Um recurso que se identifica na construção do poema é a
Cidade sem rio
O Rio Amazonas é o maior do mundo,
mas o Rio do Tanque é o menor.
(Desliza na fazenda de meu irmão.)
O Rio Doce banha terras amargas
de maleita, ferro e melancolia.
O Córrego da Penha, esse, coitado,
mal fazia um poço raso
onde a gente, fugindo, se banhava.
Talvez porque me faltasse água corrente,
hoje a tenho represada nos olhos
e neste vago verso fluvial.
(Carlos Drummond de Andrade, Viola de Bolso)