Questões de Concurso
Sobre funções da linguagem: emotiva, apelativa, referencial, metalinguística, fática e poética. em português
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Tendo em vista que os gêneros textuais são classificados tipologicamente em razão da predominância, relacione a 2ª coluna de acordo com as capacidades de linguagem apresentadas na 1ª coluna:
1ª COLUNA
(1) NARRAR
(2) ARGUMENTAR
(3) EXPOR
(4) DESCREVER
2ª COLUNA
( ) Carta do leitor
( ) Conto parodiado
( ) Conferência
( ) Debate regrado
( ) Instruções de montagem
( ) Tomada de notas
A sequência numérica que classifica
CORRETAMENTE os gêneros textuais, de cima para
baixo, é:
“Nos últimos anos, o ensino de Língua Portuguesa vem passando por reformulações teóricas e metodológicas. Dentre elas, muito se tem enfatizado, em propostas curriculares, políticas de avaliação do ensino, de formação do professor, de análise de materiais didáticos, dentre outras, a necessidade de desenvolver as capacidades comunicativas dos alunos em diferentes tipos de situação de uso da linguagem, com o objetivo de ampliar suas possibilidades de participação na vida em sociedade. Grande parte dessas reformulações é fundamentada por uma visão discursiva da linguagem. ”
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE BELO HORIZONTE, (SMED).
Proposições Curriculares do Ensino Fundamental: Língua Portuguesa 3º ciclo. Belo Horizonte: SMED,
2010.
Disponível em: http://portalpbh.pbh.gov.br/pbh/ecp/comunidade.doevento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPortal&app=educacao&tax=8489&lang=pt_BR&pg=5564&taxp=0&. Acesso em 02 nov. 2015
Levando em consideração as suas reformulações
teóricas e metodológicas, o ensino atual de Língua
Portuguesa propõe o, EXCETO:
À luz da Sociolinguística, o fenômeno retratado nos
textos I e II é conhecido como
Meu, seu e nosso
Seja por ideologia, seja por redução de gastos ou para fazer negócios, o consumo colaborativo está se afirmando.
Sérgio Fernandes e Marcos Zinani vão e voltam do trabalho de carro juntos, todos os dias. Eles se conheceram por meio do site Caronetas e há meses dividem custos e compartilham o tempo gasto no trajeto. Ana Luiza McLaren casou e sentiu seu apartamento ficar pequeno para duas pessoas. Então, juntou um monte de coisas encostadas e criou o blog Enjoei para vender tudo. A iniciativa teve tanto sucesso que foi promovida a site, reunindo muitos outros “enjoados”, e hoje é o sustento do casal.
Esses são exemplos recentes de uma mania que vem se disseminando pela – e graças à – internet: consumo colaborativo. Estão se multiplicando os sites de compartilhamento, de empréstimo, de troca ou venda de bens usados que aproximam interessados, removem intermediários e criam novas redes de afinidades. “Eles quebram a ideia do consumismo combinado com obsolescência planejada – a estratégia de projetar tudo para ficar ultrapassado em curto prazo”, define o socioeconomista Marcos Arruda.
Nem sempre, entretanto, as iniciativas desse tipo acontecem de caso pensado. Ana Luiza confessa que a decisão de criar o blog Enjoei não teve o objetivo de reduzir o desperdício e cuidar do meio ambiente. Foi uma questão pessoal de ordem prática: falta de espaço no armário. “Mas é verdade que há um gosto especial em colocar uma coisa no correio, sabendo que outra pessoa vai continuar dando utilidade a ela”, completa. “Acho que seria forçar a barra dizer que o perfil dos usuários é marcado pelo consumo consciente. Tem gente que está vendendo coisas simplesmente porque quer levantar dinheiro com o que tem parado em casa.” Para Ana, a distância do seu site para o Mercado Livre é pouca e muita ao mesmo tempo. O Enjoei seria um shopping em que é mais gostoso passear, e onde se consegue vender os produtos por um preço mais alto do que no Mercado Livre. Mas, ainda assim, um tanto abaixo dos valores sempre mais caros, e às vezes proibitivos, praticados hoje nas lojas de artigos novos.
O consumo compartilhado é uma força cultural e econômica poderosa que está reinventando não apenas aquilo que se consome, mas a forma de consumir, além de contribuir pela resolução de problemas ambientais. De um lado tem-se os recursos mais escassos e, de outro, uma consciência mais elevada. Agora que o cerco está mais apertado, as pessoas estão em busca de soluções mais efetivas, mais coletivas.
Demorou para a população chegar até aqui, mas não é possível acelerar o curso do rio. [adaptado]
Por Renata Valério de Mesquita
(Disponível em<http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/comportamento/meu-seu-e-nosso)
Observe o texto a seguir:
“Ando devagar
Porque já tive pressa
E levo esse sorriso
Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz, quem sabe
Só levo a certeza
De que muito pouco sei
Ou nada sei
(...) É preciso amor
Pra poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso a chuva para florir (...)”.
(Tocando em frente, de Almir Sater)
A linguagem é uma forma de sintonia com o mundo, pois através dela conseguimos nos
expressar e comunicar de diferentes formas. Como há diferentes formas, também há
diferentes intenções e, por isso, diferentes funções. Qual é função da linguagem
predominante no texto acima?
GARCIA (2003) aponta que o paralelismo sintático e semântico remete à lógica da correlação e associação de ideias, por isso sua ausência pode provocar incoerência. No entanto, autores de várias épocas usaram-na com propósito estilístico.
O enunciado que corresponde a essa asserção é:
Documentos sobre Shakespeare 'vândalo' são abertos ao público
Em 1596, William Shakespeare e seus atores tiveram de deixar o teatro isabelino The Theatre, localizado em Shoreditch, em Londres, até então o recanto da dramaturgia inglesa. O período de 21 anos de concessão do terreno ao ator e empresário James Burbage havia chegado ao fim, e o senhorio exigia as terras de volta. Desolados, Shakespeare e os homens de sua companhia, Lord Chamberlain's Men, se uniram para roubar o teatro − tábua por tábua, prego por prego − e reconstruí-lo em outro lugar.
A história ocorrida em 28 de dezembro de 1598 não é inédita e consta em diversas biografias de Shakespeare. Agora, contudo, chegou o momento de ouvir o outro lado da ação: a justiça. De acordo com a transcrição do processo judicial de 1601, Shakespeare, seus atores e amigos (incluindo Burbage) foram "violentos" em uma ação "desenfreada" que destruiu o The Theatre. O documento diz que o dramaturgo e seus cúmplices estavam armados com punhais, espadas e machados, o que causou "grande distúrbio da paz" e deixou testemunhas "aterrorizadas".
Até então guardado em segurança pelo National Archive, o arquivo do Reino Unido, o documento é uma das peças que serão exibidas ao público no centro cultural londrino Somerset House, a partir de fevereiro de 2016, ano em que se completam quatro séculos da morte do Bardo.
(VIANA, Rodolfo. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/12/1718868-documentos-sobre-shakespeare-vandalo-saoabertos-ao-publico.shtml. Acesso em 16/12/2015)
TEXTO 1 – O futuro da medicina
O avanço da tecnologia afetou as bases de boa parte das profissões. As vítimas se contam às dezenas e incluem músicos, jornalistas, carteiros etc. Um ofício relativamente poupado até aqui é o de médico. Até aqui. A crer no médico e "geek" Eric Topol, autor de "The Patient Will See You Now" (o paciente vai vê-lo agora), está no forno uma revolução da qual os médicos não escaparão, mas que terá impactos positivos para os pacientes.
Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina. Já é possível, por exemplo, fotografar pintas suspeitas e enviar as imagens a um algoritmo que as analisa e diz com mais precisão do que um dermatologista se a mancha é inofensiva ou se pode ser um câncer, o que exige medidas adicionais.
Está para chegar ao mercado um apetrecho que transforma o celular num verdadeiro laboratório de análises clínicas, realizando mais de 50 exames a uma fração do custo atual. Também é possível, adquirindo lentes que custam centavos, transformar o smartphone num supermicroscópio que permite fazer diagnósticos ainda mais sofisticados.
Tudo isso aliado à democratização do conhecimento, diz Topol, fará com que as pessoas administrem mais sua própria saúde, recorrendo ao médico em menor número de ocasiões e de preferência por via eletrônica. É o momento, assegura o autor, de ampliar a autonomia do paciente e abandonar o paternalismo que desde Hipócrates assombra a medicina.
Concordando com as linhas gerais do pensamento de Topol, mas acho que, como todo entusiasta da tecnologia, ele provavelmente exagera. Acho improvável, por exemplo, que os hospitais caminhem para uma rápida extinção. Dando algum desconto para as previsões, "The Patient..." é uma excelente leitura para os interessados nas transformações da medicina.
Folha de São Paulo online – Coluna Hélio Schwartsman – 17/01/2016.
“Para Topol, o futuro está nos smartphones. O autor nos coloca a par de incríveis tecnologias, já disponíveis ou muito próximas disso, que terão grande impacto sobre a medicina”.
O segundo período desse segmento do texto 1, em relação ao período anterior, funciona como:
Aceita um cafezinho
Ó Estrangeiro, ó peregrino, ó passante de pouca esperança - nada tenho para te dar, também sou pobre e essas terras não são minhas. Mas aceita um cafezinho.
A poeira é muita, e só Deus sabe aonde vão dar esses caminhos. Um cafezinho, eu sei, não resolve o teu destino; nem faz esquecer tua cicatriz.
Mas prova.... Bota a trouxa no chão, abanca-te nesta pedra e vai preparando o teu cigarro...
Um minuto apenas, que a água já está fervendo e as xícaras já tilintam na bandeja. Vai sair bem coado e quentinho.
Não é nada, não é nada, mas tu vais ver: serão mais alguns quilômetros de boa caminhada... E talvez uma pausa em teu gemido!
Um minutinho, estrangeiro, que teu café já vem cheirando...
(Aníbal Machado)
TEXTO 6 - Aumento brusco de 'desocupados'
O aumento dos índices de desemprego se refletiu nos resultados da PNAD já em 2014. O número de pessoas desocupadas aumentou 9,3% de 2013 para 2014, afetando um total de 7,3 milhões de brasileiros (o aumento equivale a 617 mil pessoas a mais nesta condição).
Isso ocorreu no país todo, e em especial no Sudeste, onde o aumento foi de 15,8%. O IBGE classifica como "desocupadas" pessoas que não estão empregadas, mas estão buscando trabalho.
A pesquisa indica dificuldades especialmente para jovens de 18 a 24 anos e pessoas que estão buscando o primeiro emprego, respectivamente 34,3% e 28,3% dos desocupados.
Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151113_resultados_pnad_jc_ab
“Isso ocorreu no país todo, e em especial no Sudeste, onde o aumento foi de 15,8%. O IBGE classifica como "desocupadas" pessoas que não estão empregadas, mas estão buscando trabalho”.
A afirmação correta sobre os componentes desse segmento do texto 6 é:
Um livro didático de Literatura mostra o seguinte texto: “Façam uma pesquisa a fim de averiguar se sua cidade e seu Estado dispõem de patrimônio artístico-cultural barroco.”.
Nesse caso, a função de linguagem predominante é:
No quadro abaixo aparece a figura do pai do pintor Paul Cézanne lendo um exemplar do jornal francês “Evenement”:
Considerando-se o esquema da comunicação linguística, a
afirmação adequada é:
Observe a charge abaixo:
A charge poderia ser ilustração do seguinte item do conteúdo
programático desta prova:
Uma esperança
Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica‐se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
– Uma esperança! e na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
– Ela quase não tem corpo, queixei‐me.
– Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
– Ela é burrinha, comentou o menino.
– Sei disso, respondi um pouco trágica.
– Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
– Sei, é assim mesmo.
– Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
– Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando‐a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
– Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar – estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar‐se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê‐la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
– É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
– Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
– Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros – falei sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá‐la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
(LISPECTOR, Clarice. Uma esperança. In: Felicidade clandestina. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.)
Cultura
Ele disse: “O teu sorriso é como o primeiro suave susto de Julieta quando, das sombras perfumadas do jardim sob a janela insone, Romeu deu voz ao sublime Bardo e a própria noite aguçou seus ouvidos”.
E ela disse: “Corta essa.”
E ele disse: “A tua modéstia é como o rubor que assoma à face de rústicas campônias acossadas num quadro de Bruegel, pai, enaltecendo seu rubicundo encanto e derrotando o próprio simular de recato que a natureza, ao deflagrá‐lo, quis.”
E ela disse: “Cumé que é?”
E ele:“Eu te amo como jamais um homem amou, como o Amor mesmo, em seu autoamor, jamais se considerou capaz de amar.”
E ela: “Tô sabendo…”
“Tu és a chuva e eu sou a terra; tu és ar e eu sou fogo; tu és estrume, eu sou raiz.”
“Pô!”
“Desculpe. Esquece este último símile. Minha amada, minha vida. A inspiração é tanta que transborda e me foge, eu estou bêbado de paixão, o estilo tropeça no meio‐fio, as frases caem do bolso…”
“Sei…”
“Os teus olhos são dois poços de águas claras onde brinca a luz da manhã, minha amada. A tua fronte é como o muro de alabastro do templo de Zamaz‐al‐Kaad, onde os sábios iam roçar o nariz e pensar na Eternidade.
A tua boca é uma tâmara partida… Não, a tua boca é como um… um… Pera só um pouquinho…”
“Tô só te cuidando.”
“A tua boca, a tua boca, a tua boca… (Uma imagem, meu Deus!)”
“Que qui tem a minha boca?”
“A tua boca, a tua boca… Bom, vamos pular a boca. O teu pescoço é como o pescoço de Greta Garbo na famosa cena da nuca em Madame Walewska, com Charles Boyer,dirigido por Clawrence Brown, iluminado por…
“Escuta aqui…”
“Eu tremo! Eu desfaleço! Ela quer que eu a escute! Como se todo o meu ser não fosse uma membrana que espera a sua voz para reverberar de amor, como se o céu não fosse a campana e o Sol o badalo desta sinfonia especial: uma palavra dela…”
“Tá ficando tarde”.
“Sim, envelhecemos. O Tempo, soturno cocheiro deste carro fúnebre que é a Vida. Como disse Eliot, aliás, Yeats – ou foi Lampedusa? –, o Tempo, esse surdo‐mudo que nos leva às costas…”
“Vamos logo que hoje eu não posso ficar toda a noite.”
“Vamos! Para o Congresso Carnal. O monstro de duas costas do Bardo, acima citado. Que nossos espíritos entrelaçados alcem voo e fujam, e os sentidos libertos ergam o timão e insuflem as velas para a tormentosa viagem ao vórtice da existência humana, onde, que, a, e, o, um, como, quando, por que, sei lá…”
“Vem logo.”
“Palavras, palavras…”
“Depressa!”
“Já vou. Ah, se com estas roupas eu pudesse despir tudo, civilização, educação, passado, história, nome, CPF, derme, epiderme… Uma união visceral, pâncreas e pâncreas, os dois corações se beijando através das grades das caixas torácicas como Glenn Ford e Diana Lynn em…”
“Vem. Assim. Isso. Acho que hoje vamos conseguir. Agora fica quieto e…”
“Já sei!”
“O quê? Volta aqui, pô”…”
“Como um punhado de amoras na neve das estepes. A tua boca é como um punhado de amoras na neve das estepes!
(VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Cultura. In: As mentiras que os homens contam. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000.)
TEXTO 02
O Guarda-chuva
(Mauro Mota)
Meses e meses recolhida e murcha,
sai de casa, liberta-se da estufa,
a flor guardada (o guarda-chuva). Agora,
cresce na mão pluvial, cresce. Na rua,
sustento o caule de uma grande rosa
negra, que se abre sobre mim na chuva.
(In Antologia Poética, Mauro Mota, Editora Leitura: 1968, Rio de Janeiro)
TEXTO 03
A Rosa de Hiroshima
(Vinícius de Morais)
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
(In Antologia Poética -Edição de Bolso.Editora Companhia das Letras, 2009)