Questões Militares Sobre noções gerais de compreensão e interpretação de texto em português

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Q937870 Português
Política pública de saneamento básico: as bases do saneamento como direito de cidadania e os debates sobre novos modelos de gestão

Ana Lucia Britto
Professora Associada do PROURB-FAU-UFRJ
Pesquisadora do INCT Observatório das Metrópoles

    A Assembleia Geral da ONU reconheceu em 2010 que o acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é indispensável para o pleno gozo do direito à vida. É preciso, para tanto, fazê-lo de modo financeiramente acessível e com qualidade para todos, sem discriminação. Também obriga os Estados a eliminarem progressivamente as desigualdades na distribuição de água e esgoto entre populações das zonas rurais ou urbanas, ricas ou pobres.
    No Brasil, dados do Ministério das Cidades indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água potável, mais da metade da população não tem acesso à coleta de esgoto, e apenas 39% de todo o esgoto gerado são tratados. Aproximadamente 70% da população que compõe o déficit de acesso ao abastecimento de água possuem renda domiciliar mensal de até ½ salário mínimo por morador, ou seja, apresentam baixa capacidade de pagamento, o que coloca em pauta o tema do saneamento financeiramente acessível.
    Desde 2007, quando foi criado o Ministério das Cidades, identificam-se avanços importantes na busca de diminuir o déficit já crônico em saneamento e pode-se caminhar alguns passos em direção à garantia do acesso a esses serviços como direito social. Nesse sentido destacamos as Conferências das Cidades e a criação da Secretaria de Saneamento e do Conselho Nacional das Cidades, que deram à política urbana uma base de participação e controle social.
    Houve também, até 2014, uma progressiva ampliação de recursos para o setor, sobretudo a partir do PAC 1 e PAC 2; a instituição de um marco regulatório (Lei 11.445/2007 e seu decreto de regulamentação) e de um Plano Nacional para o setor, o PLANSAB, construído com amplo debate popular, legitimado pelos Conselhos Nacionais das Cidades, de Saúde e de Meio Ambiente, e aprovado por decreto presidencial em novembro de 2013.
    Esse marco legal e institucional traz aspectos essenciais para que a gestão dos serviços seja pautada por uma visão de saneamento como direito de cidadania: a) articulação da política de saneamento com as políticas de desenvolvimento urbano e regional, de habitação, de combate à pobreza e de sua erradicação, de proteção ambiental, de promoção da saúde; e b) a transparência das ações, baseada em sistemas de informações e processos decisórios participativos institucionalizados.
    A Lei 11.445/2007 reforça a necessidade de planejamento para o saneamento, por meio da obrigatoriedade de planos municipais de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, drenagem e manejo de águas pluviais, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos. Esses planos são obrigatórios para que possam ser estabelecidos contratos de delegação da prestação de serviços e para que possam ser acessados recursos do governo federal (OGU, FGTS e FAT), com prazo final para sua elaboração terminando em 2017. A Lei reforça também a participação e o controle social, através de diferentes mecanismos como: audiências públicas, definição de conselho municipal responsável pelo acompanhamento e fiscalização da política de saneamento, sendo que a definição desse conselho também é condição para que possam ser acessados recursos do governo federal.
    O marco legal introduz também a obrigatoriedade da regulação da prestação dos serviços de saneamento, visando à garantia do cumprimento das condições e metas estabelecidas nos contratos, à prevenção e à repressão ao abuso do poder econômico, reconhecendo que os serviços de saneamento são prestados em caráter de monopólio, o que significa que os usuários estão submetidos às atividades de um único prestador.

FONTE: adaptado de http://www.assemae.org.br/artigos/item/1762-saneamento-basico-como-direito-de-cidadania
No texto, a fundamentação que desencadeia todo o debate proposto é o
Alternativas
Q937568 Português

A respeito das propriedades linguísticas do texto 1A12-I, julgue o item a seguir.

A forma verbal “assumirão” (l.10) expressa uma ação futura, ainda não concretizada, mas que se acredita que certamente se realizará, de acordo com os sentidos do texto.

Alternativas
Q937565 Português

Acerca das ideias e dos sentidos do texto 1A12-I, julgue o seguinte item.

Depreende-se do texto a ideia de que, para garantir controle sobre os tutelados e mantê-los em condição de menoridade, os tutores utilizam estratégias de intimidação e aterrorização.

Alternativas
Q937563 Português

Acerca das ideias e dos sentidos do texto 1A12-I, julgue o seguinte item.

Conforme o texto, preguiça e covardia justificam a permanência de certos seres humanos na condição de menoridade e também a existência de pessoas que assumem para si as responsabilidades de tais seres humanos.

Alternativas
Q937562 Português

Acerca das ideias e dos sentidos do texto 1A12-I, julgue o seguinte item.

O autor utiliza a expressão “É tão confortável ser menor!” (l. 6 e 7) para assumir que ele mesmo está na condição de menoridade.


Alternativas
Q937561 Português

Ainda a respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 1A1-I, julgue o item que se segue.

No último parágrafo do texto, especialmente nos trechos “estação com indecifrável plataforma”, “um cargueiro para ignorado destino”, “Impossível adivinhar, ao certo, a direção do nosso bilhete de partida”, “nossos corações imprecisos” e “passageiros sem linha do horizonte”, o narrador expressa o desnorteamento que o falecimento da mãe provocou nele e em familiares

Alternativas
Q937559 Português

Ainda a respeito de aspectos linguísticos e dos sentidos do texto 1A1-I, julgue o item que se segue.

No segundo parágrafo do texto, as formas verbais “caía”, “doía”, “curava” e “pedia” designam ações frequentes ou contínuas no passado.

Alternativas
Q937552 Português

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I, julgue o seguinte item.

Infere-se do texto que o narrador não era filho único.

Alternativas
Q937551 Português

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I, julgue o seguinte item.

Depreende-se do terceiro parágrafo que o narrador considera a “dor do parto” mais difícil de ser superada que a dor causada pelo falecimento da sua mãe.

Alternativas
Q937550 Português

No que concerne aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto 1A1-I, julgue o seguinte item.

Infere-se do texto que o narrador se revolta com o recente falecimento de sua mãe.

Alternativas
Q937171 Português

                                                    TEXTO I


                   Por que a diversão é tão útil para a humanidade

                                                                                          Por Pâmela Carbonari

     

      Quem ama o tédio, divertido lhe parece. Apesar da diversão ser um conceito tão relativo quanto a beleza, a paródia do ditado é tão verdadeira quanto a de que a necessidade é a mãe da invenção.

      […]

      O escritor de ciência americano Steven Johnson acredita que o prazer é o motor da inovação. Em seu décimo livro, O poder inovador da diversão: como o prazer e o entretenimento mudaram o mundo, lançado no Brasil pela editora Zahar, ele mostra a importância da música, dos jogos, da mágica, da comida e de outras formas de diversão para chegarmos onde estamos e para que tipo de futuro esses passatempos nos levarão.

      […]

      Do jogo de dardos veio a estatística. A flauta de osso pode ser a ancestral do computador que você lê este artigo. As caixas de música serviram de inspiração para os teares. Com uma prosa leve e bemhumorada (à prova de hipocrisias), Johnson explica como tecnologias fundamentais para o nosso tempo nasceram e evoluíram de objetos e engrenagens que não tinham outro objetivo senão entreter. [...]

      Somos naturalmente hedonistas. E, como você diz, a diversão ajudou a moldar a humanidade. Você acha que o prazer é a chave para a inteligência?

      Eu não diria que o prazer é “a” chave para a inteligência, mas sim que é um elemento subestimado de inteligência. Em outras palavras, tendemos a supor que pessoas inteligentes usam suas habilidades mentais em busca de problemas sérios que tenham clara utilidade ou recompensa econômica por trás deles. Mas o pensamento inteligente é muitas vezes desencadeado por experiências mais lúdicas, como os nossos ancestrais do Paleolítico que, esculpindo as primeiras flautas de ossos de animais, descobriram como posicionar os buracos para produzir os sons mais interessantes. Essas inovações exigiram uma grande dose de inteligência – dado o estado do conhecimento humano sobre a música e o design de instrumentos há 50 mil anos – mas esse tipo de coisa não era “útil” em nenhum sentido tradicional.

      A história da diversão sempre esteve à margem dos registros históricos mais sérios e práticos, como guerras, poder e igualdade, por exemplo. Você acha que a diversão estava implícita nesses eventos ou foi ignorada pelos historiadores?

      Acho que tem sido amplamente ignorada pelos historiadores. E quando foi observada e narrada, os relatos históricos foram muito limitados: há histórias sobre moda, jogos ou temperos, mas como narrativas separadas. Olhamos para a longa história da civilização de maneira diferente se contarmos a história do comportamento “lúdico” como uma categoria mais abrangente – esse era meu objetivo ao escrever O poder inovador da diversão. Essa história é muito mais importante que a maioria das pessoas imagina.

      Nesse seu último livro, você diz que os prazeres inúteis da vida geralmente nos dão uma pista sobre futuras mudanças na sociedade. O que podemos prever para o futuro a partir dos nossos prazeres mais comuns agora?

      Provavelmente o melhor exemplo recente foi a mania de Pokémon Go. Eu posso imaginar-nos olhando para trás em 2025, quando muitos de nós estarão usando regularmente dispositivos de realidade aumentada para resolver “problemas sérios” no trabalho, e vamos perceber que a primeira adoção dominante dessa tecnologia veio de pessoas correndo pelas cidades capturando monstros japoneses imaginários em seus telefones. 


Por que a humanidade precisa se divertir?


      Esta é uma questão verdadeiramente profunda. Algumas coisas que consideramos divertidas (sexo, comida, por exemplo) têm claras explicações evolutivas sobre por que nossos cérebros devem achá-las prazerosas. Mas o tipo de diversão que descrevo em O Poder Inovador da Diversão – o prazer de ver uma boneca robô imitar um humano, ou a diversão de jogar um jogo de tabuleiro – é mais difícil de explicar. Eu acho que tem a ver com a experiência de novidade e surpresa; uma parte significativa de nossa inteligência vem do nosso interesse em coisas que nos surpreendem desafiando nossas expectativas. Quando experimentamos essas coisas, temos um pequeno estímulo que diz: “Preste atenção nisso, isso é novo”. E assim, ao longo do tempo, os sistemas culturais se desenvolveram para criar experiências cada vez mais elaboradas para surpreender outros seres humanos: desde as primeiras flautas de osso, até os novos e brilhantes padrões de tecido de chita, todas as formas de Pokémon Go. É uma história antiga; temos muito mais oportunidades e tecnologias para nos surpreender do que nossos ancestrais.

Adaptado de:<https://super.abril.com.br/blog/literal/por-que-a-diversao-e-tao-util-para-a-humanidade/> . Acesso em: 22 jun. 2018.

De acordo com o texto, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q937048 Português

                                      Do Diário do Imperador


      Acabo de ler o Diário do Imperador D. Pedro II, escrito exatamente há um sécuio. Por essas pequenas anotações, pode-se acompanhar um ano da sua vida, amostra suficiente das dificuldades com que o Brasil tem lutado sempre para entrar no bom caminho, para melancolia e desânimo de seus mais devotados servidores.

      Assim mesmo se exprimiu o Imperador: "Muitas coisas me desgostam; mas não posso logo remediá-las e isso me aflige profundamente. Se ao menos eu pudesse fazer constar geralmente como penso! Mas pra quê - se tão poucos acreditariam nos embaraços que encontro para que eu faça o que julgo acertado! Há muita falta de zelo, e o amor da pátria só é uma palavra - para a maior parte!"

      A respeito de certo boato que se espalhara, comenta, com desgosto: "Tudo inventam; e triste política é a que vive de semelhantes embustes quando tantos meios honestos havia de fazer oposição; mas para isso é necessário estudar as necessidades da Nação - e onde está o zelo?"

      (A palavra ZELO ocorre numerosas vezes neste diário: é essa "dedicação ardente", essa "diligência", que o Imperador não encontra na maior parte dos que, no entanto, por função, estão encarregados dos problemas nacionais. E isso lhe causa sofrimento.)

      Os moços de hoje deviam ler estas palavras, e entendê-las: "Na educação da mocidade é que sobretudo confio para regeneração da pátria. Gritam que se não pode chegar ao poder senão fazendo oposição como a fazem; mas, quando no poder, não sofrem do mal que fomentaram? A imprensa é inteiramente livre, como julgo deva ser, e na Câmara e no Senado a oposição tem representantes; mas que fazem estes pela maior parte?"

      Os homens públicos também deveríam meditar sobre esta passagem: "...Mas tudo custa a fazer em nossa terra e a instabilidade de ministério não dá tempo aos ministros para iniciarem, depois do necessário estudo, as medidas mais urgentes. É preciso trabalhar, e vejo que não se fala quase senão em política, que é, as mais das vezes, guerra entre interesses individuais."

      Há neste pequeno diário, de um ano e cinco dias, variadas observações sobre agricultura, teatro, ciência, educação; impressões de visitas a diferentes estabelecimentos educacionais e industriais; breves apontamentos sobre ministros e personalidades do tempo. Terminada a leitura, parece-nos que estamos na mesma, que o século não passou; apenas as pessoas mudaram de nome. E o Imperador, há cem anos, escrevendo: "A falta de zelo; a falta de sentimento do dever é nosso primeiro defeito moral. Força é contudo aceitar suas consequências, procurando, aliás, destruir esse mal que nos vai tornando tão fracos.”

      D. Pedro II deixou fama de sabedoria, e comparandose as modestas (mas importantíssimas) observações de seu diário com a verborragia demagógica de que ainda somos vítimas, e dos males que a acompanham, compreende-se que muita gente desesperada até pense em tornar-se monarquista.

      Mas convém não esquecer estas palavras do próprio Imperador: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências; e, a ocupar posição política, preferiría a de presidente da República ou ministro à de Imperador".

      Sejamos, pois, republicanos, democratas, estudiosos, honestos, justiceiros, e cultivemos o ZELO de bem servir à pátria, aos homens, às instituições. Neste particular, estamos com um século de atraso.

MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. São Paulo: Global, 2016 (Texto adaptado)

Para pessoas de opinião

Você me dirá que uma das coisas que mais preza é
sua opinião. Prezá-la é considerado virtude. Fulano? É
uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para
“ter opinião". Não é fácil.
Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para
defender a própria opinião. Ter opinião é tão importante
que há até um direito dos mais sagrados, o direito à
opinião, ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos
tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em
vez de ser considerado um estágio preliminar da
convicção, passa a ser ameaçador.
Mas sem contrariar a força com que você defende as
próprias opiniões e, sobretudo, defendendo o seu
inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre
se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é,
tão-somente, uma das primeiras reações que se tem
diante dos acontecimentos.
Será a opinião uma reação profunda ou superficial?
Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais superficiais.
Opinião é reação, e expressa um sentimento ou
julgamento. Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do
que e como somos. Esta síntese aparece na forma pela
qual reagimos. A primeira reação é reveiadora do
sentimento com que julgamos a vida, o mundo, as
pessoas. Quase sempre a opinião surge nessa etapa
inicial, patamar superficial do nosso ser. Somos um
repositório de primeiras impressões!
Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões
são fruto de meditação? Ou de conhecimento
sedimentado? Positivamente, não. Quem responder
sinceramente, vai concluir que tem muito mais opiniões do
que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento
profundo não leva à opinião; leva à análise, à convicção, à
dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro
instâncias tem a ver com a opinião.
Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é
levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir, julgar, diante dos
variados temas. Somos um aluvião de opiniões.
Defendemo-nos de analisar, tendo opinião; preservamonos
do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo
uma opinião.
É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz
adeptos e dividendos pessoais de prestígio,
respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.
As opiniões são uma espécie de fabricação em série
de idéias sempre iguais, saídas do modelo pelo qual
vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo
um eterno subjetivismo. Por isso a opinião quase nunca é
o reflexo das variadas componentes do real. É eco a
repetir a experiência anterior, diante de cada caso novo. A
opinião nos defende da complexidade do real, logo, é
maneira de impedir a criatividade do homem.
Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É
muito mais conjecturar do que afirmar. A palavra chega a
ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do
termo é mais fiel ao seu significado do que a tradução que
hoje se ihe dá.
Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar
significa ter uma opinião a respeito de algo, isto é, uma
impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças
permanentes. O sentido essencial de opinar é conjecturar,
ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e,
assim, melhor conhecê-la.
No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa
opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa opinião".
E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da
opinião ou de opiniões dos outros sem saber que a opinião
de alguém é o resultado das manifestações (reações)
mais superficiais e fáceis do seu espírito.
A opinião é instância superficial, exercício de dúvida e
de conhecimento disfarçado em certeza ou afirmação,
uma conjetura em forma de assertiva. É mais a expressão
de um sentimento do que a conciliação deste com o
conhecimento e a verdade. A partir do momento em que
sabemos de tudo isso, temos obrigatoriamente que deixar
de dar tanta importância à opinião alheia e à própria. É
preciso, sempre, submetê-las ao crivo da permanência, do
tempo, da análise, do conhecimento, da vivência, da
experimentação em situações diferentes, em estados de
espírito diversos, para, só então, considerá-la significativa,
válida, profunda.
Qual de nós está disposto a aceitar que a própria
opinião, embora válida e respeitável, é uma forma
superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar
ao trabalho de atribuir à opinião sua verdadeira função,
que é nobiiíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a
Convicção, para a Análise, para Dúvida e para a Evidência
- os quatro elementos que compõem a verdade?
Esta é a minha opinião...
TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1985.

A partir das observações apresentadas nos textos 1 e 2, assinale a afirmativa que os relaciona corretamente, segundo as idéias expostas por seus respectivos locutores.
Alternativas
Q937047 Português

                                      Do Diário do Imperador


      Acabo de ler o Diário do Imperador D. Pedro II, escrito exatamente há um sécuio. Por essas pequenas anotações, pode-se acompanhar um ano da sua vida, amostra suficiente das dificuldades com que o Brasil tem lutado sempre para entrar no bom caminho, para melancolia e desânimo de seus mais devotados servidores.

      Assim mesmo se exprimiu o Imperador: "Muitas coisas me desgostam; mas não posso logo remediá-las e isso me aflige profundamente. Se ao menos eu pudesse fazer constar geralmente como penso! Mas pra quê - se tão poucos acreditariam nos embaraços que encontro para que eu faça o que julgo acertado! Há muita falta de zelo, e o amor da pátria só é uma palavra - para a maior parte!"

      A respeito de certo boato que se espalhara, comenta, com desgosto: "Tudo inventam; e triste política é a que vive de semelhantes embustes quando tantos meios honestos havia de fazer oposição; mas para isso é necessário estudar as necessidades da Nação - e onde está o zelo?"

      (A palavra ZELO ocorre numerosas vezes neste diário: é essa "dedicação ardente", essa "diligência", que o Imperador não encontra na maior parte dos que, no entanto, por função, estão encarregados dos problemas nacionais. E isso lhe causa sofrimento.)

      Os moços de hoje deviam ler estas palavras, e entendê-las: "Na educação da mocidade é que sobretudo confio para regeneração da pátria. Gritam que se não pode chegar ao poder senão fazendo oposição como a fazem; mas, quando no poder, não sofrem do mal que fomentaram? A imprensa é inteiramente livre, como julgo deva ser, e na Câmara e no Senado a oposição tem representantes; mas que fazem estes pela maior parte?"

      Os homens públicos também deveríam meditar sobre esta passagem: "...Mas tudo custa a fazer em nossa terra e a instabilidade de ministério não dá tempo aos ministros para iniciarem, depois do necessário estudo, as medidas mais urgentes. É preciso trabalhar, e vejo que não se fala quase senão em política, que é, as mais das vezes, guerra entre interesses individuais."

      Há neste pequeno diário, de um ano e cinco dias, variadas observações sobre agricultura, teatro, ciência, educação; impressões de visitas a diferentes estabelecimentos educacionais e industriais; breves apontamentos sobre ministros e personalidades do tempo. Terminada a leitura, parece-nos que estamos na mesma, que o século não passou; apenas as pessoas mudaram de nome. E o Imperador, há cem anos, escrevendo: "A falta de zelo; a falta de sentimento do dever é nosso primeiro defeito moral. Força é contudo aceitar suas consequências, procurando, aliás, destruir esse mal que nos vai tornando tão fracos.”

      D. Pedro II deixou fama de sabedoria, e comparandose as modestas (mas importantíssimas) observações de seu diário com a verborragia demagógica de que ainda somos vítimas, e dos males que a acompanham, compreende-se que muita gente desesperada até pense em tornar-se monarquista.

      Mas convém não esquecer estas palavras do próprio Imperador: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências; e, a ocupar posição política, preferiría a de presidente da República ou ministro à de Imperador".

      Sejamos, pois, republicanos, democratas, estudiosos, honestos, justiceiros, e cultivemos o ZELO de bem servir à pátria, aos homens, às instituições. Neste particular, estamos com um século de atraso.

MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. São Paulo: Global, 2016 (Texto adaptado)

Para pessoas de opinião

Você me dirá que uma das coisas que mais preza é
sua opinião. Prezá-la é considerado virtude. Fulano? É
uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para
“ter opinião". Não é fácil.
Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para
defender a própria opinião. Ter opinião é tão importante
que há até um direito dos mais sagrados, o direito à
opinião, ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos
tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em
vez de ser considerado um estágio preliminar da
convicção, passa a ser ameaçador.
Mas sem contrariar a força com que você defende as
próprias opiniões e, sobretudo, defendendo o seu
inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre
se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é,
tão-somente, uma das primeiras reações que se tem
diante dos acontecimentos.
Será a opinião uma reação profunda ou superficial?
Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais superficiais.
Opinião é reação, e expressa um sentimento ou
julgamento. Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do
que e como somos. Esta síntese aparece na forma pela
qual reagimos. A primeira reação é reveiadora do
sentimento com que julgamos a vida, o mundo, as
pessoas. Quase sempre a opinião surge nessa etapa
inicial, patamar superficial do nosso ser. Somos um
repositório de primeiras impressões!
Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões
são fruto de meditação? Ou de conhecimento
sedimentado? Positivamente, não. Quem responder
sinceramente, vai concluir que tem muito mais opiniões do
que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento
profundo não leva à opinião; leva à análise, à convicção, à
dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro
instâncias tem a ver com a opinião.
Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é
levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir, julgar, diante dos
variados temas. Somos um aluvião de opiniões.
Defendemo-nos de analisar, tendo opinião; preservamonos
do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo
uma opinião.
É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz
adeptos e dividendos pessoais de prestígio,
respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.
As opiniões são uma espécie de fabricação em série
de idéias sempre iguais, saídas do modelo pelo qual
vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo
um eterno subjetivismo. Por isso a opinião quase nunca é
o reflexo das variadas componentes do real. É eco a
repetir a experiência anterior, diante de cada caso novo. A
opinião nos defende da complexidade do real, logo, é
maneira de impedir a criatividade do homem.
Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É
muito mais conjecturar do que afirmar. A palavra chega a
ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do
termo é mais fiel ao seu significado do que a tradução que
hoje se ihe dá.
Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar
significa ter uma opinião a respeito de algo, isto é, uma
impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças
permanentes. O sentido essencial de opinar é conjecturar,
ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e,
assim, melhor conhecê-la.
No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa
opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa opinião".
E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da
opinião ou de opiniões dos outros sem saber que a opinião
de alguém é o resultado das manifestações (reações)
mais superficiais e fáceis do seu espírito.
A opinião é instância superficial, exercício de dúvida e
de conhecimento disfarçado em certeza ou afirmação,
uma conjetura em forma de assertiva. É mais a expressão
de um sentimento do que a conciliação deste com o
conhecimento e a verdade. A partir do momento em que
sabemos de tudo isso, temos obrigatoriamente que deixar
de dar tanta importância à opinião alheia e à própria. É
preciso, sempre, submetê-las ao crivo da permanência, do
tempo, da análise, do conhecimento, da vivência, da
experimentação em situações diferentes, em estados de
espírito diversos, para, só então, considerá-la significativa,
válida, profunda.
Qual de nós está disposto a aceitar que a própria
opinião, embora válida e respeitável, é uma forma
superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar
ao trabalho de atribuir à opinião sua verdadeira função,
que é nobiiíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a
Convicção, para a Análise, para Dúvida e para a Evidência
- os quatro elementos que compõem a verdade?
Esta é a minha opinião...
TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1985.
Considerando as estratégias argumentativas empregadas pela autora e sua intencionalidade discursiva, marque a opção indicativa do recurso que fundamenta a construção do texto “Do Diário do imperador".
Alternativas
Q937043 Português

                                      Do Diário do Imperador


      Acabo de ler o Diário do Imperador D. Pedro II, escrito exatamente há um sécuio. Por essas pequenas anotações, pode-se acompanhar um ano da sua vida, amostra suficiente das dificuldades com que o Brasil tem lutado sempre para entrar no bom caminho, para melancolia e desânimo de seus mais devotados servidores.

      Assim mesmo se exprimiu o Imperador: "Muitas coisas me desgostam; mas não posso logo remediá-las e isso me aflige profundamente. Se ao menos eu pudesse fazer constar geralmente como penso! Mas pra quê - se tão poucos acreditariam nos embaraços que encontro para que eu faça o que julgo acertado! Há muita falta de zelo, e o amor da pátria só é uma palavra - para a maior parte!"

      A respeito de certo boato que se espalhara, comenta, com desgosto: "Tudo inventam; e triste política é a que vive de semelhantes embustes quando tantos meios honestos havia de fazer oposição; mas para isso é necessário estudar as necessidades da Nação - e onde está o zelo?"

      (A palavra ZELO ocorre numerosas vezes neste diário: é essa "dedicação ardente", essa "diligência", que o Imperador não encontra na maior parte dos que, no entanto, por função, estão encarregados dos problemas nacionais. E isso lhe causa sofrimento.)

      Os moços de hoje deviam ler estas palavras, e entendê-las: "Na educação da mocidade é que sobretudo confio para regeneração da pátria. Gritam que se não pode chegar ao poder senão fazendo oposição como a fazem; mas, quando no poder, não sofrem do mal que fomentaram? A imprensa é inteiramente livre, como julgo deva ser, e na Câmara e no Senado a oposição tem representantes; mas que fazem estes pela maior parte?"

      Os homens públicos também deveríam meditar sobre esta passagem: "...Mas tudo custa a fazer em nossa terra e a instabilidade de ministério não dá tempo aos ministros para iniciarem, depois do necessário estudo, as medidas mais urgentes. É preciso trabalhar, e vejo que não se fala quase senão em política, que é, as mais das vezes, guerra entre interesses individuais."

      Há neste pequeno diário, de um ano e cinco dias, variadas observações sobre agricultura, teatro, ciência, educação; impressões de visitas a diferentes estabelecimentos educacionais e industriais; breves apontamentos sobre ministros e personalidades do tempo. Terminada a leitura, parece-nos que estamos na mesma, que o século não passou; apenas as pessoas mudaram de nome. E o Imperador, há cem anos, escrevendo: "A falta de zelo; a falta de sentimento do dever é nosso primeiro defeito moral. Força é contudo aceitar suas consequências, procurando, aliás, destruir esse mal que nos vai tornando tão fracos.”

      D. Pedro II deixou fama de sabedoria, e comparandose as modestas (mas importantíssimas) observações de seu diário com a verborragia demagógica de que ainda somos vítimas, e dos males que a acompanham, compreende-se que muita gente desesperada até pense em tornar-se monarquista.

      Mas convém não esquecer estas palavras do próprio Imperador: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências; e, a ocupar posição política, preferiría a de presidente da República ou ministro à de Imperador".

      Sejamos, pois, republicanos, democratas, estudiosos, honestos, justiceiros, e cultivemos o ZELO de bem servir à pátria, aos homens, às instituições. Neste particular, estamos com um século de atraso.

MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. São Paulo: Global, 2016 (Texto adaptado)

Para pessoas de opinião

Você me dirá que uma das coisas que mais preza é
sua opinião. Prezá-la é considerado virtude. Fulano? É
uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para
“ter opinião". Não é fácil.
Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para
defender a própria opinião. Ter opinião é tão importante
que há até um direito dos mais sagrados, o direito à
opinião, ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos
tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em
vez de ser considerado um estágio preliminar da
convicção, passa a ser ameaçador.
Mas sem contrariar a força com que você defende as
próprias opiniões e, sobretudo, defendendo o seu
inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre
se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é,
tão-somente, uma das primeiras reações que se tem
diante dos acontecimentos.
Será a opinião uma reação profunda ou superficial?
Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais superficiais.
Opinião é reação, e expressa um sentimento ou
julgamento. Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do
que e como somos. Esta síntese aparece na forma pela
qual reagimos. A primeira reação é reveiadora do
sentimento com que julgamos a vida, o mundo, as
pessoas. Quase sempre a opinião surge nessa etapa
inicial, patamar superficial do nosso ser. Somos um
repositório de primeiras impressões!
Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões
são fruto de meditação? Ou de conhecimento
sedimentado? Positivamente, não. Quem responder
sinceramente, vai concluir que tem muito mais opiniões do
que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento
profundo não leva à opinião; leva à análise, à convicção, à
dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro
instâncias tem a ver com a opinião.
Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é
levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir, julgar, diante dos
variados temas. Somos um aluvião de opiniões.
Defendemo-nos de analisar, tendo opinião; preservamonos
do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo
uma opinião.
É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz
adeptos e dividendos pessoais de prestígio,
respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.
As opiniões são uma espécie de fabricação em série
de idéias sempre iguais, saídas do modelo pelo qual
vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo
um eterno subjetivismo. Por isso a opinião quase nunca é
o reflexo das variadas componentes do real. É eco a
repetir a experiência anterior, diante de cada caso novo. A
opinião nos defende da complexidade do real, logo, é
maneira de impedir a criatividade do homem.
Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É
muito mais conjecturar do que afirmar. A palavra chega a
ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do
termo é mais fiel ao seu significado do que a tradução que
hoje se ihe dá.
Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar
significa ter uma opinião a respeito de algo, isto é, uma
impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças
permanentes. O sentido essencial de opinar é conjecturar,
ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e,
assim, melhor conhecê-la.
No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa
opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa opinião".
E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da
opinião ou de opiniões dos outros sem saber que a opinião
de alguém é o resultado das manifestações (reações)
mais superficiais e fáceis do seu espírito.
A opinião é instância superficial, exercício de dúvida e
de conhecimento disfarçado em certeza ou afirmação,
uma conjetura em forma de assertiva. É mais a expressão
de um sentimento do que a conciliação deste com o
conhecimento e a verdade. A partir do momento em que
sabemos de tudo isso, temos obrigatoriamente que deixar
de dar tanta importância à opinião alheia e à própria. É
preciso, sempre, submetê-las ao crivo da permanência, do
tempo, da análise, do conhecimento, da vivência, da
experimentação em situações diferentes, em estados de
espírito diversos, para, só então, considerá-la significativa,
válida, profunda.
Qual de nós está disposto a aceitar que a própria
opinião, embora válida e respeitável, é uma forma
superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar
ao trabalho de atribuir à opinião sua verdadeira função,
que é nobiiíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a
Convicção, para a Análise, para Dúvida e para a Evidência
- os quatro elementos que compõem a verdade?
Esta é a minha opinião...
TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1985.

Leia o trecho abaixo.


“No Zelo está implícita a aceitação de que servimos à Nação e não a pessoas. [...]”

(ESCOLA NAVAL. Ilha de Villegagnon. Nossa Voga. Rio de Janeiro, 2009.120p.)


Em que opção o Imperador, ainda no sécuio XIX, já externa sua preocupação com um comportamento que contraria, expiicitamente, o verdadeiro sentido de Zelo, exposto acima.

Alternativas
Q937040 Português

                                 Para pessoas de opinião


      Você me dirá que uma das coisas que mais preza é sua opinião. Prezá-la é considerado virtude. Fulano? É uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para “ter opinião". Não é fácil.

      Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para defender a própria opinião. Ter opinião é tão importante que há até um direito dos mais sagrados, o direito à opinião, ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em vez de ser considerado um estágio preliminar da convicção, passa a ser ameaçador.

      Mas sem contrariar a força com que você defende as próprias opiniões e, sobretudo, defendendo o seu inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é, tão-somente, uma das primeiras reações que se tem diante dos acontecimentos.

     Será a opinião uma reação profunda ou superficial? Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais superficiais.

       Opinião é reação, e expressa um sentimento ou julgamento. Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do que e como somos. Esta síntese aparece na forma pela qual reagimos. A primeira reação é reveiadora do sentimento com que julgamos a vida, o mundo, as pessoas. Quase sempre a opinião surge nessa etapa inicial, patamar superficial do nosso ser. Somos um repositório de primeiras impressões!

    Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões são fruto de meditação? Ou de conhecimento sedimentado? Positivamente, não. Quem responder sinceramente, vai concluir que tem muito mais opiniões do que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento profundo não leva à opinião; leva à análise, à convicção, à dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro instâncias tem a ver com a opinião.

     Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir, julgar, diante dos variados temas. Somos um aluvião de opiniões. Defendemo-nos de analisar, tendo opinião; preservamonos do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo uma opinião.

    É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz adeptos e dividendos pessoais de prestígio, respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.

      As opiniões são uma espécie de fabricação em série de idéias sempre iguais, saídas do modelo pelo qual vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo um eterno subjetivismo. Por isso a opinião quase nunca é o reflexo das variadas componentes do real. É eco a repetir a experiência anterior, diante de cada caso novo. A opinião nos defende da complexidade do real, logo, é maneira de impedir a criatividade do homem. 

     Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É muito mais conjecturar do que afirmar. A palavra chega a ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do termo é mais fiel ao seu significado do que a tradução que hoje se ihe dá.

      Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar significa ter uma opinião a respeito de algo, isto é, uma impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças permanentes. O sentido essencial de opinar é conjecturar, ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e, assim, melhor conhecê-la.

    No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa opinião". E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da opinião ou de opiniões dos outros sem saber que a opinião de alguém é o resultado das manifestações (reações) mais superficiais e fáceis do seu espírito.

    A opinião é instância superficial, exercício de dúvida e de conhecimento disfarçado em certeza ou afirmação, uma conjetura em forma de assertiva. É mais a expressão de um sentimento do que a conciliação deste com o conhecimento e a verdade. A partir do momento em que sabemos de tudo isso, temos obrigatoriamente que deixar de dar tanta importância à opinião alheia e à própria. É preciso, sempre, submetê-las ao crivo da permanência, do tempo, da análise, do conhecimento, da vivência, da experimentação em situações diferentes, em estados de espírito diversos, para, só então, considerá-la significativa, válida, profunda.

    Qual de nós está disposto a aceitar que a própria opinião, embora válida e respeitável, é uma forma superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar ao trabalho de atribuir à opinião sua verdadeira função, que é nobiiíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a Convicção, para a Análise, para Dúvida e para a Evidência - os quatro elementos que compõem a verdade?

      Esta é a minha opinião...

TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

No trecho "Qualquer conhecimento profundo não leva à opinião; leva à análise, à convicção, à dúvida [...].” (6°§), embora as orações sejam assindéticas, há uma reiação de sentido entre elas. Assinale a opção em que essa relação está corretamente indicada.
Alternativas
Q937035 Português

                                 Para pessoas de opinião


      Você me dirá que uma das coisas que mais preza é sua opinião. Prezá-la é considerado virtude. Fulano? É uma pessoa de opinião”. É preciso força e decisão para “ter opinião". Não é fácil.

      Você me dirá, ainda, do que é capaz de fazer para defender a própria opinião. Ter opinião é tão importante que há até um direito dos mais sagrados, o direito à opinião, ultimamente, aliás, bastante afetado, pois vivemos tempos de ampliação do delito de opinião. Ter opinião, em vez de ser considerado um estágio preliminar da convicção, passa a ser ameaçador.

      Mas sem contrariar a força com que você defende as próprias opiniões e, sobretudo, defendendo o seu inalienável direito de tê-las, eu lhe proporei pensar sobre se a opinião é uma instância realmente profunda ou se é, tão-somente, uma das primeiras reações que se tem diante dos acontecimentos.

     Será a opinião uma reação profunda ou superficial? Ouso afirmar que, quase sempre, é das mais superficiais.

       Opinião é reação, e expressa um sentimento ou julgamento. Ao reagir, o sentimento realiza uma síntese do que e como somos. Esta síntese aparece na forma pela qual reagimos. A primeira reação é reveiadora do sentimento com que julgamos a vida, o mundo, as pessoas. Quase sempre a opinião surge nessa etapa inicial, patamar superficial do nosso ser. Somos um repositório de primeiras impressões!

    Pode-se, efetivamente, garantir que nossas opiniões são fruto de meditação? Ou de conhecimento sedimentado? Positivamente, não. Quem responder sinceramente, vai concluir que tem muito mais opiniões do que coisas que sabe ou conhece. Qualquer conhecimento profundo não leva à opinião; leva à análise, à convicção, à dúvida ou à evidência, e nenhuma dessas quatro instâncias tem a ver com a opinião.

     Quem (se) reparar com cuidado, verificará o quanto é levado a opinar, vale dizer, reagir, sentir, julgar, diante dos variados temas. Somos um aluvião de opiniões. Defendemo-nos de analisar, tendo opinião; preservamonos do perigoso e trabalhoso mister de pensar, tendo logo uma opinião.

    É mais fácil ter opinião do que dúvida. Opinião traz adeptos e dividendos pessoais de prestígio, respeitabilidade, aura de coragem ou heroísmo.

      As opiniões são uma espécie de fabricação em série de idéias sempre iguais, saídas do modelo pelo qual vemos o mundo, e nos faz enfocar a realidade segundo um eterno subjetivismo. Por isso a opinião quase nunca é o reflexo das variadas componentes do real. É eco a repetir a experiência anterior, diante de cada caso novo. A opinião nos defende da complexidade do real, logo, é maneira de impedir a criatividade do homem. 

     Na origem latina, opinar tem um sentido ambíguo. É muito mais conjecturar do que afirmar. A palavra chega a ter, nos seus vários sentidos, o de disfarçar. A origem do termo é mais fiel ao seu significado do que a tradução que hoje se ihe dá.

      Opinar não significa saber nem conhecer. Opinar significa ter uma opinião a respeito de algo, isto é, uma impressão sujeita a retificações, a correções, a mudanças permanentes. O sentido essencial de opinar é conjecturar, ou seja, supor uma realidade para poder discuti-la e, assim, melhor conhecê-la.

    No entanto, nos ofendemos se contrariam a nossa opinião; vivemos em busca do respeito à “nossa opinião". E, mais grave e frequente, vivemos a sofrer por causa da opinião ou de opiniões dos outros sem saber que a opinião de alguém é o resultado das manifestações (reações) mais superficiais e fáceis do seu espírito.

    A opinião é instância superficial, exercício de dúvida e de conhecimento disfarçado em certeza ou afirmação, uma conjetura em forma de assertiva. É mais a expressão de um sentimento do que a conciliação deste com o conhecimento e a verdade. A partir do momento em que sabemos de tudo isso, temos obrigatoriamente que deixar de dar tanta importância à opinião alheia e à própria. É preciso, sempre, submetê-las ao crivo da permanência, do tempo, da análise, do conhecimento, da vivência, da experimentação em situações diferentes, em estados de espírito diversos, para, só então, considerá-la significativa, válida, profunda.

    Qual de nós está disposto a aceitar que a própria opinião, embora válida e respeitável, é uma forma superficial de manifestação? Quem está disposto a se dar ao trabalho de atribuir à opinião sua verdadeira função, que é nobiiíssima: a de ser trânsito, passagem, via, para a Convicção, para a Análise, para Dúvida e para a Evidência - os quatro elementos que compõem a verdade?

      Esta é a minha opinião...

TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Assinale a opção correta quanto ao valor semântico estabelecido pelos conectores destacados.
Alternativas
Q936186 Português

Leia o poema de Beatriz Barreto, cujo título é “Romance pelo ar” e preencha as lacunas do texto.


A moça se penteia

Coloca a melhor roupa

Para o ver passar

Fica um clima de romance pelo ar

Disponível em:<https://www.pensador.com/frase/MTI0NTcwNA/> : Acesso em: 31 mai. 2018. Adaptado.


Na primeira frase do texto, o sujeito é ______________, ou seja, ele _______________ a ação. Trata-se de uma voz verbal denominada _________________.


A sequência que preenche corretamente as do texto é

Alternativas
Q936181 Português

A imagem a seguir representa um texto pictórico de autoria de Cândido Portinari.


Imagem associada para resolução da questão


A respeito da tela, avalie as afirmações apresentadas.


I. Há uma narrativa, uma exposição de fatos, uma história sendo contada, em que se inserem trabalhadores atuando na colheita do café.

II. A descrição dos corpos volumosos dos personagens masculinos revela o trabalho diário nas plantações de café, que exige resistência e força física.

III. As cenas apresentadas, para indicar o ambiente ou cenário, enfocam sobremaneira o modus operandi do trabalho de indivíduos de regiões metropolitanas.

IV. A mulher sentada no canto da tela, por não estar fazendo tarefas similares e inerentes à colheita de café, pode ser vista como a narradora da história proposta no quadro.


Está correto apenas o que se afirma em 

Alternativas
Q936173 Português

Leia a anedota, avalie as informações acerca da última frase do texto e complete as lacunas.


Imagem associada para resolução da questão

Disponível em:<http://www.topimagens.com.br/piadas/5307-piada-de-loira-no-medico.html> . Acesso em 30 mai. 2018. Adaptado.


A estrutura frasal está organizada com o verbo no ___________________, um modo verbal cujo verbo expressa uma ___________________. Identifica-se, ainda, na frase a presença da função _________________ da linguagem, comumente empregada com a finalidade de influenciar, persuadir o destinatário.


A sequência correta para o preenchimento das lacunas é

Alternativas
Q936169 Português

Leia, com atenção, o texto a seguir e complete corretamente as lacunas.


O diretor do zoológico Rara Anguis virou uma cobra quando soube que a sua cobra preferida morreu asfixiada, durante a noite, esquecida num recipiente sem ventilação. Agora ele cobra de seus subordinados uma explicação para o ocorrido. Alcyoneum Serpens, antigo funcionário, que é cobra para desvendar mistérios, foi designado para iniciar as investigações.

Fonte: Arquivo da Banca Elaboradora.


Pelo contexto de uso, constata-se que a palavra “cobra” é um termo____________________, visto que abarca significados ____________________. Esse fenômeno linguístico constitui uma propriedade básica das/dos ______________________e representa um elemento estrutural da linguagem.


A sequência correta para o preenchimento das lacunas é

Alternativas
Respostas
2161: E
2162: C
2163: C
2164: C
2165: E
2166: C
2167: C
2168: C
2169: E
2170: E
2171: B
2172: E
2173: D
2174: D
2175: B
2176: C
2177: D
2178: D
2179: B
2180: D