Questões de Português - Funções morfossintáticas da palavra SE para Concurso
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Leia o texto a seguir.
Se eu conseguir voltar do reino da vida tornarei a pegar a tua mão, e a beijarei grata porque ela me esperou, e esperou que meu caminho passasse, e que eu voltasse magra, faminta e humilde: com fome apenas do pouco, com fome apenas do menos.
LISPECTOR, Clarice. A Paixão Segundo GH. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. p.
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Com base nos aspectos morfossintáticos e semânticos do
texto, é possível afirmar que o conectivo “se” poderia ser
substituído por
Texto IV
VENCE-DEMANDA
RUFINO, L. Vence-demanda: educação e descolonização. Rio de Janeiro: Mórula Editorial, 2021.
p. 5-7.
“Da mesma folha se fazem o remédio e o veneno”. (linha 26)
Na frase destacada, o pronome “se” exerce o papel sintático-semântico de
“… meus filhos brincaram com os cabritos e ‘se’ equilibraram no dorso da égua baia”.
De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa e quanto às classes de palavras, assinale a alternativa em que a palavra destacada pertence à mesma classe gramatical que “se” destacada na frase acima.
Amado L. Cervo. Sob o domínio do pensamento
único. In: UnB Revista, ano III, n.º 7 (com adaptações).
Julgue o item que se segue, a respeito do texto acima.
O emprego do pronome “se”, nas linhas 1 e 16, marca a
formalidade da linguagem utilizada e indica, nas duas
ocorrências, que o sujeito da oração é indeterminado,
impessoal.
Luz de lanterna, sopro de vento
Tendo o marido partido para a guerra, na primeira noite da sua ausência a mulher acendeu uma lanterna e pendurou-a do lado de fora da casa. “Para trazê-lo de volta” murmurou. E foi dormir.
Mas, ao abrir a porta na manhã seguinte, deparou-se com a lanterna apagada. “Foi o vento da madrugada” pensou olhando para o alto como se pudesse vê-lo soprar.
À noite, antes de deitar, novamente acendeu a lanterna que a distância deveria indicar ao seu homem o caminho de casa.
Ventou de madrugada. Mas era tão tarde e ela estava tão cansada que nada ouviu, nem o farfalhar das árvores, nem o gemido das frestas, nem o ranger das argolas da lanterna. E de manhã surpreendeu-se ao encontrar a luz apagada.
Naquela noite, antes de acender a lanterna, demorou-- se estudando o céu límpido, as claras estrelas. “Na certa não ventará” disse em voz alta, quase dando uma ordem. E encostou a chama do fósforo no pavio.
Se ventou ou não, ela não saberia dizer. Mas antes que o dia raiasse não havia mais nenhuma luz, a casa desaparecia nas trevas.
Assim foi durante muitos e muitos dias, a mulher sem nunca desistir acendendo a lanterna que o vento, com igual constância apagava.
Talvez meses tivessem passado quando num entardecer, ao acender a lanterna, a mulher viu ao longe recortada contra a luz que lanhava em sangue o horizonte, a silhueta escura de um homem a cavalo. Um homem a cavalo que galopava na sua direção.
Aos poucos, apertando os olhos para ver melhor, distinguiu a lança erguida ao lado da sela, os duros contornos da couraça. Era um soldado que vinha. Seu coração hesitou entre o medo e a esperança. O fôlego se reteve por instantes entre lábios abertos. E já podia ouvir os cascos batendo sobre a terra, quando começou a sorrir. Era seu marido que vinha.
Apeou o marido. Mas só com um braço rodeou-lhe os ombros. A outra mão pousou na empunhadura da espada. Nem fez menção de encaminhar-se para a casa.
Que não se iludisse. A guerra não havia acabado. Sequer havia acabado a batalha que deixara pela manhã. Coberto de poeira e sangue, ainda assim não havia vindo para ficar. “Vim porque a luz que você acende à noite não me deixa dormir” disse-lhe quase ríspido. “Brilha por trás das minhas pálpebras fechadas, como se me chamasse. Só de madrugada depois que o vento sopra posso adormecer.”
A mulher nada disse. Nada pediu. Encostou a mão no peito do marido, mas o coração dele parecia distante, protegido pelo couro da couraça. “Deixe-me fazer o que tem de ser feito, mulher” disse sem beijá-la. De um sopro apagou a lanterna. Montou a cavalo, partiu. Adensavam-se as sombras, e ela não pode sequer vê-lo afastar-se contra o céu.
A partir daquela noite, a mulher não acendeu mais nenhuma luz. Nem mesmo a vela dentro de casa, não fosse a chama acender-se por trás das pálpebras do marido.
No escuro, as noites se consumiam rápidas. E com elas carregavam os dias, que a mulher nem contava. Sem saber ao certo quanto tempo havia passado, ela sabia, porém, que era tanto.
E, passado num final de tarde em que a soleira da porta despedia-se da última luz no horizonte, viu desenhar-se lá longe a silhueta de um homem. Um homem a pé que caminhava na sua direção. Protegeu os olhos com a mão para ver melhor e, aos poucos, porque o homem avançava devagar, começou a distinguir a cabeça baixa, o contorno dos ombros cansados. Contorno doce, sem couraça, retendo o sorriso nos lábios – tantos homens haviam passado sem que nenhum fosse o que ela esperava. Ainda não podia ver-lhe o rosto, oculto entre a barba e o chapéu, quando deu o primeiro passo e correu ao seu encontro, liberando o coração. Era seu marido que voltava da guerra.
Não precisou perguntar-lhe se havia vindo para ficar. Caminharam até a casa. Já iam entrar. Quando ele se reteve. Sem pressa voltou-se, e, embora a noite ainda não tivesse chegado, acendeu a lanterna. Só entrou com a mulher. E fechou a porta.
(COLASANTI, Marina. Luz de lanterna, sopro de vento. In: Um espinho de marfim e outras histórias. Porto Alegre: L&PM. p. 39, 1999. Adaptado.)
Sobre o trecho “procura-se vendedores autônomos”, podemos afirmar que
I. Se enganaram no cartório e... II. Os enganos se sucediam. III. Se você diz que a operação foi bem...
A palavra "se" em cada uma das sentenças corresponde a:
TEXTO
Bioeconomia e reindustrialização no Brasil
Maurício Antônio Lopes
A baixa performance da indústria no Brasil é um problema que vem se arrastando há anos, e os números comprovam isso. Enquanto o país registrou um crescimento de 2,9% em 2022, a indústria de transformação teve uma queda de 0,3%, repetindo o mesmo resultado negativo pela sexta vez em uma década. É preciso reverter essa situação urgentemente, pois, sem uma indústria forte e competitiva, dificilmente conseguiremos estimular a produtividade e o desenvolvimento sustentável de longo prazo no país.
A reindustrialização do Brasil, tema tão discutido atualmente, é uma empreitada complexa, de acordo com análise recente do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Não basta apenas investir em modernização e avanço tecnológico da indústria. É preciso também eduzir custos sistêmicos, melhorar o ambiente de negócios, buscar uma integração mais efetiva com o mercado global e adotar estratégias industriais sustentáveis e atualizadas, algo que é uma realidade em outros países.
A reinvenção da indústria nacional não pode, portanto, ser um objetivo isolado, mas parte de uma rede complexa de ações, que precisam ser cuidadosamente planejadas e executadas. Se o Brasil realmente deseja se tornar uma potência industrial, é necessário um esforço conjunto, envolvendo governo, empresas e sociedade civil, para atingir esses objetivos e colocar o país na rota da competitividade e do desenvolvimento sustentável.
As principais economias globais estão enxergando a necessidade de repensar a abordagem industrial tradicional, para não apenas alcançar o crescimento econômico, mas também garantir um desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais equilibrada para as gerações presentes e futuras. É hora de o Brasil seguir esse exemplo e incorporar essas práticas em sua economia, levando em consideração o impacto social e ambiental de sua base industrial.
Mais de 50 países estão trabalhando para substituir gradualmente matérias-primas de origem fóssil por matérias-primas de origem biológica, com o objetivo de fazer a transição para uma economia mais limpa e renovável, que se convencionou chamar bioeconomia. Diferente de transições anteriores, em que a madeira foi substituída pelo carvão e, depois, pelo petróleo, a bioeconomia é uma resposta a desafios complexos, de natureza ambiental e social, que exigem reinvenção dos conceitos de produtividade, crescimento e competitividade.
É importante destacar que essa transição vai muito além da questão ambiental, sendo também uma oportunidade para a inovação e a criação de novos modelos de negócios. A bioeconomia pode ajudar a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, diminuir a dependência de recursos finitos e gerar novos empregos e oportunidades econômicas. É importante que o Brasil, como um dos países mais biodiversos do mundo, se engaje nessa transição e aproveite todo o potencial da bioeconomia para enfrentar os desafios do século 21, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo para todos.
Já é consenso que a dependência extrema de recursos fósseis é uma ameaça para o meio ambiente e a saúde pública. Fontes como o vento, o sol e a biomassa estão disponíveis em praticamente todo o planeta, o que torna possível um modelo industrial oposto ao da economia fóssil, baseado em recursos concentrados e controlados por poucos. No entanto, essa transição não é simples nem automática. A adoção de uma economia de base biológica, limpa e renovável requer investimentos em infraestrutura, tecnologia e conhecimento, além de mudanças culturais e políticas.
O potencial brasileiro é, no entanto, inequívoco e expressivo. Um estudo recente desenvolvido pela Associação Brasileira de Bioinovação (Abbi), em parceria com a Embrapa Agroenergia, Senai, Cetiqt, CNPEM/MCTI e Laboratório Cenergia da UFRJ, revelou que a bioeconomia pode gerar um aumento de quase US$ 290 bilhões ao PIB brasileiro, além de reduzir as emissões de carbono em cerca de 550 milhões de toneladas nos próximos 27 anos. O potencial econômico e ambiental da bioeconomia no Brasil é tão grande que o estudo está sendo aprofundado, com a inclusão de tecnologias emergentes, o que poderá indicar benefícios ainda maiores nos horizontes de 2030 e 2050.
Outra boa notícia é que o governo brasileiro está criando secretarias e instâncias em vários ministérios, com o objetivo de transversalizar e fortalecer o desenvolvimento da bioeconomia no país. Destaca-se a criação da Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria, no Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), com a missão de viabilizar uma reindustrialização de baixo carbono, ajudando a projetar o Brasil como líder na produção e exportação de materiais e insumos biológicos estratégicos para a economia do futuro.
Finalmente, é preciso que líderes e formuladores de políticas não se contentem com a visão equivocada de que a transição para uma economia mais sustentável ocorrerá naturalmente no tempo. As crises econômicas, ambientais e sociais que enfrentamos atualmente são um sinal claro de que precisamos agir com mais urgência e esforços em inteligência estratégica, planejamento e gestão. Essa transição não pode mais ser deixada ao acaso. Precisamos agir agora para que o país possa modernizar seu setor industrial, ganhando capacidade de competir e prosperar em um mundo cada vez mais exigente em responsabilidade socioambiental.
Texto disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br> Acesso em jun. de 2023
Se [1] o Brasil realmente deseja se [2] tornar uma potência industrial, é necessário um esforço conjunto, envolvendo governo, empresas e sociedade civil, para atingir esses objetivos e colocar o país na rota da competitividade e do desenvolvimento sustentável.
Em relação os termos [1] e [2], é correto afirmar:
I. Se ao menos ele tivesse dinheiro…
II. Queria saber se Maria foi à festa no fim de semana.
III. Lamento se o entristeci.
A palavra ‘se’ em cada uma das sentenças dadas é, respectivamente:
I. Eles se beijaram.
II. Mário suicidou-se.
III. Vende-se carro.
A palavra ‘se’ em cada uma das sentenças dadas é, respectivamente:
A frase em que a partícula “se” serve à mesma função comunicativa do “se” presente na passagem acima é:
Texto para o item.
Internet: <www.prodi.ifes.edu.br> (com adaptações).
No que se refere à estrutura linguística e ao vocabulário do texto, julgue o item.
Na linha 10, o pronome “se” indica a indeterminação do
sujeito da forma verbal “utilizam”.
Abram Szajman. O Globo, 26/11/2006 (com adaptações)
Em relação ao texto acima, assinale a opção correta.
O primeiro beijo
Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme. – Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:
– Sim, já beijei antes uma mulher.
– Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer. O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar- lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir – era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros. E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca. E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente, engolia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo. A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava. E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos. Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando. O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava… o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos. De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos. Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água. E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra. Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida… Olhou a estátua nua. Ele a havia beijado. Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido. Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil. Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele… Ele se tornara homem.
Clarice Lispector
I. Se continuar chovendo, n„o vamos ao cinema. II. Fiquei pensando se ele iria ‡ festa. III.Ele se pronunciou sobre o caso.
Em cada uma das sentenças, a palavra "se"é, respectivamente:
O vocábulo destacado na frase, morfologicamente, trata-se de um: