Questões de Concurso Sobre flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro) em português

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Q3181803 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão de 1 a 10.


Escrever as emoções: o sentido de dar palavras à ebulição interior


Julián Fuks


Às vezes sinto que minha filha tem escrito mais do que eu, ou tem sido mais verdadeira no que escreve. Mais imediata, talvez, no desembaraço de seus sete anos de idade. Criou agora seu caderno de sentimentos, algo como um diário ilustrado onde ela registra cada emoção forte que a acomete. Eu olho a urgência com que ela corre para o caderno, o vigor com que empunha o lápis, a concentração com que passa a ignorar tudo o que a cerca. Nada mais lhe importa nesse momento, a escrita toma toda a sua existência, e assim cada emoção turbulenta de origem se faz satisfação e leveza. Escreveu algo de essencial, traçou em linhas exatas seu sentimento, deu a uma vaga abstração sua forma concreta. Quisera eu escrever dessa maneira.


Seu caderno se inicia com a mais simples e expressiva das páginas. Tutu triste, vê-se em letras pequenas, e embaixo seu autorretrato de olhos pesados e duas lágrimas gordas sobre as bochechas. Segue ainda por afetos límpidos: Tutu animada, raivosa, impaciente, sonolenta, Tutu sem acreditar no que está acontecendo, neste caso um desenho de si boquiaberta e de olhos vidrados. Depois disso ela parece ter percebido a necessidade de explorar as causas subjacentes aos sentimentos, como Balzac alguma vez decidiu dar as raízes ocultas de cada fato. Passou a anotar coisas como "Tutu empolgada com o acampamento", e "Tutu aliviada porque um homem horrível não ganhou as eleições".


"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador". Leio essa frase em Clarice Lispector e acredito entender algo sobre minha filha, e algo sobre mim. Clarice emenda que talvez por isso tome tantos anos entre um verdadeiro escrever e outro, ainda que se empunhe o lápis todos os dias por uma vida inteira. Para mim dá-se o mesmo, alinhavo palavras sempre que me visita o caderno de sentimentos. Ali, se o tivesse, talvez me fosse mais sincero dizer: "Julián embevecido de admiração por sua filha."


Não posso, no entanto, encerrar meu comentário sobre o caso nesse ponto, porque há um acontecimento recente muito mais digno de nota do que tudo isso que contei. Lê-se numa das páginas do caderno: "Tutu infeliz porque a Peps não está sendo uma boa pessoa". Não sei qual conflito a levou a registrar palavras tão acerbas contra a irmã, decerto alguma dessas pequenezas que diariamente trovejam na relação entre as duas, precedidas e sucedidas de risos desabridos e abraços enérgicos.


Penélope não deixou passar sem vingança a acusação insolente. Enquanto folheava o caderno da irmã e tentava decifrar as palavras escritas com que já começa a se familiarizar — começa a se irmanar, eu poderia dizer — acabou calhando de rasgar uma folha, digamos sem querer. Foi tal a indignação da irmã com o gesto destrutivo que me pareceu razoável mostrar a ela a página em que Tulipa descrevera sua decepção primeira e indagar com veemência: é isso o que você deseja? Essa é a emoção que você quer provocar na sua irmã, a infelicidade? Não seria preferível criar nela uma impressão mais positiva, e constar numa página que falasse de entusiasmo, carinho, alegria?


Penélope então me encarou com olhos indecifráveis, ainda um tanto severos, e respondeu com segurança e presteza: claro que sim, dou um jeito nisso. Correu até seu quarto, fechou-se ali por alguns minutos, criou entre os que a esperávamos um momento palpável de apreensão e suspense. Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: "Tutu feliz porque a Peps se comportou bem."


Não pude senão me espantar com sua intrepidez, com sua decisão de se fazer autora da página que gostaria de ver. Sua sagacidade buscara um atalho: não era preciso suscitar na irmã o devido sentimento, a ficção poderia suprir bem esse seu desejo, e ainda expor o ridículo da bronca que o pai lhe dera. Ela é uma escritora diferente de nós, foi o que pensei, talvez mais inventiva, mais livre, menos submissa às insignificâncias da realidade e às suas emoções correspondentes. E ao pensá-lo entendi que, se tivesse afinal meu próprio caderno de sentimentos, também anotaria em página nova minha profunda admiração por ela.


Um último ato encerra a história, mostrando as intrincadas relações entre ficção e realidade, ou o modo como a escrita das emoções pode alterar nossa existência no mundo, cuidando estranhamente de nos aproximar dos outros. Tulipa viu a página que a irmã depositara sobre a mesa, e sentiu que um sorriso largo lhe cruzava o rosto inteiro, sentiu uma comoção que lhe dominava o peito. Correu nesse mesmo instante para registrar o sentimento novo em seu caderno, para criar com suas mãos a exata correspondência com o desenho da irmã. Deu assim testemunho de uma ficção que se fez emoção tão verdadeira que foi capaz de coincidir com a vida. Também assim eu desejaria a minha escrita.


Disponível em:

https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/julian-fuks/2024/10/12/escrever-as-emocoes-o-sentido-de-dar-palavras-a-ebulicao-interior.htm. Acesso em 18 out. 2024.

Leia o trecho que segue: "Retornou com o semblante desanuviado, plena de satisfação e leveza. Numa folha avulsa ela desenhara a irmã com seu inseparável caderninho nas mãos, com um largo sorriso a lhe cruzar o rosto inteiro, e delineara na ortografia atrevida de seus quatro anos: 'Tutu feliz porque a Peps se comportou bem.'"


A respeito dos verbos em destaque: 

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Q3179972 Português
Na frase abaixo, observe o uso dos tempos verbais:
"Se o monitor organizar bem o ambiente, os alunos terão mais facilidade em participar das atividades."
Em relação ao verbo "terão", é correto afirmar que ele está conjugado no:
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Q3179849 Português
Leia a frase a seguir e assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna com o verbo conjugado no futuro do presente do indicativo.
"Se o motorista prestar atenção ao trânsito, _________ acidentes."
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Q3179833 Português
Analise a flexão dos verbos nas orações a seguir e assinale a alternativa em que o verbo está incorretamente flexionado:
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Q3179832 Português
Em qual alternativa o verbo sublinhado está corretamente flexionado no tempo e modo para indicar uma ação futura e certa?
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Q3177728 Português
Na oração "Se percebêssemos o valor das coisas que o dinheiro não compra, nos tornaríamos muito mais felizes", o termo em destaque é um verbo flexionado na 1ª pessoa do plural do
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Q3177720 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

QUATRO SÉCULOS DE MUDANÇAS


Por José Pio Martins

Nos últimos 323 anos, desde o início do século 18, o mundo passou pelas maiores transformações de todos os tempos. O século 18 foi o mais revolucionário, o 19 foi o mais inventivo, o 20 foi o mais violento, e o 21 deve ser o de maiores transformações. Anteriormente ao século 18, houve a Revolução Inglesa, com ápice em 1688, que impôs o fim da soberania dos reis e passou a perseguir a ordem liberal, a economia capitalista e o regime político fundado na democracia. No ano de 1776, consolidou-se a Revolução Americana, que libertou os Estados Unidos do jugo da Inglaterra e, em 1789, o mundo viu a Revolução Francesa completar três eventos históricos suficientes para considerar o século 18 como o mais revolucionário.
Na sequência, o mundo adentrou o século 19, consolidando a Revolução Industrial, que, entre 1815 e 1840, produziu transformações econômicas iniciadas com a máquina a vapor, a estrada de ferro, o trem de ferro e o navio a vapor. Entre 1750 e 1840 houve a consagração da Revolução Industrial, que foi ampliada pela segunda revolução tecnológica moderna, com a invenção do motor a combustão interna, os veículos automotores, a indústria do petróleo, a água tratada encanada, o telefone e, principalmente, a maior de todas as invenções: a eletricidade; e o século 19 mereceu o título de o mais inventivo.
Seguindo, entramos no século 20, que, embora tenha sido um tempo de inovações e tecnologias disruptivas, foi o século mais sanguinário. Milhões de vidas humanas foram exterminadas em guerras e revoluções políticas. O conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos na gestão de Jimmy Carter, entre 1977 e 1981, Zbigniew Brzezinski (1928-2017), publicou o relatório As Megamortes, no qual ele listou 243 conflitos militares no século 20, que resultaram em 187 milhões de mortes.
Esse número foi revisado para 237 milhões de mortes, pois inicialmente constavam 20 milhões de mortes no período de Mao Tsé-Tung de 1949 a 1976, dado este alterado para 70 milhões de mortes na China comunista de Mao. Apesar de violento, o século 20 foi inventivo com o rádio (1920), o avião a jato (1939), o computador (1945), o telefone celular (1973), a internet (1989) e outros tantos mais.
E chegamos ao século 21, atualmente em sua terceira década, e vemos a aceleração da quarta revolução tecnológica moderna em setores como biotecnologia, inteligência artificial, farmacologia, máquinas inteligentes, robôs cognitivos, metamateriais, cura de doenças etc. Ele caminha para ser o século de maiores transformações, inclusive na área demográfica, que pode levar a população mundial aos 9,4 bilhões de habitantes até 2050 e ver esse número cair para pouco mais da metade em 2100, ficando em torno de 4,7 bilhões. 0 assunto é complexo, mas o fato é que esses quatro últimos séculos dividiram-se em maravilhas cientificas criadoras de alegria e bem-estar, de um lado, e sofrimento e sangue, de outro lado. O mundo floresceu em riquezas sob a genialidade humana, mas também gerou enormes guetos de pobreza e morte sob a estupidez dessa mesma humanidade.

Revista Humanitas. Nº 177 − agosto de 2024 (adaptado)
Sobre o emprego dos tempos e modos verbais na oração "A Revolução Inglesa, que iniciara no século XVII, foi um dos eventos que tornaram o século XVIII o mais revolucionário de todos os tempos", é correto afirmar que
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Q3172463 Português

O texto seguinte servirá de base para responder à questão



As drogas que pilotos tomam para ficarem acordados — e os dilemas que isso traz



As curiosas pastilhas estavam no bolso de um piloto nazista.


Ele foi abatido nos céus do Reino Unido durante um bombardeio na Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Com ele, estava o seu estoque de metanfetamina.


Na época, esta substância era a preferida da Luftwaffe (a força aérea da Alemanha nazista) para combater a fadiga dos aviadores. Era chamada de "sal dos pilotos", porque seu consumo era liberado.


Os Aliados suspeitavam do seu uso, mas não tinham certeza − até então.


Aqueles souvenirs farmacológicos foram rapidamente enviados para testes e, logo depois, os britânicos já desenvolviam sua própria versão. O resultado foi um estimulante amplamente distribuído, que possibilitou centenas de missões noturnas em toda a Europa.


Mas era apenas o começo.


Durante a Guerra do Golfo (1990-1991), uma droga relacionada, a dextroanfetamina, voltou a ganhar popularidade. Ela foi consumida pela maioria dos pilotos combatentes que conduziram os bombardeios iniciais sobre as forças iraquianas no Kuwait.


Atualmente, os oficiais da aeronáutica americana ainda consomem a pílula para resolver o mesmo problema: a fadiga dos pilotos, que pode afetar os aviadores em missões longas e comprometer sua segurança.


Mas existe um porém. As anfetaminas podem ser altamente viciantes − e houve grandes abusos já nos anos 1940. Por isso, nos últimos anos, as organizações militares vêm procurando opções para substituí-las.


Uma delas é o modafinil, um estimulante desenvolvido originalmente para o tratamento de narcolepsia e excesso de sonolência diurna nos anos 1970.


Não levou muito tempo para as pessoas descobrirem que, além de ajudar a evitar que as pessoas adormeçam, a droga pode ter outros efeitos poderosos.


Demonstrou-se que a medicação melhora a orientação espacial, o reconhecimento de padrões e a memória de trabalho, além de aumentar o desempenho cognitivo geral, o estado de alerta e a vigilância em situações de fadiga extrema.


O modafinil também tem suas desvantagens. Seus efeitos colaterais podem incluir suor, dores de cabeça latejantes e até alucinações. Mesmo com esses riscos, em certas circunstâncias, a droga pode ser um auxiliar formidável para quem precisa ficar acordado.


Em um estudo inicial, o modafinil manteve pessoas acordadas por até 64 horas de atividade. Seus efeitos foram comparáveis a 20 xícaras de café.



https://www.bbc.com/portuguese/articles/cxezzn82d4vo

Em: O resultado foi um estimulante amplamente distribuído, que possibilitou centenas de missões noturnas em toda a Europa. Ao passarmos os verbos do enunciado acima para o pretérito mais que perfeito do modo indicativo teremos:

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Q3170904 Português

Texto para a questão.



BELTRÃO, Eliana Santos; GORDILHO, Tereza. A conquista - Língua Portuguesa. São Paulo: FTD – PNLD, 2024

No trecho “eu medi os cavalos” (linhas 12-13), a forma verbal “medi” está flexionada no tempo
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Q3170804 Português
Poesia e ciência


   É comum se dizer que poucas atividades criativas são tão antagônicas quanto a poesia e a ciência. Enquanto uma expressa uma visão subjetiva e emocional do mundo, a outra expressa uma visão universal e racional. Enquanto uma é produto de inspiração e lirismo, a outra o é de dedução e análise. A obra de certos poetas, no entanto, além de extremamente técnica, mostra uma profunda apreciação da visão cientifica prevalecente na época.

   Como exemplo, tenho em mente o poeta romano Lucrécio, que viveu aproximadamente entre 96 e 55 a.C. Em um mundo completamente dominado por religiões politeistas, baseadas em ritos pagãos, a voz de Lucrécio soa como uma verdadeira luz nas trevas, uma proclamação contra o medo criado pela ignorância e pela obediência cega à autoridade. O poeta convida seus leitores a olhar para o mundo e seus mistérios através da razão, argumentando que esse é o único caminho para a nossa liberação. Eis um exemplo, livremente parafraseado:

    “Quando a vida humana, arrastando-se pela Terra, era esmagada pelas crendices, um homem grego pela primeira vez alçou bravamente seus olhos mortais contra esses tormentos [...] Sua força era a mente, que ele usou para explorar a vasta imensidão do espaço, trazendo-nos novas do que é ou não é possível, limites ou fronteiras forjadas para sempre. As crendices, assim, foram controladas e. desde então, nós podemos alcançar as estrelas”.

   Dois mil anos após serem escritos, os versos de Lucrécio ecoam com incrível modernidade. Na passagem de mais um milênio*, quando muitos sentem-se vulneráveis perante as várias profecias apocalípticas, sugiro uma nova leitura de Lucrécio, poeta da ciência e da lucidez apaixonada.

* Este texto foi publicado em 1999.

(Adaptado de GLEISER, Marcelo. Retalhos cósmicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1999, p. 21-22) 


As palavras de Lucrécio podem liberar as criaturas do medo supersticioso se elas reconhecerem sua corajosa lucidez.
A correlação entre os tempos e os modos verbais do período acima manter-se-á plenamente adequada caso se substituam as formas sublinhadas, na ordem dada, por:
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Q3170801 Português
[Tempos muito novos]

    O melhor conselho que eu poderia dar a um jovem de quinze anos enfiado numa escola desatualizada em algum lugar do mundo de hoje é: não confie demais nos adultos. A maioria deles tem boas intenções, mas eles não compreendem o mundo. No passado, era relativamente seguro apostar em seguir os adultos, porque eles conheciam as coisas bastante bem, e o mundo se transformava lentamente. Mas o século xx1 será diferente. Devido ao ritmo cada vez mais acelerado das mudanças, você nunca terá certeza se aquilo que os adultos estão lhe dizendo é fruto de uma sabedoria atemporal ou de um preconceito ultrapassado.

   A tecnologia não é uma coisa ruim, mas é uma aposta arriscada. Ela pode ajudá-lo muito, mas se ela exercer demasiado poder em sua vida, você pode acabar como um refém. Se você souber o que deseja na vida, ela pode ajudá-lo a conseguir. Mas se você não sabe, será muito fácil para a tecnologia moldar por você seus objetivos e assumir o controle de sua vida. E, à medida que a tecnologia adquire uma melhor compreensão dos humanos, você poderia se ver servindo a ela cada vez mais, em vez de ela servir a você. Você já viu esses zumbis que vagueiam pelas ruas com o rosto grudado em seus smartphones? Você acha que eles estão controlando a tecnologia ou é a tecnologia que os está controlando?

    Neste exato momento, os algoritmos estão observando você. Estão observando aonde você vai, o que compra, com quem se encontra. Logo vão monitorar todos os seus passos, todas as suas respirações, todas as batidas de seu coração. Estão se baseando em Big Data e no aprendizado da máquina para conhecer você cada vez melhor. Se você quiser manter algum controle sobre sua existência pessoal e o futuro de sua vida, terá de correr mais rápido que os algoritmos. Para correr tão rápido, não leve muita bagagem consigo. Deixe para trás suas ilusões. Elas são pesadas demais. 

(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. São Paulo: Companhia das Letras. 2018, p. 328-329)
É plenamente regular o emprego dos elementos sublinhados na frase:
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Ano: 2024 Banca: UFMG Órgão: UFMG Prova: UFMG - 2024 - UFMG - Assistente em Administração |
Q3154202 Português
INSTRUÇÃO: A questão deve ser respondida com base na leitura do Texto I.

Texto I

O vírus do tigrinho

        Além de favorecer o crime organizado, a epidemia das bets representa uma grave ameaça à saúde pública e à economia

Na noite de terça-feira 10, o motorista de aplicativo Níger Soares, de 38 anos, chegou um pouco mais cedo do trabalho para assistir a Seleção Brasileira jogar contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Apaixonado por futebol desde criança, o carioca, com formação em Publicidade, tinha “interesse dobrado” no resultado da partida, pois havia feito uma “fezinha” na vitória da equipe canarinho, que acabou não acontecendo. Há anos, ele luta contra a compulsão por apostas e jogos de azar. Soares não titubeia ao afirmar que a avassaladora chegada das empresas de apostas esportivas online, as chamadas bets, dificultou sua luta contra o vício: “A situação piorou. Tem muita propaganda em tudo quanto é lugar. As pessoas estão ficando endividadas, é muita gente”, afirma, embora prefira não entrar em detalhes sobre sua própria situação financeira.

        Soares é um dos 52 milhões de brasileiros que, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto Locomotiva, fizeram ou costumam fazer apostas em sites na internet. Apesar de o governo federal ter finalizado o processo de cadastramento das empresas, primeiro passo para concretizar a regulamentação do setor no Brasil, pessoas como ele se veem especialmente vulneráveis às bets e são presas fáceis para outra praga social, os “jogos de cassino online”, que seduzem com a ilusão da riqueza imediata. Entre os apostadores, o mais popular é o caça-níqueis eletrônico Fortune Tiger, conhecido no País como “Jogo do Tigrinho”, que vem sendo letal para pessoas de baixa renda. Segundo a pesquisa, 79% dos que costumam fazer apostas na internet pertencem às classes C, D e E.

        Estudos recentes completam o quadro de desafio à saúde pública e à economia nacional. Um deles, do Banco Itaú, mostra que em um período de 12 meses os brasileiros gastaram 68,2 bilhões de reais em apostas online. Outro, encomendado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), assustada com o impacto já percebido no mercado varejista, aponta que 86% dos apostadores estão endividados e 64% deles negativados no Serasa. Em um país onde 43% da população afirma não ter segurança financeira, a consultoria PwC do Brasil mostra que hoje, para as duas classes da base da pirâmide social, as apostas já equivalem a 76% das despesas mensais com lazer e cultura e a 5% do que é destinado à alimentação. Pesquisas estão sendo realizadas para mensurar também o impacto das bets e dos tigrinhos no orçamento destinado à educação das famílias brasileiras.

        Conhecido como ludopatia, o vício nas apostas é uma enfermidade social que precisa ser prevista e tratada adequadamente no novo arcabouço regulatório. Para o psicólogo clínico Cristiano Costa, uma das cabeças à frente da Empresa Brasileira de Apoio ao Compulsivo (Ebac), nessa doença é impossível adotar uma política de redução de danos como nos casos de adição às drogas. “No transtorno do jogo patológico, existe um vício diferente, que se concentra no comportamento de apostar e que não necessariamente é gerador de danos”. Melhor seria, diz o especialista, uma estratégia para diversificar os modos de obtenção de prazer associado ao risco, bem como de diversão e entretenimento: “Também é necessária muita educação psicoemocional e financeira, já que é uma doença profundamente vinculada ao endividamento”. Segundo estudos da entidade, ao menos 2 milhões de brasileiros sofrem de ludopatia severa.

        CEO da empresa galera.bet, Marcos Sabiá afirma que a certificação ajudará a separar o joio do trigo e a identificar as empresas à margem da lei: “O trigo são empresas que já se preocupam em realizar um tratamento adequado dos dados de seus jogadores, o chamado KYC (know your client)1, a fim de combater crimes como lavagem de dinheiro e manipulação de resultados, sem descuidar da publicidade adequada; tratando o jogo como diversão e não como enriquecimento, investimento ou geração de renda, ao mesmo tempo que identifica e trata eventuais casos de ludopatia”. Segundo Sabiá, essas empresas estão preocupadas com uma relação de longo prazo com o jogador e isso inclui bom atendimento através de seus SACs e compromissos formais com órgãos como o Conar.

        Professor da Unicamp e integrante do Comitê Gestor da Internet no Brasil, Rafael Evangelista avalia que há várias boas propostas em debate: “Elas são necessárias e ajudariam não só na questão da publicidade relativa a jogos, pois várias dessas propostas poderiam contribuir para que houvesse maior responsabilização das plataformas pelos conteúdos que carregam”. Muito se faz referência ao Marco Civil da Internet, diz o especialista, como se ele isentasse as plataformas de responsabilidade sobre os conteúdos: “Mas, a partir do momento em que as plataformas não são intermediários neutros desses conteúdos, elas passam a ser corresponsáveis. O Brasil precisa avançar na legislação e na ação efetiva contra esses anúncios maliciosos”.

        Enquanto abundam as boas intenções, a vida para quem está sujeito à maior vulnerabilidade social e sanitária frente ao fenômeno da proliferação dos sites de apostas online segue na incerteza. Enquanto aguarda nova oportunidade para tentar recuperar o dinheiro perdido com o futebol sofrível da Seleção Brasileira e assim garantir o pagamento dos boletos no fim do mês, Níger Soares diz não acreditar nas medidas pelo tal jogo responsável: “Acho que não vai adiantar, porque vai depender muito da vontade dos próprios jogadores. E são as próprias bets que vão ajudar? Seria legal se tivesse mais ajuda, talvez uma política pública mais séria e abrangente para tratar o problema”. Fica a dica.

THUSWOHL, Maurício. O vírus do tigrinho. Carta Capital, 12 set. 2024. nº 1328. (Adaptado).
Releia o seguinte trecho do Texto I, com atenção aos tempos verbais em destaque:
        “Na noite de terça-feira 10, o motorista de aplicativo Níger Soares, de 38 anos, chegou um pouco mais cedo do trabalho para assistir a Seleção Brasileira jogar contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Apaixonado por futebol desde criança, o carioca, com formação em Publicidade, tinha “interesse dobrado” no resultado da partida, pois havia feito uma “fezinha” na vitória da equipe canarinho, que acabou não acontecendo.

É correto afirmar que “havia feito” expressa uma ação
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Q3151591 Português
Sons que confortam







MEDEIROS, M. Sons que confortam. In: Felicidade Crônica. Porto Alegre: L&PM, 2014.
“Nunca na vida ouvira um som mais lindo” (linha 3). O verbo negritado, no trecho anterior, está corretamente transposto para a segunda pessoa do plural do pretérito imperfeito do indicativo em
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Q3150098 Português
Verbo é a palavra que pode variar em número, pessoa, modo, tempo, voz e aspecto. Indica ações, processos, estados, mudanças de estado e manifestações de fenômenos da natureza. Em relação ao pretérito mais-que-perfeito composto do modo subjuntivo, assinale o item em que o verbo esteja flexionado neste tempo verbal.
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Q3149946 Português
Desabafo
(Ramires Linhares)

     Essa não está sendo uma semana fácil. Definitivamente.

  Imaginem que ontem recebi uma ligação do Banco do Brasil, dizendo que haviam entrado criminosamente na minha conta e retirado sem minha autorização a quantia de 8 mil reais. Minha tranquilidade acabou. Havia algo errado, com certeza. Fiquei chocado.

   Mesmo que os bancos vivam dizendo que é seguro fazer transações pela internet e que só o verdadeiro dono da conta pode entrar nela e realizar os serviços, o risco de hackers invadirem sistemas e mesmo contas particulares sempre existe.

     Mesmo que o crime cometido tenha sido cibernético e somente dinheiro foi levado, há o prejuízo e aquela sensação de vazio e raiva nos invade. Qualquer valor que a pessoa guarda em uma conta é fruto do seu trabalho e está ali para uma emergência qualquer. Quando ocorre um roubo passa um filme na cabeça, pois o valor poderia ter sido usado para fazer ou comprar algo legal e, de repente, ficamos só na vontade.

     Quando recebi a notícia da invasão da conta fiquei assustado e pensativo, com a certeza de que havia algo ruim acontecendo. Ainda com as pernas trêmulas, coloquei os pensamentos em ordem e raciocinei direito. Aí lembrei que não tenho conta no Banco do Brasil e muito menos 8 mil depositado em qualquer lugar.

      Mas vejam bem: e se eu não fosse pobre?

      Por isso é bom tomar cuidado com a tecnologia quando envolve o seu dinheiro.


Disponível em: https://diariodosul.com.br/colunistas/ramires-linhares/desabafo-35970# 
Dado o excerto:
“Minha tranquilidade acabou.”
Passando-se o verbo para o tempo pretérito mais-que-perfeito do modo indicativo, a correta redação da oração seria:
Alternativas
Q3149593 Português

Água com ou sem gás: o que é melhor para a sua saúde


Com base na escolha vocabular e referências linguísticas, marque a alternativa com a informação correta sobre a composição lexical do texto:
Alternativas
Q3147381 Português
Nas sentenças a seguir, o verbo principal ocorre conjugado no pretérito perfeito do modo indicativo apenas em:
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Q3147042 Português
   A primeira lembrança que tenho da cidade, do Recife, é de um Carnaval. Eu, muito menino, preso em um carro que corria pela praça Maciel Pinheiro desviando dos foliões, ia para o Hospital Português onde meu avó convalescia. Certamente que não foi nessa hora que compreendi, mas nesse momento passei a conviver com uma urbe de contradições, alegrias e tristezas, sonhos e desilusões.

   Vivendo no interior, a cidade me chegava pelo relato dos cronistas, dos escritores. Um deles falava da Estrada dos Remédios cercada por mangueiras. E fui descobrindo os segredos vividos sob os telhados seculares dos sobrados, a miséria oculta pelas folhas dos mangues, pelas paredes precárias dos mocambos, a glória da piedade resvalando nas grossas paredes das Igrejas. Mecanismo vivo e contraditório, Recife tinha, e ainda tem, poesia.

   Sempre que ali desembarcava -e até hoje isso acontece — batia-me a sensação de pertencimento. “Sou do Recife com orgulho e com saudade”, solfejava Antônio Maria em meus ouvidos. Quando, enfim, cheguei para viver na cidade, na Boa Vista, já conhecia a intimidade dos mistérios de suas ruas. Tudo me chegara pela literatura, pelos relatos históricos e ficcionais, mas caminhando por suas vielas e avenidas, atravessando os rios, as pontes, descobri que um mistério nunca se revela plenamente.

   Foi tentando desvendar a esfinge que a cidade do Recife foi transformada em cenário por mim para o romance “Não me empurre para os perdidos". Um escritor estrangeiro, em junho de 1924, percorre as ruas da cidade procurando os sentidos da modernidade que os intelectuais tanto discutem no Café Continental, na esquina da Lafayete. Mesmo depois de todo trabalho, à Recife continua em mim como algo onírico. Sim, ele é coisa de se pegar, é concreto, mas para ser pleno é preciso vivê-lo.



(Adaptado de: MELO JÚNIOR, Maurício. Nexo Jornal. Disponível em: https:/wwnanexojornal.com.br)
Tudo me chegara pela literatura, pelos relatos históricos e ficcionais, mas caminhando por suas vielas e avenidas, atravessando os rios, as pontes, descobri que um mistério nunca se revela plenamente.

Alteradas para o presente, as formas verbais sublinhadas na frase acima se apresentam, respectivamente, como:
Alternativas
Q3145931 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

Como o cérebro humano se reconfigura a partir dos quarenta anos

À medida que envelhece, o corpo humano perde suas capacidades físicas de forma mais gradual.

Especialmente, entre os quarenta e os cinquenta anos, período chamado pelos médicos de quinta década, tem início, em vários órgãos do nosso corpo, um processo de deterioração. Perdemos massa muscular, a visão se torna menos aguçada e as articulações começam a falhar, por exemplo.

Mas, no cérebro, o processo é um pouco diferente. Mais do que um processo de deterioração progressiva, ocorre uma espécie de reconfiguração interna. O cérebro, embora represente apenas dois por cento do nosso corpo, consome vinte por cento da glicose que entra em nosso organismo. Mas, com a idade, ele perde a capacidade de absorver esse nutriente.

O cérebro configura uma espécie de reengenharia dos seus sistemas para aproveitar da melhor forma possível os nutrientes que, agora, pode absorver.

Segundo os cientistas, este processo é radical. E, como resultado, as diferentes redes de neurônios se tornam mais integradas nos anos seguintes, com efeitos sobre o processo cognitivo.

A principal conclusão é que o nosso cérebro é composto por uma complexa rede de unidades que, por sua vez, estão divididas em regiões, subregiões e, em alguns casos, neurônios individuais.

Com isso em mente, durante nosso crescimento e juventude, essa rede e suas unidades se encontram em processo de alta conectividade, o que é refletido, por exemplo, no aprendizado de temas específicos.

É por isso que, nessa idade, é mais fácil aprender esportes especializados e novos idiomas, além de desenvolver nossas habilidades em geral.

Segundo a análise realizada por uma equipe de cientistas, esses circuitos se alteram radicalmente quando chegamos à década dos quarenta anos. O resultado é um pensamento menos flexível, menor inibição de resposta e redução do raciocínio verbal e numérico.

Estas mudanças são observadas nas pessoas durante a chamada quinta década, o que coincide com as descobertas de que as mudanças de conectividade dessas redes atingem seu ponto máximo quando você passa dos quarenta para os cinquenta anos.

Isso ocorre porque os circuitos se conectam mais com as redes que dirigem os temas gerais e não específicos, como ocorre nos anos anteriores.

É como se, antes dos quarenta, os circuitos passassem pelas unidades do cérebro conectados a redes muito sofisticadas. Após essa idade, esses circuitos se conectam com todos os demais de forma generalizada.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c51z402jjz4o.adaptado.
'Perdemos' massa muscular, a visão se 'torna' menos aguçada e as articulações 'começam' a falhar, por exemplo.
Conjugando os verbos destacados no pretérito imperfeito do indicativo, tem-se:
Alternativas
Q3145398 Português
O texto seguinte servirá de base para responder à questão.

As células que protegem, mas também podem destruir nosso cérebro

O cérebro é composto por dois tipos de células. Os neurônios, também conhecidos como células nervosas, são os mensageiros do cérebro, enviando informações para todo o corpo por meio de impulsos elétricos.

O outro tipo — chamado glia — compõe o resto. A micróglia é o menor membro da família da glia e representa cerca de 10% de todas as células cerebrais. Estas pequenas células possuem um corpo central de formato oval, do qual emergem braços delgados semelhantes a ramificações. "Elas possuem muitas ramificações que se movimentam continuamente na pesquisa do ambiente", diz Paolo d'Errico, neurocientista da Universidade da Alemanha.

"Em condições normais, elas as estendem e retraem para sentir o que acontece ao seu redor."

Quando apresentam bom desempenho, as micróglias são essenciais para o funcionamento saudável do cérebro. Durante nossos primeiros anos de vida, elas controlam o desenvolvimento do nosso cérebro, eliminando conexões sinápticas desnecessárias entre os neurônios.

Elas permitem que células se transformem em neurônios, além de reparar e manter a mielina — uma camada protetora de isolamento que envolve os neurônios, sem a qual a transmissão de impulsos elétricos seria impossível.

Ao longo da nossa vida, a micróglia protege o nosso cérebro de infecções, procurando e destruindo bactérias e vírus.

Elas limpam os detritos que se acumulam entre as células nervosas, erradicam e destroem proteínas tóxicas disformes, como as placas amiloides — os aglomerados de proteínas que desempenham um papel na progressão do Alzheimer.

No entanto, em certas circunstâncias, elas se rebelam. Quando as micróglias detectam que há algo errado no cérebro, como uma infecção ou uma grande presença de placas amiloides, elas entram em um estado super-reativo.

Elas se tornam muito maiores, contraem seus apêndices e começam a se movimentar, devorando os danos.

A micróglia ativada também libera substâncias conhecidas como citocinas inflamatórias, chamando outras células do sistema imunológico para entrar em ação.

Às vezes, a micróglia permanece neste estado de superestimulação muito tempo depois de o agente infeccioso ter desaparecido. Estas micróglias fora de controle estão por trás de uma série de doenças e condições modernas, como o vício por exemplo.

Quando a micróglia detecta drogas como opiáceos, cocaína ou metanfetamina, ela libera citocinas, o que faz com que os neurônios que estão ativos no momento do consumo da droga se tornem mais estimulados.

Crucialmente, isso leva à formação de conexões novas e mais fortes entre os neurônios e à liberação de mais dopamina, fortalecendo o desejo e a vontade do uso de drogas.

https://www.bbc.com/portuguese/articles/crejp807xq7o.adaptado.
Em condições normais, elas as 'estendem' para sentir o que acontece ao seu redor.
Conjugando o verbo destacado no futuro do pretérito do indicativo, tem-se:
Alternativas
Respostas
141: B
142: A
143: D
144: C
145: A
146: D
147: D
148: A
149: B
150: B
151: D
152: C
153: D
154: D
155: C
156: A
157: C
158: C
159: C
160: A