Questões de Português - Colocação Pronominal para Concurso

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Q1999134 Português
Assinale a alternativa em que existe erro de colocação do pronome átono. 
Alternativas
Q1998881 Português
EXERCITAR A MENTE ATIVA É O CAMINHO PARA MANTÊ-LA SAUDÁVEL

Por Claudio Lottenberg, 31 ago 2022, 15h53

   As primeiras transmissões de TV começaram ao longo da década de 1930. Neste quase um século decorrido desde então, a televisão se tornou objeto de discussões, estudos e análises sob diversos ângulos – do efeito que teria sobre a moral das populações e seu uso político às mudanças estéticas que provocaria. Com o computador deu-se o mesmo – e, numa era digital como a que vivemos, ele tem uma importância e um efeito inegáveis nas vidas de todos. Um estudo recente mostrou também que ambos têm efeitos sobre a saúde – e tais efeitos são opostos.

  Pesquisadores da USC (Universidade do Sul da Califórnia) publicaram na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences um estudo que mostrou que assistir TV por longos períodos após os 60 anos foi associado a um risco maior de desenvolver demência. Ler e usar um computador, por outro lado, foram apontados como uma forma de se proteger contra a doença. O estudo aponta que as três atividades envolvem ficar sentado por horas. No caso das duas últimas, no entanto, a estimulação intelectual proporcionada é relativamente maior – o que de certa forma neutralizaria o efeito negativo de uma redução no fluxo sanguíneo no cérebro devido à posição.

   As conclusões a que chegaram os pesquisadores ajudam a desfazer um pouco a ideia mais difundida que ter um cérebro saudável seria resultado de ter uma vida menos sedentária – ou seja, mais ocupada com exercícios físicos. De fato, sedentarismo não faz bem algum, seja para os músculos, seja para o cérebro, ou para qualquer parte do corpo. Mas isso não conta toda a história.
 
  Manter a mente ativa, com estímulos intelectuais, é de enorme importância. O desenvolvimento da demência, é preciso lembrar, envolve vários riscos – diabetes, hipertensão arterial, obesidade e doenças cardiovasculares são apenas alguns exemplos. Mas a leitura ajuda a firmar conexões neuronais nas regiões do cérebro que registram nossas memórias. Uso de computadores, como mostrou o estudo, também proporciona estímulo intelectual.

  Na era digital em que vivemos, aprender será algo que faremos em boa parte do tempo, independentemente da idade. Fazer uso dos recursos que a conectividade com o conhecimento nos traz, como se vê, pode nos ajudar a manter a mente saudável. A diversão televisiva, claro, tem seu espaço – mas, como em tudo, a moderação só faz bem.

Adaptado de: https://veja.abril.com.br/coluna/coluna-claudiolottenberg/exercitar-a-mente-ativa-e-o-caminho-para-mante-lasaudavel/. Acesso em: 30 nov. 2022. 
Assinale a alternativa em que a única colocação pronominal permitida é a anteposição ao verbo.
Alternativas
Q1998463 Português
Texto CG1A1-II

    A contínua ampliação das sociedades humanas no interior do universo “físico”, alheio ao homem, contribuiu para estimular um modo de falar que sugere que “sociedade” e “natureza” ocupariam compartimentos separados, impressão esta que foi reforçada pelo desenvolvimento divergente das ciências naturais e das ciências sociais. Todavia, o problema do tempo coloca-se em termos tais que não podemos esperar resolvê-lo, se explorarmos suas dimensões física e social independentemente uma da outra. Se transformarmos em verbo o substantivo “tempo”, constataremos de imediato que não se pode separar inteiramente a determinação temporal dos acontecimentos sociais e a dos acontecimentos físicos. Com o desenvolvimento dos instrumentos de medição do tempo fabricados pelo homem, a determinação do tempo social ganhou autonomia, certamente, em relação à do tempo físico. A relação entre as duas foi se tornando indireta, mas nunca foi totalmente rompida, porquanto não pode sê-lo. Durante muito tempo, foram as necessidades sociais que motivaram a mensuração do tempo dos “corpos celestes”. É fácil mostrar como o desenvolvimento desse segundo tipo de medida foi e continua a ser dependente do desenvolvimento do primeiro tipo, a despeito das influências recíprocas.

Norbert Elias. Sobre o tempo. Rio de Janeiro:
Zahar, 1998, p. 38-9 (com adaptações).  
Assinale a opção em que a proposta de reescrita apresentada para trecho destacado do texto CG1A1-II mantém a correção gramatical e as ideias nele veiculadas.
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Q1997615 Português
Leia o texto para responder à questão.


Atenção ao sábado
 
    Acho que sábado é a rosa da semana; sábado de tarde a casa é feita de cortinas ao vento, e alguém despeja um balde de água no terraço: sábado ao vento é a rosa da semana; sábado de manhã, a abelha no quintal, e o vento: uma picada, o rosto inchado, sangue e mel, aguilhão em mim perdido: outras abelhas farejarão e no outro sábado de manhã vou ver se o quintal vai estar cheio de abelhas. No sábado é que as formigas subiam pela pedra. Foi num sábado que vi um homem sentado na sombra da calçada comendo de uma cuia de carne-seca e pirão; nós já tínhamos tomado banho. De tarde a campainha inaugurava ao vento a matinê de cinema: ao vento sábado era a rosa de nossa semana. Se chovia só eu sabia que era sábado; uma rosa molhada, não? No Rio de Janeiro, quando se pensa que a semana vai morrer, com grande esforço metálico a semana se abre em rosa: o carro freia de súbito e, de súbito, antes do vento espantado poder recomeçar, vejo que é sábado de tarde. Tem sido sábado, mas já não me perguntam mais. Então eu não digo nada, aparentemente submissa. Mas já peguei as minhas coisas e fui para domingo de manhã. Domingo de manhã também é a rosa da semana. Não é propriamente rosa que eu quero dizer. 

(Clarice Lispector, “Atenção ao sábado”.
Os melhores contos [seleção Walnice Nogueira Galvão], 1996
Assinale a alternativa em que a frase está em conformidade com a norma-padrão de colocação pronominal.
Alternativas
Q1997603 Português

Leia a tira para responder à questão.



Em conformidade com a norma-padrão, as lacunas na fala do personagem, no primeiro quadrinho, devem ser preenchidas, respectivamente, com:
Alternativas
Q1997465 Português
A questão diz respeito ao Texto. Leia-o atentamente antes de respondê-la. 




Analise o termo destacado a seguir:

“[...], mas se sentiu compelido a se candidatar quando ficou sabendo da oportunidade.” (linhas 23 a 25).

Sobre a colocação pronominal do termo destacado acima, é correto afirmar que há um caso claro de:
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Q1996736 Português

Medos à beira do abismo


                "De que a senhora tem medo?", foi a pergunta bastante original numa dessas entrevistas recentes. 

               Pensei e disse: morro de medo de muita coisa, mas acho que, com o tempo, passei a ser mais corajosa (e achei, eu mesma, graça do que dizia). Principalmente, medo de qualquer mal que possa acontecer a pessoas que eu amo. Acidente, assalto, doença. Sei o que é sentir-se impotente quando algo gravíssimo acontece com alguma delas. No fundo mais fundo da mente, vem a indagação insensata e tola, mas pungente: como não pude proteger meu filho adulto de uma morte súbita no mar que ele amava? 

           Disfarçamos nossos tantos medos. Fingimos ser superiores, batendo grandes papos sobre dinheiro, futebol, sacanagem, política, ninguém levando porrada – como diria Fernando, o Pessoa. Empregamos palavras grandiosas, até solenes, que usamos como tapa-olhos ou máscaras para que a verdade não nos cuspa na cara, e nos defendemos do rumor que nos ameaça botando fones de ouvido enquanto caminhamos na esteira, para ficarmos em forma. 

                 Mas, individualmente, temos medo e solidão; como país, presenciamos escândalos nunca antes vistos. A violência é cotidiana, o narcotráfico nos ameaça, mais pessoas foram assassinadas por aqui do que nas guerras ao redor do mundo nos últimos anos. Andamos encolhidos dentro de casa. Estão cada vez mais altos os muros do medo e do silêncio. 

                  A gente se lamenta, dá palpites e entrevistas, organiza seminários. Resultado? Parece que nenhum. Eleições? Melhor não saber. Mas sou da tribo (não tão pequena) dos que não se conformam. Não acredito em revolução a não ser pessoal. Em algumas coisas, sou antipaticamente individualista. Quando reuniões, comissões, projetos e planos não resolvem – é o mais comum –, pode-se tentar o mais simples. Às vezes, ser simples é original: começar pela gente mesmo. Em casa. Com as drogas, por exemplo, por que não?

                  Cada vez que, seja por trágica dependência, seja por aquilo que minha velha mãe chamava "fazer-se de interessante", um de nós consome uma droga qualquer (mesmo o cigarrinho de maconha dividido com a turma), está botando no cano de uma arma a bala – perdida ou não – que vai matar uma criança, uma mãe de família, um trabalhador. Nosso filho, quem sabe.

               Disfarçamos nossos tantos medos. Fingimos ser superiores, batendo grandes papos sobre dinheiro, futebol, sacanagem, política.

               Há quem me deteste por essas afirmações, dizendo que sou moralista, radical. Não sou. Apenas observo, acompanho, muito drama desnecessário, talvez evitável – mas a gente preferia ignorar o abismo. Há muitos anos, visitei várias vezes uma famosa clínica de reabilitação em São Paulo. Alguém muito querido de amigos meus estava lá internado, e voltava com frequência. O que vi, senti, me disseram e eu mesma presenciei nunca vai me deixar. 

              Num jantar, há muitos anos, um conhecido desabafou com grande culpa que costumava fazer-se de pai amigão fumando maconha com os filhos adolescentes, para estar mais próximo deles. Um dos meninos sofreu gravíssimos problemas de adicção pelo resto da vida, morreu de overdose e nem todo o amor dos pais, dos irmãos, ajudou em nada. 

         Sim, a vida pode ser muito cruel. Nas tragédias familiares, só há vítimas, embora alguns devam ser mais responsáveis do que outros. Não tem graça nenhuma brincar na beira do abismo. 


Disponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br/colunistas/lya-luft/noticia/2018/09/medos-abeira-do-abismo-cjmmrnsma00w301pilpj8qa05.html Acesso em 11 nov. 2018

A colocação do pronome oblíquo é facultativa, podendo ser próclise ou ênclise, em:
Alternativas
Q1996281 Português
  A Lei nº 12.636/2012 traz consigo um simbolismo singular, na medida em que reconhece a importância da atividade dos procuradores e procuradoras no controle de legalidade dos atos administrativos e na defesa intransigente do patrimônio público, exercendo um importante papel de agente colaborador para efetivação das políticas públicas.
  Esse reconhecimento consta expressamente da justificação daquele ato normativo: “Trata-se de uma das mais nobres funções públicas conferidas ao serviço público nacional, posto lhe incumbir a defesa dos valores e interesses do Estado Democrático de Direito vigente em nosso país, conferindo concretude aos direitos e liberdades fundamentais estabelecidos em nossa Constituição Federal, à viabilidade das políticas públicas do Estado brasileiro e à estabilidade jurídica das ações governamentais”.
  E não poderia ser diferente. A Advocacia Pública, prevista na Constituição de 1988 como uma das funções essenciais à Justiça, é um órgão de caráter permanente e próprio de Estado, e, por isso, de vital importância à segurança jurídica, à consolidação da democracia e à implementação dos direitos fundamentais pelas três esferas da Federação Brasileira.
  Enaltecer a atuação da Advocacia Pública — como reconhece a Lei nº 12.636/2012 — é essencial não apenas para fins de memória, registro e resgate histórico, mas, sobretudo, para reafirmar a sua identidade e sua vocação institucional. Somente se mantém coerente com seu DNA quem sabe os porquês e as razões de ser de sua existência.
  São as advogadas e advogados públicos quem entregam aos gestores: federal, estaduais e municipais as soluções jurídicas adequadas e aptas à concretização das necessidades da população, por meio de atuações na assessoria e na consultoria jurídica, no contencioso administrativo e judicial ou ainda no controle de juridicidade dos atos administrativos. A Advocacia Pública representa, pois, interesse público primário, interesse de toda a sociedade, e não meramente “secundário” ou “do aparelho governamental” (essa antiga distinção precisa ser repensada a partir de uma leitura atenta do desenho constitucional e do modelo de Estado estabelecidos pela CF 1988). Não por acaso, uma das razões da Advocacia Pública, se não a maior e mais importante, consiste em ser um instrumento de concretização de direitos fundamentais.

(Gustavo Machado Tavares. Revista Consultor Jurídico, 7 de março de 2022. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2022-mar07/gustavo-tavaresdia-advocacia-publica-celebracao-reflexao#author. Adaptado.)
Em relação ao termo destacado a seguir em: “Trata-se de uma das mais nobres funções públicas conferidas ao serviço público nacional, posto lhe incumbir a defesa dos valores e interesses [...]” (2º§), pode-se afirmar que:
Alternativas
Q1995995 Português
Texto para a questão.

Qualquer cidadão pode acionar o Judiciário para defesa do patrimônio cultural

    Ao contrário do que muitos possam pensar, qualquer cidadão brasileiro pode, em nome próprio, questionar judicialmente atos que sejam lesivos ao patrimônio histórico do país em decorrência da ação ou da omissão do poder público.
   Presente no ordenamento jurídico brasileiro desde 1824, a ação popular é um importante instrumento de exercício da cidadania (status activus civitates), na medida em que permite que o próprio cidadão (basta a condição de eleitor) bata às portas da Justiça para a defesa de direitos e interesses que pertencem a todos, viabilizando o cumprimento do direito-dever solidário que toca ao poder público e à sociedade na tarefa de tutelar os bens integrantes do nosso patrimônio cultural.
  É oportuno, ressaltar, por primeiro, que a Constituição Federal vigente impôs coercitivamente a todos os entes federativos, com a colaboração da comunidade, o dever de defesa dos bens culturais, de forma que a atuação positiva em tal matéria é obrigatória, não podendo se alegar discricionariedade para descumprir os mandamentos constitucionais [...].
   Logo, todo ato omissivo (por exemplo, não exercício do poder de polícia administrativa e vigilância sobre bens culturais privados, permitindo o abandono; não fiscalização de engenhos de publicidade que comprometam a ambiência de bens tombados; descaso com a conservação de bens públicos de valor cultural tais como arquivos, imóveis, museus e bibliotecas) ou comissivo (por exemplo, concessão de alvará de demolição de bem de significativo valor cultural; concessão de licença sem exigência de prévio estudo de impacto de vizinhança; concessão de alvará de funcionamento para atividade vedada em zona de proteção do patrimônio cultural) que viole os dispositivos acima mencionados são ilegais e lesivos, podendo ser objeto de controle jurisdicional.
   Como garantia de efetivação do direito de todos ao patrimônio cultural hígido, a Carta Magna previu no artigo 5º, entre outros instrumentos, a ação popular nos seguintes termos: “LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência”.
   Desta forma, a ação popular está para a tutela do direito à boa administração pública, ao meio ambiente e ao patrimônio cultural, assim como o Habeas Corpus está para a tutela do direito à liberdade.
   Nessa toada, conquanto o regramento da ação popular esteja previsto na Lei nº 4.717/65, tal norma precisa ser interpretada sob as luzes do novo ordenamento constitucional e dentro do contexto do microssistema de tutela jurisdicional coletiva composto da própria lei de ação popular que se integra à lei da ação civil pública e ao Código de Defesa do Consumidor.
   Em tal cenário, nos termos da dicção constitucional, basta que o ato seja lesivo ao patrimônio cultural para que possa ser questionado judicialmente pela ação popular, sendo prescindível a ilegalidade.
   O STJ tem entendido que o conceito de ato lesivo é amplo, já que não significa apenas atos que causem prejuízo financeiro direto ao estado. Os atos considerados prejudiciais podem ser por desvio de finalidade, inexistência de motivos, ilegalidade de objeto, violação a princípios da administração pública, entre outros aspectos passíveis de anulação.


(Por Marcos Paulo de Souza Miranda. Revista Consultor Jurídico, 13 de janeiro
de 2018. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2018-jan-13/ambientejuridico-cidadao-acionar-judiciario-defesa-patrimonio-cultural. Adaptado.)
O título do texto apresenta em sua estrutura o uso do pronome que:
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Q1994154 Português
No aeroporto

Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos da vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras, e, a bem dizer, não se digne de pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente.

É o seu sistema.

Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.

Devo dizer que Pedro, como visitante, nos deu trabalho; tinha horários especiais, comidas especiais, roupas especiais, sabonetes especiais, criados especiais. Mas sua simples presença e seu sorriso compensariam providências e privilégios maiores. Recebia tudo com naturalidade, sabendo-se merecedor das distinções, e ninguém se lembraria de achá-lo egoísta ou importuno. Suas horas de sono - e lhe apraz dormir não só à noite como principalmente de dia - eram respeitadas como ritos sagrados, a ponto de não ousarmos erguer a voz para não acordá-lo. Acordaria sorrindo, como de costume, e não se zangaria com a gente, porém nós mesmos é que não nos perdoaríamos o corte de seus sonhos. Assim, por conta de Pedro, deixamos de ouvir muito concerto para violino e orquestra, de Bach, mas também nossos olhos e ouvidos se forraram à tortura da tevê. Andando na ponta dos pés, ou descalços, levamos tropeções no escuro, mas sendo por amor de Pedro não tinha importância.

Objetos que visse em nossa mão, requisitava-os. Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógios de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca. 

Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis - porque me esquecia de dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita ou acusação apressada, sobre a razão íntima de seus atos.

Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte. Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei para Pedro que ele não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me. Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade - e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.

Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.

Carlos Drummond de Andrade.
Analise o texto abaixo:
Nunca esquecerá daquele sorriso, nem de seu egocentrismo. Nunca gastou um centavo sequer de seu bolso para suas despesas no armazém. Me impressiona o fato de que nem o dono da casa nem o hóspede se desentenderam em nada. Ninguém entendeu. Algum de nós falhou nessa impressão? Por outro lado creio, que pelas circunstâncias e características do hóspede, nosso julgamento foi precipitado.
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ) em relação ao texto.
( ) Há no texto erro de regência verbal. ( ) Um vício de linguagem foi empregado. ( ) Não há problemas quanto à concordância verbal. ( ) A colocação pronominal obedece à norma padrão da língua. ( ) O uso da pontuação está adequado.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
Alternativas
Q1993977 Português
Assinalar a alternativa CORRETA quanto ao uso do pronome oblíquo:
Alternativas
Ano: 2022 Banca: Quadrix Órgão: CRESS-AP Prova: Quadrix - 2022 - CRESS-AP - Agente Fiscal |
Q1993821 Português

A respeito dos sentidos e dos aspectos linguísticos do texto, julgue o item. 


Na linha 3, o deslocamento do pronome “se” para depois da forma verbal “viu”, escrevendo-se viu-se, preservaria a correção gramatical do texto. 

Alternativas
Q1992648 Português
Assinale a frase em que foi empregada a ênclise. 
Alternativas
Q1992256 Português
Assinale a alternativa em que os pronomes oblíquos átonos estão empregados de acordo com as normas do português padrão.
Alternativas
Q1991661 Português
Em relação à colocação pronominal, assinalar a alternativa CORRETA: 
Alternativas
Q1991000 Português

TEXTO 2



(Disponível em http://desinformadoss.blogspot.com.br/2015/11/cronica-odio-e-intolerancia-na-internet.html)

Em relação ao Texto, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, o item a seguir.


A fala do último quadrinho deveria ser reescrita, seguindo-se a norma padrão culta, da seguinte maneira: “Me esqueci que não estou na internet!”.

Alternativas
Q1990997 Português
Antigamente, o silêncio era dos imbecis;
hoje, são os melhores que emudecem


       A atitude intolerante extrapola a individualidade e liberdade de expressão das pessoas. A intolerância reflete o preconceito cultural em que somente um ponto de vista é aceito. No meio digital, torna-se muitas vezes revestida de diferentes formas, bastante perigosas e até criminosas. Principalmente nas redes sociais o sentimento de intransigência encontrou um campo fértil sem concorrente nas quatro estações do ano.
     No Brasil, a política é o tipo de intolerância de maior audiência na internet. A conclusão é de uma pesquisa da agência de propaganda Nova/SB, realizada no ano passado, que mapeou os dez tipos mais recorrentes de extremismos nas redes sociais. Uma rápida navegação comprova esse resultado, que se agrava de forma cruel e pessimista, uma vez que são raras as vezes em que há um debate inteligente ou preocupado sobre questões sociais e coletivas. A discussão é feroz, infantil e cega, e não há vencedores ao final.
    A intolerância das pessoas chega a ser mesquinha, pequena e imoral. Agem como se não houvesse impunidade, pois existe a ilusão de que o mundo digital é uma terra de ninguém, quando muitos casos poderiam ser enquadrados em crimes cibernéticos. De insultos a notícias falsas, as infrações no mundo digital também devem ser julgadas e punidas sem exceção.
      Uma pesquisa da Quartz divulgada em janeiro deste ano constatou que 55% dos brasileiros consideram que não há nada na internet além do Facebook. Para boa parte dos entrevistados, o Facebook e a internet são a mesma coisa. Nos EUA, o índice foi de apenas 5%.
      Isso reflete o conhecimento limitado e a falta de visão em relação ao mundo de possibilidades, oportunidades e alcance que a internet traz, e que poucos enxergam e se arriscam a viver e conhecer. Precisamos acordar e buscar o nosso lugar ao sol, pois a concorrência cresce todo dia. Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado estão com os idiotas de ambos os sexos, dizia Nelson Rodrigues.

Eliane Dias. Texto adaptado de e disponível em: https://revistacult.uol.
com.br/home/internet-nao-e-o-facebook/

Em relação ao Texto 1, julgue, como VERDADEIRO ou FALSO, o item a seguir.


No excerto “Uma rápida navegação comprova esse resultado, que se agrava de forma cruel e pessimista [...]”, a próclise foi utilizada por haver um pronome relativo que atrai o pronome oblíquo átono.

Alternativas
Q1990538 Português
Considerando-se a colocação pronominal, marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
( ) Dá-me um conselho a respeito deste tema.
( ) Jamais disse-me algo sobre a situação.
( ) Me envie o documento em anexo. 
Alternativas
Q1989882 Português

INSTRUÇÃO: Leia o texto I a seguir para responder à questão.


TEXTO I


Modos de dizer

Uma vez um rei sonhou que todos os seus dentes lhe foram caindo da boca, um após outro, até não ficar nenhum. Era no tempo em que havia magos e adivinhos. O rei mandou chamar um deles, referiu-lhe o sonho e pediu-lhe que o decifrasse. O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:

– Saiba Vossa Majestade que a significação do seu sonho é a seguinte: está para lhe suceder uma grande infelicidade. Todos os seus parentes, a rainha, os seus filhos, netos, irmãos, todos vão morrer sem ficar um só ante os olhos de Vossa Majestade.

O rei entrou em cólera, ficou muito irritado e, chamando os guardas do palácio, mandou decepar a cabeça do adivinho que lhe profetizara coisas tão tristes.

Estava o rei muito acabrunhado com o vaticínio, quando se aproximou um cortesão e lhe aconselhou que consultasse outro adivinho, porque a interpretação do primeiro podia estar errada e não devia Sua Majestade se afligir em vão.

O rei adotou o conselho, mandou chamar outro mago e lhe narrou o mesmo sonho, pedindo que o decifrasse.

O adivinho levou a mão à testa, pensou, pensou, consultou a sua ciência e disse:

– Saiba Vossa Majestade que o seu sonho significa o seguinte: Vossa Majestade terá muitos anos de vida. Nenhum dos seus parentes lhe sobreviverá. Nem mesmo o mais moço e mais forte deles terá o desgosto de chorar a perda de Vossa Majestade.

O rei, muito satisfeito, mandou encher o adivinho de presentes, deu-lhe muitas moedas de ouro, muitos diamantes, roupas de seda bordadas e um palácio para morar, nomeando-o adivinho oficial do reino. [...]

BACHELET, Mário. Antologia Portuguesa. São Paulo: FTD, 1965. 

O pronome “lhe” pode ser equivalente semântico de “a ele”, o que se observa na reescritura do trecho a seguir.
“O rei mandou chamar um deles, referiu-lhe o sonho e pediu-lhe que o decifrasse.”
O rei mandou chamar um deles, referiu a ele o sonho e pediu a ele que o decifrasse.
Assinale a alternativa em que o pronome “lhe” tem o mesmo valor semântico do que é apresentado no trecho reescrito anteriormente.
Alternativas
Q1989243 Português
Língua Portuguesa: uma herança maldita?

    Há uns bons anos, o debate público sobre a língua trazia como novidade a noção de variante linguística, que, por si só, tornava obsoleta a velha noção de erro gramatical. O que poderia haver, em determinadas circunstâncias, era o desvio da norma-padrão, sendo esta uma das variedades da língua – notadamente a de maior prestígio social – entre outras também válidas. 
    Nessa variante, rechaçada pelas classes letradas, a estrutura sintática é mais sintética que a da norma-padrão: o pronome “nós” já assinala o sujeito, que não precisaria ser repetido na desinência verbal “-mos” de “pegamos”, e o artigo “os” já assinala o plural, que não precisaria ser repetido na desinência de plural “-s” “de peixes”. Em suma: “Nós pegamos os peixes” e “Nós pega os peixe” têm o mesmo grau de eficiência comunicativa, sendo variantes de estrato social (chamadas “variantes diastráticas”).
    Se, de um ponto de vista essencialmente gramatical, as duas construções são válidas, a sociedade se vê obrigada a aceitar que o ensino da norma-padrão é elitista, pois valoriza o registro da classe dominante. A discussão desloca-se, portanto, do terreno da gramática para o da sociologia. 
    Sendo a norma-padrão a norma dos estratos mais altos e mais bem escolarizados da sociedade, claro está que essas pessoas são os seus defensores naturais (ou assim se presume). Os estratos menos escolarizados, usuários de variantes de menor prestígio, por sua vez, dificilmente se engajam nesse debate, que é, afinal, acadêmico. A classe média, no entanto, é o estrato que parece mais preocupado com a questão do preconceito linguístico, decorrente dessa diferença de prestígio entre as variantes.
    Que fazer, então, para eliminar o odioso preconceito linguístico? Foram (e têm sido) muitos os textos e livros publicados sob essa rubrica, mas, na prática, o que se via era uma atitude condescendente em relação às variantes de baixo prestígio e a continuação da adoção da norma-padrão como cânone nas escolas. O professor passou a levar a questão das variantes para a sala de aula, mas continuava a ensinar a norma-padrão, que é, afinal, a variante mais cultivada pelos escritores da tradição e, em razão de seus recursos, aparentemente mais apropriada para a escrita de textos filosóficos, científicos e jurídicos, entre outros.
    Hoje, esse debate ganhou novos contornos. A norma-padrão passou do status de variante elitista, que deveria ser apreendida durante a vida escolar, ao de língua do colonizador, tida agora como um repositório ideológico eurocêntrico, que se impôs no Brasil mediante o apagamento de diferentes matrizes culturais. Estamos diante de um problema bem mais complexo. 
   Conquanto se fale muito no apagamento de importantes matrizes culturais, especialmente as dos povos indígenas e as dos africanos, suas marcas estão presentes no português do Brasil. A olho nu, estão no léxico comum e na toponímia (nomes de lugares, cidades, acidentes geográficos, rios etc.) e, mais que isso, pesquisadores têm buscado mostrar que o ritmo de nossa fala e diversas características fonéticas do nosso português deitam raízes na influência africana em solo brasileiro.
    A língua tem o poder de absorver e refletir os jogos de forças que se travam na sociedade. Mais importante do que cascavilhar o dicionário em busca de expressões de conotação negativa “que devem ser evitadas” é empreender a luta concreta em defesa dos direitos de todos os segmentos oprimidos, porque a língua, necessariamente, vai refletir as conquistas reais e concretas de todos.
    Mesmo essa adesão, porém, ainda que bastante presente no ambiente universitário, é pouca coisa diante da discussão sobre “decolonização”, a qual, no plano da língua, se corporifica, mais uma vez, na ojeriza à norma-padrão. A crítica, agora, parece subir de tom. Seu alvo não são mais as nossas “elites letradas” (as que aplicam as regras de concordância), mas a nossa herança cultural eurocêntrica. Que fazer? Abolir a norma-padrão? Queimar as gramáticas da língua portuguesa em praça pública?
     Parece mais sensato deixar que a norma-padrão, que é uma norma de referência para a produção de textos escritos formais, vá sendo naturalmente alargada ou modificada, como, de resto, tem ocorrido na história. A ideia de que a diversidade deve substituir a unidade, pois esta seria falsa e opressiva enquanto aquela seria real, leva-nos a imaginar, no futuro, um Estado das dimensões do Brasil como um território linguisticamente fragmentado. Essa questão, como se pode intuir, é política. Aguardemos


(NICOLETI, Thaís. Língua portuguesa: uma herança maldita? Folha de 
São Paulo, 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/blogs/
thais-nicoleti/2022/08/lingua-portuguesa-uma-heranca-maldita.shtml. 
Acesso em: 29/08/2022. Adaptado.)
Os pronomes oblíquos átonos podem ocupar três posições em relação ao verbo: próclise (pronome antes do verbo), mesóclise (pronome no meio do verbo) e ênclise (pronome depois do verbo). Assinale a afirmativa em que tanto o emprego da próclise quanto o da ênclise são aceitáveis, de acordo com a norma culta escrita.
Alternativas
Respostas
721: B
722: D
723: B
724: D
725: E
726: A
727: B
728: B
729: D
730: A
731: C
732: C
733: A
734: D
735: D
736: E
737: C
738: C
739: C
740: C