Questões de Concurso
Sobre funções morfossintáticas da palavra se em português
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RECOMEÇOS PASSADOS E PRESENTES
01 ____ Em 2010 completam-se 100 anos da morte de Joaquim Nabuco e Brasília faz cinquenta anos. São duas efemérides
02 que dizem dos destinos da pátria de forma semelhante – ambas têm a ver com recomeços, ou tentativas de recomeço. Lembrar
03 de Nabuco é lembrar da abolição da escravatura, movimento do qual ele foi talvez o principal dos agentes, e com certeza o
04 mais elegante. Com a abolição pretendeu-se um recomeço. Com Brasília, 72 anos depois da abolição, pretendeu-se outro. Era a
05 aurora de um país destemido, porque avançava por sertões ignotos; dinâmico, porque ousara um empreendimento que só em
06 sonho outros ousariam; justo, porque na nova capital as diferenças de classe e de hierarquia se dissolveriam na homogeneidade
07 das superquadras e das vias expressas; e moderno, porque os terrenos baldios daquele naco do Planalto Central seriam
08 preenchidos por uma arquitetura de riscos deslumbrantemente avançados.
09 ____ Joaquim Nabuco (1849-1910) forma, com José Bonifácio, o Patriarca da Independência (1763-1838), a dupla de
10 maiores estadistas da história do Brasil. Eles merecem esse título não só pelo que fizeram, mas também pela ideia geral que os
11 movia – a ideia rara, lúcida e generosa de construção de uma nação. José Bonifácio está fora das datas redondas que serão
12 lembradas neste ano, mas é outro que personifica um recomeço – merece uma carona neste texto, por isso. Ele personifica a
13 independência, assim como Nabuco personifica a abolição. Ambos venceram, no sentido de que, em grande parte pelas
14 manobras de Bonifácio, o Brasil em 1822 se tornou independente, assim como, em grande parte pela pregação de Nabuco, a
15 escravidão foi legalmente abolida em 1888. Ambos perderam, porém, no que propunham como sequência necessária de tais
16 objetivos.
17 ____ Bonifácio ousou querer dotar o jovem estado brasileiro de um povo. Ora, um povo não podia ser formado por uma
18 sociedade dividida entre senhores e escravos. Daí que, três gerações antes de Nabuco, ele já propusesse a abolição da
19 escravidão. Falaram mais alto os interesses dos traficantes e dos senhores de escravos. Nabuco, se pegou a fortaleza escravista
20 já mais desgastada, pronta para o assalto final, não teve êxito na segunda parte de sua pregação: a distribuição de terras entre os
21 antigos escravos (ele dizia que a questão da “democratização do solo” era inseparável da emancipação) e o investimento num
22 sistema de educação abrangente o bastante para abrigá-los. Tal qual o de José Bonifácio, o recomeço pretendido por Nabuco
23 ficou pela metade.
24 ____ Que dizer do recomeço representado por Brasília? Há versões segundo as quais, entre os motivos que levaram o
25 presidente Juscelino Kubitschek a projetá-la, estaria a estratégia de fugir da pressão popular presente numa metrópole como o
26 Rio de Janeiro. Uma espúria síndrome de Versalhes contaminaria, desse modo, as nobres razões oficiais para a mudança da
27 capital. Mais perverso que a eventual mancha de origem, no entanto, é o destino que estava reservado à “capital da esperança”.
28 Meros quatro anos depois de inaugurada, ela viraria, com seu isolamento dos grandes centros e suas avenidas tão propícias à
29 investida dos tanques, a capital dos sonhos da ditadura militar. Hoje, é identificada com a corrupção e a tramoia. Pode ser
30 injusto. Falta demonstrar que, em outra cidade, a corrupção e a tramoia teriam curso menos desimpedido. Não importa. Para a
31 desgraça de Brasília, o estigma grudou-lhe na pele.
32 ____ “Falo, falo, e não digo o essencial”, costumava escrever Nelson Rodrigues. O essencial é o seguinte: nunca antes neste
33 país houve um governo tão imbuído da ideia de que veio para recomeçar a história. Embalado por um lado em seus próprios
34 mitos, e por outro em festivos, se não interesseiros, louvores internacionais, chega a esta quadra acreditando que preside a uma
35 inédita mudança de estruturas, na ordem interna, ao mesmo tempo em que é premiado com uma promoção pela comunidade
36 internacional. Assim como ocorreu pelo menos duas vezes, em décadas recentes – com o “desenvolvimentismo” de JK e com o
37 “milagre econômico” dos militares –, propaga-se a ideia de que “desta vez vai”. A noção de que se está reinaugurando o país
38 traz o duplo prejuízo de poder ser interpretada como um embuste, de um lado, e induzir ao autoengano, de outro. Não há
39 refundação possível. Raras são as oportunidades de recomeço. O poder das continuidades é sempre maior.
40 ____ P.S.: É ano novo. Bom recomeço, para quem acredita neles.
TOLEDO, R. P. Recomeços Passados e Presentes. Veja. São Paulo, ed. 2146, ano 43, n. 1, p. 102, 06 jan. 2010.
Assinale a alternativa em que as orações dos períodos estão corretamente segmentadas.
RECOMEÇOS PASSADOS E PRESENTES
01 ____ Em 2010 completam-se 100 anos da morte de Joaquim Nabuco e Brasília faz cinquenta anos. São duas efemérides
02 que dizem dos destinos da pátria de forma semelhante – ambas têm a ver com recomeços, ou tentativas de recomeço. Lembrar
03 de Nabuco é lembrar da abolição da escravatura, movimento do qual ele foi talvez o principal dos agentes, e com certeza o
04 mais elegante. Com a abolição pretendeu-se um recomeço. Com Brasília, 72 anos depois da abolição, pretendeu-se outro. Era a
05 aurora de um país destemido, porque avançava por sertões ignotos; dinâmico, porque ousara um empreendimento que só em
06 sonho outros ousariam; justo, porque na nova capital as diferenças de classe e de hierarquia se dissolveriam na homogeneidade
07 das superquadras e das vias expressas; e moderno, porque os terrenos baldios daquele naco do Planalto Central seriam
08 preenchidos por uma arquitetura de riscos deslumbrantemente avançados.
09 ____ Joaquim Nabuco (1849-1910) forma, com José Bonifácio, o Patriarca da Independência (1763-1838), a dupla de
10 maiores estadistas da história do Brasil. Eles merecem esse título não só pelo que fizeram, mas também pela ideia geral que os
11 movia – a ideia rara, lúcida e generosa de construção de uma nação. José Bonifácio está fora das datas redondas que serão
12 lembradas neste ano, mas é outro que personifica um recomeço – merece uma carona neste texto, por isso. Ele personifica a
13 independência, assim como Nabuco personifica a abolição. Ambos venceram, no sentido de que, em grande parte pelas
14 manobras de Bonifácio, o Brasil em 1822 se tornou independente, assim como, em grande parte pela pregação de Nabuco, a
15 escravidão foi legalmente abolida em 1888. Ambos perderam, porém, no que propunham como sequência necessária de tais
16 objetivos.
17 ____ Bonifácio ousou querer dotar o jovem estado brasileiro de um povo. Ora, um povo não podia ser formado por uma
18 sociedade dividida entre senhores e escravos. Daí que, três gerações antes de Nabuco, ele já propusesse a abolição da
19 escravidão. Falaram mais alto os interesses dos traficantes e dos senhores de escravos. Nabuco, se pegou a fortaleza escravista
20 já mais desgastada, pronta para o assalto final, não teve êxito na segunda parte de sua pregação: a distribuição de terras entre os
21 antigos escravos (ele dizia que a questão da “democratização do solo” era inseparável da emancipação) e o investimento num
22 sistema de educação abrangente o bastante para abrigá-los. Tal qual o de José Bonifácio, o recomeço pretendido por Nabuco
23 ficou pela metade.
24 ____ Que dizer do recomeço representado por Brasília? Há versões segundo as quais, entre os motivos que levaram o
25 presidente Juscelino Kubitschek a projetá-la, estaria a estratégia de fugir da pressão popular presente numa metrópole como o
26 Rio de Janeiro. Uma espúria síndrome de Versalhes contaminaria, desse modo, as nobres razões oficiais para a mudança da
27 capital. Mais perverso que a eventual mancha de origem, no entanto, é o destino que estava reservado à “capital da esperança”.
28 Meros quatro anos depois de inaugurada, ela viraria, com seu isolamento dos grandes centros e suas avenidas tão propícias à
29 investida dos tanques, a capital dos sonhos da ditadura militar. Hoje, é identificada com a corrupção e a tramoia. Pode ser
30 injusto. Falta demonstrar que, em outra cidade, a corrupção e a tramoia teriam curso menos desimpedido. Não importa. Para a
31 desgraça de Brasília, o estigma grudou-lhe na pele.
32 ____ “Falo, falo, e não digo o essencial”, costumava escrever Nelson Rodrigues. O essencial é o seguinte: nunca antes neste
33 país houve um governo tão imbuído da ideia de que veio para recomeçar a história. Embalado por um lado em seus próprios
34 mitos, e por outro em festivos, se não interesseiros, louvores internacionais, chega a esta quadra acreditando que preside a uma
35 inédita mudança de estruturas, na ordem interna, ao mesmo tempo em que é premiado com uma promoção pela comunidade
36 internacional. Assim como ocorreu pelo menos duas vezes, em décadas recentes – com o “desenvolvimentismo” de JK e com o
37 “milagre econômico” dos militares –, propaga-se a ideia de que “desta vez vai”. A noção de que se está reinaugurando o país
38 traz o duplo prejuízo de poder ser interpretada como um embuste, de um lado, e induzir ao autoengano, de outro. Não há
39 refundação possível. Raras são as oportunidades de recomeço. O poder das continuidades é sempre maior.
40 ____ P.S.: É ano novo. Bom recomeço, para quem acredita neles.
TOLEDO, R. P. Recomeços Passados e Presentes. Veja. São Paulo, ed. 2146, ano 43, n. 1, p. 102, 06 jan. 2010.
No período “O essencial é o seguinte: //nunca antes neste país houve um governo tão imbuído da ideia // de que veio // para recomeçar a história.” (𝓁. 32-33), a oração sublinhada é classificada como:
SINGRANDO OS ARES
01 Esta vida airada de saltimbanco das letras ainda me mata.
02 Quando comecei a perpetrar meus livros, os escritores apenas escreviam. Hoje - é o que penso resignadamente, enquanto
03 afivelo o cinto e observo os letreiros de "não fumar" -, há períodos em que o escritor trabalha como funcionário do
04 departamento de vendas da editora e, nesse esforçado mister, às vezes viaja tanto que volta e meia, ao despertar num aposento
05 estranho, leva um certo tempo para descobrir em que cidade está. E eis-me de volta a um avião.
06 Nada como este avião, para lembrar como sou antigo. Tenho a impressão de que, se contasse o que eram as viagens de avião
07 dos velhos tempos, ia ser tido na conta de mentiroso. Escolha de menus na classe econômica, talheres de metal, pratos de
08 louça, refeições quentinhas, precedidas por aperitivos e acompanhadas por vinhos [...].
09 Ninguém pensava em problemas de segurança, não havia a revista e a inspeção a que hoje os passageiros têm de submeter-se.
10 Lembro com um arrepio o dia em que, por eu me encaixar à perfeição num tal perfil do terrorista que algum órgão de
11 segurança americano criou, quiseram me levar em cana em Chicago e quase levam mesmo, tendo os orixás me salvado pelo
12 gongo. E, desse tempo para cá, as coisas só fizeram piorar. Inevitável avaliar as pessoas que embarcaram comigo.
13 O de bigodinho que acaba de se sentar parece um pouco nervoso. Terá inserido em si um supositório explosivo, como agora
14 dizem que é a nova onda, em matéria de terrorismo? Quem vê cara não vê supositório. Só saberei, ou não, depois de chegarmos
15 ao destino.
16 Encaixei-me no que cinicamente chamam de poltrona e pressagiei o dia em que os comissários de bordo empregarão pés-de-
17 cabra para socar nos assentos os passageiros mais graudinhos. Isso com certeza será trombeteado como mais um serviço para
18 maior conforto do passageiro. Não há por que duvidar dessa possibilidade, pois é o mesmo tipo de argumento que vi faz pouco,
19 num comercial de tevê ou num anúncio de revista. Uma empresa agora não dá mais nada aos passageiros, com a possível
20 exceção de um copo de água de torneira. O resto é vendido, mas ela se gaba disso, enquanto anuncia um cardápio baratinho,
21 para os que tiverem uma queda de curva glicêmica durante o voo e precisarem comer alguma coisa. O que antes era incluído
22 no preço agora é cobrado à parte e isso é qualificado como vantagem para o passageiro.
23 Mas talvez a situação no Brasil não seja tão ruim. Já li sobre diversas novidades em matéria de viagem aérea que espero que
24 não sejam adotadas aqui. Uma delas é a cobrança pelo uso do banheiro do avião. Fico imaginando um passageiro sem um
25 vintém no bolso e sem cartão de crédito. Se o problema for xixi, menos mal, talvez. Pode dar para pedir aos demais que olhem
26 para o outro lado, enquanto a questão é resolvida da melhor forma viável, a necessidade é a mãe da invenção. Em casos mais
27 graves, quero crer que, movidos não tanto pela solidariedade quanto pelo instinto de sobrevivência, os passageiros nas
28 proximidades da vítima da infausta premência farão uma vaquinha para pagar o banheiro dela. Nada que, com boa vontade,
29 não possa ser resolvido e, como sempre, o mercado encontrará soluções.
30 Em outro exemplo, a companhia aérea cobra dobrado, se o traseiro do passageiro ultrapassa determinadas proporções. Isso
31 provavelmente é divulgado como um serviço espontâneo em prol da saúde pública, por incentivar a manutenção de um corpo
32 esbelto, sem enxúndias que façam mal ao organismo e ao bolso. No início, acredito que os gordinhos terão os fundilhos
33 medidos por funcionários especializados ou por nadegômetros eletrônicos, mas logo essa tarefa, por acarretar custos quiçá
34 onerosos, será repassada ao consumidor, que, ao comprar a passagem, terá de informar suas medidas posteriores, aceitando ter
35 de tomá-las novamente no check-in, nos casos em que houver a suspeita de que as declaradas não correspondam à realidade.
36 Não existe razão para crer que as mudanças vão parar aí. Não haverá de ser tão impossível assim que, ao menos em viagens
37 curtas como as entre o Rio e São Paulo, passem a ser aceitos passageiros em pé, como nos ônibus e trens urbanos. A preços
38 baixos, essas viagens talvez tivessem uma freguesia apreciável.
39 Quem sabe se, para quem more em Congonhas e se veja surpreendido em Guarulhos pela Mãe de Todos os Engarrafamentos,
40 não seria uma opção prática para voltar para casa antes da meia-noite. Mas chega de mau humor e caturrice, o avião já
41 aterrissou. Ligeiro sobressalto, depois que um comissário fez um pequeno discurso sobre a limpeza da aeronave para os
42 próximos passageiros. Seremos solicitados a realizar essa tarefa? Não, ainda não chegamos lá. Mas, dentro em breve, acho que
43 podemos esperar que nos cobrem uma porcentagem do valor do bilhete como taxa de faxina - mais um serviço de nossa
44 companhia aérea favorita.
RIBEIRO, João Ubaldo. Singrando os ares. O Globo, Domingo, 25 out. 2009.
No período: "Ninguém pensava em problemas de segurança, não havia a revista e a inspeção a que hoje os passageiros têm de submeter-se" (e. 9), classifique os termos sublinhados, quanto à sua função sintática, na ordem em que aparecem, e assinale a alternativa CORRETA.
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
Texto 1
Tesouro musical
Entre o fim do século XVII e meados do XIX, surgiu na Europa uma preciosa coleção de órgãos de igreja que, até hoje, se distingue pelas dimensões monumentais, pela riqueza de ornamentos e pelo som, de nitidez incomparável. De valor inestimável para a arte sacra e a música erudita, tendo sido uma das principais ferramentas de trabalho de compositores como o alemão Johann Sebastian Bach (1685- 1750), esses órgãos barrocos formam um surpreendente acervo no Brasil – tesouro pouco conhecido que, só agora, começa a vir à luz. O mérito é de uma pesquisa conduzida na Universidade Sorbonne, que catalogou os exemplares existentes no país. A lista não é extensa. De uma centena deles de que se tem registro no século XVIII, sobraram apenas quinze, dois dos quais em funcionamento. A coleção, modesta se comparada à de países europeus, chama atenção pelo exagero de pinturas e entalhes recobertos de ouro e ainda por uma peça que a torna singular: um instrumento de 1710 assinado pelo alemão Arp Schnitger (1648-1719), espécie de Antonio Stradivari, o célebre construtor de violinos, no mundo dos órgãos barrocos. Não há mais que trinta desses Schnitgers em uso. O do Brasil enfeita a Catedral da Sé de Mariana, em Minas Gerais, à qual foi doado em 1753 por dom José I, rei de Portugal. Restaurado, ainda se presta a belíssimos concertos de música barroca.
O atual trabalho ajuda a lançar luz sobre a história desses órgãos no Brasil – e também sobre a própria história do país. O propósito original ao trazê-los da Europa para a colônia era animar missas e arregimentar fiéis. “Esses instrumentos vão funcionar melhor do que as pregações”, escreveu ao rei o bispo de Salvador, dom Pero Fernandes Sardinha, em 1552, imbuído da missão de catequizar índios. No Brasil imperial, os órgãos barrocos se popularizaram, a exemplo do que ocorria àquele tempo nas cortes europeias. Na cena da coroação de dom Pedro I, em 1822, retratada por Debret, aparece ao fundo o órgão no qual se executou, naquela ocasião, composição de José Maurício Nunes Garcia, um dos grandes nomes da música barroca no Brasil (sim, houve uma profícua produção do gênero no país, ainda que com o previsível atraso e influências do classicismo). Tal órgão, do qual só permaneceu uma parte da caixa ricamente decorada, pode ser visto na antiga Catedral da Sé do Rio de Janeiro.
Nenhum instrumento produz, sozinho, acordes tão ricos quanto os órgãos barrocos. Seu princípio de funcionamento é o de um instrumento de sopro, mas, no lugar do pulmão humano, se faz uso de foles que enviam o ar, simultaneamente, a dezenas de tubos que emitem o som. É como se fosse um conjunto de flautas gigantes, com até 10 metros de altura. “O que distingue os modelos barrocos é que nenhum outro permite escutar com tamanha nitidez tantos acordes ao mesmo tempo”, afirma a especialista Elisa Freixo. Seu mecanismo garante que o ar chegue imediatamente aos tubos quando o teclado é acionado, processo que leva até meio segundo nos demais modelos – suficiente para a perda de limpidez do som. Eles também se diferenciam pela concentração de finíssimos tubos, de onde saem tons de um agudo extremo. Os órgãos fabricados mais tarde privilegiaram sons mais graves e difusos – o que os adequava a uma nova função, a de integrar orquestras.
Países como Espanha e Portugal, donos de valiosas coleções de órgãos barrocos, já se dedicam à conservação desses instrumentos há um século. “No Brasil, predomina o descaso”, diz o brasileiro Marco Aurélio Brescia, à frente da pesquisa da Sorbonne. Ele ficou chocado, por exemplo, ao encontrar na cidade mineira de Bom Jesus do Amparo destroços de um órgão barroco do século XIX, obra de um artesão local. Com o que sobrou, ainda é possível reconstruir o maquinário original. De outra preciosidade da coleção, o órgão do Mosteiro de São Bento, no Rio, só ficou de pé a caixa original – até hoje lá –, boa amostra da imponência barroca. Mesmo que com atraso, o inventário dessas obras é o primeiro passo para a conservação do tesouro que restou.
(Marcelo Bortoloti, in Revista Veja, 3 de fev. de 2010)
Assinale a opção em que a ideia expressa pela locução conjuntiva destacada abaixo foi corretamente identificada.
“ Mesmo que com atraso, o inventário dessas obras é o primeiro passo para a conservação do tesouro que restou.”
Texto B
Folha online
24/03/2010 - 22h11
"Jogue Fora 50 Coisas" ensina a melhorar senso de organização
da Livraria da Folha Divulgação
Organize seu cotidiano. Não deixe sua vida ser sugada pelo caos. Isso atrapalha sua eficiência. Não ganhe fama de bagunceiro nem de quem vive perdendo as coisas. Como alguém vai confiar no seu trabalho se você é incapaz de manter as gavetas arrumadas? Não tenha apego à tralha. Saiba separar o que é útil do que ocupa espaço desnecessariamente.
No livro "Jogue Fora 50 Coisas", martela-se uma ideia: o lixo material e o lixo mental não são tão inofensivos quanto parecem. A autora Gail Blanke usa técnicas de motivação para colocar a vida do leitor em ordem.
Ela sustenta que o acúmulo de coisas desnecessárias atrapalha nossas vidas e propõe o exercício de jogar fora 50 delas em duas semanas. Esses são o número e o tempo necessário para adquirir novos hábitos e recuperar o senso de organização.
"Jogue Fora 50 Coisas"
Autora: Gail Blanke
Editora: Ediouro
Páginas: 284
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
(Disponível em:http://tools.folha.com.br/print?
site=emcimadahora&url=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2F
folha%2Flivrariadafolha%2Fult10082u710567.shtml)
“'Como alguém vai confiar no seu trabalho se você é incapaz de manter as gavetas arrumadas?"
Assinale a alternativa em que a palavra grifada é empregada com a mesma função exercida pelo vocábulo “se" nesse trecho.
Procura-se sombra
Em plenos 40º, com sensação de 50º, quase morri na Av. Presidente Vargas. Logo depois fiquei aguardando um cliente na Av. Beira Mar. Que delícia, embaixo de árvores frondosas e com sensação de 25º, de graça, além da beleza local. Não se veem mais ruas arborizadas. Se as ruas do Centro tivessem mais árvores, com certeza a temperatura ambiente seria muito reduzida. Procurem árvores nas avenidas Presidente Barroso, Radial Oeste, Presidente Vargas e também na Av. Brasil. Nada. Sem falar nas ruas do pobre subúrbio e da Zona Norte. Aguardo apoio. Pedestres, meio ambiente e toda a cidade ganharão e muito. Principalmente, o bom humor do carioca até volte.
(O Globo, 26/02/2010)
Em “Se as ruas do Centro tivessem mais árvores, com certeza a temperatura ambiente seria muito reduzida." termo em destaque estabelece, neste caso, uma relação de:
O samba “Bolinha de papel”, composto pelo mineiro Geraldo Pereira e imortalizado por João Gilberto, bem que poderia ser a trilha sonora do enlace definitivo entre José Serra e Dilma Rousseff no dia 31 de outubro. Na festa de Halloween, os dois fariam um favor ao País se renunciassem à disputa presidencial em nome de um sentimento maior: o amor que os une. Serra e Dilma são almas gêmeas, filhotinhos de 1964, que resistiram à ditadura e nos fizeram respirar novamente o ar da liberdade - sem eles, o que seria de nós, afinal? Depois do exílio e da luta armada, poderiam se sacrificar mais uma vez em nome da Nação, dando-nos uma liberdade ainda mais preciosa: a de não votar no meio de um feriadão que já prenuncia altas temperaturas - não apenas políticas, mas, sobretudo, meteorológicas.
O Brasil de hoje, visto de fora, vive um momento único. É o país dos 7,5% de crescimento, do pleno emprego e que está no topo da lista dos investidores internacionais. Visto de dentro, é o país da mesquinharia política, da podridão eleitoral, das pequenas trapaças, das grandes armações e do vale-tudo em nome do poder. Um país onde os eleitores, ainda obrigados a votar em pleno século XXI, terão de optar entre o candidato da bolinha de papel e da fita crepe comparado ao goleiro Rojas pelo presidente Lula, árbitro da nossa democracia - e a candidata que se esquivou de uma bexiga d’água, com agilidade felina. O que deve ter aprendido nos tempos em que jogava queimada no liceu de Belo Horizonte.
Assim como no samba de 1945, os dois candidatos também adoram a Papai do Céu. São neocristãos, neopentecostais, neomuçulmanos, neotudo. Também podem se dar ao luxo de não mais trabalhar. Juntos, devem ter arrecadado mais de R$ 300 milhões - e sempre existem as sobras de campanha, bem anotadas nas cadernetinhas dos tesoureiros. Onde poderiam passar a lua de mel? Por que não na própria Lua, onde a Nasa, na semana passada, revelou a existência de grandes depósitos de água? O suficiente para abastecer futuras colônias humanas, onde Serra e Dilma, dois carolas criacionistas, poderiam brincar de Adão e Eva.
O Brasil merecia mais. Poderia ser o país da tolerância, da mobilidade social e do desenvolvimento sustentável, mas terá que votar por exclusão no dia 31. Não no melhor, mas no menos pior. Amassaram o meu país. Transformaram - no numa bolinha de papel.
Fragmento:
“Só tenho medo da falseta,mas adoro a Julieta, como
adoro a Papai do Céu. Quero seu amor, minha santinha, mas
só não quero que me faça de bolinha de papel. Tiro você do
emprego, dou-lhe amor e sossego, vou ao banco e tiro tudo
para você gastar. Posso, lhe mostrar a caderneta se
você duvidar..."
( ) Na primeira linha temos respectivamente conjunção aditiva, comparativa e um pronome possessivo.
( ) Na 2ª linha, temos respectivamente conjunções adversativas, comparativa e pronome possessivo.
( ) Na 2ª linha temos um próclise verbal
( ) 3ª e 4ª linha temos “lhe" como valor pronominal. (ambos são ênclise verbal)
( ) o “se" presente na última linha é um índice de indeterminação do sujeito.
A ideia principal estabelecida pela relação entre as orações do período é a de:
Seu José, todo sábado e domingo pela tarde, chega
com a sua carrocinha de pipoca e fica parado em frente ao
MuseuNacional de BelasArtes, noRio de Janeiro.
Sabemos que o seu José está na porta do museu
pelo cheirinho quente e doce de suas pipocas fresquinhas
que, suavemente, adentram o museu. São pipocas tão
apetitosas que os visitantes dão uma pequena pausa para
comprar alguns deliciosos saquinhos de pipoca. Com o
simples ato de parar em frente ao museu, os visitantes têm o
raro momento de observar a fachada do Museu Nacional de
Belas Artes. Tratam-se de paredes compridas, imponentes,
as quais quase não são percebidas no dia a dia agitado do
centro da cidade carioca.
No momento que o visitante para em frente ao
museu ele temalguns instantes de pura paz. Dali, observa-se
também o Teatro Municipal, em frente ao museu. Olhando
para a esquerda, podemos ver a Cinelândia e a Biblioteca
Nacional. À direita, podemos observar a longa Avenida Rio
Branco, tão comprida que os nossos olhos se perdem em
meio aos altos prédios e ao silêncio habitual dos finais de
semana.
Mas, seu José é um jovem senhor que gosta muito
de seu ofício. Como pipoqueiro, ele sabe de todas as
atividades que acontecem nos finais de semana no Museu
Nacional de Belas Artes e no Teatro Municipal. Quando tem
tempo, ele aproveita para fazer uma visitinha ao museu nos
domingos, dia que a entrada é gratuita. Ele lembra também
que, no próximo domingo, o Teatro Municipal irá realizar mais
um espetáculo por apenas um real. Mas, o que é um real em
meio a umTeatro tão bonito como aquele? Seu José, como ar
saudoso, lembra que não existem mais profissionais como
antigamente, afinal, quem construiu aqueles prédios fez uma
das obras mais bonitas e, como ele mesmo diz, é uma beleza
de construção, cheia de detalhes, curvinhas, quadradinhos,
estátuas femininas e pinturas perfeitas feitas nas paredes e
colunas.
Todos estes elementos fazemdo prédio umdosmais
bonitos da região.
“Como deve ser difícil desenhar e esculpir tais
formas perfeitas! O artista tinha grandes habilidades!” (Diz
seu José).
Mas seu José também leva a família para visitar o
Museu. Somente a esposa não conhece oMuseu Nacional de
Belas Artes, pois, aos sábados e domingos, ela vai à igreja.
Mas, os filhos de seu José, sempre que tem alguma grande
exposição, comparecempara fazer uma visitinha.
Entre as histórias contadas, ele lembra da exposição
de Rodin, em que a fila dava voltas e voltas no quarteirão.
Uma fila saía do museu e contornava o prédio pela direita e
outra fila saía do prédio e o contornava pela esquerda. Nesta
exposição, todos os filhos do seu José vieram!
Para não abandonar a sua carrocinha de pipocas,
ele realiza mais de uma visita. Cada vez que ele entra no
museu, visita uma sala diferente. Em cada final de semana,
entra, rapidamente, numa parte da exposição. Segundo ele, o
museu temmuitas coisas bonitas para se ver.
Pois é..., mas, infelizmente, o seu José não pode
participar das mediações. Ele não tem tempo! Mas se ele
pudesse, seria muito legal! Ele entenderia as intenções do
artista.
Contudo, quem receberia o maior legado seria o
museu, pois ele tem toda propriedade para contar, para o Museu Nacional de BelasArtes, o que ele ouve dos visitantes
e como ele mesmo percebe o museu. Isso porque, como ele
vende suas deliciosas pipocas na porta domuseu há 25 anos,
muitas são as histórias que ele tempara contar!!! Vale lembrar
que o museu existe há 71 anos. Aliás, como era a Av. Rio
Branco há 71 anos atrás? Como as pessoas se vestiam?
Como viviam?
Mas... quão importante é, para nós, profissionais de
museus, sabermos como o museu é importante na vida de
seu José!
Afinal, Pipoca tambémcombina commuseu!
(in www.museologiahoje.com.br/revistamuseologiahojehtml)
É tempo de pós-amor
Cansei de amor! Quantos filmes, entrevistas, artigos, livros sobre amor cruzaram seu caminho ultimamente? Em uma semana, assisti a um vídeo, vi um filme, li meio livro e participei de um debate na televisão. Tudo sobre amor. E ouvi as pessoas – provavelmente também eu própria – dizerem coisas pertinentes e bem ditas que, de tão pertinentes e repetidas, já se tornaram chavões comportamentais, e parecem fichas de computador dissecadas de qualquer verdade emocional. E de repente está me dando uma urticária na alma, um desconforto interno que em tudo se assemelha à indigestão.
Estamos fazendo com o amor o que já fizemos com o sexo. Na década passada parecia que tínhamos reinventado o sexo. Não se pensava, não se falava, não se praticava outro assunto. Toda a nossa energia pensante, todo o nosso esforço vital pareciam concentrados na imensa cama que erguíamos como única justificativa da existência humana. Transformamos o sexo em verdade. Adoramos um novo bezerro de ouro.
Mas o ouro dos bezerros modernos é de liga baixa, que logo se consome na voracidade da mass media. O sexo não nos deu tudo o que dele esperávamos, porque dele esperávamos tudo. E logo a sociedade começou a olhar em volta, à procura de um outro objeto de adoração. Destronado o sexo, partiu-se para a grande festa de coroação do amor.
Agora, aqui estamos nós, falando pelos cotovelos, analisando, procurando, destrinchando. E desgastando. Antes, quando eu pensava numa conversa séria, direita, com a pessoa que se ama, sabia a que me referia. Mas agora, quando ouço dizer que “o diálogo é fundamental para a manutenção dos espaços”, não sei o que isso quer dizer, ou melhor, sei que isso não quer dizer mais nada. Antes, quando eu pensava ou dizia que amor é fundamental, tinha a exata noção da diferença entre o fundamental e o absoluto. Mas agora, quando eu ouço repetido de norte a sul, como num gigantesco eco, que “a vida sem amor não tem sentido”, fico com a impressão de estar ouvindo um slogan publicitário e me retraio porque sei que estão querendo me impor um produto.
A vida sem amor pode fazer sentido, e muito. É bom que a gente recomece a dizer isso. Mesmo porque há milhões de pessoas sem amor, que viveriam bem mais felizes se de repente a voz geral não lhes buzinasse nos ouvidos que isso é impossível. O mundo só andou geometricamente aos pares na Arca de Noé. Fora disso, anda emparelhado quem pode, quando pode. E o resto espera uma chance, sem nem por isso viver na escuridão.
Antes que se frustrem as expectativas, como aconteceu com o sexo, seria prudente descarregar o amor, tirar-lhe dos ombros a responsabilidade. Ele não pode nos dar tudo. Nada pode nos dar tudo. Porque o tudo não existe. O que existe são parcelas, que, eternamente somadas e subtraídas, multiplicadas e divididas, nos aproximam e afastam do tudo. E a matemática dessas parcelas pode ser surpreendente: quando, como está acontecendo agora, tentamos agrupá-las todas em cima de uma única parcela – o amor −, elas não se somam, pelo contrário, se fracionam, causando o esfacelamento da parcela-suporte.
Amor criativo é ótimo, dizem todos. E é verdade. Mas melhor ainda é pegar uma parte da criatividade que está concentrada no amor, e jogá-la na vida. Solta, ela terá possibilidades de contaminar o cotidiano, permear a vida toda e voltar a abastecer o amor, sem deixar-se absorver e esgotar por ele. Dedicar-se à relação é importante, dizem todos. E é verdade. Mas qualquer um de nós tem inúmeras relações, de amizade, vizinhança, sociais, e anda me parecendo que concentrar toda a dedicação na relação amorosa pode custar o empobrecimento das outras.
Sim, o amor é ótimo. Porém acho que vai ficar muito melhor quando sair do foco dos refletores e passar a ser vivido com mais naturalidade. Quando readquirirmos a noção de que não é mais vital do que comer e banhar o corpo em água fria nem mais tranquilizador do que ter amigos e estar de bem com a própria cara. Quando aceitarmos que não é o sal da terra, simplesmente porque a terra é seu próprio sal, e é ela que dá sabor ao amor.
(Colasanti, Marina, 1937 – Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996)
I. “Se é assim,...” (3º§)
II. “... se estivessem no poder,...” (4º§)
III. “... se oferecem vantagens econômicas muito superiores às alternativas proporcionadas pelo mercado de trabalho...” (6º§)
A palavra “se”, destacada nas frases anteriores, indica hipótese apenas em:
“A prancha desliga-se automaticamente se alguém toca no equipamento ou se ele entra em contato com outro metal.”


Considerando o texto acima, que apresenta uma comunicação
particular, julgue os itens de 13 a 18.
I - “...que SE acreditava ser exclusiva do ser humano.”
II - “...e SE adaptar a novas situações.”
III - “...como a necessidade de SE alimentar...”

