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Q699678 Português

Texto II para responder à questão.

Os astrônomos

    O lugar de estudo era isso. Os alunos se imobilizavam nos bancos: cinco horas de suplício, uma crucificação. Certo dia vi moscas na cara de um, roendo o canto do olho, entrando no olho. E o olho sem se mexer, como se o menino estivesse morto. Não há prisão pior que uma escola primária do interior. A imobilidade e a insensibilidade me aterram. Abandonei os cadernos e as auréolas, não deixei que as moscas me comessem. Assim, aos nove anos ainda não sabia ler. [...]

    Emília respondeu com uma pergunta que me espantou. Por que não me arriscava a tentar a leitura sozinho?

    Longamente lhe expus a minha fraqueza mental, a impossibilidade de compreender as palavras difíceis, sobretudo na ordem terrível em que se juntavam. Se eu fosse como os outros, bem; mas era bruto em demasia, todos me achavam bruto em demasia.

    Emília combateu a minha convicção, falou-me dos astrônomos, indivíduos que liam no céu, percebiam tudo quanto há no céu. [...] Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, por que não conseguiria eu adivinhar a página aberta diante dos meus olhos? Não distinguia as letras? Não sabia reuni-las e formar palavras?

    Matutei na lembrança de Emília. Eu, os astrônomos, que doidice! Ler as coisas do céu, quem havia de supor? E tomei coragem, fui esconder-me no quintal, com lobos, o homem, a mulher, os pequenos, a tempestade na floresta, a cabana do lenhador. Reli as folhas já percorridas. E as partes que se esclareciam derramavam escassa luz sobre os pontos obscuros. Personagens diminutas cresciam, vagarosamente me penetravam a inteligência espessa. Vagarosamente.

    Os astrônomos eram formidáveis. Eu, pobre de mim, não desvendaria os segredos do céu. Preso à terra, sensibilizar-me-ia com histórias tristes, em que há homens perseguidos, mulheres e crianças abandonadas, escuridão e animais ferozes.

(Graciliano Ramos (1892/1953). “Os astrônomos”, in: Infância. Rio de Janeiro: Record, 2006. Adaptado.)

De acordo com seu significado, o conjunto de características formais e sua posição estrutural no interior da oração, as palavras podem pertencer à mesma classe de palavras ou não. Estabeleça a relação correta entre as colunas a seguir considerando tais aspectos (considere as palavras em destaque). (1) advérbio                                  (2) pronome                               (3) conjunção                              (4) substantivo ( )Não há prisão pior [...]” (1º§) ( ) “O lugar de estudo era isso.” (1º§) ( ) “E o olho sem se mexer [...]” (1º§) ( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” (4º§) ( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espantou.” (2º§)                            
A sequência está correta em 
Alternativas

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O tema central da questão é a identificação das classes gramaticais das palavras destacadas no texto fornecido. Para resolver essa questão, o aluno precisa ter conhecimentos de morfologia, que é a parte da gramática que estuda a estrutura, a formação e a classificação das palavras.

A alternativa correta é a Alternativa A: 1 – 4 – 2 – 3 – 2.

Vamos analisar cada palavra destacada e justificar por que a Alternativa A é a correta:

  • "Não há prisão pior [...]" (1º§): Advérbio. A palavra "não" é um advérbio de negação, pois modifica o sentido do verbo, indicando a ausência de algo.
  • "O lugar de estudo era isso." (1º§): Substantivo. "Lugar" é um substantivo comum, pois designa um espaço, uma área, um local.
  • "E o olho sem se mexer [...]" (1º§): Pronome. "Se" é um pronome reflexivo, pois refere-se ao sujeito da oração, indicando uma ação que recai sobre o próprio sujeito.
  • "Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]" (4º§): Conjunção. "Se" é uma conjunção subordinativa condicional, pois introduz uma oração que expressa uma condição.
  • "Emília respondeu com uma pergunta que me espantou." (2º§): Pronome. "Que" é um pronome relativo, pois refere-se a um substantivo mencionado anteriormente, unindo duas orações.

Agora, vejamos por que as outras alternativas estão incorretas:

  • Alternativa B - 2 – 1 – 3 – 3 – 4: Está incorreta porque classifica "Não" como pronome e "lugar" como advérbio, o que não está correto.
  • Alternativa C - 3 – 4 – 1 – 3 – 2: Está incorreta porque começa classificando "Não" como conjunção, o que é incorreto.
  • Alternativa D - 4 – 2 – 4 – 1 – 3: Está incorreta porque classifica "Não" como substantivo, o que não faz sentido, e "se" no segundo caso como um substantivo.

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Comentários

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(1) “Não há prisão pior [...]” - ADVÉRBIO DE NEGAÇÃO

(4) “O lugar de estudo era isso.” (1º§) - SUBSTANTIVO

(2) “E o olho sem se mexer [...]” (1º§) - PRONOME (não dá para trocar a palavra SE por ISSO, então é um pronome)

(3) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” (4º§) - CONJUNÇÃO (dá para trocar a palavra SE pela palavra ISSO sem perder o sentido)

(2) “Emília respondeu com uma pergunta que me espantou.” (2º§) - PRONOME (dá para trocar por A QUAL, se não desse era conjunção)

(1) Não: Advérbio de Negação.

(4) Lugar: O (artigo) lugar (substantivo).

(2) Se: Pronome (O SE não pode ser alterado, então é um pronome)

(3) Se: Conjunção. Se pode ser substituito por POR ISSO e continua com o mesmo sentido original.

(2) Que: Pronome. Pode-se trocar por A QUAL e continua com o mesmo sentido original ou também o pronome QUE retoma o substantivo pergunta.

Bastava saber que NÃO é advérbio para acertar a questão. A única alternativa que começa com 1.

gab: A

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