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Q2030589 Português
O Estado e a Segurança Pública

     A segurança pública no Brasil deve ser tratada como um problema de Estado, e a redução da criminalidade depende de um grande projeto coordenado pelo governo federal, segundo a opinião de Luiz Eduardo Soares, ex-Secretário Nacional de Segurança Pública.
     Para o cientista político, que também foi coordenador de Segurança, Justiça, Defesa Civil e Cidadania do Rio de Janeiro (posto ao qual estava subordinada a Secretaria de Segurança Pública), o governo evita se envolver com a questão, já que constitucionalmente a segurança pública é de responsabilidade dos Estados.
    "Dado que há uma concepção fatalista de que esse tema não se resolve e é apenas fonte de desgaste, o presidente prefere deixá-lo para os governadores, e lavar as mãos", diz Soares, que assumiu a Secretaria Nacional de Segurança pública no início do atual governo e passou 10 meses no cargo. [...] O cientista político [...] aponta problemas como "sucateamento, desorganização e irracionalidade no sistema institucional de segurança pública no Brasil".
     Soares reconhece a importância e defende a necessidade de políticas de prevenção, mas argumenta que a situação seria muito melhor se a organização do sistema, e consequentemente das polícias, fosse mais evoluída. [...]
     "Temos 550 mil profissionais de polícia no Brasil que funcionam em bandos. Trata-se de organizar de outra maneira e qualificar o profissional, com os mesmos recursos que você mantém hoje essa polícia que não funciona", afirma o ex-secretário.
     "As polícias são esquizofrenicamente organizadas, porque a militar faz uma parte do ciclo de trabalho (ostensivo-preventivo) e a civil faz outra (investigativo, judiciário e repressivo)."
     "Não faz nenhum sentido. Seria como se nós dois fôssemos escrever uma redação juntos, com você escrevendo substantivos e verbos, enquanto eu escreveria adjetivos e pronomes", ironiza Soares.
     Para o especialista, a solução passa pela criação de uma formação profissional comum para as 56 polícias do Brasil (uma militar e civil para cada Unidade da Federação, além das polícias Federal e Rodoviária Federal).
     "Cada uma tem currículos e métodos próprios. É como se tivéssemos faculdades nos Estados com currículos completamente incompatíveis e métodos inteiramente diversos para engenharia, alguns formando-se em três meses, outros em um semestre e outros ainda em dois ou quatro anos", diz o cientista político.
     "Pode se imaginar a inviabilidade do trabalho coletivo. Precisamos de um ciclo básico comum nacional", acrescenta Soares.
     Soares afirma que, por causa da falta de estrutura, a polícia não consegue realizar um programa de monitoramento para avaliar suas atividades.
     "Não há diagnósticos, porque não há dados qualificados. Portanto, as polícias não têm como apoiar o planejamento. O problema não está nos erros, mas na dificuldade de identificá-los."
     Na visão do ex-secretário, só uma "revolução institucional" seria capaz de resolver o proble- ma. Soares avalia que esse cenário conduz a polícia à brutalidade, ao desrespeito pelos direitos humanos e à corrupção que se generaliza.
     "Não posso sugerir que todos os policiais sejam desonestos, despreparados e que todas as instituições sejam desqualificadas, mas há um grau de cumplicidade com a criminalidade, com a corrupção e com a brutalidade muito superior ao que seria tolerável", diz o cientista político. [...]
     A proposta de unificação das polícias civil e militar é vista com cautela pelo ex-Secretário Nacional de Segurança Pública por causa da diferença de cultura e da rivalidade entre as corporações. [...]
    Soares sugere que cada Estado encontre sua fórmula, com liberdade para unificar as polícias se assim julgar melhor, mas também de criar novas corporações, como uma polícia para regiões metropolitanas, e eventualmente regionalizar a atuação das polícias civil e militar, fazendo com que cada uma delas seja responsável por todo o ciclo do trabalho dentro de sua área de atuação.
TORTORIELLO , Alexandre Mata. In: http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2004/08/04073 0_vsoaresamtdi.shtml. Acesso em: 05/06/2009. Adaptado. 
Ordene os fragmentos de forma que constituam um parágrafo coerente e coeso. (Parágrafo extraído do texto Segurança pública é avaliada pela população, de Luís Flávio Sapori.)
( ) Além disso, prepondera a percepção de que as ações sociais como educação e formação profissional para jovens são mais eficazes para a diminuição da violência do que as ações repressivas: as primeiras são citadas por 43%, enquanto 32% escolhem a segunda opção e 24% declaram espontaneamente que os dois tipos de ações são necessários. ( ) A adoção de penas alternativas para os crimes de menor gravidade é defendida por 76% dos entrevistados e a prisão perpétua, por 64%. ( ) Num cenário de opiniões mais divididas, a maioria mostra-se contrária à pena de morte: 52% contra 46% que se dizem favoráveis. ( ) O aspecto apontado como mais importante para melhorar a segurança é o combate ao tráfico de drogas (46%), seguido pelo combate à corrupção na polícia (34%), pelo reforço do policiamento (33%) e pela adoção de leis mais rigorosas para punir os infratores (35%). ( ) O estudo também mostra que grande parte da população é favorável à redução da maioridade penal para 16 anos e ao uso das Forças Armadas no combate ao crime (83% em ambos os casos). ( ) Diante da situação do sistema carcerário, questão que tem sido amplamente debatida nas últimas semanas, a maioria expressiva da população é a favor da privatização dos presídios (64%).
A sequência correta, de cima para baixo, é:  
Alternativas