Considerando as diferentes funções que o vocábulo “se” pode...
Texto I
LIVRO II
Não é, pois, por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós. Digase, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito. Por outro lado, de todas as coisas que nos vêm por natureza, primeiro adquirimos a potência e mais tarde exteriorizamos os atos. Isso é evidente no caso dos sentidos, pois não foi por ver ou ouvir frequentemente que adquirimos a visão e a audição, mas, pelo contrário, nós as possuíamos antes de usá-las, e não entramos na posse delas pelo uso. Com as virtudes dá-se exatamente o oposto: adquirimo-las pelo exercício, como também sucede com as artes. Com efeito, as coisas que temos de aprender antes de poder fazê- las, aprendemo-las fazendo (...); por exemplo, os homens tornam-se arquitetos construindo e tocadores de lira tangendo esse instrumento. Da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos, e assim com a temperança, a bravura, etc. Isto é confirmado pelo que acontece nos Estados: os legisladores tornam bons os cidadãos por meio de hábitos que lhes incutem. Esse é o propósito de todo legislador, e quem não logra tal desiderato falha no desempenho da sua missão. Nisso, precisamente, reside a diferença entre as boas e as más constituições. Ainda mais: é das mesmas causas e pelos mesmos meios que se gera e se destrói toda virtude, assim como toda arte: de tocar a lira surgem os bons e os maus músicos. Isso também vale para os arquitetos e todos os demais; construindo bem, tornam-se bons arquitetos; construindo mal, maus. Se não fosse assim não haveria necessidade de mestres, e todos os homens teriam nascido bons ou maus em seu ofício.
Isso, pois, é o que também ocorre com as virtudes: pelos atos que praticamos em nossas relações com os homens nos tornamos justos ou injustos; pelo que fazemos em presença do perigo e pelo hábito do medo ou da ousadia, nos tornamos valentes ou covardes. O mesmo se pode dizer dos apetites e da emoção da ira: uns se tornam temperantes e calmos, outros intemperantes e irascíveis, portando-se de um modo ou de outro em igualdade de circunstâncias. Numa palavra: as diferenças de caráter nascem de atividades semelhantes. É preciso, pois, atentar para a qualidade dos atos que praticamos, porquanto da sua diferença se pode aquilatar a diferença de caracteres. E não é coisa de somenos que desde a nossa juventude nos habituemos desta ou daquela maneira. Tem, pelo contrário, imensa importância, ou melhor: tudo depende disso.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco: tradução de Leonel Vallandro e
Gerd Bornheim da versão inglesa de W.D. Ross (Os pensadores). 4.
ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991, p.29-30.
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Comentários
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GABARITO: D.
Dizer que o "SE" funciona como índice de indeterminação do sujeito é questão recorrente, principalmente para o CESPE. Como a IADES é "cria do cespe", fiquemos atentos.
A questão está errada porque o sujeito do período é determinado, qual seja: A primeira.
*Comentário modificado em razão da observação feita pelo colega Augusto Xavier.
p.mike, acho que se refere "a primeira", substituindo intelectual.
A letra D não é índice de indeterminação do sujeito pois não tem um VTI, VL ou VI
O se com verbos transitivos diretos e bitransitivos é particular apassivadora;
O se Com verbos intransitivos, transitivo indireto e de ligação é índice de indeterminação do sujeito.
(D)
VTD ou VTDI + SE = Partícula apassivadora
VTI / VI / VL = Pergunta se tem sujeito...
TEM SUJEITO?
NÃO: Índice de Indeterminação do Sujeito
SIM: Parte integrante do Verbo]
Se = Pronome Reflexivo = algo nele mesmo [1 Agente]
- Penteou-se e saiu correndo;
Se = Pronome Recíproco = um ao outro [2 Agentes]
- Irmão e irmã se abraçaram;
Se = Palavra expletiva ou de realce (estilístico) [Pode ser retirado]
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