Questões de Concurso
Sobre crase em português
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(Baseado em França Júnior)
(Baseado em Graça Aranha)
Assinale a alternativa em que o acento indicativo de crase está corretamente empregado.
As lacunas da frase apresentada estão corretamente preenchidas, respectivamente, por
e caçadores, não havia grande necessidade de regras,
senão aquelas básicas, ditadas pela frágil condição humana
diante das forças descomunais da natureza. A escassez de
espaço e de comida no período subseqüente, que se encerrou
há 11.000 anos, o da Idade do Gelo, desencadearia a criação
de regras que acompanham a humanidade desde então.
Nossos antepassados tiveram a necessidade premente
de estabelecer normas mais complexas de convivência. Foi
nesse período que o Homo sapiens desenvolveu os conceitos
de família, de religião e de convivência social. Esses homens
legaram evidências arqueológicas de uma revolução criativa
que inclui desde os espetaculares desenhos nas cavernas até
os rituais de sepultamento dos mortos. "Naquele período era
preciso definir quem pertencia à família ou não, e com quem se
deveriam compartilhar os alimentos. Portanto, era necessário
criar regras específicas", diz a arqueóloga Olga Soffer, da
Universidade de Illinois. O antropólogo americano Ian Tattersall
afirma ainda que as primeiras regras sobre propriedade foram
criadas nessa fase. Enquanto o território pertencia ao grupo,
algumas categorias de objetos passaram a ser individuais.
Boa parte das regras de convivência tem como base esse
conjunto de normas ancestrais: não mate, não roube, respeite
pai e mãe, proteja-se do desconhecido, tema o invisível ...
As religiões, em seu aspecto comunitário, nada mais são do que
criadoras e garantidoras do cumprimento de regras, sob pena
de punição divina.
(Adaptado de Okky de Souza e Vanessa Vieira. Veja, 9 de
janeiro de 2008, p. 55/56)
As lacunas da frase acima estarão corretamente preenchidas, respectivamente, por:
Os velhinhos de ontem costumavam, sobretudo nos fins
de tarde, abrir as janelas das casas e ficar ali, às vezes com os
cotovelos apoiados em almofadas, esperando que algo
acontecesse: a aproximação de um conhecido, uma correria de
crianças, um cumprimento, uma conversa, o pôr do sol, a
aparição da lua.
Eles se espantariam com as crianças e os jovens de hoje,
fechados nos quartos, que ligam o computador, abrem as
janelas da Internet e navegam por horas por um mundo de
imagens, palavras e formas quase infinitas.
O homem continua sendo um bicho muito curioso. O
mundo segue intrigando-o.
O que ninguém sabe é se o mundo está cada vez maior
ou menor. O que eu imagino é que, de suas janelas, os
velhinhos viam muito pouca coisa, mas pensavam muito sobre
cada uma delas. Tinham tempo para recolher as informações
mínimas da vida e matutar sobre elas. Já quem fica nas janelas
da Internet vê coisas demais, e passa de uma para outra quase
sem se inteirar plenamente do que está vendo. Mudou o tempo
interior do homem, mudou seu jeito de olhar. Mudaram as
janelas para o mundo - e nós seguimos olhando, olhando,
olhando sem parar, sempre com aquela sensação de que
somos parte desse espetáculo que não podemos parar de olhar,
seja o cachorro de verdade que se coça na esquina da padaria,
seja o passeio virtual por Marte, na tela colorida.
(Cristiano Calógeras)
Um editorial da respeitada revista britânica The Lancer
sobre o futuro de Cuba acendeu uma polêmica com
pesquisadores latino-americanos. O texto da revista sugeriu que
o país pode mergulhar num caos após a morte do ditador Fidel
Castro, que sofre de câncer, tal como ocorreu nos países do
Leste Europeu após a queda de seus regimes comunistas. E
conclamou os Estados Unidos a preparar ajuda humanitária
para os cubanos. De quebra, a publicação insinua que há
dúvidas sobre a capacidade do sistema de saúde cubano fazer
frente a esse quadro.
"O editorial é um desrespeito à soberania de Cuba", diz
Maurício Torres Tovar, coordenador-geral da Alames (Associação
Latino-Americana de Medicina Social). "A atenção do
Estado cubano para com a saúde de sua população é um
exemplo para todos. Cuba tem uma notável vocação solidária,
ajudando, com remédios e serviços de profissionais, diversos
países atingidos por catástrofes", afirmou. Sergio Pastrana, da
Academia de Ciências de Cuba, também protestou: "Temos
condição de decidir se precisamos de ajuda e direito de
escolher a quem pedi-la."
(Revista Pesquisa Fapesp. Outubro 2006, n. 128)
Como toda arte, exige antes de mais nada uma verdadeira
vocação. E essa vocação se aprimora ao longo do caminho que
vai da inocência à experiência. Como em toda arte. [...]
Falo precisamente no bate-papo, erigido numa das mais
requintadas instituições nacionais.
Mas por que arte brasileira? Os outros povos acaso não
batem papo? [...] Este não deve ter finalidade alguma, senão a
de matar o tempo da melhor maneira possível. É coisa de latino
em geral e de brasileiro em particular: fazer da conversa não um
meio, mas um fim em si mesmo. Se não me engano, essa é a
distância que separa a ciência da arte.
No papo bem batido, a discussão não passa de uma
motivação, sem intuito de convencer ninguém, nem de provar
que se tem razão. Os que nela se envolvem devem estar
sempre prontos a reconhecer, no íntimo, que poderiam muito
bem passar a defender o ponto de vista oposto, desde que os
que o defendem fizessem o mesmo. Os temas devem ser de
uma apaixonante gratuidade, a ponto de permitir que, no
desenrolar da conversa, de súbito ninguém mais saiba o que se
está discutindo. [...]
Além disso a discussão, ainda que gratuita, pode exaurir
o papo diante de uma impossível opção, como a de saber qual
é o melhor, Tolstoi ou Dostoievski, Corcel ou Opala, Caetano ou
Chico. A menos que ocorra ao discutidor o recurso daquele
outro, hábil em conduzir o papo, que teve de se calar quando,
no melhor de sua argumentação sobre energia atômica, soube
que estava discutindo com um professor de física nuclear:
Você é presidencialista ou parlamentarista? - perguntou
então.
Presidencialista.
Pois eu sou parlamentarista.
E recomeçaram a discutir.
Mais ardente praticante do que estes, só mesmo o que
um dia se intrometeu na nossa roda, interrompendo animadíssima
conversa:
Posso dar minha opinião?
Todos se calaram para ouvi-lo. E ele, muito sério:
Qual é o assunto?
(Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Record: Rio de
Janeiro, 1976, p. 28-31)
As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por
A humanidade tem dominado a natureza a fim de tornar
a vida cada vez mais longa e mais cômoda. Essas vantagens se
expandiram para um número crescente de seres humanos.
Graças à combinação dessas duas tendências, os homens
imaginaram que seria possível construir uma utopia em que
todos teriam acesso a tudo: todos, pelas mudanças sociais; a
tudo, por causa dos avanços técnicos. No século XX, numa
demonstração de arrogância, muitos chegaram a marcar o ano
2000 como a data da inauguração dessa utopia.
Neste início de século, vemos que a técnica superou as
expectativas. Os seres humanos dispõem de uma variedade de
bens e serviços inimagináveis até há bem pouco tempo, que
aumentaram substancialmente a esperança de vida, ampliaram
o tempo livre a ser usufruído e ainda oferecem a possibilidade
de realizar sonhos de consumo. Mas a história social não cumpriu
a parte que lhe cabia no acordo, e uma parcela considerável
da humanidade ficou excluída dos benefícios. Ainda mais
grave: o avanço técnico correu a uma velocidade tão grande
que passou a aumentar a desigualdade e a ameaçar a estabilidade
ecológica do planeta. A exclusão deixou de ser vista como
uma etapa a ser superada: é um estado ao qual bilhões de
seres humanos - os excluídos da modernidade - estão
condenados.
Na modernidade técnica, o processo social, tanto entre
os capitalistas mais liberais quanto entre os socialistas mais
ortodoxos, é analisado do ponto de vista econômico, ignorandose
ou relegando-se a um segundo plano os aspectos sociais e
os éticos. Já no século XIX, na luta pela abolição da escravidão,
Joaquim Nabuco procurava encarar o processo social
sob três óticas: a moral, a social e a econômica. Mais de um
século passado, é urgente retomar essa visão triangular, se se
deseja superar a barbárie da exclusão.
(Cristovam Buarque. Admirável mundo atual. S. Paulo: Geração
Editorial, 2001, pp. 188 e 328)
Glossário:
Google - programa de busca de informações gerais na Internet.
Google Earth - programa do Google que transmite imagens dos lugares da Terra, feitas por satélite.
As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por:
Julgue os seguintes itens, a respeito da organização das idéias do texto
acima.