Questões de Concurso Militar PM-PR 2014 para Aspirante da Polícia Militar

Foram encontradas 80 questões

Q536636 Português

                                                       Maravilha!


      Pode-se parafrasear Winston Churchill e dizer da democracia o mesmo que se diz da velhice, que, por mais lamentável que seja, é melhor que sua alternativa. A única alternativa para a velhice é a morte. Já as alternativas para a democracia são várias, uma pior do que a outra. É bom lembrá-las sempre, principalmente no horário político, quando sua irritação com a propaganda que atrasa a novela pode levá-lo a preferir outra coisa. Resista. [...] Diante disso, em vez de “que chateação”, pense “que maravilha!”. É a democracia em ação, com seus grotescos e tudo. Saboreie, saboreie.

      O processo, incrivelmente, se autodepura, sobrevive aos seus absurdos e dá certo. Ou dá errado, mas pelo menos de erro em erro vamos ganhando a prática. Mesmo o que impacienta é aproveitável, e votos inconsequentes acabam consequentes. O Tiririca, não sei, mas o Romário não deu um bom deputado? Vocações políticas às vezes aparecem em quem menos se espera. E é melhor o cara poder dizer a bobagem que quiser na TV do que viver num país em que é obrigado a cuidar do que diz. Melhor ele pedir voto porque é torcedor do Flamengo ou bom filho do que ter sua perspectiva de vida decidida numa ordem do dia de quartel. Melhor você ser manipulado por marqueteiros políticos, com direito a desacreditá-los, do que pela propaganda oficial e incontestável de um poder ditatorial. [...]

      Certo, às vezes as alternativas para a democracia parecem tentadoras. Ah, bons tempos em que o colégio eleitoral era minimalista: tinha um só eleitor. O general da Presidência escolhia o general que lhe sucederia, e ninguém pedia o nosso palpite. Era um processo rápido e ascético que não sujava as ruas. A escolha do poder nas monarquias absolutas também é simples e sumária, e o eleitor do rei também é um só, Deus, que também não se interessa pela nossa opinião. Ou podemos nos imaginar na Roma de Cícero, governados por uma casta de nobres, sem nenhuma obrigação cívica salvo a de aplaudi-los no fórum, só cuidando para não parecer ironia.  A democracia é melhor. Mesmo que, como no caso do Brasil das alianças esquisitas, os partidos coligados em disputa lembrem uma salada mista, e ninguém saiba ao certo quem representa o quê. E onde, com o poder econômico mandando e desmandando, a atividade política termine parecendo apenas uma pantomima. Não importa, não deixa de ser – comparada com o que já foi – uma maravilha.


                                                                                    Luis Fernando Veríssimo, 31/08/2014, www.geledes.org.br

Assinale a alternativa em que a expressão entre parênteses NÃO tem o mesmo sentido da expressão grifada.
Alternativas
Q536637 Português

                                                             Marcha a ré


      Um grupo de ativistas promoverá neste sábado, em São Paulo e em outras 200 cidades, a "Marcha da Família com Deus", para fazer frente a um "golpe comunista marcado para este ano" – a ser dado, segundo eles, pelo PT e seus aliados. A passeata será uma reedição da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que, no dia 19 de março de 1964, protestou contra a "ameaça comunista" e contribuiu para a queda do presidente João Goulart.

      É difícil imaginar um "golpe comunista" em que os aliados são Sarney, Collor, Maluf, Renan Calheiros e outros. Mas, quando se trata dessa turma, tudo é possível. A exemplo de 1964, os ativistas vão conclamar os militares a tomar o poder, fechar os partidos, varrer a subversão e a corrupção e, com tudo saneado, nos devolver o país – ou o que sobrar dele.

      Pessoalmente, acho a pauta até modesta. Eu pediria também a volta de Claudia Cardinale, Stefania Sandrelli e Vera Vianna. Dos cigarros Luiz XV e Mistura Fina e dos fósforos marca Olho. Da cuba-libre, do hi-fi e da vaca preta. Dos LPs do Tamba Trio, do Henry Mancini e do Modern Jazz Quartet. Das cuecas samba-canção, ideais para um bate-coxa, e dos penteados femininos armados com Bom Bril. Do sexo à milanesa (de noite, na praia) e das corridas de submarino. Tudo isso era 1964.

      Do "Correio da Manhã", do pente Flamengo e do concretismo. Da Gillette Mono Tech, da pasta d'água e da Coca-Cola como bronzeador. Do Toddy em lata, dos tróleibus e das bicicletas Monark com pneu balão. Da Parker 21, do papel almaço e da goma arábica. Dos currículos com latim, francês e canto orfeônico. Tudo isso também era 1964.

      Já os militares que a "Marcha" quer chamar de volta, não recomendo. Sob eles, a família se esgarçou, a liberdade acabou e, em pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer.


                                                                                      Ruy Castro, www.folha.uol.com.br, 19 de março de 2014.

Nos 3º e 4º parágrafos, ao dizer que considera a pauta da manifestação modesta, o autor sugere uma lista de itens e pessoas a serem incorporados às reivindicações dos manifestantes. Com isso, ele enfatiza
Alternativas
Q536638 Português

                                                             Marcha a ré


      Um grupo de ativistas promoverá neste sábado, em São Paulo e em outras 200 cidades, a "Marcha da Família com Deus", para fazer frente a um "golpe comunista marcado para este ano" – a ser dado, segundo eles, pelo PT e seus aliados. A passeata será uma reedição da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que, no dia 19 de março de 1964, protestou contra a "ameaça comunista" e contribuiu para a queda do presidente João Goulart.

      É difícil imaginar um "golpe comunista" em que os aliados são Sarney, Collor, Maluf, Renan Calheiros e outros. Mas, quando se trata dessa turma, tudo é possível. A exemplo de 1964, os ativistas vão conclamar os militares a tomar o poder, fechar os partidos, varrer a subversão e a corrupção e, com tudo saneado, nos devolver o país – ou o que sobrar dele.

      Pessoalmente, acho a pauta até modesta. Eu pediria também a volta de Claudia Cardinale, Stefania Sandrelli e Vera Vianna. Dos cigarros Luiz XV e Mistura Fina e dos fósforos marca Olho. Da cuba-libre, do hi-fi e da vaca preta. Dos LPs do Tamba Trio, do Henry Mancini e do Modern Jazz Quartet. Das cuecas samba-canção, ideais para um bate-coxa, e dos penteados femininos armados com Bom Bril. Do sexo à milanesa (de noite, na praia) e das corridas de submarino. Tudo isso era 1964.

      Do "Correio da Manhã", do pente Flamengo e do concretismo. Da Gillette Mono Tech, da pasta d'água e da Coca-Cola como bronzeador. Do Toddy em lata, dos tróleibus e das bicicletas Monark com pneu balão. Da Parker 21, do papel almaço e da goma arábica. Dos currículos com latim, francês e canto orfeônico. Tudo isso também era 1964.

      Já os militares que a "Marcha" quer chamar de volta, não recomendo. Sob eles, a família se esgarçou, a liberdade acabou e, em pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer.


                                                                                      Ruy Castro, www.folha.uol.com.br, 19 de março de 2014.

No texto, o autor


1. destaca que, 40 anos depois, as mesmas reivindicações da marcha de 1964 ainda mobilizam a população.


2. reitera a importância de enfocar temas como “família”, “liberdade”, “Deus” em qualquer época.


3. manifesta avaliação negativa em relação aos políticos que seriam “aliados” do PT.


4. avalia como retrocesso a manifestação feita em 2014.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q536639 Português

                                                             Marcha a ré


      Um grupo de ativistas promoverá neste sábado, em São Paulo e em outras 200 cidades, a "Marcha da Família com Deus", para fazer frente a um "golpe comunista marcado para este ano" – a ser dado, segundo eles, pelo PT e seus aliados. A passeata será uma reedição da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", que, no dia 19 de março de 1964, protestou contra a "ameaça comunista" e contribuiu para a queda do presidente João Goulart.

      É difícil imaginar um "golpe comunista" em que os aliados são Sarney, Collor, Maluf, Renan Calheiros e outros. Mas, quando se trata dessa turma, tudo é possível. A exemplo de 1964, os ativistas vão conclamar os militares a tomar o poder, fechar os partidos, varrer a subversão e a corrupção e, com tudo saneado, nos devolver o país – ou o que sobrar dele.

      Pessoalmente, acho a pauta até modesta. Eu pediria também a volta de Claudia Cardinale, Stefania Sandrelli e Vera Vianna. Dos cigarros Luiz XV e Mistura Fina e dos fósforos marca Olho. Da cuba-libre, do hi-fi e da vaca preta. Dos LPs do Tamba Trio, do Henry Mancini e do Modern Jazz Quartet. Das cuecas samba-canção, ideais para um bate-coxa, e dos penteados femininos armados com Bom Bril. Do sexo à milanesa (de noite, na praia) e das corridas de submarino. Tudo isso era 1964.

      Do "Correio da Manhã", do pente Flamengo e do concretismo. Da Gillette Mono Tech, da pasta d'água e da Coca-Cola como bronzeador. Do Toddy em lata, dos tróleibus e das bicicletas Monark com pneu balão. Da Parker 21, do papel almaço e da goma arábica. Dos currículos com latim, francês e canto orfeônico. Tudo isso também era 1964.

      Já os militares que a "Marcha" quer chamar de volta, não recomendo. Sob eles, a família se esgarçou, a liberdade acabou e, em pouco tempo, o próprio Deus saiu de fininho para não se comprometer.


                                                                                      Ruy Castro, www.folha.uol.com.br, 19 de março de 2014.

É correto afirmar que o tom geral que impera no texto pode ser resumido pela palavra
Alternativas
Q536640 Português

                                                   Ensaio sobre a cegueira


      E então o Congresso saltitou de alegria porque aprovou que nos próximos dez anos 10% do PIB serão destinados para a Educação.

      E então os governadores e prefeitos trombetearam de satisfação porque o Congresso deixou para posterior regulamentação as formas de garantir a aplicação adequada desses recursos e a responsabilização de quem não cumprir.

      E então os empresários serpentearam de júbilo porque as verbas não são, assim, propriamente para a educação pública.

      E então o governo federal ululou de felicidade porque a medida é um resgate histórico de lutas pela melhoria da educação e com recursos ninguém segura esse país e esse é um país que vai pra frente e quem não gostar, ora, deixe-o.

      E então as empresas de informática e de outras parafernálias de última geração para garantir ensino como nunca se viu nesse país deliciaram-se com o êxito da medida que gerará empregos e revolucionará para sempre a educação pátria.

      E então muitos professores sapatearam frevos, polcas e mazurcas porque agora terão computadores e tablets, quadros digitais e outras ferramentas tecnológicas a aí sim, a educação vai deslanchar.

      E então muitos pais exultaram emocionados e eufóricos porque agora as crianças receberão uniforme escolar e materiais diversos e enfim poderão aprender e tornarem-se cidadãos melhores e mais preparados.

      E então muitos alunos festejaram e fizeram chacrinhas e chistes uns com os outros porque agora terão aulas em tempo integral, com muitas atividades de informática e outras atividades lúdicas e jogos e não precisarão mais ficar em casa sem fazer nada.

      E então disse o mestre Saramago: “Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos, que, vendo, não veem”.


                          Daniel de Medeiros, 18/06/2014, http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-no-dia-a-dia/

O autor enfatiza a euforia de diferentes segmentos da sociedade após a aprovação pelo Congresso da destinação de mais verbas para a educação. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmações:


1. Com a repetição da expressão “e então”, o autor sugere o encadeamento dos fatos motivados pela deliberação do Congresso.


2. O autor destaca o efeito positivo que a destinação de 10% do PIB terá sobre a educação.


3. As citações de Saramago no título e no último parágrafo evidenciam que os segmentos da sociedade citados não se preocupam efetivamente com a qualidade da educação.


4. Uma regulamentação mais precisa do Congresso atenuaria os interesses escusos de alguns segmentos.


Assinale a alternativa correta.

Alternativas
Respostas
21: B
22: A
23: C
24: C
25: D