No texto 2A01, a forma verbal “Transpondo” (terceiro período
do sétimo parágrafo), corresponde, quanto ao sentido, no
contexto em que é empregada, a

Question

Texto 2A01     Era um sábado de abril. B... chegara àquele porto e
descera a terra, deu alguns passeios. Ao dobrar uma esquina, viu
certo movimento no fim da outra rua, e picou o passo a descobrir
o que era.
      Era um incêndio no segundo andar de uma casa. Polícia,
autoridades, bombas iam começar o seu ofício.
      B... viu episódios interessantes, que esqueceu logo, tal foi
o grito de angústia e terror saído da boca de um homem que
estava ao pé dele. Não teve tempo nem língua em que
perguntasse ao desconhecido o que era. Ali, no meio do fumo
que rompia por uma das janelas, destacava-se do clarão, ao
fundo, a figura de uma mulher.
     A mulher parecia hesitar entre a morte pelo fogo e a morte
pela queda. A alma generosa do oficial não se conteve, rompeu a
multidão e enfiou pelo corredor.
     Não se lembrava como pôde fazer isso; lembrava-se que,
a despeito das dificuldades, chegou ao segundo andar. Tudo aí
era fumo. O fumo rasgou-se de modo que ele pôde ver o busto da
mulher...     – A mulher, — disse ele ao terminar a aventura, e
provavelmente sem as reticências que Abel metia neste ponto da
narração, — a mulher era um manequim, posto ali de costume ou
no começo do incêndio, como quer que fosse, era um manequim.     A morte agora, não tendo mulher que levasse, parecia
espreitá-lo a ele, salvador generoso. Desceu os degraus a quatro e
quatro. Transpondo a porta da sala para o corredor, quando a
multidão ansiosa estava a esperá-lo, na rua, uma tábua, um ferro,
o que quer que era caiu do alto e quebrou-lhe a perna...     Tratou-se a bordo e em viagem. Desembarcando aqui, no
Rio de Janeiro, foi para o hospital onde Abel o conheceu.
Contava partir em breves dias. Abel não se despediu dele. Mais
tarde soube que, depois de alguma demora em Inglaterra, foi
mandado a Calcutá, onde descansou da perna quebrada, e do
desejo de salvar ninguém. 
Machado de Assis. Um incêndio.
 In: Obra completa de Machado de Assis, Vol. II, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
Internet: <https://www.machadodeassis.ufsc.br>(com adaptações).  No texto 2A01, a forma verbal “Transpondo” (terceiro período
do sétimo parágrafo), corresponde, quanto ao sentido, no
contexto em que é empregada, a Alternativa A: caso transpusesse.   Ou Alternativa B: ao transpor. Ou Alternativa C: antes de transpor. Ou Alternativa D: por transpor. Ou Alternativa E: apesar de transpor.

Qconcursos · Accepted Answer

Alternativa [B] ao transpor. Interpretação da Questão: A questão analisa a forma verbal "Transpondo" e pede que identifiquemos a alternativa que mais se aproxima do seu sentido no contexto em que é utilizada.

Regra Gramatical Aplicável: O verbo "transpor" no gerúndio ("transpondo") indica uma ação em andamento ou uma ação que ocorre simultaneamente a outra ação. Nesse caso, o gerúndio é usado para expressar uma circunstância temporal, referindo-se a uma ação que acontece ao mesmo tempo que outra.

Alternativa Correta: A alternativa B - ao transpor é a resposta correta. Essa expressão indica o ato de transpor, que ocorre em um momento específico da narrativa, o que se alinha perfeitamente ao uso do gerúndio na frase. O gerúndio implica que a ação de "transpor" estava em andamento, enquanto outra ação (descer os degraus) também estava ocorrendo.

Justificativa das Alternativas Incorretas:
A - caso transpusesse: Esta alternativa sugere uma condição hipotética que não se encaixa no contexto narrativo. O gerúndio não indica uma condição, mas uma ação em andamento.

C - antes de transpor: Essa alternativa implica uma relação temporal anterior à ação de transpor. No contexto, a ação de "descer os degraus" ocorre simultaneamente, portanto, essa opção não é válida.

D - por transpor: A expressão "por transpor" sugere uma razão ou causa, o que não é o significado pretendido no contexto da frase. O gerúndio aqui não está indicando uma causa, mas sim uma simultaneidade.

E - apesar de transpor: Esta alternativa implica uma ideia de contraste, que não é compatível com o sentido da frase. O gerúndio não expressa um contraste, mas uma ação que ocorre em conjunto com outra.

Portanto, a alternativa B é a única que mantém a coerência com o uso do gerúndio e o contexto narrativo.

Conclusão: Compreender o uso do gerúndio e suas implicações de tempo e ação é fundamental para a interpretação correta de textos. Ler com atenção e identificar a relação entre as ações pode ajudar na escolha da alternativa correta em questões semelhantes no futuro.

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