Questões de Português - Adjetivos para Concurso

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Q1962226 Português

Considere o fragmento de texto abaixo para a questão.

Galinhas

RAFAEL BARRETT

   Enquanto não possuía nada além da minha cama e dos meus livros, eu estava feliz. Agora eu possuo nove galinhas e um galo, e minha alma está perturbada. A propriedade me tornou cruel.
  Sempre que comprava uma galinha, amarrava-a por dois dias a uma árvore, para impor a minha morada, destruindo em sua memória frágil o amor a sua antiga residência. Remendei a cerca do meu quintal, a fim de evitar a evasão das minhas aves e a invasão de raposas de quatro e dois pés.
  Eu me isolei, fortifiquei a fronteira, tracei uma linha diabólica entre mim e meu vizinho. Dividi a humanidade em duas categorias: eu, dono das minhas galinhas, e os outros que podiam tirá-las de mim.
   Eu defini o crime. O mundo encheu-se para mim de alegados ladrões, e pela primeira vez eu lancei do outro lado da cerca um olhar hostil. [...]

Texto original: “Galinhas”, de Rafael Barrett (Paraguai, 1910). Texto traduzido para o português acessado em: https://viladeutopia.com.br/galinhas/ (com alterações)

Assinale a alternativa que apresenta uma análise integralmente CORRETA em relação à classificação morfológica e à flexão verbal e nominal.
Alternativas
Q1961257 Português
      [...] Este mesmo espírito conservador/reacionário iria se manifestar no tratamento dado pelos contemporâneos àquela que é, indiscutivelmente, a principal instituição moldadora da história política, econômica, social e cultural do Brasil – a escravidão. Sabe-se que o Brasil foi, por larga margem, o principal destino dos mais de 12 milhões de africanos escravizados trazidos para as Américas entre os séculos 16 e 19. Apenas no período imperial, entre 1822 e 1856, seria de cerca de 1,2 milhão o número de escravos aqui desembarcados. Destes, aproximadamente 750 mil de forma ilegal, a partir de 1831, ano em que passava a vigorar compromisso com a cessação do tráfico assumido pelo Brasil em convenção firmada com a Grã-Bretanha. O desenrolar dessa triste história também é conhecido: a abolição de fato do tráfico transatlântico em 1850 e uma sucessão de leis culminando com a Lei Áurea, de 1888, tornando o Brasil o último país do Ocidente a abolir aquela “instituição peculiar” – para usar o eufemismo caro aos escravocratas do Sul dos Estados Unidos. [...]


Fonte: ABREU, Marcelo de Paiva; LAGO, Luiz Aranha Correa do; VILLELA, André Arruda. A passos lentos: uma história econômica do Brasil Império. São Paulo: Edições 70, 2022. p. 18.
Assinale a alternativa INCORRETA.
Alternativas
Q1961039 Português

Conversinha mineira

(Fernando Sabino) 



- É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?

- Sei dizer não senhor: não tomo café.

- Você é dono do café, não sabe dizer?

- Ninguém tem reclamado dele não senhor.

- Então me dá café com leite, pão e manteiga.

- Café com leite só se for sem leite.

- Não tem leite?

- Hoje, não senhor.

- (I) __________ hoje não?

- (II) __________ hoje o leiteiro não veio.

- Ontem ele veio?

- Ontem não.

- Quando é que ele vem?

- Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no dia que devia vir em geral não vem.

- Mas ali fora está escrito “Leiteria”!

- Ah, isso está, sim senhor.

- Quando é que tem leite?

- Quando o leiteiro vem.

- Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?

- O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?

- Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?

- Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.

- E há quanto tempo o senhor mora aqui?

- Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um pouco mais, um pouco menos.

- Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?

- Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.

- Para que Partido? - Para todos os Partidos, parece.

- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.

- Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida...

- E o Prefeito?

- Que é que tem o Prefeito?

- Que tal o Prefeito daqui?

- O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.

- Que é que falam dele?

- Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.

- Você, certamente, já tem candidato.

- Quem, eu? Estou esperando as plataformas.

- Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que história é essa?

- Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...

Observe a passagem e veja o uso da palavra ‘tal’. Assinale a alternativa que a justifica.
- Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui. - Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro. Nessa mexida... - E o Prefeito? - Que é que tem o Prefeito? - Que tal o Prefeito daqui? - O Prefeito? É tal e qual eles falam dele. - Que é que falam dele? - Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.

I. que tal se refere a um advérbio. Indica que houve quem pediu uma opinião sobre algo.
II. tal e qual é uma locução conjuntiva comparativa equivalente a ‘como’, ‘igual a’, ‘semelhante a’.
III. que tal é um adjetivo utilizado para generalizar a informação trazida pelo verbo.
Estão corretas as afirmativas:
Alternativas
Q1960347 Português

A loteria genética


        O morticínio e as iniquidades provocados por ideias supostamente científicas sobre genes e raças são conhecidos. Em boa medida por causa desse histórico sombrio, parte da sociedade passou as últimas décadas ignorando, quando não combatendo, pesquisas no campo da genética humana, particularmente da genética comportamental. Não é uma estratégia particularmente brilhante. Um dos maus hábitos da realidade é que ela não vai embora só porque você não gosta dos resultados que ela produz.

        Esse panorama começou a mudar nos últimos anos, com a publicação de livros escritos por cientistas com agenda abertamente progressista que mostram que os genes são relevantes para o comportamento humano. “The Genetic Lottery”, de Kathryn Paige Harden, é uma dessas obras. Seu maior mérito é apresentar e desmitificar o problema. Genes importam não só no âmbito individual mas também para os grandes desafios sociais, como a igualdade. O peso da genética no desempenho escolar de uma criança é igual ao da renda dos pais, ou seja, bem forte. E o desempenho escolar, vale lembrar, é uma variável-chave na definição da renda, felicidade e até do número de anos que a pessoa vai viver.

        Harden faz um apanhado bem didático dos tipos de pesquisa genética que existem, as diferenças entre eles e como interpretá-los. Embora o senso comum pense os genes como determinantes, seu efeito sobre a maioria das características que nos interessam é muito mais probabilístico. Bons genes no ambiente errado não fazem milagres. E um ambiente propício pode fazer com que mesmo alguém que não tenha sido favorecido pela loteria genética se saia bem.

        Uma boa analogia é com a miopia. Ela é 100% genética, mas depende de certas condições ambientais para manifestar-se. Mais importante, mesmo quando ela dá as caras, a sociedade tem uma solução não genética 100% eficaz: óculos.


(Hélio Schwartsman. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ helioschwartsman/2021/12/a-loteria-genetica.shtml. 18.12.2021. Adaptado)

O adjetivo destacado caracteriza de forma negativa a palavra a que se refere na seguinte frase:
Alternativas
Q1960154 Português

Texto I

Inverno


        A família estava reunida em torno do fogo, Fabiano sentado no pilão caído, sinhá Vitória de pernas cruzadas, as coxas servindo de travesseiros aos filhos. A cachorra Baleia, com o traseiro no chão e o resto do corpo levantado, olhava as brasas que se cobriam de cinza.

        Estava um frio medonho, as goteiras pingavam lá fora, o vento sacudia os ramos das catingueiras, e o barulho do rio era como um trovão distante.

        Fabiano esfregou as mãos satisfeito e empurrou os tições com a ponta da alpercata. As brasas estalaram, a cinza caiu, um círculo de luz espalhou-se em redor da trempe de pedra, clareando vagamente os pés do vaqueiro, os joelhos da mulher e os meninos deitados. De quando em quando estes se mexiam, porque o lume era fraco e apenas aquecia pedaços deles. Outros pedaços esfriavam recebendo o ar que entrava pela rachadura das paredes e pelas gretas da janela. Por isso não podiam dormir. Quando iam pegando no sono, arrepiavam-se, tinham precisão de virar-se, chegavam-se à trempe e ouviam a conversa dos pais. Não era propriamente conversa: eram frases soltas, espaçadas, com repetições e incongruências. Às vezes uma interjeição gutural dava energia ao discurso ambíguo. Na verdade nenhum deles prestava atenção às palavras do outro: iam exibindo as imagens que lhes vinham ao espírito, e as imagens sucediam-se, deformavam-se, se não havia meio de dominá-las. Como os recursos de expressão eram minguados, tentavam remediar a deficiência falando alto. [...]

(RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 63-64)

Em “Fabiano esfregou as mãos satisfeito” (3º§), o vocábulo destacado ilustra o seguinte emprego das classes de palavras: 
Alternativas
Respostas
1091: C
1092: C
1093: D
1094: D
1095: E