Questões de Concurso Sobre análise sintática em português

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Q2111659 Português
Texto 2A2-I

      O justo se desvela no decorrer das lutas de libertação na história. O justo é um saber que se vai constituindo à medida que nossa consciência da história se aguça. Mas não basta a consciência da história, pois procurar a justiça é uma atitude ética — é uma escolha. Não podemos cair em uma visão automática da história, na qual nossa simples posição em dado estrato social nos leva necessariamente a pensar de certa forma, a valorizar em certa medida. Se aceitássemos essa visão, bastaria ficarmos quietos esperando que a história se fizesse de acordo com seus mecanismos. Mas o real é outro. A justiça está se fazendo pela organização popular, pelo aguçamento dos conflitos. E cada um de nós vislumbra o norte da justiça, por via da busca de uma visão coerente da história, aliada a uma prática e a uma análise rigorosa das circunstâncias presentemente vividas.
       A busca da justiça como virtude não é equidistante, não é neutra, não é equilibrada. Ela nos força, a cada momento, a tomar partido, a ser parcial, tendo a parcela maior dos seres humanos como fundamento. Ser justo é viver a virtude de tomar partido em busca do melhor, fundado na visão mais lúcida possível da história e na análise das circunstâncias maiores e menores que isso envolve. A justiça é uma virtude agente que se explicita na prática social comprometida. 


Roberto Aguiar. O que é justiça: uma abordagem dialética. Brasília:
Senado Federal. Conselho Editorial, 2020, p. 319-20 (com adaptações). 
Em relação a aspectos linguísticos do texto 2A2-I, julgue o item a seguir. 

Os termos “ética” (terceiro período do primeiro parágrafo) e “agente” (último período do texto) desempenham funções sintáticas diferentes. 

Alternativas
Q2111645 Português
Texto 2A1-I

     O ordenamento jurídico vem sendo confrontado com as inovações tecnológicas decorrentes da aplicação da inteligência artificial (IA) nos sistemas computacionais. Não apenas se vivencia uma ampliação do uso de sistemas lastreados em IA no cotidiano, como também se observa a existência de robôs com sistemas computacionais cada vez mais potentes, nos quais os algoritmos passam a decidir autonomamente, superando a programação original. Nesse contexto, um dos grandes desafios ético-jurídicos do uso massivo de sistemas de inteligência artificial é a questão da responsabilidade civil advinda de danos decorrentes de robôs inteligentes, uma vez que os sistemas delituais tradicionais são baseados na culpa e essa centralidade da culpa na responsabilidade civil se encontra desafiada pela realidade de sistemas de inteligência artificial.

       Perante a autonomia algorítmica na qual os sistemas de IA passam a decidir de forma diversa da programada, há uma dificuldade de diferenciar quais danos decorreram de erro humano e aqueles que derivaram de uma escolha equivocada realizada pelo próprio sistema ao agir de forma autônoma. O comportamento emergente da máquina, em função do processo de aprendizado profundo, sem receber qualquer controle da parte de um agente humano, torna difícil indicar quem seria o responsável pelo dano, uma vez que o processo decisório decorreu de um aprendizado automático que culminou com escolhas equivocadas realizadas pelo próprio sistema. Há evidentes situações em que se pode vislumbrar a existência de culpa do operador do sistema, como naquelas em que não foram realizadas atualizações de software ou, até mesmo, de quebra de deveres objetivos de cuidado, como falhas que permitem que hackers interfiram no sistema. Entretanto, excluídas essas situações, estará ausente o juízo de censura necessário para a responsabilização com base na culpa. 


B. L. da Anunciação Melo e H. Ribeiro Cardoso. Sistemas de inteligência
artificial e responsabilidade civil: uma análise da proposta europeia acerca
da atribuição de personalidade civil. In: Revista Brasileira de Direitos
Fundamentais & Justiça, 16(1), 2020, p. 93-4 (com adaptações). 
Em relação às construções sintáticas do texto 2A1-I, julgue o próximo item.

No último período do segundo parágrafo, a oração “excluídas essas situações” expressa circunstância de modo. 

Alternativas
Q2110627 Português
Leia o texto para responder à questão.

Basta de desperdiçar comida

  Quando se fala em insegurança alimentar no Brasil, frequentemente se aponta o paradoxo de um país que é considerado o “celeiro do mundo” onde milhões de pessoas passam fome. A rigor, não há contradição: se tantos brasileiros fustigados por um desempenho medíocre da economia nacional não têm emprego e renda para pagar pelos alimentos produzidos, então outras pessoas ao redor do mundo pagarão.
   Tão ou mais chocante é o contraste entre a quantidade de pessoas que passam fome e a quantidade de comida jogada no lixo. Não só no Brasil, mas no mundo. Segundo a ONU, até 828 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial, passam fome. Ao mesmo tempo, cerca de um terço de todo alimento produzido no mundo é perdido ou desperdiçado – o suficiente para alimentar 1 bilhão de pessoas.
   Reduzir as perdas e desperdícios implicaria ganhos como o aumento da produtividade e do crescimento econômico; mais segurança alimentar e nutrição; e mitigação de impactos ambientais, em particular a redução da pressão sobre o uso de recursos naturais (terras e águas) e dos gases de efeito estufa emitidos pela comida em decomposição. Calcula-se que o desperdício de alimentos seja responsável por 8% a 10% das emissões globais, pelo menos o dobro das emissões da aviação.
   De um modo geral, falta uma maior cooperação entre o poder público e a iniciativa privada, seja na formulação de dados e indicadores sobre a perda e desperdício, seja nas estratégias de redução, seja nas estratégias de resgate e reutilização, seja, por fim, na infraestrutura de compostagem e reciclagem (para os alimentos inaptos ao consumo humano).
   Se tantos brasileiros passam fome, não é por falta de comida. O Brasil produz abundantemente. O que falta é renda. Além disso, entre produtores, vendedores e consumidores há um imenso desperdício. Neste caso, estão faltando inteligência, vontade e cooperação.

(https://opiniao.estadao.com.br/, 06.11.2022. Adaptado)
No trecho do último parágrafo – Se tantos brasileiros passam fome, não é por falta de comida. O Brasil produz abundantemente. –, os termos destacados expressam, correta e respectivamente, sentidos de
Alternativas
Q2107870 Português
Atenção: Leia um trecho da crônica “O Risadinha”, de Paulo Mendes Campos, para responder à questão. 







1bodoquear: atirar pedra com estilingue.
2Cantinflas: nome artístico do humorista mexicano Fortino Mario Alfonso Moreno Reyes (1911-1993). 
Em o velho corria atrás da gente (1º parágrafo), a expressão sublinhada exerce a mesma função sintática do elemento sublinhado em:
Alternativas
Q2107276 Português
Instrução: A questão refere-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.

O Cupido original não era um bebê com asas

Por Leo Caparroz






(Disponível em: https://super.abril.com.br/cultura/o-cupido-original-nao-era-um-bebe-com-asas-conheca-suahistoria/ – texto adaptado especialmente para esta prova).
Assinale a alternativa que indica a correta função sintática do termo sublinhado na oração a seguir: “Quando elas aparecem, porém, ficam cheias de inveja da sua vida de luxo”.
Alternativas
Q2106867 Português
O Cérebro do Futuro 

Por Luah Galvão

texto_1 - 12 .png (750×785)

(Disponível em: https://exame.com/colunistas/o-que-te-motiva/o-cerebro-do-futuro-no-olhar-de-daniel-pink/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Considerando a formação do período composto, analise o período e as assertivas a seguir:
“Mas, o tempo passou, o mundo girou, o contexto se alterou e cá estamos para comprovar as tendências”. 
I. O período é composto por cinco orações. II. Há uma oração reduzida no período. III. O período apresenta duas orações coordenadas.
Quais estão corretas?
Alternativas
Q2106866 Português
O Cérebro do Futuro 

Por Luah Galvão

texto_1 - 12 .png (750×785)

(Disponível em: https://exame.com/colunistas/o-que-te-motiva/o-cerebro-do-futuro-no-olhar-de-daniel-pink/ – texto adaptado especialmente para esta prova).

Assinale a alternativa que indica o número do termo sublinhado (inserido imediatamente depois dele) que NÃO exerce a função sintática de adjunto adnominal.
Os (1) novos (2) ventos também (3) passaram a soprar em nosso (4) favor e Daniel Pink captou a (5) tendência que realmente iríamos ver nascer”. 
Alternativas
Q2106460 Português
O grupo de amigos que se reunia, após o almoço, no Clube Rio Branco, de Cachoeira do Sul, falava em doenças. Todo um corso de males desfilava. Até que alguém comentou que um parente seu estava por morrer, de diabete.

O então vereador Geny Trindade, despachado e falastrão, comentou que diabete era com ele mesmo:

– Tirei carta de doutor cuidando de diabético. Minha santa avó – que Deus a levou – tinha tanto açúcar no sangue, que eu e meus irmãos colocávamos arandelas de lã de pelego nos pés da cama da velha…

– Pra que, Geny?

– Pras formigas não comerem a pobre da velha que, mal comparando, era uma rapadura que falava.

RILLO, Apparicio Silva. Rapa de Tacho: causos gauchescos. Porto Alegre: Editora Tchê, s.d.
Sobre o texto, é correto afirmar que:
Alternativas
Q2105365 Português
"Il faut cultiver notre jardin." (Voltaire)



Adaptado de GONÇALVES, Carolina de Almeida. In https://administradores.com.br/artigos/como-est%C3%A1-o-cultivo-do-seujardim; acesso em 28/01/2022.
Quanto à análise sintática dos termos desta oração “Entrarão no seu jardim” (l. 17 e 18), assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q2105173 Português
Se a um aluno do nono ano for solicitada a resolução de uma atividade acerca dos termos da oração, ele, depois de ser exposto ao estudo de tais termos sustentado pela morfossintaxe, deverá ter ciência de que:
Alternativas
Q2105169 Português
De acordo com Perini*, “tradicionalmente, distinguem-se duas maneiras básicas de inserir constituintes dentro de outros constituintes: a subordinação e a coordenação”. Considerando a asserção desse gramático, a análise deste texto “A vaidade é o caminho mais curto para o paraíso da satisfação, porém ela é, ao mesmo tempo, o solo onde a burrice melhor se desenvolve” (Augusto Cury**) conduz a que afirmativa INCORRETA?



*PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. 4 ed. São Paulo: Ática, 2005, p. 129.
**CURY, Augusto. Disponível em: https://www.pensador.com/vaidade/2/ (acesso em 28/04/2022).
Alternativas
Q2105168 Português
Tendo em conta os aspectos atinentes ao processo de coordenação e ao de subordinação no nível oracional, analisase este pensamento “O que é ensinado em escolas e universidades não representa educação, mas são meios para obtê-la” (Ralph Waldo Emerson*). Desse modo, tais aspectos levam à afirmação correta de que:

*EMERSON, Ralph Waldo. Disponível em: https://www.pensador.com/citacoes_sobre_educacao/ (acesso em 28/04/2022).
Alternativas
Q2105016 Português

PF faz buscas no Rio e em SP para apurar esquema de corrupção que usava” FGV

Investigação mira supostos crimes de fraudes e licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.



Futebol brasileiro tem 130 jogos com suspeita de manipulação de resultados em 2022


Sistema de monitoramento do Sportradar é usado para detectar padrões de apostas irregulares e suspeitos; empresa tem parceria com CBF e federações estaduais.



Pós-pandemia atrai milhares de refugiados à rota mais perigosa do mundo


Crise migratória mundial se agrava por diversos fatores e transforma Estreito de Darién em rota de milhares de pessoas. 



Rússia e Ucrânia renovam acordo sobre grãos enquanto bombardeios se intensificam


Acordo que já permitiu a exportação de 11 milhões de toneladas de cereais foi renovado por quatro meses; no conflito, ataques com mísseis deixaram mortos em Zaporizhzhia.

Observe as passagens:
• “PF faz buscas no Rio e em SP para apurar esquema de corrupção que ‘usava’ FGV”
• “Acordo que já permitiu a exportação de 11 milhões de toneladas de cereais foi renovado...”
Nelas, o termo “que” é pronome__________ utilizado para retomar, respectivamente, __________ e __________. Em ambas as orações, o pronome exerce a função sintática de __________.

Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente a análise apresentada. 
Alternativas
Q2105013 Português

PF faz buscas no Rio e em SP para apurar esquema de corrupção que usava” FGV

Investigação mira supostos crimes de fraudes e licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.



Futebol brasileiro tem 130 jogos com suspeita de manipulação de resultados em 2022


Sistema de monitoramento do Sportradar é usado para detectar padrões de apostas irregulares e suspeitos; empresa tem parceria com CBF e federações estaduais.



Pós-pandemia atrai milhares de refugiados à rota mais perigosa do mundo


Crise migratória mundial se agrava por diversos fatores e transforma Estreito de Darién em rota de milhares de pessoas. 



Rússia e Ucrânia renovam acordo sobre grãos enquanto bombardeios se intensificam


Acordo que já permitiu a exportação de 11 milhões de toneladas de cereais foi renovado por quatro meses; no conflito, ataques com mísseis deixaram mortos em Zaporizhzhia.

Analisando a organização sintático-morfológica dos textos apresentados, pode-se concluir que
Alternativas
Q2105009 Português
Leia a letra da música para responder à questão.


Ando devagar _______ já tive pressa
E levo esse sorriso
_______ já chorei demais

Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei

Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs

É preciso amor pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir

Penso que cumprir a vida
Seja simplesmente
Compreender a marcha
E ir tocando em frente

Como um velho boiadeiro
Levando a boiada
Eu vou tocando os dias
Pela longa estrada, eu vou
Estrada eu sou

[...]

Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si
Carrega o dom de ser capaz
E ser feliz


Tocando em Frente, Almir Sater; Renato Teixeira.
A ordem direta da oração, em português, é construída seguindo a estrutura SUJEITO, VERBO, COMPLEMENTO VERBAL e, caso haja, ADJUNTO ADVERBIAL.
Assinale a alternativa que transpõe a sexta estrofe do texto para a ordem direta, respeitando o sentido original e as regras de pontuação.
Alternativas
Q2104967 Português

Desigualdade racial na educação brasileira

(Disponível em: https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/em-debate/desigualdade-racialna-educacao – texto adaptado especialmente para esta prova.)

Sobre os períodos do texto, analise as seguintes assertivas:
I. O primeiro período do texto é formado por duas orações coordenadas que têm o mesmo sujeito, embora este, na segunda oração, seja subentendido.
II. O segundo período do texto apresenta uma oração reduzida com valor de adjetivo.
III. No terceiro período, há três orações subordinadas com valor de advérbio.
IV. No quarto e último período do texto, os termos sublinhados têm função de complemento nominal.
Quais estão corretas?
Alternativas
Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: PGE-AM Prova: FCC - 2022 - PGE-AM - Analista Procuratorial |
Q2104804 Português
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

1.    Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
2.    De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre. Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados; vosso engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos atmosféricos.
3.    E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos – tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme.
4.    A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras marajoaras), um resumo prático dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a vantagem de ser uma ficção sem deixar de constituir uma realidade. A casa junto ao mar, que já foi razoável delícia, passou a ser um pecado, depois que se desinventou a relação entre homem, paisagem e morada. O progresso técnico teve isto de retrógrado: esqueceu-se do fim a que se propusera. Acabou com qualquer veleidade de amar a vida, que ele tornou muito confortável, mas invisível. Fez-se numa escala de massas, esquecendo-se do indivíduo, e nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo de que cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: certa penumbra. O progresso nos dá tanta coisa, que não nos sobra nada nem para desejar nem para jogar fora. Tudo é inútil e atravancador. A ilha sugere uma negação disto.
5.    Serão admitidos poetas? Em que número? Se foram proscritos das repúblicas, pareceria cruel bani-los também da ilha de recreio. Contudo, devem comportar-se como se poetas não fossem: pondo de lado o tecnicismo, a excessiva preocupação literária, o misto de esteticismo e frialdade que costuma necrosar os artistas. Sejam homens razoáveis, carentes, humildes, inclinados à pesca e à corrida a pé. Não levem para a ilha os problemas de hegemonia e ciúme.
6.   Por aí se observa que a ilha mais paradisíaca pede regulamentação, e que os perigos da convivência urbana estão presentes. Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, senão um modesto território banhado de água por todos os lados e onde não seja obrigatório salvar o mundo.
7.    A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma chateação. Como se devesse o homem consumir-se numa fogueira perene.
8.    Estas reflexões descosidas procuram apenas recordar que há motivos para ir às ilhas.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Divagação sobre as ilhas”. In: Passeios na ilha. São Paulo: Companhia das Letras, 2020, p.15-19)

Tudo é inútil e atravancador (4º parágrafo).

O termo sublinhado acima exerce, no contexto, a mesma função sintática do que se encontra também sublinhado em:  

Alternativas
Ano: 2022 Banca: FCC Órgão: PGE-AM Prova: FCC - 2022 - PGE-AM - Analista Procuratorial |
Q2104803 Português
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.

1.    Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha ficará no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, a arte do bem viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.
2.    De há muito sonho esta ilha, se é que não a sonhei sempre. Se é que a não sonhamos sempre. Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados; vosso engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa a evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos atmosféricos.
3.    E por que nos seduz a ilha? As composições de sombra e luz, o esmalte da relva, a cristalinidade dos regatos – tudo isso existe fora das ilhas, não é privilégio delas. A mesma solidão existe nos mais diversos locais, inclusive os de população densa, em terra firme.
4.    A ilha me satisfaz por ser uma porção curta de terra (falo de ilhas individuais, não me tentam aventuras marajoaras), um resumo prático dos estirões deste vasto mundo, sem os inconvenientes dele, e com a vantagem de ser uma ficção sem deixar de constituir uma realidade. A casa junto ao mar, que já foi razoável delícia, passou a ser um pecado, depois que se desinventou a relação entre homem, paisagem e morada. O progresso técnico teve isto de retrógrado: esqueceu-se do fim a que se propusera. Acabou com qualquer veleidade de amar a vida, que ele tornou muito confortável, mas invisível. Fez-se numa escala de massas, esquecendo-se do indivíduo, e nenhuma central elétrica será capaz de produzir aquilo de que cada um de nós carece na cidade excessivamente iluminada: certa penumbra. O progresso nos dá tanta coisa, que não nos sobra nada nem para desejar nem para jogar fora. Tudo é inútil e atravancador. A ilha sugere uma negação disto.
5.    Serão admitidos poetas? Em que número? Se foram proscritos das repúblicas, pareceria cruel bani-los também da ilha de recreio. Contudo, devem comportar-se como se poetas não fossem: pondo de lado o tecnicismo, a excessiva preocupação literária, o misto de esteticismo e frialdade que costuma necrosar os artistas. Sejam homens razoáveis, carentes, humildes, inclinados à pesca e à corrida a pé. Não levem para a ilha os problemas de hegemonia e ciúme.
6.   Por aí se observa que a ilha mais paradisíaca pede regulamentação, e que os perigos da convivência urbana estão presentes. Tanto melhor, porque não se quer uma ilha perfeita, senão um modesto território banhado de água por todos os lados e onde não seja obrigatório salvar o mundo.
7.    A ideia de fuga tem sido alvo de crítica severa nos últimos anos, como se fosse ignominioso, por exemplo, fugir de um perigo, de um sofrimento, de uma chateação. Como se devesse o homem consumir-se numa fogueira perene.
8.    Estas reflexões descosidas procuram apenas recordar que há motivos para ir às ilhas.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. “Divagação sobre as ilhas”. In: Passeios na ilha. São Paulo: Companhia das Letras, 2020, p.15-19)
O autor
Alternativas
Q2104691 Português
Atenção: Considere o texto abaixo para responder à questão.



1.      Fernando Pessoa é não apenas um dos maiores poetas modernos, mas um dos maiores poetas da modernidade, ou seja, um dos poetas que mais longe levaram a experiência tanto das possibilidades quanto do desencanto do mundo moderno. Não que ele esteja próximo das veleidades contemporâneas. A modernidade a que me refiro não se confunde com a mera contemporaneidade. Deixemos de lado nosso provincianismo temporal. A modernidade consiste em primeiro lugar na época da desprovincianização do mundo: aquela que, do ponto de vista temporal, abre-se com o humanismo que, voltando os olhos para o mundo clássico, relativiza o mundo contemporâneo; e que, do ponto de vista espacial, abre-se com as descobertas geográficas, celebradas pelo próprio Pessoa, quando diz, por exemplo, no altíssimo poema “O infante”, inspirado em d. Henrique, o Navegador:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até o fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal! 

2.    O processo de cosmopolitização que produziu o mundo moderno não se restringiu às descobertas dos humanistas e dos navegadores, pois também incluiu explorações científicas, artísticas etc. Ora, a abertura de novos horizontes tornou possível a compreensão do caráter limitado dos antigos horizontes. As ideias e as crenças tradicionais puderam ser postas em questão.
3.    A filosofia moderna se formou a partir do ceticismo mais radical que se pode imaginar: a dúvida hiperbólica de Descartes, segundo a qual é possível que tudo o que pensamos saber não tenha consistência maior que a de sonhos, alucinações, ataques de loucura etc. Com razão, Alexandre Koyré afirmou que essa dúvida foi “a mais tremenda máquina de guerra contra a autoridade e a tradição que o homem jamais possuiu”.
4.      Pode-se dizer então que o homem moderno é aquele que viu desabarem, ao sopro da razão, os castelos de cartas das crenças tradicionais: o homem que caiu em si. Em última análise, é isso que o obriga a instaurar, por exemplo, os procedimentos jurídicos modernos como processos abertos à razão crítica, públicos, e cujos resultados estão sempre, em princípio, sujeitos a ser revistos ou refutados.

(Adaptado de: CÍCERO, Antonio. A poesia e a crítica: Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, edição digital)
Considerando o poema, exercem a mesma função sintática os termos sublinhados nos seguintes versos:
Alternativas
Q2104551 Português



                                                                       Meus pais não enxergam 

                                                                                       


(Disponível em https://istoe.com.br/meus-pais-nao-enxergam/ – texto adaptado especialmente para esta prova). 


Em relação à frase: ‘Se antes o problema era saber que informação se devia proibir, agora é preciso descobrir que mundo devemos conhecer.’ (l. 10-11), é correto afirmar que:

I. Nesta frase, a voz do produtor do texto é percebida pelo uso do verbo ‘devemos’.
II. O uso do verbo ‘dever’ atribui à frase a ideia de possibilidade.
III. O articular ‘Se’ atribui à frase a ideia de condição.

Quais estão corretas? 
Alternativas
Respostas
2381: E
2382: E
2383: D
2384: E
2385: E
2386: C
2387: C
2388: D
2389: C
2390: A
2391: A
2392: C
2393: E
2394: B
2395: A
2396: C
2397: E
2398: D
2399: B
2400: D