Questões de Concurso
Comentadas sobre identidades surdas em libras
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Segundo Gesser (2009), alguns mitos sobre a Libras estão presentes na nossa sociedade. Marque a alternativa CORRETA:
I - A Libras é uma língua artificial, visto que foi construída e estabelecida por um grupo de indivíduos com algum propósito específico.
II – A Libras não é uma língua universal, visto que cada país possui a sua língua de sinais.
III – A Libras é uma língua exclusivamente icônica, visto que é uma língua espaço visual e seus sinais possuem nítida relação da sua forma com seu significado.
A cultura surda se constitui a partir da relação com e entre diversos artefatos que possibilitam aos surdos se reconhecerem como sujeitos pertencentes a uma comunidade que partilha valores, modos de ser, comportamentos e visões de mundo.
Compõem essa cultura os artefatos
“Quando cheguei lá vi intérpretes e eu não entendia muito bem o que eles interpretavam. Eu fiquei olhando o que estava acontecendo lá e comecei a me surpreender, eu não acreditava que tinha surdos que trabalhavam com a LIBRAS e tinham capacidades, entendiam a LIBRAS. Percebi que ela não significava prejuízo, pelo contrário caracterizava a comunicação e havia surdos professores, que estavam palestrando e eu ficava admirado, havia muitos surdos”.
Taiane Santos dos Santos Narrativas surdas: experiências na comunidade e na cultura surda e a constituição de identidades Dissertação de Mestrado em Educação Universidade Federal de Pelotas: Pelotas–RS, 2012
Essa narrativa relata um episódio de espanto de um ouvinte frente à autonomia dos surdos e a importância da língua de sinais em suas vidas, na interação com o outro; em outras palavras, reflete o choque que os ouvintes têm quando percebem que os surdos não possuem as limitações que, tradicionalmente, são atribuídas às pessoas surdas no censo comum e, muito pelo contrário, possuem características e formas próprias de interagir entre si. Mediante isso, pode-se dizer que o excerto retrata, predominantemente, traços de
“Quando acabei a quinta série fui para uma escola de ouvintes. Não havia nada que pudesse fazer. Meus pais moravam no interior e eu precisava continuar a estudar. Na escola, os ouvintes vinham até mim e falavam. Eu sentia apenas raiva e vergonha. Tudo era ditado pelos professores. Os colegas escreviam, nada ia ao quadro. Como escrever? Eu como surda aguentava minha diferença. Chegando em casa chorava todos os dias, chorava desabafando minha raiva. Por que eu era surda?”
Cada identidade se fortalece quando há um relacionamento entre seus pares, em um espaço multicultural. Assinale a opção que identifica o tipo de identidade surda descrita no relato.
Em relação a afirmativa acima, o aluno surdo, no âmbito da inclusão escolar,
Leia o trecho a seguir:
“As identidades surdas estão aí, não se diluem totalmente no encontro ou na vivência por meios sócio-culturais ouvintes. É evidente que as identidades surdas assumem formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas, face à presença do poder ouvintista que lhe impõem regras” (PERLIN, 2005, p. 54).
A partir do trecho acima, é possível afirmar que:
Perlin (2005), no capítulo intitulado “Identidades Surdas”, identifica que há diferentes categorias de identidades surdas nos sujeitos surdos. Relacione as múltiplas identidades surdas apresentadas pela autora com suas descrições, que as seguem:
I) Identidade surda
II) Identidade surda híbrida
III) Identidade surda de transição
IV) Identidade surda incompleta
V) Identidade surda flutuante
( ) Refere-se aos surdos que nascem ouvintes e que, com o tempo, se tornaram surdos. Estes surdos conhecem a estrutura do português falado e usamno como língua.
( ) Está presente onde os surdos vivem e se manifestam a partir da hegemonia ouvinte. Essa identidade é interessante porque permite ver o surdo, seja ele consciente ou não de ser surdo, como vítima da ideologia ouvintista, que segue determinando seus comportamentos e aprendizados.
( ) Está presente na situação dos surdos que foram mantidos sob o cativeiro da hegemônica experiência ouvinte e que passam para a comunidade surda, como geralmente acontece.
( ) Está presente no grupo onde entram os surdos que fazem uso da experiência visual. Nota-se, nesses surdos, formas muitos diversificadas de usar a comunicação visual, que caracteriza o grupo a partir do centro específico da cultura surda.
( ) Apresentada por aqueles surdos que vivem sob uma ideologia ouvintista latente que trabalha para socializar os surdos de maneira compatível com a cultura dominante.
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação:
Perlin (2005), no capítulo intitulado “Identidades Surdas”, sugere as diferenças entre formas
de ouvintismo presentes na sociedade. Relacione as formas de Ouvintismo sugeridas pela autora
com suas descrições, que as seguem:
I) Ouvintismo tradicional
II) Ouvintismo natural
III) Ouvintismo crítico
( ) É cena do discurso ouvintista que defende uma igualdade entre surdos e ouvintes, porém continua com o encapsulamento do surdo na cultura ouvinte.
( ) Nesse discurso, os ouvintes condicionam as representações sobre os surdos de modo a não lhes dar saídas para outros modelos que não sejam o modelo de identidade ouvinte.
( ) Modelo que se aproxima de uma posição solidária: admite a possibilidade de alteridade, do diferente “surdo”, identidade e autonomia linguística.
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação:
Reis (2007), no capítulo intitulado “Professores Surdos: Identificação ou Modelo”, relata sobre a necessidade de se estabelecer a diferença entre os conceitos modelo e identificação na relação professor e aluno surdos. Sobre a distinção desses conceitos, proposta pela autora, analise como V (VERDADEIRO) e F (FALSO) as afirmativas abaixo:
( ) Modelo - É nesse espaço que o professor expõe sua cultura, sua língua de sinais, sua identidade e sua alteridade, revelando para o aluno muito do seu próprio processo formativo.
( ) Transfigura-se o professor, portanto, em um elemento de identificação, não em um molde, do qual o aluno deve sair à sua imagem e semelhança.
( ) O processo de identificação acontece e provoca uma transgressão pedagógica do jeito que os professores surdos se ensinam.
( ) Os professores surdos se movimentam para assumir e construir a identidade e a cultura como modelo de si mesmos.
( ) Trata-se de uma identificação com uma nova cultura, identidade, alteridade de ser.
( ) Modelo implica dizer que há uma cópia dos objetos, por exemplo, roupas, utensílios, carros, jeitos pessoais, entre outras coisas; é como se houvesse o retorno ao mesmo.
( ) Processo de identificação é o elemento de cópias de qualquer coisa que não possui uma significação subjetiva e uma produção espontânea do ser.
Assinale a alternativa que contém a ordem CORRETA:
Strobel (2007), no capítulo intitulado “História dos surdos: representações “mascaradas” das identidades surdas”, refere-se às práticas de sujeitos surdos famosos, que envolvem identidades surdas histórica e socialmente camufladas, isto é, mascaradas. Segundo a autora:
“Estes seres famosos são sujeitos conhecidos através de vários discursos oficiais por meio de feitos que marcaram a história da humanidade, por exemplo, a invenção da luz, em performance nos cinemas e televisões, participação na política e outros. No entanto, estes registros nada referem a respeito de que estes mesmos famosos são surdos.”
Abaixo são mostrados nomes de surdos famosos que tiveram sua identidade mascarada. Associe-os com as descrições de seus feitos, relacionadas em seguida:
I) Gastão de Orléans, o Conde d’Eu
II) Lou Ferrigno
III) Thomas Edison
( ) O inventor da luz elétrica – aos 31 anos, propôs a si mesmo o desafio de obter luz a partir da energia elétrica. A autora afirma ter pesquisado em muitas enciclopédias, artigos, revistas e, na maioria dessas referências bibliográficas, nem citam que ele era surdo.
( ) Era um nobre nascido na França e, por ser francês e ter direito a ocupar o trono na condição de príncipe consorte, tornou-se um dos fortes motivos da deposição de D. Pedro II e da proclamação da República do Brasil. Casou-se com a Princesa Isabel, herdeira do trono de Pedro II, adotou a nacionalidade brasileira e ambos se empenharam na abolição do regime escravagista.
( ) Fisiculturista e ator que ficou mundialmente famoso por participar da série de televisão “O incrível Hulk”. Ele teve uma grave infecção auditiva na infância, causando a perda de 85% da audição. Tal problema foi descoberto apenas aos 3 anos de idade.
Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA de associação:
A respeito da metodologia de ensino da Libras, julgue o item subsequente.
A pedagogia surda enfatiza a educação na diferença, que
ocorre na mediação intercultural e no respeito à
identidade surda.
Quanto às diferentes identidades surdas, numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda.
1 - Identidade Surda
2 - Identidade Surda Híbrida
3 - Identidade Surda Flutuante
4 - Identidade Surda Incompleta
( ) Geralmente representada pelos filhos de pais surdos e tem a língua de sinais como língua nativa. Usam recursos e comunicações visuais.
( ) São surdos que oscilam de uma comunidade à outra, porém não vivem harmonicamente em nenhuma delas, ouvintes ou surdas, pois não há comunicação plena na língua oral e não dominam a língua de sinais na comunicação com os surdos.
( ) Caracterizada por sujeitos que negam a identidade surda como diferença, pois acreditam que os ouvintes são superiores a eles.
( ) São pessoas que eram ouvintes e por algum motivo tornaram-se surdas, conhecem a estrutura da língua portuguesa.
Assinale a sequência correta.
Sobre os conceitos e campos epistemológicos apresentados por Skliar (1998), que apreendem a educação de surdos em uma visão socioantropológica, numere a coluna da direita de acordo com sua correspondência com a coluna da esquerda.
1. Surdez.
2. Cultura Surda.
3. Estudos Surdos.
4. Multiculturalismo.
5. Ouvintismo.
( ) Apresenta características que são específicas, que se traduzem de forma visual. As formas de organizar o pensamento e a linguagem transcendem as formas ouvintes. Elas são de outra ordem, uma ordem com base visual, e por isso têm características que podem ser ininteligíveis aos ouvintes. Ela se manifesta mediante a coletividade que se constitui a partir dos próprios surdos.
( ) Pode ser definido como um território de investigação educativa e de proposições políticas que, por meio de um conjunto de concepções linguísticas, culturais, comunitárias e de identidades, definem uma particular aproximação ao conhecimento sobre a surdez e os surdos.
( ) Se constitui em uma diferença politicamente reconhecida e localizada, na maioria das vezes, dentro do discurso da deficiência e caracteriza identidades múltiplas e multifacetadas.
( ) Define um conjunto de representações dos ouvintes a partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e narrar-se como se fosse ouvinte. Nessa perspectiva é que acontecem as percepções do ser deficiente, do não ser ouvinte, percepções que legitimam as práticas terapêuticas.
( ) Apresenta a surdez como uma diferença política e uma experiência visual para pensarmos as identidades surdas a partir do conceito de diferença, e não de deficiência. Essa compreensão implica distanciarmo-nos do conceito de diferença como exclusão e marginalização e nega uma atribuição puramente externa do ser surdo a alguma característica marcante, como, por exemplo, não ouvir.
Assinale a alternativa que apresenta a numeração correta da coluna da direita, de cima para baixo.
Considere o seguinte fragmento:
Pode-se debater se a surdez é ou não “preferível” à cegueira quando adquirida não muito cedo na vida; mas nascer surdo é infinitamente mais grave do que nascer cego pelo menos de forma potencial. Isso porque os que têm surdez pré-linguística, incapazes de ouvir seus pais, correm o risco de ficar seriamente atrasados, quando não permanentemente deficientes, na compreensão da língua, a menos que se tomem providências eficazes com toda a presteza. E ser deficiente na linguagem, para um ser humano, é uma das calamidades mais terríveis [...].
(SACKS, O. Vendo Vozes. Uma jornada pelo mundo dos Surdos. Rio de Janeiro: Imago, 1990, p. 19)
Assinale a alternativa que demonstra o entendimento do autor quanto às relações entre surdez e linguagem.