Questões de Português - Adjetivos para Concurso
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TEXTO 1
Diz a lenda que, na Bahia, em meados da década de 60 do século passado, havia um menino que, além de muito levado, era também muito mentiroso, e que, certo dia, após aprontar muito na sala de aula, foi colocado de castigo no porão da escola por sua professora.
Depois de certo tempo, o menino começou a gritar desesperadamente que havia uma cobra com ele, mas, como ele era muito mentiroso, ninguém levou a sério. Dizem que seria uma enorme sucuri, que devorou o garoto depois de matá-lo por esmagamento; há versões que dizem até que, quando a professora entrou no porão, ainda pôde ver o pé do menino desaparecendo na boca da cobra.
A partir dessa trágica data, o fantasma do menino passou a assombrar os porões de diversas escolas.
Leia o fragmento do texto e identifique os adjetivos empregados.
“Diz a lenda que, na Bahia, em meados da década de 60 do século passado, havia um menino que, além de muito levado, era também muito mentiroso, e que, certo dia, após aprontar muito na sala de aula, foi colocado de castigo no porão da escola por sua professora. Depois de um certo tempo, o menino começou a gritar desesperadamente que havia uma cobra com ele, mas, como ele era muito mentiroso, ninguém levou a sério.”
Assinale a opção que indica o número de adjetivos empregados.
Texto 1
A revista Scientific American Brasil publicou, em seu n. 18, o seguinte texto:
Analgésico espinhoso. Embora a medicina tenha avançado o suficiente para tratar de dores de cabeça comuns, lesões musculares e procedimentos desagradáveis como obturação dentária, a dor inflamatória, da osteoartrite, de câncer ósseo e de lesões nas costas, provou ser um alvo muito mais elusivo. Os medicamentos atuais, entre eles a morfina e outros opiáceos, afetam todo o organismo e provocam efeitos colaterais perigosos. Remédios mais localizados, como injeções de esteroides, perdem efeito com o tempo. Recentemente, pesquisadores começaram a trabalhar com uma toxina encontrada em uma planta marroquina parecida com um cacto, que talvez possa proporcionar alívio permanente de dores locais com uma única injeção. (Arlene Weintraub)
Controle o colesterol.
Sua saúde agradece!
Você já parou pra pensar em tudo que o seu coração aguenta? Ele bate mais forte quando estamos apaixonadas, vibra de alegria com uma conquista, fica apertado quando a tristeza dá as caras e cheio de orgulho quando resolvemos ouvi-lo e, logo depois, descobrimos que foi a melhor decisão. E, acredite, pior do que decepcioná-lo por uma escolha errada ou feri-lo pelo término de um relacionamento seu é não cuidar de seu bem-estar físico. Desses baques impostos pela vida – mesmo que demore um pouco – ele se recupera, mas nem sempre tem a mesma sorte quando sofre os impactos negativos dos nossos maus hábitos. E entre as maiores ameaças à saúde do seu amigo do peito está o desequilíbrio das taxas de colesterol – principalmente na sua versão ruim, o LDL. Apesar de essa substância ser fundamental para diversos processos do organismo, quando ela circula em excesso pela corrente sanguínea é capaz de causar grandes problemas, como o infarto.
(...)
(REVISTA PENSE E LEVE. O JEITO MAIS GOSTOSO DE SER SAUDÁVEL. X ano 25-nº 299-junho 2017. Cá entre nós. Editorial. Por Paula Bueno, com pequenas adaptações para esta prova).
O segmento que comprova essa afirmativa é
Notícia de jornal
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
Morreu de fome.
Com base na leitura, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.
I. O cronista considera que o homem era um vagabundo, um mendigo, um bicho e, por isso, seu destino era previsível.
II. Ao atribuir o adjetivo “pleno” a “centro” e “rua”, o cronista destaca o descaso das pessoas.
Estão corretas as afirmativas:
Notícia de jornal
Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, trinta anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante setenta e duas horas, para finalmente morrer de fome.
Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos de comerciantes, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome.
Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome.
O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Médico Legal sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa – não é homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão.
Não é de alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome.
E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome.
E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, um homem morreu de fome.
Morreu de fome.
Com base na leitura, analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta.
I. “Presumíveis” é adjetivo e indica que não se tem certeza da idade do homem que morreu.
II. “Escarmento” é substantivo concreto e pode ser substituído no texto por “indignação”.
Estão corretas as afirmativas:
Texto 4 – ANIMAIS, NOSSOS IRMÃOS
“Desde o início da vida no planeta Terra, muitas são as espécies animais que foram extintas por vários motivos.
Atualmente, quando se mencionam ‘espécies em extinção’, afloram as várias atividades humanas que as provocaram, ou estão provocando.
Dentre essas ações, as principais talvez sejam:
l) a caça predatória de animais de grande porte e de alguns animais menores; todos esses animais, de uma forma ou de outra, rendem expressivos lucros;
ll) a descuidada aplicação dos chamados ‘defensivos agrícolas’ ou agrotóxicos, desestabilizando completamente o ecossistema;
lll) as grandes tragédias provocadas também pela incúria humana como os incêndios florestais e derramamento de petróleo cru nos mares;
lV) o desmatamento de grandes áreas, fator de cruel desalojamento dos habitats de incontáveis espécies animais”. (Eurípedes Kuhl)
Para responder à questão, leia a tirinha a seguir.
Sobre a palavra "grandes", analise as afirmações.
I. Possui um dígrafo.
II. É um adjetivo em suas ocorrências nos quadrinhos.
III. Trata-se de uma palavra que varia em gênero, número e grau, como todas de sua classe.
Está correto o que se afirma em:
Texto 1 – ENTREVISTA COM O FÍSICO HOWARD GELLER
O Brasil passou por um período de racionamento de energia em 2001. Isso pode se repetir? O que pode ser feito para evitar um novo racionamento?
O racionamento foi resultado da política de privatização e desregulamentação que não incentivou suficientemente a construção de novas usinas. O governo também não permitiu que o setor público investisse nessa área. Não planejou nem implementou uma política para o setor. O problema principal foi esse e não tinha uma carência de energia ou da capacidade de fornecê-la, embora o volume de chuvas tenha sido pequeno nos anos anteriores.
No futuro, o desafio será adotar uma política energética que estimule o fornecimento de energia, através de eletricidade ou de combustíveis, a um custo acessível para os consumidores e as empresas, protegendo inclusive o meio ambiente. É preciso levar em conta questões econômicas e sociais. No Brasil, há pelo menos 20 milhões de pessoas que vivem em áreas rurais das regiões Norte e Nordeste, sem acesso à eletricidade. Uma boa política expandiria o fornecimento para essa população. (Ciência Hoje, maio de 2004 - adaptado)
O papel tem futuro
Para o escritor Nicholas Basbanes, que pesquisou a história dos meios de conservar a escrita, ele continuará a ser importante, porque jamais será substituído
AMANDA POLATO
A sociedade sem papel está se aproximando, queiramos ou não. Não podemos enterrar a cabeça na areia. Podemos escolher ignorar o mundo eletrônico, mas isso não fará diferença”, escreveu o cientista da informação Frederick Wilfrid Lancaster em... 1978. Ao lado de outros entusiastas do futuro digital, ele previa um mundo maravilhoso com grande variedade de obras à disposição dos estudantes, menos impressões e redução de custos. Bibliotecas inteiras caberiam numa mesa. Quem não se adaptasse a tempo e abandonasse o papel viveria uma transição caótica. Trinta e cinco anos depois, muito do futuro imaginado por ele se concretizou. Mas o papel ainda persiste.
As bibliotecas continuam abarrotadas. Os livros impressos convivem com a popularização dos e-readers e tablets. “Usar um não significa descartar o outro”, afirma o escritor Nicholas Basbanes, autor do livro recém-lançado On paper (No papel), sem edição no Brasil. Num momento em que se discute o futuro do papel e até sua eventual extinção, o livro de Basbanes tenta explicar sua importância e a maneira como ele influenciou o curso da história. Bibliófilo, ele investigou a origem do papel e seus diferentes usos. Conversou com pesquisadores, donos de indústrias, bibliotecários e até pessoas que ainda fazem papel à mão, como há 2 mil anos. A longa jornada pela história do papel convenceu Basbanes de que a supremacia do papel tem raízes profundas – e será impossível substituí-lo.
Basbanes diz que os livros não se tornarão obsoletos tão cedo, porque são os mais simples e confiáveis meios de preservação. Dispositivos eletrônicos e softwares estão em constante mudança. Aquilo que foi registrado num formato específico hoje pode não ser lido amanhã. “Já segurei nas mãos um livro com mais de 500 anos. Você pode dizer, com segurança, que o mesmo acontecerá com uma obra criada digitalmente?”, diz Basbanes.
Grandes acervos históricos não abrem mão do papel. Nos Estados Unidos, o Arquivo Nacional encomendou folhas super-resistentes para ajudar a preservar documentos originais, como a Declaração da Independência, a Constituição e a Carta dos Direitos. O responsável pelo trabalho foi Timothy Barrett, do Centro do Livro da Universidade de Iowa, que registra e resgata técnicas milenares de fabricação de papel à mão. “Estamos nos movendo em direção a um mundo digital holográfico maravilhosamente fascinante, mas, ironicamente, nesse ambiente, os documentos em papel em certos casos se tornarão mais importantes, e não menos importantes”, diz. É inegável que a tecnologia altera hábitos, mas as características únicas do livro tradicional dão a ele muitos anos a mais de vida. A tecnologia não conseguiu substituir algumas das vantagens do papel. Ele pode estar sempre à disposição nas estantes e ser exibido em reuniões sociais. Nos livros, há o contato com textura mais macia. É possível manipular as páginas, sobrepô-las ou dobrar as pontas para se concentrar em outras partes. As palavras não competem com alertas de aplicativos, mensagens que sempre pulam nas telas ou com o link para o filme sobre a obra no YouTube, como acontece nos tablets e smartphones.
A demanda por papel tem caído em algumas regiões, como América do Norte e Europa. As grandes indústrias atribuem isso à estagnação econômica e ao avanço da tecnologia. As preocupações com o meio ambiente também resultam no menor uso de papel. Mas não é possível dizer que o setor viva um retrocesso. Foram produzidos 400 milhões de toneladas de papel em 2012, em comparação com os 399 milhões no ano anterior.
Esses milhões de toneladas têm os mais variados destinos. A Associação Britânica de Historiadores do Papel registra mais de 20 mil usos atualmente. Há empresas que investem em papéis especiais, selos, cartões-postais, jogos de cartas e outros nichos de mercado. Há usos tradicionais que perduram. Em qualquer parte do mundo, ninguém consegue se identificar oficialmente sem usá-lo. É uma tradição que começou nos tempos medievais. As pesquisas de Basbanes revelam que o papel, tão barato, abundante e portátil, tornou a burocracia possível e contribuiu para a expansão dos árabes pelo Oriente Médio, pelo Norte da África e parte da Europa. A papelada cresceu ainda mais com a Revolução Francesa, em 1789, quando o poder deixou de ficar concentrado no rei e foi distribuído aos funcionários públicos, que deviam dar provas escritas dos serviços feitos.
Ainda hoje, os governos exercem seu poder de controle por meio de uma série de regras, cumpridas apenas com a apresentação de documentos, protocolos e termos impressos. A burocracia criou duas classes de pessoas: as que têm papéis e as que não têm. Na França, os imigrantes ilegais são justamente conhecidos como sans papiers (sem papéis). Os Estados também não conseguiram reduzir o uso do papel em suas atividades diárias. Em mais de dois séculos de atividade, o Arquivo Nacional americano acumula 80 bilhões de papéis oficiais – e apenas 5% de todo o volume produzido no último ano foi para as prateleiras.
Nas empresas, o inconfundível barulho das impressoras não deixa dúvidas de que o amplo uso de computadores e e-mails não livrou os profissionais das folhas. No início dos anos 2000, os pesquisadores Abigail J. Sellen e Richard H.R. Harper publicaram o livro The myth of the paperless office (O mito do escritório sem papel). Diziam que a internet aumentou as impressões em 40%. Para quem previa que a tecnologia acabaria com o papel, é um dado embaraçoso.
Previsões sobre o mundo digital também já mostraram que nossas carteiras ficariam sem notas. É verdade que o papel-moeda perdeu importância. Dá para notar no dia a dia que é possível comprar praticamente tudo com transferências bancárias e cartões de débito e crédito. Num futuro próximo, os celulares cumprirão boa parte dessa função. No entanto, números de Bancos Centrais mostram que a fabricação de notas e moedas não começou a cair. Na Zona do Euro, elas representam 9% das transações, mas o total em circulação sobe ano após ano. Em 2012, havia E 876,8 bilhões fora dos bancos, cerca de 2% a mais que em 2011, segundo o Banco Internacional de Compensações. Em alguns países, como a Suécia, há esforços para acabar com as notas. Alguns estabelecimentos não aceitam notas, como pubs e pequenos negócios. A solução, aparentemente moderna, prejudica moradores de zonas rurais, que não têm cartões. O mesmo vale para os Estados Unidos. Segundo o empresário Douglas Crane, que fornece papel para as notas de dólares, 20% dos americanos não têm conta bancária. O papel-moeda também é fundamental para imigrantes. Mesmo com grandes inovações relacionadas à carteira eletrônica, é difícil imaginar algo tão simples e anônimo quanto um pedaço de papel, que permite operações fora do sistema bancário. As altas taxas cobradas pelos bancos também desestimulam o uso do crédito e débito para compras pequenas. O avanço das moedas eletrônicas esbarra ainda na segurança. A quebra de um código poderia significar a reprodução de dinheiro indefinidamente. Até agora, não foi inventado nenhum sistema infalível. Mesmo que um novo sistema surja e convença todos (inclusive os excluídos) a trocar as carteiras por celulares, isso acabaria com apenas uma utilidade do papel. Restariam ainda 19.999.
http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2013/12/o-papelb-tem-futurob.html. Acesso: 08/03/2014
O papel tem futuro
Para o escritor Nicholas Basbanes, que pesquisou a história dos meios de conservar a escrita, ele continuará a ser importante, porque jamais será substituído
AMANDA POLATO
A sociedade sem papel está se aproximando, queiramos ou não. Não podemos enterrar a cabeça na areia. Podemos escolher ignorar o mundo eletrônico, mas isso não fará diferença”, escreveu o cientista da informação Frederick Wilfrid Lancaster em... 1978. Ao lado de outros entusiastas do futuro digital, ele previa um mundo maravilhoso com grande variedade de obras à disposição dos estudantes, menos impressões e redução de custos. Bibliotecas inteiras caberiam numa mesa. Quem não se adaptasse a tempo e abandonasse o papel viveria uma transição caótica. Trinta e cinco anos depois, muito do futuro imaginado por ele se concretizou. Mas o papel ainda persiste.
As bibliotecas continuam abarrotadas. Os livros impressos convivem com a popularização dos e-readers e tablets. “Usar um não significa descartar o outro”, afirma o escritor Nicholas Basbanes, autor do livro recém-lançado On paper (No papel), sem edição no Brasil. Num momento em que se discute o futuro do papel e até sua eventual extinção, o livro de Basbanes tenta explicar sua importância e a maneira como ele influenciou o curso da história. Bibliófilo, ele investigou a origem do papel e seus diferentes usos. Conversou com pesquisadores, donos de indústrias, bibliotecários e até pessoas que ainda fazem papel à mão, como há 2 mil anos. A longa jornada pela história do papel convenceu Basbanes de que a supremacia do papel tem raízes profundas – e será impossível substituí-lo.
Basbanes diz que os livros não se tornarão obsoletos tão cedo, porque são os mais simples e confiáveis meios de preservação. Dispositivos eletrônicos e softwares estão em constante mudança. Aquilo que foi registrado num formato específico hoje pode não ser lido amanhã. “Já segurei nas mãos um livro com mais de 500 anos. Você pode dizer, com segurança, que o mesmo acontecerá com uma obra criada digitalmente?”, diz Basbanes.
Grandes acervos históricos não abrem mão do papel. Nos Estados Unidos, o Arquivo Nacional encomendou folhas super-resistentes para ajudar a preservar documentos originais, como a Declaração da Independência, a Constituição e a Carta dos Direitos. O responsável pelo trabalho foi Timothy Barrett, do Centro do Livro da Universidade de Iowa, que registra e resgata técnicas milenares de fabricação de papel à mão. “Estamos nos movendo em direção a um mundo digital holográfico maravilhosamente fascinante, mas, ironicamente, nesse ambiente, os documentos em papel em certos casos se tornarão mais importantes, e não menos importantes”, diz. É inegável que a tecnologia altera hábitos, mas as características únicas do livro tradicional dão a ele muitos anos a mais de vida. A tecnologia não conseguiu substituir algumas das vantagens do papel. Ele pode estar sempre à disposição nas estantes e ser exibido em reuniões sociais. Nos livros, há o contato com textura mais macia. É possível manipular as páginas, sobrepô-las ou dobrar as pontas para se concentrar em outras partes. As palavras não competem com alertas de aplicativos, mensagens que sempre pulam nas telas ou com o link para o filme sobre a obra no YouTube, como acontece nos tablets e smartphones.
A demanda por papel tem caído em algumas regiões, como América do Norte e Europa. As grandes indústrias atribuem isso à estagnação econômica e ao avanço da tecnologia. As preocupações com o meio ambiente também resultam no menor uso de papel. Mas não é possível dizer que o setor viva um retrocesso. Foram produzidos 400 milhões de toneladas de papel em 2012, em comparação com os 399 milhões no ano anterior.
Esses milhões de toneladas têm os mais variados destinos. A Associação Britânica de Historiadores do Papel registra mais de 20 mil usos atualmente. Há empresas que investem em papéis especiais, selos, cartões-postais, jogos de cartas e outros nichos de mercado. Há usos tradicionais que perduram. Em qualquer parte do mundo, ninguém consegue se identificar oficialmente sem usá-lo. É uma tradição que começou nos tempos medievais. As pesquisas de Basbanes revelam que o papel, tão barato, abundante e portátil, tornou a burocracia possível e contribuiu para a expansão dos árabes pelo Oriente Médio, pelo Norte da África e parte da Europa. A papelada cresceu ainda mais com a Revolução Francesa, em 1789, quando o poder deixou de ficar concentrado no rei e foi distribuído aos funcionários públicos, que deviam dar provas escritas dos serviços feitos.
Ainda hoje, os governos exercem seu poder de controle por meio de uma série de regras, cumpridas apenas com a apresentação de documentos, protocolos e termos impressos. A burocracia criou duas classes de pessoas: as que têm papéis e as que não têm. Na França, os imigrantes ilegais são justamente conhecidos como sans papiers (sem papéis). Os Estados também não conseguiram reduzir o uso do papel em suas atividades diárias. Em mais de dois séculos de atividade, o Arquivo Nacional americano acumula 80 bilhões de papéis oficiais – e apenas 5% de todo o volume produzido no último ano foi para as prateleiras.
Nas empresas, o inconfundível barulho das impressoras não deixa dúvidas de que o amplo uso de computadores e e-mails não livrou os profissionais das folhas. No início dos anos 2000, os pesquisadores Abigail J. Sellen e Richard H.R. Harper publicaram o livro The myth of the paperless office (O mito do escritório sem papel). Diziam que a internet aumentou as impressões em 40%. Para quem previa que a tecnologia acabaria com o papel, é um dado embaraçoso.
Previsões sobre o mundo digital também já mostraram que nossas carteiras ficariam sem notas. É verdade que o papel-moeda perdeu importância. Dá para notar no dia a dia que é possível comprar praticamente tudo com transferências bancárias e cartões de débito e crédito. Num futuro próximo, os celulares cumprirão boa parte dessa função. No entanto, números de Bancos Centrais mostram que a fabricação de notas e moedas não começou a cair. Na Zona do Euro, elas representam 9% das transações, mas o total em circulação sobe ano após ano. Em 2012, havia E 876,8 bilhões fora dos bancos, cerca de 2% a mais que em 2011, segundo o Banco Internacional de Compensações. Em alguns países, como a Suécia, há esforços para acabar com as notas. Alguns estabelecimentos não aceitam notas, como pubs e pequenos negócios. A solução, aparentemente moderna, prejudica moradores de zonas rurais, que não têm cartões. O mesmo vale para os Estados Unidos. Segundo o empresário Douglas Crane, que fornece papel para as notas de dólares, 20% dos americanos não têm conta bancária. O papel-moeda também é fundamental para imigrantes. Mesmo com grandes inovações relacionadas à carteira eletrônica, é difícil imaginar algo tão simples e anônimo quanto um pedaço de papel, que permite operações fora do sistema bancário. As altas taxas cobradas pelos bancos também desestimulam o uso do crédito e débito para compras pequenas. O avanço das moedas eletrônicas esbarra ainda na segurança. A quebra de um código poderia significar a reprodução de dinheiro indefinidamente. Até agora, não foi inventado nenhum sistema infalível. Mesmo que um novo sistema surja e convença todos (inclusive os excluídos) a trocar as carteiras por celulares, isso acabaria com apenas uma utilidade do papel. Restariam ainda 19.999.
http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2013/12/o-papelb-tem-futurob.html. Acesso: 08/03/2014
Quanto à classificação das palavras sublinhadas, numerar a 2ª coluna de acordo com a 1ª e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
(1) Adjetivo.
(2) Advérbio.
(3) Substantivo.
( ) “... a decoração de apenas um dos...”
( ) “O desmatamento decorrente da ocupação...”
( ) “... dominado por uma família diferente...”
Leia o texto para responder à questão.
A moléstia conservou durante muitos dias – dias angustiosos e terríveis – um caráter de excessiva gravidade; durante longo tempo, Fadinha, que estava com todo o corpo cruelmente invadido pela medonha erupção, teve a existência por um fio. Entretanto, os cuidados da ciência e a ciência dos cuidados triunfaram do mal, e Fadinha ficou boa, completamente boa, depois de ter estado suspensa entre a vida e a morte.
Ficou boa, mas desfigurada: a moça mais bonita do Rio de Janeiro transformara-se num monstro. Aquele rosto intumescido e esburacado não conservara nada, absolutamente nada da beleza célebre de outrora. Ela, porém, consolou-se vendo que o amor de Remígio, longe de enfraquecer, crescera, fortificado pelo espetáculo do seu martírio.
A mãe, conquanto insensível às boas ações, não pôde disfarçar a admiração e o prazer que o moço lhe causou no dia em que lhe pediu a filha em casamento, dizendo:
– Só havia um obstáculo à minha felicidade: era a formosura – de Fadinha. Agora que esse obstáculo desapareceu, espero que a senhora não se oponha a um enlace que era o desejo de seu marido.
Realizou-se o casamento. D. Firmina, desprovida sempre de todo o senso moral, entendeu que devia ser aproveitado o rico enxoval oferecido pelo primeiro noivo; Remígio, porém, teve o cuidado de fazer com que o restituíssem ao barão. A cerimônia efetuou-se com toda a simplicidade, na matriz do Engenho Novo.
Um ano depois do casamento, Fadinha estava outra vez bonita, não da boniteza irradiante e espetaculosa de outrora, mas, enfim, com um semblante agradável, o quanto bastava para regalo dos olhos enamorados do esposo. Remígio dizia, sinceramente, quem sabe? que a achava assim mais simpática, e os sinais das bexigas lhe davam até um “não sei quê”, que lhe faltava dantes.
– Não é bela que me inquiete, nem feia que me repugne. Era assim que eu a desejava.
O caso é que ambos foram muito felizes. Ainda vivem. Remígio é atualmente um alto funcionário, pai de cinco filhos perfeitamente educados.
(Arthur Azevedo, “A moça mais bonita do Rio de Janeiro”.
Em: Seleção de Contos, 2014. Adaptado)
TEXTO I
Que medicina nos espera amanhã?
Temos medicina primária que não necessita de minhas críticas. Basta consultar a imprensa diariamente. Essa endemia na saúde, que persiste há décadas, mata milhares de vezes mais que as epidemias virais que hoje nos acometem. Os órgãos oficiais fazem campanhas, muitas vezes demagogicamente, apenas na hora da desgraça, não entendendo, ou não querendo entender, o significado da palavra prevenção, que é o pilar fundamental de qualquer sistema de saúde.
Metade da população não é servida por saneamento básico. Em compensação, a medicina terciária, da qual nos orgulhamos pela qualidade atingida, deveria estar em centros especializados devidamente localizados, espalhados pelo país, de preferência perto de centros universitários, de acordo com as necessidades regionais. Os gastos com tecnologia se reduziriam muito e equipamentos caríssimos não ficariam encaixotados, deteriorando-se, ou em mãos inexperientes, sem condições de ser utilizados. Por que, então, foram encaminhados a esses locais?
Para agravar, a maioria das escolas forma profissionais especializados, geralmente mais interessados em técnicas e métodos, e não em clínica. O contato com o paciente, o ouvir, o olhar, o palpar, o auscultar foram substituídos pelos exames complementares. O indivíduo transformou-se em algo secundário, meio de fazer funcionar uma máquina de produzir dinheiro, pois a medicina se transformou num grande negócio, nas mãos de empresários com enorme poder econômico. Julgo precisarmos mais de ética que de técnica. Mas ética “não dá dinheiro”.
A tecnologia transformou-nos numa tecnocracia dominadora amoral, quando deveria estar a serviço do paciente, comequilíbriodeinteressesenecessidades.Ela nos dá poder material que, quando não contrabalançado por um poder intelectual, pode tornar-se destrutiva.
A ciência também é amoral e deve ser digerida pela moral social. Quanto de tecnologia inútil se produz e se utiliza diariamente e quanto de ciência se publica para apenas engrossar currículos, sendo colocadas logo após na biblioteca do esquecimento, das inutilidades, sem colaborar em nada para uma saudável evolução? Quantos artigos médicos, além de aulas e conferências, são fraudados para convencer os menos informados a assumir determinadas condutas? Essa cultura já impregnou as academias médicas e as piores consequências se fazem sentir na qualidade do ensino e da assistência.
Como dizia Karl Marx, os setores que dominam o sistema financeiro, “ao fundarem a produção econômica na exploração da ciência aplicada, e ao monopolizarem em seu proveito as invenções tecnológicas”, caminhariam a passos largos para um domínio sem escrúpulos, amoral, das ciências. O paciente tornou-se um meio, e não um fim. Mesmo não sendo marxista, admiro a antevisão que teve esse pensador.
Demorará para sairmos desse padrão, em direção a uma situação eticamente aceitável, pois a mudança depende dos responsáveis por essa situação.
[...]
MADY, Charles. Que medicina nos espera amanhã? Estadão.
5 abr. 2016. Disponível em:<https://goo.gl/OFL5vW>
Releia o trecho a seguir.
“A tecnologia transformou-nos numa tecnocracia dominadora amoral, quando deveria estar a serviço do paciente, com equilíbrio de interesses e necessidades.”
A respeito da palavra destacada, analise as afirmativas a seguir.
I. Trata-se de um adjetivo que qualifica a palavra “dominadora”.
II. Possui o mesmo significado que “imoral” em qualquer contexto.
III. É formada por uma derivação sufixal.
De acordo com a norma padrão, estão incorretas as afirmativas:
Risco pediátrico
O Tribunal de Contas da União (TCU) pediu acesso ao resultado de centenas de fiscalizações realizadas pelos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) ao longo de 2015. Em meio ao calhamaço de informações, um ponto se destaca: o descaso para com a infraestrutura da rede pública de atenção primária.
É justamente nas 41 mil unidades básicas de saúde (UBS) espalhadas pelo país que os pacientes deveriam ter acesso às ações de promoção da saúde, de prevenção de doenças e de cuidados.
Plenamente eficientes, ajudariam a reduzir a incidência de doenças e a controlar os problemas crônicos, com menos sequelas e mortes, esvaziando hospitais e, o que mais gostam de ouvir os gestores, diminuindo custos. Contudo, os dados mostram uma rede à margem de suas possibilidades. [...]
Das 1.266 UBS vistoriadas pelos CRMs em 2015, um total de 739 (58%) apresentava mais de 30 itens em desconformidade com o estabelecido pelas normas legais em vigor. Sob a responsabilidade dos atuais gestores, deixaram de cumprir exigências criadas pelo próprio Ministério da Saúde.
O descaso transparece em contextos incompatíveis com a dignidade humana e a responsabilidade técnica. Em 41% das unidades, não havia um negatoscópio (aparelho para avaliar uma radiografia) e a falta de estetoscópio foi registrada em 23% das fiscalizações.
A precariedade das instalações em locais onde a limpeza é fundamental também foi percebida. Em 3% das UBS visitadas não havia sanitários para os funcionários; em 8% faltavam pias ou lavabos; sabonete líquido e papel toalha eram itens faltantes em 16% das unidades.
A pediatria é uma das especialidades que mais sofrem com essa situação, que beira o surreal. No Brasil, há 35 mil especialistas na área. Pouco mais de 70% deles atuam na rede pública, principalmente nessa rede que carece de quase tudo. Mesmo assim, num contexto completamente adverso, eles têm se desdobrado para oferecer às crianças e adolescentes o mínimo do que precisam.
Por isso, cuidam da saúde de 50 milhões de brasileiros, com idades de 0 a 18 anos, que dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS) para ter acesso a consultas médicas, exames, internações e cirurgias. No entanto, no cenário atual, profissionais e pacientes enfrentam situações-limite, que causam desespero nas famílias e impõem dilemas éticos aos médicos, cerceados por fatores que fogem ao seu controle.
Em nome da saúde e do bem-estar dos jovens brasileiros, essa realidade deve ser transformada com urgência. Nesse contexto, a assistência pediátrica de qualidade tem de ser vista como prioridade, pois se ocupa fundamentalmente daqueles que, mais que todos, precisam de uma sociedade que respeite a cidadania.
SILVA, Luciana Rodrigues; FERREIRA, Sidnei. Risco pediátrico. CFM.
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Releia o trecho a seguir.
“O descaso transparece em contextos incompatíveis com a dignidade humana e a responsabilidade técnica. Em 41% das unidades, não havia um negatoscópio (aparelho para avaliar uma radiografia) e a falta de estetoscópio foi registrada em 23% das fiscalizações.”
Assinale a alternativa em que a palavra destacada não qualifica outra nesse trecho.