Questões de Português - Coesão e coerência para Concurso

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Q2494664 Português
A literatura como ferramenta, ontem e hoje


      Em seu texto “Literatura, escola e leitura”, Regina Zilberman (2008) propõe uma visita ao percurso histórico da interface entre literatura e educação. A autora retorna à Antiguidade e reflete sobre a Educação Moral e Social promovida pelas tragédias gregas e epopeias; à Idade Média, período no qual a literatura era entendida como parte da Gramática, Retórica e Lógica; e ao Renascimento, em que a literatura era utilizada para o ensino do Grego e do Latim.

        Entre os séculos XVII e XVIII, surge o modelo moderno de escola e a educação se torna obrigatória e responsabilidade dessa instituição. Nesse momento, a literatura segue com propensão educativa, mas de outra natureza, deixando de ter finalidade ética para privilegiar um caráter linguístico. Em um contexto de consolidação dos Estados Nacionais – isto é, a centralização do poder político e econômico –, o estudo da literatura nacional passa a compor as propostas pedagógicas da escola, como maneira de dar força à língua estabelecida como nacional e às ideologias dominantes.

       Desde então, o ensino da literatura move-se entre dois objetivos: ajuda a conhecer a norma linguística nacional, de que é simultaneamente a expressão mais credenciada; e, arranjada segundo um eixo cronológico, responde por uma história que coincide com a história da região de quem toma o nome e cuja existência acaba por comprovar. (Zilberman, 2008, p. 49.)

      Contemporaneamente, parece-nos que a escola não passou incólume por esse processo. No contexto brasileiro, até a década de 1970, a literatura era entendida como um meio de transmitir a norma culta e incutir valores morais. A partir dessa década, com a entrada da literatura no então 2º grau, é adotada uma abordagem cronológica e historiográfica, com foco em características de uma época, e a literatura também passa a ser utilizada para o ensino da língua.

       Dessa forma, não é exagero dizer que, em contextos escolares, tradicionalmente, a literatura tem funcionado como uma espécie de ferramenta ou apoio (Todorov, 2010), que auxilia no ensino da língua e difunde a história do país e do mundo. Além disso, observa-se uma abordagem calcada na historiografia literária, que busca estabelecer uma série de autores e escolas literárias, com suas características próprias e engessadas.

       Tudo isso nos leva à constatação de que as aulas hoje abordam diversas coisas, mas literatura não é uma delas. Por mais que essa maneira de ensinar pareça um porto seguro – e é frequentemente apregoada por algumas universidades e livros didáticos – acreditamos que se trata, na verdade, de uma armadilha, que pode afastar cada vez mais crianças e jovens de um direito fundamental: o direito à literatura (Candido, 2011).



(Texto – Esdras Soares e Lara Rocha. 07 de agosto de 2023.
Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/revista-digital/artigo/104/a-literatura-os-jovens-e-a-escola-caminhos-para-aleitura-literaria-e-a-formacao-de-leitores. Fragmento.)
No terceiro parágrafo, a expressão destacada em “Desde então, o ensino da literatura move-se entre dois objetivos: ajuda a conhecer a norma linguística nacional, de que é simultaneamente a expressão mais credenciada; e, arranjada segundo um eixo cronológico, [...]”: 
Alternativas
Q2494243 Português
Honremos o nome do amor

Por Fabrício Carpinejar



(Disponível em:gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/carpinejar/noticia/2024/03/e-uma-heresia-associaro-crime-ao-amor-clu76rdzs0058019m38cssfll.html – texto adaptado especialmente para esta prova). 

Assinale a alternativa que indica palavra que NÃO poderia substituir o vocábulo “aversão” (l. 28) por causar alterações significativas ao sentido do trecho em que ocorre. Desconsidere variações de gênero das palavras.
Alternativas
Q2494033 Português
Texto 1

A Impostura da Neutralidade no Jornalismo

    No contexto do jornalismo, a busca pela neutralidade é frequentemente mitificada como um ideal a ser alcançado pelos repórteres. Acredita-se que um bom jornalista deve ser imune a crenças, convicções e paixões pessoais, a fim de relatar os fatos de forma imparcial. No entanto, essa pretensa neutralidade é uma impostura perigosa que pode comprometer a base democrática do jornalismo.
    Autores e jornalistas têm desmascarado esse mito. Philip Meyer, em A Ética no Jornalismo, cita Katherine Carlton McAdams, que destaca que os jornalistas são pessoas reais com lealdades pessoais, mesmo quando atuam profissionalmente. A fantasia do “homem-de-Marte”, completamente alheio a influências pessoais, é irreal e prejudicial.
    Cláudio Abramo, renomado jornalista brasileiro, também combateu essa ideia. Ele argumentou que considerar os jornalistas como seres à parte da humanidade é irracional e imoral. A neutralidade absoluta não existe, e os profissionais devem reconhecer suas próprias predisposições.
    Em resumo, a busca pela neutralidade no jornalismo deve ser substituída por uma busca pela transparência e pela consciência das influências pessoais. O repórter ideal não é aquele que se esconde atrás de uma suposta neutralidade, mas sim aquele que reconhece suas próprias crenças e as comunica de forma honesta ao público.

(Bucci Eugênio, publicado em Sobre ética e imprensa, São Paulo: Companhia das Letras, 2000. p. 96-98.)
Segundo as ideias do texto, os estudos de coesão, de coerência e de concisão, marque a alternativa que corrobora as ideias apresentadas.
Alternativas
Q2493940 Português

Quem está perdido, a bala ou nós?


    A linguagem é perigosa. A primeira vez que uma criança foi abatida à bala em algum beco pululante de uma metrópole brasileira e nós decidimos arquivar sua morte na gaveta “bala perdida”, seguindo com o dia sem pensar mais no caso, perdemos parte da humanidade.

    Difícil precisar quando foi esse ato inaugural. “Bala perdida” é uma expressão antiga, talvez tão antiga quanto as armas de fogo. Projéteis sempre deram um jeito de se extraviar do alvo, indo traçar retas fatais no território do acaso.

    Menos antiga é a imensa probabilidade de que uma reta dessas, inapelável feito um deus indiferente, intercepte um menino jogando bola na rua ou uma menina debruçada na janela do quarto e sussurre em seu ouvido: acabou.

    Não que algo parecido não pudesse acontecer antes de nossas metrópoles começarem a inchar, latejar e apodrecer, mais de meio século atrás.

    Podia acontecer, mas era evento raríssimo enquanto não havia essa guerra sem fim entre polícia e bandidos, a fronteira entre os dois lados muitas vezes difusa — e um monte de gente no meio.

    Falta treinamento, perícia, profissionalismo? Bom, ainda que todos os atiradores fossem medalhistas olímpicos, nem assim deixaria de haver bala perdida. E olha que ainda não falamos das “balas perdidas” que são puro cinismo, eufemismo de chacina, disparadas pelas costas ou à queima-roupa.

    Mentirosa ou cândida, é estranha a preferência da tal bala por crianças. Seria por que estas são serelepes e teimam em se intrometer em assunto de gente grande, aonde não foram chamadas?

    Ou não, nada disso, pessoas de todas as idades morrem assim — e nós é que, viciados em sentimentalismos, só damos importância ao banal quando ele se abate sobre o futuro?

    Sim, a bala perdida nos desumaniza. Começa que não é perdida coisa nenhuma. É supercentrada, segura de si. Feita para matar, vai lá e mata. Perdida, a bala?

    Mesmo quando erra e não mata nem fere ninguém, e acaba encravada em alguma parede ou tronco de árvore aleatório, nem assim é o caso de dizer que se perdeu. Abriu um buraco, não abriu?

    Pois então. Negócio de bala é abrir buraco, mais até do que matar. Claro que abrir buraco é muito bom quando o objetivo é matar, mas também serve para outros propósitos. Digamos que a intenção do atirador seja, sei lá, pôr abaixo uma porta trancada; bala funciona para isso também.

    E pode acontecer, lógico, que alguém queira arrombar a porta para em seguida matar uma pessoa que está do outro lado; acontece, nada impede, desde que haja balas suficientes. Derrubar portas requer muitos cartuchos, razão pela qual tantos especialistas recomendam a pistola automática.

    A bala que se diz perdida está encontradíssima, zunindo por aí como foi projetada para fazer, esticando um fio que pode cortar destinos feito linha de pipa braba com cerol. Perdidos estão os outros; perdidos estamos nós. 

    Perdido, muito, está quem disparou a bala. É bem difícil que a pessoa esteja andando na rua e, ao esbarrar sem querer em seu revólver, veja balas saírem loucas pelo mundo. Mais comum é que meta o dedo no gatilho para onde o nariz aponta e seja o que Deus quiser — e assim o atirador se torna perdido.

    Claro que mais perdida ainda está a pessoa que a bala encontra, mas no fim do tiroteio perdidos estamos nós, todos nós, que deixamos que a história de tantas vidas estupidamente destruídas seja insultada por uma expressão covarde e imoral.



(RODRIGUES, Sérgio. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2023. Cotidiano, p. 3. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/sergio-rodrigues/2023/08/quem-esta-perdido-a-bala-ou-nos.shtml. Com adaptações).

Assinale a alternativa que faz uma leitura EQUIVOCADA do termo sublinhado.
Alternativas
Q2493166 Português

Imagem e texto para a questão.




     O trabalho infantil no Brasil se define por toda atividade de trabalho econômico desenvolvida por pessoas com idade inferior a 16 anos, seja ele remunerado ou não.

     As atividades mais comuns são o trabalho doméstico, agricultura, construção civil, lixões e tráfico de drogas.

     O uso da mão de obra infantil no Brasil tem como objetivo o lucro, pois as crianças costumam ganhar menos que os adultos.

    No entanto, existe a questão cultural e histórica, expressa em bordões antigos, porém ainda hoje utilizados, como: "trabalho de criança é pouco, mas quem dispensa é louco".

   O trabalho infantil está presente no imaginário popular brasileiro. Afinal, o filho de uma pessoa escrava já nascia nesta condição. Por isso, nos acostumamos a pensar que uma criança pode exercer um trabalho, por mais pesado que seja.

    Outra ideia muito estendida é a que aponta o trabalho como alternativa para evitar que crianças e adolescentes ingressem no mundo do crime. 

    A solução, contudo, é a oferta de educação no modelo integral, assistência médica preventiva e curativa e, ainda, acesso ao lazer e atividades culturais.

    Os estados das regiões do Sul e Sudeste, os mais ricos do país, são os líderes na exploração do trabalho infantil, conforme os dados do IBGE.

Mas como combater o trabalho infantil?

    O Brasil foi o pioneiro na elaboração da lista denominada TIP (Trabalho Infantil Proibido), onde constam as piores formas de exploração do trabalho infantil.

   São elas: a agricultura, a exploração florestal, a pesca, a indústria extrativista, a indústria do fumo, a indústria da construção civil, o trabalho infantil doméstico.

    A proteção ocorre porque a criança e o adolescente ainda são pessoas em formação e não devem ser submetidas a atividades que limitem seu desenvolvimento pleno. O trabalho, além de limitar o crescimento infantil, impede o acesso à educação e a redução das diferenças sociais. 


                                                         Adaptado de: https://www.todamateria.com.br/trabalho-infantil-nobrasil/

No trecho “O trabalho infantil está presente no imaginário popular brasileiro”, o pronome pessoal adequado para substituir “O trabalho infantil” mantendo a coesão textual seria: 
Alternativas
Respostas
201: A
202: A
203: C
204: D
205: A