Paciente JCA, sexo masculino, 36 anos, chegou ao hospital co...

Próximas questões
Com base no mesmo assunto
Q1883452 Farmácia
Paciente JCA, sexo masculino, 36 anos, chegou ao hospital com suspeita de meningite. Lá foi realizada a coleta de líquido cefalorraquidiano (LCR). A coleta foi enviada ao laboratório clinico, onde foram achados os seguintes resultados:

Aspecto – opaco, discretamente amarelo, coágulo delicado.
Proteínas(mg/dL) – 150.
Glicose (mg/dL) < 45.
Leucócitos (µL) 60, com predominância de Linfócitos e 100% de especificidade ao teste de PCR.


Esses resultados são compatíveis com
Alternativas

Gabarito comentado

Confira o gabarito comentado por um dos nossos professores

Questão bem específica sobre a diferenciação dos tipos de meningite, termo indica a ocorrência de um processo inflamatório membranas que envolvem o cérebro, conhecidas como meninges. 

A questão solicita conhecimento sobre as alterações observadas tendo como amostra o líquido cefalorraquidiano (LCR). As características analisadas e seus resutados foram os seguintes: 

  • Aspecto: opaco, discretamente amarelo, coágulo delicado.
  • Proteínas (mg/dL): 150.
  • Glicose (mg/dL): < 45.
  • Leucócitos (µL): 60, com predominância de Linfócitos e 100% de especificidade ao teste de PCR.

Vamos comentar um pouco sobre cada tipo de meningite trazidas nas alternativas.

A) meningite tuberculosa.

A meningite tuberculosa é uma doença infecciosa do sistema nervoso central (SNC) causada pelo Mycobacterium tuberculosis. Apresenta-se como uma complicação precoce da tuberculose primária (primoinfecção), ocorrendo mais freqüentemente nos primeiros seis meses após a infecção. [1]


O Quadro 1, abaixo, reproduz a diferenciação entre a meningite tuberculosa e a meningite causada por outras bactérias [2]. 


Fonte:  Guia de Vigilância em Saúde - 3ª edição (2019) [2].


Observe que as características evidenciadas na questão compactuam com os resultados obtidos no LCR da amostra em análise como sendo de meningite tuberculosa. Isto é: aspecto opalescente; proteínas totais aumentadas; glicose diminuída; e leucócitos (predominantemente linfócitos) na faixa entre 25 a 500/mm3 (observação: 1 mm3 = 1 µL). De posse dessas informações, já chegamos à conclusão de que a meningite em questão se trata da meningite tuberculosa.


B) meningite piogênica aguda.

Meningite piogênica remete às “meningites por outras bactérias" (como visto no quadro acima), tais como: Neisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae [3]. Como visto no Quadro 1, acima, são várias as características que diferenciam a meningite por outras bactérias da meningite tuberculosa. Como analisado, os resultados obtidos pelo LCR informados na questão se enquadram como meningite tuberculosa, e não por meningite por outras bactérias.


C) meningite asséptica.

Meningite asséptica se estabelece após inflamação das meninges, sendo que a etiologia mais comum é a viral, principalmente por enterovírus. Dentre outros agentes etiológicos virais envolvidos neste tipo de meningite, citam-se: Arbovírus (West Nile virus, Vírus da Encefalite Japonesa e Vírus da Encefalite de Saint Louis), vírus da caxumba, herpersvírus e adenovírus [4].


D) meningite viral.

Meningites virais têm como principais representantes os enterovírus, onde estão incluídas cepas de poliovírus, echovírus e coxsackie [2]. O Quadro 2, abaixo, traz informações úteis sobre as alterações do líquido cefalorraquidiano (LCR), diferenciando os achados das meningites de etiologia bacteriana, tuberculosa e viral; e também comparando os achados em casos de de encefalites, neurocisticercose e meningoencefalite por fungos [3].




Fonte:  Guia de Vigilância Epidemiológica  - 7ª edição (2019) [3].
E) meningite amebiana.

Mais precisamente chamada de meningoencefalite amebiana primária, esta é uma infecção aguda rara e geralmente fatal do SNC, que tem como agente a ameba Naegleria fowleri. No exame do LCR, podem ser revelados os trofozoítos amebianos móveis. [5]

Portanto, o gabarito é a letra A.

REFERÊNCIAS


[1] HERINGER et al. Localização da lesão e achados do líquido cefalorraqueano na meningite tuberculosa: diferenças nos compartimentos lombar, cisternal e ventricular. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0004-282X2005000300035>. Acesso em: 08/03/23.


[2] BRASIL. Guia de Vigilância em Saúde - 3ª edição (2019). Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vi...>. Acesso em: 08/03/23.


[3] BRASIL. Guia de Vigilância Epidemiológica - 7ª edição (2019). Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vi...>. Acesso em: 08/03/23.


[4] SANTOS, GPL. Meningites e meningoencefalites assépticas: estudos de detecção e variabilidade genética de agentes etiológicos virais. 2012. 126 f. Tese (Doutorado em Vigilância Sanitária) - Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde, Rio de Janeiro, 2012.


[5] MANUAL MSD. Meningoencefalite amebiana primária. Disponível em: <https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/doen...>. Acesso em: 08/03/23.

GABARITO DA BANCA: A.

GABARITO DO PROFESSOR: A.

Clique para visualizar este gabarito

Visualize o gabarito desta questão clicando no botão abaixo