Questões de Português - Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro) para Concurso

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Q2590938 Português

Texto para as questões de 1 a 10.

Texto de Clarice Lispector.


1 Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser

humano, no berço mesmo, já começou.

Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de

algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.

5 Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um

destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.

Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho

medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso

de mais do que isso.

10 Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova

de “solidão de não pertencer” começou a me invadir como heras num muro.

Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não

é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro

15 de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária

pode se tornar patética.

É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer:

tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de

tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.

20 Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade

intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique

uma pessoa ou uma coisa.

Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de

precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.

25 A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo.

E então eu soube: pertencer é viver.

Fonte: https://www.culturagenial.com/clarice-lispector-textos-poeticos-comentados/.

Considerando as regras das classes de palavras, analise a sentença “[...] o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar [...]” e assinale a alternativa correta.

Alternativas
Q2590707 Português
No que se refere a conjugação dos verbos, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q2590539 Português

Sobre a forma exata das palavras, onde talvez more sua beleza


1 Vivo em descompasso com meu tempo. Uma declaração como essa poderia se completar com todo tipo de

contravenções e antinomias, mas hoje me refiro a uma coisa mesquinha, irrelevante, a uma dessas

implicâncias bestas que tão bem nos definem. Tenho uma atenção obstinada à grafia das palavras, e sofro com

o descaso que vai se alastrando por aí, em quase toda escrita. Sinto que cada palavra forma um desenho na

página, um desenho incompleto se lhe usurpam uma letra, um desenho disforme se lhe agregam um desatino.

Como se um mero deslize do dedo pudesse turvar toda a mensagem, deslocando o foco em direção à falha,

àquilo que jamais o mereceria.

2 Acabo de assistir a uma série um tanto tola sobre uma mulher que acossa um homem com insistência doentia,

com grande violência, inclusive mandando-lhe centenas de mensagens obscenas e hostis num só dia. Minha

sensação era de que nunca poderia me relacionar com alguém assim, não por sua insanidade, sua psicopatia.

O que eu não conseguiria relevar numa mulher como ela seria a sintaxe absurda e a infinidade de erros

ortográficos a me atingir a cada instante. Quando me dei conta disso, da aflição menor que até superava as

aflições maiores, temi que a loucura pudesse estar em mim.

3 Vivo em descompasso com meu tempo, é o que digo, na contramão da pressa e da displicência, do desleixo

escancarado, ou de um jovial descompromisso. Por um tempo pensei que me sentisse assim por ser escritor,

por ver nas palavras meu instrumento de trabalho, por confiar a elas o sentido da minha existência, ou, se não

tanto, ao menos o meu sustento. Mas fui me deparando com uns quantos exemplos de escritores distraídos,

escritores admiráveis e no entanto desleixados, conformados com a imprecisão das frases que propagam por

aí.

4 Li com aflição uma crônica de Lima Barreto em que ele conta de sua letra sofrível, indecifrável, e dos

embaraços que lhe cria quando envia aos jornais seus manuscritos. A letra é sua inimiga, é a traição em suas

próprias mãos, "esse abutre que me devora diariamente a fraca reputação e a apoucada inteligência", ele se

martiriza. Sofre, sim, diz que lê seus textos no dia seguinte com vontade de chorar, de matar, de suicidar-se.

Pensa até em se casar para resolver o problema, e se apaixona por uma jovem apenas por sua cursiva

irrepreensível. Mas nada faz de fato, aceita sua sina. Nem sequer passa a escrever na máquina, por julgar

cansativo, por querer fugir ao trabalho de escrever à mão e passar a limpo. Aí já não me compadeço, passo a

sofrer sozinho.

5 Lendo isso, lembro dos primeiros romancistas, os primeiros profissionais das letras que de fato vendiam seus

livros, que não viviam de mecenato. Diz-se que eram longos os primeiros romances, como os de Defoe e seus

conterrâneos, porque seus autores recebiam por quantidade e acabavam sendo rentáveis os detalhes a esmo,

as páginas prescindíveis. Conta-se que entregavam os manuscritos ainda talhados de incorreções, e que

cobravam mais caro caso os editores quisessem originais reescritos e revisados. Eu ouço essas histórias e sinto

que não pertenço à mesma linhagem, procuro outra tradição a que possa me vincular, uma corrente de

romancistas preocupados com as minúcias da linguagem. E, no entanto, sei bem que jamais escreverei uma

frase que perdure como a desses sujeitos, e aceito o meu limite.



Extraído de: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/05/18/sobre-a-forma-exata-das-palavras-onde-talvez-more-suabeleza.htm?cmpid=copiaecola (adaptado)

Em “Li com aflição uma crônica de Lima Barreto...” (4º parágrafo), a forma verbal destacada está no tempo e modo:

Alternativas
Q2589541 Português

No território indígena,

O silêncio é sabedoria milenar,

Aprendemos com os mais velhos

A ouvir, mais que falar.


No silêncio da minha flecha,

Resisti, não fui vencido,

Fiz do silêncio a minha arma

Pra lutar contra o inimigo.


KAMBEBA, Márcia Wayna. Silêncio guerreiro.

Disponível em: <https://portalamazonia.com/cultura/>. Acesso em: 2 maio 2024 (fragmento).


No texto, a forma verbal “Resisti” está flexionada na

Alternativas
Q2589144 Português

Qual das alternativas apresenta corretamente a conjugação do verbo "escrever" no presente do indicativo para a 2ª pessoa do plural?

Alternativas
Respostas
86: C
87: D
88: B
89: E
90: B