Questões de Concurso
Sobre escolas literárias em literatura
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I) Percebe-se um distanciamento do subjetivismo próprio das produções literárias da época e um realismo crítico voltado para injustiças da sociedade imperial, por se desejar a participação do negro no projeto de identidade nacional. II) Percebe-se a busca por deleites poéticos semelhantes às produções de escritores contemporâneos ao revelar em sua temática a condição desgraçada e inferiorizada dos escravos africanos e seus descendentes no Brasil até 1888. III) Essa obra foi escrita no período em que o negro-escravo desponta como tema na poesia e apresenta consciência negro-rebelde, inserindo-se no bojo de produções posteriores em que emerge uma posição de resistência e luta por afirmação e reconhecimento social dos africanos e seus descendentes no país. IV) É possível notar que o poema apresenta uma oposição entre um “lá” e um “cá”, num diálogo intertextual que evoca no contexto o lugar da liberdade e o lugar da escravidão, respectivamente.
Estão CORRETAS as afirmativas:
( ) O eu poético descreve uma voz, comparando-a a “finas pratas” (verso 1), sugerindo-lhe atributos estéticos. Esse recurso criador e pouco convencional aos poetas da época está a serviço de sua expressão poética. ( ) Sabendo-se que a sonata é uma composição musical feita para ser executada por um ou mais instrumentos, diferentemente de uma composição vocal, depreende-se dos versos 3 e 4 que o poema trata de uma voz que evoca um instrumento. ( ) O uso de expressões sensoriais destaca-se dentre os recursos estilísticos presentes no poema, prevalecendo as sensações auditivas sobre as demais sensações por se tratar da descrição de uma voz. ( ) Pode-se depreender do título do poema uma síntese do elemento poético descrito nos versos, há uma voz cristalina, semelhante ao som que se desprende de objetos de cristal quando batidos ou tocados. ( ) Nota-se que o poeta demonstra a mesma preocupação estética formal típica de poetas da época ao fazer uso do soneto, contudo mostra uma tendência à apresentação plástica e original da expressão artística.
Marque a alternativa que apresenta a sequência CORRETA, de cima para baixo:
I) O eu poético busca nas imagens, aparentemente inconciliáveis e repetidas, a criação do sensorialismo, fazendo brotar a novidade estética literária recebida com grande prestígio pela crítica oficial do fim do século XIX. II) Na tentativa de sugerir sensações aos leitores, a musicalidade trabalhada no poema pode ser identificada nas rimas, no uso das aliterações e na presença marcante de fonemas nasais. III) A expressão vaga e imprecisa da realidade constitui-se em traço importante da poesia do final do século XIX e pode ser percebida nas expressões que aproximam campos sensoriais distintos. IV) O poema apresenta elementos que se alinham com um programa de renovação estética que permeia produções literárias da modernidade que valorizam a originalidade e a manifestação por meio do singular.
Estão CORRETAS as afirmativas:
Leia o texto e responda à questão.
FIM DE PAPO
Na milésima segunda noite,
Sherazade degolou o sultão.
(SECCHIN, Antônio Carlos. Fim de papo. In: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.)
Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS:
Leia o texto e responda à questão.
FIM DE PAPO
Na milésima segunda noite,
Sherazade degolou o sultão.
(SECCHIN, Antônio Carlos. Fim de papo. In: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.)
Considerando os sentidos evocados no texto, pode-se afirmar que na expressão “Fim de
papo” a palavra “papo”:
Leia o texto e responda à questão.
FIM DE PAPO
Na milésima segunda noite,
Sherazade degolou o sultão.
(SECCHIN, Antônio Carlos. Fim de papo. In: FREIRE, Marcelino (Org.). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.)
Considere as afirmações relacionadas ao texto:
I) A concisão explorada no texto conduz o leitor à realização de inferências com a ajuda das referências intertextuais para fazer emergir o que está elíptico na narrativa. II) A narrativa apresenta tensão e sugere um desfecho distinto em relação ao texto preexistente, uma vez que a fonte do sentido é resultante da formação discursiva a que o enunciado pertence. III) Nesse tipo de ficção há ausência de narratividade, prevalecendo a descrição da cena, no entanto o autor explora outras possibilidades de construção textual de sentido. IV) A narrativa estabelece um diálogo intertextual realizado a partir de elementos fornecidos na superfície textual que aludem a um texto preexistente na tradição literária.Assinale a alternativa que contém as afirmativas CORRETAS:
Os 60 anos do livro de Guimarães Rosa vêm a propósito para apreciarmos seu trunfo máximo: o foco narrativo, manipulado pelo narrador Riobaldo [...]
Nesse romance tudo decorre da escolha do foco narrativo, que acaba sendo seu alicerce e seu fundamento. Quem conta a história que lemos? É Riobaldo, que fala em primeira pessoa. E de quem é a história que ele conta? É a dele mesmo. Portanto, Riobaldo se apodera de dois pontos de vista: o do narrador e o do protagonista. Dessa alternância resulta todo o volumoso romance.
Fonte: http://www.cartaeducacao.com.br/ <Acesso: 08/04/2016)
O exposto acima diz respeito a qual livro de Guimarães Rosa?Texto 3
Uma vez determinado e conhecido o fim, o gênero se apresenta naturalmente. Até aqui, como só se procurava fazer uma obra segundo a Arte, imitar era o meio indicado: fingida era a inspiração, e artificial o entusiasmo. Desprezavam os poetas a consideração se a Mitologia podia, ou não, influir sobre nós. Contanto que dissessem que as Musas do Hélicon os inspiravam, que Febo guiava seu carro puxado pela quadriga, que a Aurora abria as portas do Oriente com seus dedos de rosas, e outras tais e quejandas imagens tão usadas, cuidavam que tudo tinham feito, e que com Homero emparelhavam; como se pudesse parecer belo quem achasse algum velho manto grego, e com ele se cobrisse! Antigos e safados ornamentos, de que todos se servem, a ninguém honram.
(GONÇALVES DE MAGALHÃES. “Suspiros poéticos e saudades” In CANDIDO, Antônio e CASTELLO, J. Aderaldo. Presença da literatura brasileira. Das origens ao Romantismo. São Paulo: DIFEL, 1976, p. 219.)
Parte II: Literatura Brasileira
Texto 1
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: – “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado”.
(ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Companhia José Aguilar Editora, 1971, volume I, p. 513-514.)
Texto 2
Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos passados há dez anos – e, antes de começar, digo os motivos por que silenciei e por que me decido. Não conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase impossível, redigir esta narrativa. Além disso, julgando a matéria superior às minhas forças, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela. Não vai aqui falsa modéstia, como adiante se verá. Também me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com os nomes que têm no registro civil. Repugnava-me deformá-las, dar-lhes pseudônimo, fazer do livro uma espécie de romance; mas teria eu o direito de utilizá-las em história presumivelmente verdadeira? Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo palavras contestáveis e obliteradas?
(...) Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade − talvez ingênuo recurso de justificar inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer.
(RAMOS, Graciliano. Memórias do cárcere. São Paulo: Record, 1996, volume I, p. 33-34.)
Texto 1
1 No Brasil de hoje, talvez no mundo, parece haver um duplo fenômeno de proliferação dos poetas e de diminuição da circulação da poesia (por exemplo, no debate público e no mercado). Uma das possíveis explicações para isso é a resistência que a poesia tem de se tornar um produto mercantil, ou seja, de se tornar objeto da cultura de massas. Ao mesmo tempo, numa sociedade de consumo e laica, parece não haver mais uma função social para o poeta, substituído por outros personagens. A poesia, compreendida como a arte de criar poemas, se tornou anacrônica?
2 Parece-me que a poesia escrita sempre será – pelo menos em tempo previsível – coisa para poucas pessoas. É que ela exige muito do seu leitor. Para ser plenamente apreciado, cada poema deve ser lido lentamente, em voz baixa ou alta, ou ainda “aural”, como diz o poeta Jacques Roubaud. Alguns de seus trechos, ou ele inteiro, devem ser relidos, às vezes mais de uma vez. Há muitas coisas a serem descobertas num poema, e tudo nele é sugestivo: os sentidos, as alusões, a sonoridade, o ritmo, as relações paronomásicas, as aliterações, as rimas, os assíndetos, as associações icônicas etc. Todos os componentes de um poema escrito podem (e devem) ser levados em conta. Muitos deles são inter-relacionados. Tudo isso deve ser comparado a outros poemas que o leitor conheça. E, de preferência, o leitor deve ser familiarizado com os poemas canônicos. (...) O leitor deve convocar e deixar que interajam uns com os outros, até onde não puder mais, todos os recursos de que dispõe: razão, intelecto, experiência, cultura, emoção, sensibilidade, sensualidade, intuição, senso de humor, etc.
3 Sem isso tudo, a leitura do poema não compensa: é uma chatice. Um quadro pode ser olhado en passant; um romance, lido à maneira dinâmica; uma música, ouvida distraidamente; um filme, uma peça de teatro, um ballet, idem. Um poema, não. Nada mais entediante do que a leitura desatenta de um poema. Quanto melhor ele for, mais faculdades nossas, e em mais alto grau, são por ele solicitadas e atualizadas. É por isso que muita gente tem preguiça de ler um poema, e muita gente jamais o faz. Os que o fazem, porém, sabem que é precisamente a exigência do poema – a interação e a atualização das nossas faculdades – que constitui a recompensa (incomparável) que ele oferece ao seu leitor. Mas os bons poemas são raridades. A função do poeta é fazer essas raridades. Felizmente, elas são anacrônicas, porque nos fazem experimentar uma temporalidade inteiramente diferente da temporalidade utilitária em que passamos a maior parte das nossas vidas.
(CÍCERO, Antônio. In: antoniocicero. Hogspot.com.br/ 2008_09_01archive.html (adaptado de uma entrevista).
O escritor atinge a maturidade do realismo de sondagem moral que as obras seguintes iriam confirmar. Quando o romancista assumiu, naquele livro capital, o foco narrativo, na verdade passou ao defunto-autor delegação para exibir, com o despejo dos que já nada mais temem, as peças de cinismo e indiferença com que via montada a história dos homens. A revolução dessa obra, que parece cavar um fosso entre dois mundos, foi uma revolução ideológica e formal: aprofundando o desprezo às idealizações românticas e ferindo no cerne o mito do narrador onisciente, que tudo vê e tudo julga, deixou emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente.
(Adaptado de: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, p. 174-177)
O referente de “naquele livro capital” é o seguinte romance de Machado de Assis:
Com relação ao parnasianismo brasileiro, avalie as afirmações abaixo.
I. É na convergência de ideais antirromânticos, como a objetividade no trato dos temas e o culto da forma, que se situa a poética do Parnasianismo.
II. A primeira corrente do Parnasianismo se amparava, sobretudo, na pesquisa lírica de intenção psicológica; procurava a beleza na expressão de estados inefáveis, por meio de tonalidades raras ou delicadas.
III. O parnasiano típico acaba por se deleitar na nomeação de alfaias, vasos e leques chineses, flautas gregas, taças de coral, ídolos de gesso em túmulos de mármore... e exaurindo-se na sensação de um detalhe ou na memória de um fragmento narrativo.
IV. Ao contrário do Naturalismo, que trouxe um vigoroso impulso de análise social, o Parnasianismo pouco trouxe de essencial sobre o tema.
Está correto sobre a poética parnasiana o que se afirma APENAS em
Gonzaga é conaturalmente árcade e nada fica a dever aos confrades de escola na Itália e em Portugal. As liras são exemplo do ideal de aurea mediocritas que apara as demasias da natureza e do sentimento. A "paisagem", que nasceu para arte como evasão das cortes barrocas, recorta-se para o neoclássico nas dimensões menores da cenografia idílica. A natureza vira refúgio (locus amoenus) para o homem do burgo oprimido por distinções e hierarquias. (...). Em Gonzaga, a paisagem é ora nativa, com minúcias de cor local mineira, ora lugar ameno de virgiliana memória.
(Adaptado de: BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, pp.72-73)
Quais dos versos de Gonzaga, no contexto de suas Liras, fazem alusão à “paisagem nativa de cor local mineira” citada por Bosi?
(Fonte dos versos: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000036.pdf)
No Brasil houve ecos do Barroco europeu durante os séculos XVII e XVIII: Gregório de Matos, Botelho de Oliveira, Frei Itaparica e as primeiras academias repetiram motivos e formas do barroquismo ibérico e italiano.
Na segunda metade do século XVIII, porém, o ciclo do ouro já daria um substrato material à arquitetura, à escultura, à literatura e à vida musical, de sorte que parece lícito falar de um "Barroco brasileiro" e, até mesmo, "mineiro", cujos exemplos mais significativos foram alguns trabalhos do Aleijadinho, de Manuel da Costa Ataíde e composições sacras de Lobo de Mesquita, Marcos Coelho e outros ainda mal identificados. Sem entrar no mérito destas obras, pois só a análise interna poderia informar sobre o seu grau de originalidade, importa lembrar que a poesia coetânea delas já não é, senão residualmente, barroca, mas rococó, arcádica e neoclássica, havendo, portanto uma discronia entre as formas expressivas, fenômeno que pode ser variavelmente explicado.
(BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2000, pp.34-35)
Do texto, infere-se sobre o “Barroco mineiro” que a partir da
A fase Pré-Modernista passa a ser tomada como marginal ou subsidiária à estética passadista ou ao próprio Modernismo. Consequentemente, as obras que lhe remetiam pertencimento cronológico, dentre elas Canaã, eram tomadas pelo sincretismo das escolas Realismo, Naturalismo, Simbolismo, mas também pela aproximação temática ao Modernismo.
(Adaptado de: ARAÚJO, Bárbara Del Rio. O registro de estilo em Canaã: uma reflexão sobre a historiografia e o rótulo Pré- modernista. In: Entretextos, Londrina, v.14, n.1, p. 240-257, jan./jun.2014)
O contraditório de classificação de Canaã, de Graça Aranha, é reiterado em: