela grandiosa tristeza do Oceano que nos leva a grandes pensamentos; é o de uma tristeza que nos arrasta a pensar na imensa maldade da espécie humana.

      Não se sente isso só no que se vê ou se tem notícia por aqueles que viram; mas também na fome, na miséria que lavra nas populações dos países vencidos e vencedores.

      Coisas mais invisíveis ainda enchem-nos dessa tristeza inqualificável que nos faz maldizer a espécie humana, a sua inteligência, a sua capacidade de aproveitar as forças naturais, de aprender um pouco do mistério das coisas, para fazer tanto mal.

      Os nascimentos, se não diminuíram aqui e ali, a mortalidade infantil aumentou e as crianças defeituosas ou sem peso normal surgiram à luz em número maior que nos transatos anos de paz.

      A atividade intelectual toda ela se orientou para os malefícios da guerra; e foi um nunca acabar de inventar engenhos mortíferos ou aumentar o poder dos já existentes. Os químicos, os maiores, trataram de combinar nos seus laboratórios corpos de modo a obter gases que fossem portadores da morte e misturas incendiárias que o mesmo fizessem. [...] 

Considerando o tema do texto e a abordagem dispensada a ele pelo autor, é correto afirmar que há um predomínio da seguinte função da linguagem:
Alternativas
Q891721 Português
Funções da linguagem configuram as formas como cada indivíduo organiza sua fala, dependendo da mensagem que deseja transmitir.
A esse respeito, leia o texto seguinte.
Imagem associada para resolução da questão

(Disponível em: < http://noticiaurbana.com.br/old/coluna-pet-protetor-nao-compra-ele-estimula-a-adocao/> Acesso em 08 fev. 2018).
I . Segundo o texto publicitário, conclui-se que, nele, pode ser identificada a função conativa ou apelativa da linguagem.
PORQUE
II . Apresenta uma reflexão acerca do conteúdo e do valor das palavras, isto é, sobre o uso da língua e sua função social.
Em relação a essas duas assertivas, é correto afirmar que
Alternativas
Ano: 2018 Banca: AOCP Órgão: PM-TO Prova: AOCP - 2018 - PM-TO - Soldado da Polícia Militar |
Q879472 Português

Texto III

Adolescência agora vai até os 24 anos, diz estudo


Da Redação

Publicado em

19 jan 2018, 20h58


    Até quando vai a adolescência? Alguns podem achar que ela dura a vida toda. Mas cientistas definiram um período para essa fase da vida, que fica entre a infância e a vida adulta.

    Estudo divulgado pela revista científica Lancet Child & Adolescent Health afirma que a definição de adolescência mudou, passando agora para o período entre 10 e 24 anos de idade. Pela definição anterior, essa etapa da vida ia até os 19 anos.

    A nova definição reflete mudanças de comportamento, como a demora para concluir os estudos, casar e ter filhos.

   De acordo com o estudo, a definição adequada desta etapa da vida é essencial para o desenvolvimento de leis, políticas sociais e serviços.

   O estudo lembra que a definição do início da adolescência já foi antecipada anteriormente para 10 anos – costumava ser padronizada como 14.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/ciencia/adolescencia-agora-vai-ate-os-24-anos-diz-estudo/ Acesso em 19/01/2018. 

Identifique a função de linguagem predominante no Texto III.
Alternativas
Ano: 2017 Banca: Marinha Órgão: CFN Prova: Marinha - 2017 - CFN - Soldado Fuzileiro Naval |
Q868969 Português

Imagem associada para resolução da questão


Nos textos 2 e 3, respectivamente, a função da linguagem é

Alternativas
Q865238 Português

                            Samba do avião

                                                                        Antônio Carlos Jobim


                      Minha alma canta

                      Vejo o Rio de Janeiro

                      Estou morrendo de saudade

                      Rio teu mar, praias sem fim

                      Rio você foi feito pra mim

                      Cristo Redentor

                      Braços abertos sobre a Guanabara

                      Este samba é só porque

                      Rio eu gosto de você

                      A morena vai sambar

                      Seu corpo todo balançar

                      Rio de sol, de céu, de mar

                      Dentro de mais uns minutos

                      Estaremos no Galeão

         (https://www.google.com.br/search?q=aficionado&oq Acesso em 14 jul. 2017)

Avalie as afirmações sobre as funções da linguagem que os versos: “Este samba é só porque / Rio eu gosto de você” exemplificam.


I – Metalinguística, porque o eu lírico fala do samba no próprio samba; nesse caso, a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente.

II – Expressiva, uma vez que o poeta imprime na letra da música as marcas de sua atitude pessoal, suas emoções, fazendo com que o leitor sinta no texto a presença do emissor.

III – Conativa, dado que o emissor se impõe sobre o receptor, persuadindo-o, envolvendo-o com o conteúdo transmitido, que é homenagear o Rio de Janeiro com um samba.

IV – Referencial, pois, nos versos, o sujeito lírico transmite informações objetivas sobre aspectos da Cidade Maravilhosa e do samba, que mais deseja realçar para o leitor.


Está correto apenas o que se afirma em

Alternativas
Q865235 Português

                                   Poesia, atualizações


João dava like em Teresa que dava super-like em Raimundo

que jogava charme em Maria que dava match com Joaquim que hackeava os nudes da Lili

que não dava like em ninguém.

João foi para uma praia sem internet, Teresa entrou num detox digital,

Raimundo ficou sem bateria, Maria saiu do Tinder,

Joaquim foi preso pela Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos e Lili casou com J. Pinto Fernandes

que não tinha entrado no Stories.

(PRATA, A. Poesia, atualizações. Folha de São Paulo, 07/05/2017. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2017/05/1881773-poesia-atualizacoes.shtm . Acessado em 11 jul. 2017).

Assinale a função da linguagem, presente no poema de Antônio Prata, que parodia os versos de “Quadrilha”, cujo autor é o poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade.
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Ano: 2017 Banca: PM-MG Órgão: PM-MG Prova: PM-MG - 2017 - PM-MG - Soldado 2° Classe |
Q811383 Português

                                            VIVER EM SOCIEDADE

Dalmo de Abreu Dallari

A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos. Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o ser humano, durante muito tempo, necessita de outros para conseguir alimentação e abrigo.

E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material, como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados de saúde.

Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas esperanças.

Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo de vida, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim, por exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos.Mas essa pessoa estaria, em pouco tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem falar e trocar ideias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se continuasse sozinha por muito tempo.

Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas necessidades, é aquela em que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos.

Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e exijam que eles sejam respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas responsabilidades sociais.

Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e semântica para concursos. Rio de Janeiro: Essevier, 2012. 

A função da linguagem predominante no texto é a:
Alternativas
Q810950 Português

Texto 1 

Agronegócio e a morte da Amazônia

    É comum ver nos discursos de empresários e políticos o pensamento ufanista sobre as maravilhas de nosso agronegócio, dizendo que a produção brasileira "alimenta o mundo" e que nosso gado é "verde". É um discurso que lembra a propaganda do Brasil Grande, de triste memória, e tenta pôr uma grande sujeira para baixo do tapete.

    Os estrangeiros já sabem: nossa exploração agrícola, soja à frente, já destruiu 4 de cada 10 hectares de cerrado . Nesse ritmo, esse ecossistema estará extinto em 20 anos. Não é à toa, visto que o nosso gado tem a pior produtividade do mundo: uma vaca ocupa, para engordar, um hectare de terra, cada vez mais frequentemente roubado à Amazônia. Com os mesmos metros quadrados, um agricultor europeu produz alimentos nobres e caros, para alimentar e enriquecer seres humanos. Enquanto isso, nossa soja alimenta porcos na China. 

    Se computarmos o dano irreversível ao meio ambiente, bem público que destrói com a devastação da terra, e o somarmos aos subsídios e às generosas rolagens de dívidas dos grandes produtores, o cálculo revelará um agronegócio insustentável. Em vez de alimentar o mundo e enriquecer os brasileiros, ele se tornou uma destrutiva usina de insumo industrial barato.

    É um modelo que ameaça (ao invés de garantir) o objetivo de dobrar a produção mundial de alimentos em 35 anos para receber 2 bilhões de novas bocas. Para fazer sua parte, alimentar os brasileiros e ganhar dinheiro exportando comida de gente, não de suínos, é necessário mudar a escandalosa cultura de desperdício do campo brasileiro.

    Quando se trata de plantar para dar de comer a rebanhos, a chamada "taxa de conversão" é muito baixa: uma vaca dá três calorias de carne para cada cem calorias de grãos que come para engordar (sim, 3%); o porco produz dez calorias, e o frango, 12, para cada cem que consome. É melhor o aproveitamento da vaca leiteira (40 calorias no leite) e da galinha poedeira (12 no ovo, para cada cem consumidas). Em outras palavras, gerar proteína animal é sempre um péssimo negócio, e o boi é o pior de todos. 

    E como funciona o agronegócio brasileiro? Metade de nossa produção agrícola é ração de animais a preços irrisórios. E a estrela de nossa pecuária é exatamente a carne de vaca. Enquanto isso, importamos feijão e outros alimentos pagando mais caro. 

    O Brasil viveu até hoje com a falsa impressão de que a água e a terra eram bens infinitos. Essa visão está em xeque com a crise hídrica, causada em parte pelo desmatamento da Amazônia e do cerrado. Num pais em que a água escasseia, quase 70% de seu consumo é para irrigação de áreas de cultivo. A pecuária é um mata-borrão: suga 11% de nossa água - mesmo consumo dos 200 milhões de humanos do Brasil.

    Com o desmatamento para abrir pastos, fontes de água são destruídas e o regime de chuvas muda. O gado não somente consome verdadeiras cachoeiras em seu processo de engorda, como já produz escassez antes mesmo de ocupar os extensos hectares de floresta que destrói. 

    Gastamos água, que falta a humanos, para matar a sede infinita das vacas e regar a soja que vai ser exportada a preços irrisórios. Enquanto isso, continuamos a nos ufanar de uma opção econômica que está nos consumindo a todos, com a água e a terra fartas que um dia este Brasil ganhou de presente. 

(SERVA, Leão. Agronegócio e a morte da Amazônia. Folha de São Paulo, São Paulo, 24 nov. 2014. Cotidiano.) 

Considerando a teoria dos elementos da comunicação e das funções da linguagem, é possível afirmar que o texto "Agronegócio e a morte da Amazônia"
Alternativas
Q782283 Português
Considerando a função de linguagem na comunicação, marque a alternativa CORRETA, cuja frase tem a função fática.
Alternativas
Q743634 Português

Texto 1

Clonagem de textos


    A internet aproxima amigos e divulga informação: só é nociva à medida que as pessoas são, elas próprias, nocivas. Infelizmente, uma destas nocividades tem se manifestado em forma de desrespeito ao direito autoral.
    Circula pela internet um texto meu sobre saudade, chamado A dor que dói mais, publicado no site Almas Gêmeas e no meu livro Trem-bala, assinado por Miguel Falabella, inclusive com uns enxertos vulgares, licençapoética que o “co-autor”, seja ele quem for, se permitiu. Também andou circulando um texto meu chamado As razões que o amor desconhece, desta vez creditado a Roberto Freire. No dia Internacional da Mulher, a apresentadora Olga Bongiovanni, da TV Bandeirantes, leu no ar o meu texto O mulherão, e em seguida o disponibilizou no site do programa, onde pude constatar alguns parágrafos adicionados por algum outro co-autor ávido por fazer sua singela contribuição. A produção corrigiu o erro assim que foi avisada. Quem controla isso?
    Imagino que essa apropriação indevida venha lesando diversos outros cronistas, que por dever de ofício produzem textos diariamente, tornando-se inviável o registro de cada um deles. A fiscalização fica por conta do leitor, que, conhecendo o estilo do escritor, pode detectar sua autenticidade.
    Não chega a ser um crime hediondo e também não é novo. Credita-se a Borges um texto sobre como ele viveria se pudesse nascer de novo, que os estudiosos da sua obra negam a autoria, e Gabriel García Marques, pouco tempo atrás, teve que desmentir ser ele o autor de um manifesto meloso que andou circulando entre os internautas. Luis Fernando Veríssimo também andou negando a autoria de um texto sobre drogas, que assinaram com se fosse dele. Todas as pessoas que escrevem estão e sempre estiveram vulneráveis a esses enganos, involuntários ou não, mas não há dúvida de que a internet, pela facilidade e rapidez de divulgação de e-mails, massificou a rapinagem.
    Perde com isso, primeiramente, o autor, que vive de seu trabalho e que fica à mercê de ter suas palavras e pensamentos transferidos para outro nome, ou, pior ainda, adulterados: não são poucos os que acrescentam sua própria ideia ao texto e mantêm o nome do autor verdadeiro, pouco se importando em corromper a legitimidade da obra. E perde também o leitor, que é enganado na sua crença e que poderá vir a passar por desinformado. Viva a internet, mas que os gatunos virtuais tratem de produzir eles mesmos suas próprias verdades.
Março de 2001

(MEDEIROS, Martha. Non-stop - Crônicas do cotidiano.
7ª edição. Porto Alegre: L&PM, 2007. p. 187-188.)
A crônica de Martha Medeiros apresenta o predomínio da seguinte função da linguagem:
Alternativas
Q743593 Português

                                                          TEXTO 2:

                                                   Coisas da Magia

   O fascínio que os cometas exercem decorre certamente de sua forma inusitada, de suas aparições rápidas e de suas prolongadas ausências. Um astro, que arrasta atrás de si uma cauda luminosa, surge voando em direção ao Sol e desaparece do céu para tornar a aparecer anos mais tarde só poderia fascinar a mente humana. Não é de admirar ter sido a cauda a primeira parte do cometa a merecer atenção. O próprio nome cometa, que deriva do grego, quer dizer “estrela de cabelo”, uma evidente associação com a cauda; e as palavras chinesa e japonesa para cometa significam “estrela de vassoura” — de novo a alusão à cauda. (Talvez seja essa origem, aliás, a responsável pela confusão que a certa altura se fez entre cauda e cabeleira, o invólucro do núcleo do cometa.)

   Assim também as ausências, mesmo curtas, causaram perplexidade entre os antigos observadores, gerando não só polêmicas, mas explicações que hoje fazem rir. Em 1680, por exemplo, Isaac Newton avistou o cometa que tomou seu nome. O Newton sumiu em novembro para reaparecer em meados de dezembro. E foi uma luta para o astrônomo inglês convencer os seus contemporâneos de que o cometa simplesmente dera a volta por trás do Sol. Para eles, um primeiro cometa se chocara contra o astro e posteriormente outro surgira do lado oposto.

   Nem o século XX escapou a explicações estapafúrdias. Antes e durante a visita do cometa Halley, em 1910, multiplicaram-se reações que variaram do pitoresco ao dramático. Toda uma aldeia húngara, convencida de que o cometa se chocaria com a Terra, fazendo-a em pedaços, acendeu uma grande fogueira na praça e se atirou a uma orgia místico-gastronômica. Ao som das orações e imprecações, todo o estoque de comida e de bebida foi sendo consumido até que a ressaca e o pasmo se instalaram. Além da colisão, anunciada por astrólogos, temia-se o envenenamento por gases da cauda do cometa (a qual, conforme as previsões, a Terra cruzaria a 21 de maio). Muita gente vedou portas e janelas e se trancou a sete chaves, e não faltou quem amealhasse gordas somas vendendo máscaras contra gases. Segundo um boato jamais confirmado ou desmentido, no estado de Oklahoma, nos Estados Unidos, uma virgem quase foi sacrificada por religiosos fanáticos ansiosos para aplacar o cometa; teria sido salva por policiais, no bom estilo dos romances de aventuras. Em vários lugares houve casos de suicídio.

   Claro, não ocorreu colisão nem envenenamento. (a possibilidade de colisão existe, mas, segundo os astrônomos, é de apenas uma em um milhão). E cruzar os gases na cauda de um cometa não é mais perigoso do que se expor à poluição de uma área industrial durante algumas horas. Mas o Halley, portador de uma antiga fama como assassino de monarcas, em 1910 a confirmou: faleceu Eduardo VII da Grã-Bretanha e Irlanda. Para muita gente, foi o cometa que matou o rei, embora ele já estivesse doente e até pensando em abdicar. 

   Por um lado, como se vê, os homens buscam os cometas como um deslumbrante espetáculo celeste. Por outro, atribuem-lhes mortes e todo tipo de desastres. Até o dilúvio universal já foi atribuído a um deles. No ano 11 a.C., a aparição de um cometa teria anunciado a morte de Marco Agripa, poderoso general e estadista romano. No ano 48 a.C., quando César e Pompeu entraram em guerra, Plínio o Velho, famoso naturalista romano, pontificou: o conflito seria “um exemplo dos terríveis efeitos que se seguem à aparição de um cometa”. No ano 60 de nossa era, Nero, verificando que os deuses se punham a enviar cometas contra Roma, e temendo que os patrícios romanos o sacrificassem a fim de apaziguá- los, houve por bem tomar a iniciativa; ato contínuo, vários patrícios foram passados pelo fio da espada. Atribuíram-se igualmente a cometas a destruição de Jerusalém, no ano 66; a morte do imperador romano Macrino, em 218; a derrota de Átila, rei dos hunos, em 451; e a morte de Haroldo II, rei dos anglo-saxões. Haroldo II morreu em 1066, ano de visita do cometa Halley, em luta contra Guilherme I o Conquistador, duque da Normandia e depois rei da Inglaterra. Tanto a aparição do Halley quanto a conquista normanda da Inglaterra estão retratados no célebre bordado conhecido como tapeçaria de Bayeux (por ter sido trabalhado nesse famoso centro tapeceiro) e também como tapete da rainha Matilde (por ser atribuído a Matilde, esposa de Guilherme). Responsabilizados por tantas desgraças, os cometas sofreram revides. Afonso VI de Portugal entrincheirou-se numa ameia de seu palácio e recebeu o Halley a tiros de pistola.         Mas se a associação entre os cometas e a desgraça é predominante, pelo menos não é única. Giotto de Bondone, considerado o maior pintor do século XIV, viu o Halley em 1301 e, dois anos depois, o incluiu no afresco “Adoração dos magos”, do ciclo de Pádua, em que retratou a história sacra. Vem daí a confusão entre o Halley e a estrela de Belém. Na verdade, não consta que esse cometa tenha aparecido no ano do nascimento de Jesus Cristo.

(http://www.idealdicas.com/o-cometa-halley/)

Vocabulário:

Estapafúrdio – excêntrico, bizarro, singular.

Pitoresco – que diverte; recreativo.

Imprecação – pedido de favor ou graça; rogo, súplica.

Amealhar – acumular, juntar, enriquecer.

Ameia – parte alta ou superior de alguma coisa. 

No texto 2, há o predomínio da seguinte função de linguagem:
Alternativas
Q741773 Português

Leia o texto a seguir e responda a questão.


No trecho “dois gaiatos (expressão tipicamente carioca)” (linhas 2-3), a informação que está entre parênteses exemplifica a seguinte função da linguagem:
Alternativas
Q735651 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


No trecho “dois gaiatos (expressão tipicamente carioca)” (linhas 2-3), a informação que está entre parênteses exemplifica a seguinte função da linguagem:
Alternativas
Q678458 Português

Leia atentamente as assertivas a seguir, todas referentes ao texto 3 desta prova.

I – A partir de conceitos matemáticos construiu-se uma narrativa poética em terceira pessoa cujo tema é a traição numa relação amorosa.

II – O adjetivo ordinária (V. 63) está carregado de um tom moralizante e deixa entrever um juízo de valor relativo ao comportamento feminino no relacionamento entre a Hipotenusa e o Quociente.

III – É coerente com o tom moralizante da Poesia Matemática associar o nome dado ao elemento masculino da relação amorosa narrada, Quociente, ao adjetivo consciente, isto é, aquele que faz uso da razão.

IV – A quebra de paradigmas científicos requerida pela Teoria da Relatividade einsteiniana é associada, à quebra de paradigmas morais nas sociedades modernas.

Dentre as afirmativas acima

Alternativas
Q677492 Português
No primeiro parágrafo do texto 4, as formas verbais “cruzou”, “ superando” e “fazer” referem-se
Alternativas
Q677491 Português
A relação que se estabelece no quarto parágrafo do texto 2, entre “Ensinou”, “aprendeu” e “seguindo”, sugere PRINCIPALMENTE
Alternativas
Q676287 Português

Informe se é falso (F) ou verdadeiro (V) o que se afirma sobre as funções da linguagem. Em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

( ) Verbetes de dicionários constituem exemplos de função metalinguística.

( ) Propagandas e ditados populares constituem exemplos de função fática.

( ) O teste do contato com o emissor é um exemplo de função conativa.

( ) A presença da emoção do remetente constitui exemplo de função poética.

Alternativas
Q676286 Português

A cantora Claudia Leitte foi criada nas tradições do Carnaval baiano. Ela canta de tudo. De hit carnavalesco a canções de Roberto Carlos e Guns N’Roses.

Revista Veja. Edição 2127, ano 42, n. 34, de 26 de agosto de 2009. p. 8. 


 A função predominante do texto acima é a

Alternativas
Q676285 Português
A função poética consiste na projeção do eixo da seleção sobre o eixo da combinação dos elementos linguísticos. Isso significa que essa função se caracteriza pelo enfoque
Alternativas
Respostas
41: A
42: C
43: B
44: B
45: C
46: A
47: B
48: C
49: D
50: B
51: D
52: A
53: B
54: C
55: E
56: B
57: D
58: A
59: B
60: C