Questões de Português - Morfologia - Verbos para Concurso
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Assinale a opção em que esse aspecto não está corretamente identificado.
Texto V
O Sertanejo
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o
raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do
litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de
5 vista revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável,
o desempeno, a estrutura corretíssima das organiza-
ções atléticas.
Entretanto, toda esta aparência de cansaço
ilude.
10 Nada é mais surpreendente do que vê-la desa-
parecer de improviso. Naquela organização combalida
operam-se, em segundos, transmutações completas.
Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe
o desencadear das energias adormidas. O homem
15 transfigura-se. Empertiga-se; e corrigem-se-lhe,
prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os
efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura
vulgar do tabaréu canhestro, reponta inesperadamente
o aspecto dominador de um titã acobreado e potente,
20 num desdobramento surpreendente de força e
agilidade extraordinárias.
CUNHA, Euclides da. Os sertões; Campanha de Canudos. Edição,
prefácio, cronologia, notas e índices de Leopoldo M. Bernucci.
São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p. 207-208.
O uso do presente do indicativo no texto euclidiano tem a função semântico-discursiva de
Texto I
Lisboa: aventuras
Tomei um expresso
cheguei de foguete
subi num bonde
desci de um elétrico
5 pedi cafezinho
serviram-me uma bica
quis comprar meias
só vendiam peúgas
fui dar descarga
10disparei um autoclismo
gritei “ó cara!”
responderam-me “ó pá!”
positivamente
as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.
PAES, José Paulo. Lisboa: aventuras. A poesia está morta, mas
juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 40.
Os infinitivos das formas verbais presentes nos versos
“subi num bonde
desci de um elétrico” (v. 3-4)
Assinale a oração em que o verbo foi corretamente conjugado.
Leia atentamente o texto seguinte:
Religiosamente, pela manhã, ele dava milho na mão para a galinha cega. As bicadas tontas, de violentas, faziam doer a palma da mão calosa. E ele sorria. Depois a conduzia ao poço, onde ela bebia com os pés dentro da água. A sensação direta da água nos pés lhe anunciava que era hora de matar a sede; curvava o pescoço rapidamente, mas nem sempre apenas o bico atingia a água: muita vez, no furor da sede longamente guardada, toda a cabeça mergulhava no líquido, e ela a sacudia, assim molhada, no ar. Gotas inúmeras se espargiam nas mãos e no rosto do carroceiro agachado junto do poço. Aquela água era como uma bênção para ele. Como água benta, com que um Deus misericordioso e acessível aspergisse todas as dores animais. Bênção, água benta, ou coisa parecida: uma impressão de doloroso triunfo, de sofredora vitória sobre a desgraça inexplicável, injustificável, na carícia dos pingos de água, que não enxugava e lhe secavam lentamente na pele. Impressão, aliás, algo confusa, sem requintes psicológicos e sem literatura.
Depois de satisfeita a sede, ele a colocava no pequeno cercado de tela separado do terreiro (as outras galinhas martirizavam muito a branquinha) que construíra especialmente para ela. De tardinha dava-lhe outra vez milho e água e deixava a pobre cega num poleiro solitário, dentro do cercado.
Porque o bico e as unhas não mais catassem e ciscassem, puseram-se a crescer. A galinha ia adquirindo um aspecto irrisório de rapace, ironia do destino, o bico recurvo, as unhas aduncas. E tal crescimento já lhe atrapalhava os passos, lhe impedia de comer e beber. Ele notou essa miséria e, de vez em quando, com a tesoura, aparava o excesso de substância córnea no serzinho desgraçado e querido.
Entretanto, a galinha já se sentia de novo quase feliz. Tinha delidas lembranças da claridade sumida. No terreiro plano ela podia ir e vir à vontade até topar a tela de arame, e abrigar-se do sol debaixo do seu poleiro solitário. Ainda tinha liberdade — o pouco de liberdade necessário à sua cegueira. E milho. Não compreendia nem procurava compreender aquilo. Tinham soprado a lâmpada e acabou-se. Quem tinha soprado não era da conta dela. Mas o que lhe doía fundamente era já não poder ver o galo de plumas bonitas. E não sentir mais o galo perturbá-la com o seu cocócó malicioso. O ingrato.
João Alphonsus – Galinha Cega. Em MORICONI, Italo, Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. São Paulo: Objetiva, 2000.
No período “ Porque o bico e as unhas não mais catassem e ciscassem, puseram-se a crescer.”, os verbos “ catassem” e “ ciscassem” estão conjugados em qual tempo e modo verbal?
A vida sem celular
Na abordagem da concordância verbal, as gramáticas apresentam casos em que o verbo fica invariável, por ser considerado “impessoal”.
O exemplo do Texto I em que o verbo grifado encontra-se no singular por ser impessoal é:As regras gramaticais não seriam respeitadas com a substituição, no texto, de
Dia do Trabalho
Em abril de 1886, eclodiram nos Estados Unidos diversas greves, nas quais os operários reivindicavam jornada de trabalho de oito horas diárias. Essa reivindicação baseava-se em um raciocínio muito simples: se o dia tem 24 horas, deveria ser dividido logicamente em três partes de oito horas – uma para o trabalho, outra para descanso e lazer e outra para o estudo.
Em 1º de maio do mesmo ano, milhares de trabalhadores de Chicago iniciaram uma greve geral. Três dias depois, a praça Haymarket, na cidade, foi ocupada por operários anarquistas reunidos em um grande comício para protestar contra a morte de grevistas na porta de uma fábrica no dia anterior. Quase no fim da manifestação, a polícia ordenou que os operários abandonassem imediatamente a praça. Nesse momento uma bomba foi atirada na direção dos policiais, matando um deles e ferindo vários outros. Seguiu-se um tiroteio, no qual foram mortos vários manifestantes.
Os anarquistas foram acusados de atirar a bomba, o que motivou uma grande campanha na imprensa para reprimir o movimento. Alguns dias depois, oito líderes foram presos e julgados rapidamente. Sete deles foram condenados à morte sem provas conclusivas sobre seu envolvimento no atentado. Ao final do processo, dois condenados à morte tiveram a pena transformada em prisão perpétua, um se suicidou na prisão e quatro foram enforcados em praça pública.
Esses manifestantes passaram a ser lembrados como os “mártires de Chicago”. Em homenagem a eles, a partir de 1890 correntes ideológicas do movimento operário internacional e organizações sindicais passaram a comemorar em 1º de maio o Dia do Trabalho, realizando grandes manifestações em todo o mundo, exceto nos Estados Unidos. Curiosamente, no país onde ocorreu o massacre de Chicago, o Dia do Trabalho é comemorado oficialmente na primeira segunda-feira de setembro, desde 1894.
(Marcos Napolitano e Mariana Villaça)
Em todos os segmentos a seguir há a presença de formas do infinitivo.
Assinale a opção em que a substituição nominal dessas formas ocorre de maneira inadequada.
"Mas ontem ele fez uso do veto"; é muito comum a substituição de um verbo (usou) pela expressão construída pelo verbo fazer + substantivo. A alternativa em que a substituição da expressão por um verbo NÃO é feita de forma adequada é:
"ameaçou vetar projetos que fossem aprovados pelo Congresso americano"; colocada na voz ativa, essa mesma frase teria como forma adequada:
Texto I
As Time Goes By
Conheci Rick Blaine em Paris, não faz muito. Ele tem uma
espelunca perto da Madeleine que pega todos os americanos
bêbados que o Harry’s Bar expulsa. Está com 70 anos, mas
não parece ter mais que 69. Os olhos empapuçados são os
5 mesmos mas o cabelo se foi e a barriga só parou de crescer
porque não havia mais lugar atrás do balcão. A princípio ele
negou que fosse Rick.
– Não conheço nenhum Rick.
– Está lá fora. Um letreiro enorme. Rick’s Café Americain.
10 – Está? Faz anos que não vou lá fora. O que você quer?
– Um bourbon. E alguma coisa para comer.
Escolhi um sanduíche de uma longa lista e Rick gritou o
pedido para um negrão na cozinha. Reconheci o negrão. Era o
pianista do café do Rick em Casablanca. Perguntei por que ele
15 não tocava mais piano.
– Sam? Porque só sabia uma música. A clientela não
agüentava mais. Ele também faz sempre o mesmo sanduíche.
Mas ninguém vem aqui pela comida.
Cantarolei um trecho de As Time Goes By. Perguntei:
20 – O que você faria se ela entrasse por aquela porta agora?
– Diria: "Um chazinho, vovó?" O passado não volta.
– Voltou uma vez. De todos os bares do mundo, ela tinha
que escolher logo o seu, em Casablanca, para entrar.
– Não volta mais.
25 Mas ele olhou, rápido, quando a porta se abriu de repente.
Era um americano que vinha pedir-lhe dinheiro para voltar aos
Estados Unidos. Estava fugindo de Mitterrand. Rick o ignorou.
Perguntou o que eu queria além do bourbon e do sanduíche
do Sam, que estava péssimo.
30 – Sempre quis saber o que aconteceu depois que ela
embarcou naquele avião com Victor Laszlo e você e o inspetor
Louis se afastaram, desaparecendo no nevoeiro.
– Passei quarenta anos no nevoeiro – respondeu ele.
Objetivamente, não estava disposto a contar muita coisa.
35 – Eu tenho uma tese.
Ele sorriu.
Mais uma...
– Você foi o primeiro a se desencantar com as grandes
causas. Você era o seu próprio território neutro. Victor Laszlo
40 era o cara engajado. Deve ter morrido cedo e levado alguns
outros idealistas como ele, pensando que estavam salvando o
mundo para a democracia e os bons sentimentos. Você nunca
teve ilusões sobre a humanidade. Era um cínico. Mas também
era um romântico. Podia ter-se livrado de Laszlo aos olhos
45 dela. Por quê?
– Você se lembra do rosto dela naquele instante?
Eu me lembrava. Mesmo através do nevoeiro, eu me
lembrava. Ele tinha razão. Por um rosto daqueles a gente
sacrifica até a falta de ideais.
50 A porta se abriu de novo e nós dois olhamos rápido. Mas
era apenas outro bêbado.
(Luis Fernando Veríssimo)
O que você quer? (L.10) Passando-se o período acima para a forma de tratamento vós e para o futuro do pretérito do indicativo, obtém-se:
Instrução: As questões de números 01 a 12 referem-se ao texto abaixo.
A teoria da incomodação zero
01 Os homens se distinguem dos animais, não porque ____ consciência, já afirmavam teorias
02 sociológicas do fim do século 19, mas porque produzem as condições de sua própria existência. Estas
03 condições são, em grande parte, oriundas do trabalho, que sempre fez parte da vida humana. Contudo,
04 desde que surge a propriedade privada capitalista, a relação de trabalho estabelecida entre empregador e
05 empregado passou por muitas transformações. O trabalho consistia em sinônimo de segurança, de um
06 ambiente ordenado, regular, confiável e duradouro. Em uma época não tão distante, o imediatismo não
07 figurava como valor maior, e a lógica do trabalho se assemelhava a uma construção: tijolo __ tijolo, andar
08 __ andar, no trabalho lento, que findava com uma obra sólida e firme – a carreira.
09 Mas hoje o status do trabalho parece estar subvertido ou, ao menos, tem se revestido de
10 características muito distintas das de outrora. O sociólogo polonês Zigmunt Bauman nos revela que o novo
11 perfil do trabalhador, buscado pelas empresas, não é mais exatamente aquele que prima por um sujeito
12 íntegro, enraizado em valores, com princípios e tradições sólidas. O mais novo filtro utilizado nesta
13 escolha é de outra natureza. De acordo com Bauman, desde 1997, usa-se nos EUA uma expressão que
14 designa o perfil de trabalhador que o mercado procura, o chamado “chateação zero”. A expressão cômica,
15 mas extremamente reveladora, nos mostra que o trabalhador que possuir menos fatores potenciais para
16 chatear ou incomodar a empresa durante o seu labor será aquele com maior chance de conseguir a vaga.
17 Por exemplo, um sujeito dotado de família e filhos tem o seu nível de chateação elevado, pois
18 provavelmente não terá tanta flexibilidade para aceitar tarefas em qualquer horário ou local.
19 Ora, se você é um empregado que ousa questionar as relações e que procura cumprir as suas
20 obrigações, cobrando dos demais o mínimo de responsabilidade, saiba que você possui um nível de
21 chateação elevadíssimo. Vantajoso é ser alguém descomprometido com a realidade social, com laços
22 afetivos frágeis e que possa estar sempre à disposição. A preferência é por “empregados ‘flutuantes’,
23 acríticos, descomprometidos, flexíveis, ‘generalistas’ e, em última instância, descartáveis (do tipo ‘pau
24 pra toda obra’, em vez de especializados e submetidos a um treinamento estritamente focalizado)”,
25 afirma Bauman. O mercado de trabalhadores é também um mercado de produtos.
26 Neste ambiente “líquido-moderno”, estendemos o retrato da prática do consumo para as demais
27 instâncias da vida, como parece ocorrer com as atividades do trabalho. Uma predileção pela facilidade,
28 desprendimento e individualização. Um produto é comprado, usado até perder o valor e depois
29 descartado, pois uma imensidão de outros estará __ disposição. O trabalhador assume, enfim, o status de
30 descartável. Incomodando zero, disponível sempre e criticando nunca.
(Salbego, Solange. Zero Hora, 21-02-2010 – adaptação)
Em relação ao preenchimento da lacuna da linha 01 pelo verbo ter, são feitas as seguintes afirmações:
I. Poderia ser preenchida pela forma verbal têm, atendendo a regras de concordância verbal.
II. Para manter a correção do período, o verbo assumiria a forma tem.
III. Visando manter a correta relação com as demais frases do período, deveria ser flexionado no presente do indicativo.
IV. Considerando as demais frases que compõem o período, deveria ser flexionado no pretérito imperfeito do indicativo.
Quais estão corretas?
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
Uma definição de felicidade
Todas as profissões têm sua visão do que é felicidade. Já li um economista defini-la como ganhar 20 000 dólares por ano, nem mais nem menos. Para os monges budistas, felicidade é a busca do desapego. Autores de livros de autoajuda definem felicidade como “estar bem consigo mesmo”, “fazer o que se gosta” ou “ter coragem de sonhar alto”. O conceito de felicidade que uso em meu dia a dia é difícil de explicar num artigo curto. Eu o aprendi nos livros de Edward De Bono, Mihaly Csikszentmihalyi e de outros nessa linha. A ideia é mais ou menos esta: todos nós temos desejos, ambições e desafios que podem ser definidos como o mundo que você quer abraçar. Ser rico, ser famoso, acabar com a miséria do mundo, casar-se com um príncipe encantado, jogar futebol, e assim por diante. Até aí, tudo bem. Imagine seus desejos como um balão inflável e que você está dentro dele. Você sempre poderá ser mais ou menos ambicioso inflando ou desinflando esse balão enorme que será seu mundo possível. É o mundo que você ainda não sabe dominar. Agora imagine um outro balão inflável dentro do seu mundo possível, e portanto bem menor, que representa a sua base. É o mundo que você já domina, que maneja de olhos fechados, graças aos seus conhecimentos, seu QI emocional e sua experiência. Felicidade nessa analogia seria a distância entre esses dois balões – o balão que você pretende dominar e o que você domina. Se a distância entre os dois balões for excessiva, você ficará frustrado, ansioso, mal-humorado e estressado. Se a distância for mínima, você ficará tranquilo, calmo, mas logo entediado e sem espaço para crescer. Ser feliz é achar a distância certa entre o que se tem e o que se quer ter.
O primeiro passo é definir corretamente o tamanho de seu sonho, o tamanho de sua ambição. Essa história de que tudo é possível se você somente almejar alto é pura balela. Todos nós temos limitações e devemos sonhar de acordo com elas. Querer ser presidente da República é um sonho que você pode almejar quando virar governador ou senador, mas não no início da carreira. O segundo passo é saber exatamente seu nível de competências, sem arrogância nem enganos, tão comuns entre os intelectuais. O terceiro é encontrar o ponto de equilíbrio entre esses dois mundos. Saber administrar a distância entre seus desejos e suas competências é o grande segredo da vida. Escolha uma distância nem exagerada demais, nem tacanha demais. Se sua ambição não for acompanhada da devida competência, você se frustrará. Esse é o erro de todos os jovens idealistas que querem mudar o mundo com o que aprenderam no primeiro ano de faculdade. Curiosamente, à medida que a distância entre seus sonhos e suas competências diminui pelo seu próprio sucesso, surge frustração, e não felicidade.
Quantos gerentes depois de promovidos sofrem de famosa “fossa do bem-sucedido”, tão conhecida por administradores de recursos humanos? Quantos executivos bem-sucedidos são infelizes justamente porque “chegaram lá”? Pessoas pouco ambiciosas que procuram um emprego garantido logo ficam entediadas, estacionadas, frustradas e não terão a prometida felicidade. Essa definição explica por que a felicidade é tão efêmera. Ela é um processo, e não um lugar onde finalmente se faz nada. Fazer nada no paraíso não traz felicidade, apesar de ser o sonho de tantos brasileiros. Felicidade é uma desconfortável tensão entre suas ambições e competências. Se você estiver estressado, tente primeiro esvaziar seu balão de ambições para algo mais realista. Delegue, abra mão de algumas atribuições, diga não. Ou então encha mais seu balão de competências estudando,observando e aprendendo com os outros, todos os dias. Os velhos acham que é um fracasso abrir mão do espaço conquistado. Por isso, recusam ceder poder ou atribuições e acabam infelizes. Reduzir suas ambições à medida que você envelhece não é nenhuma derrota pessoal. Felicidade não é um estado alcançável, um nirvana, mas uma distância contínua. É chegar lá, e não estar lá como muitos erroneamente pensam. Seja ambicioso dentro dos limites, estude e observe sempre, amplie seus sonhos quando puder, reduza suas ambições quando as circunstâncias exigirem. Mantenha sempre uma meta a alcançar em todas as etapas da vida e você será muito feliz.
Stephen Kanitz, Revista Veja, 22 de junho de 2005
Indique a opção em que a forma verbal grifada se refere ao infinitivo entre parênteses.
O sentido original do texto e a correção gramatical não seriam preservados se se substituísse
Quanto ao verbo dispor, assinale a opção correta.
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
Uma definição de felicidade
Todas as profissões têm sua visão do que é felicidade. Já li um economista defini-la como ganhar 20 000 dólares por ano, nem mais nem menos. Para os monges budistas, felicidade é a busca do desapego. Autores de livros de autoajuda definem felicidade como “estar bem consigo mesmo”, “fazer o que se gosta” ou “ter coragem de sonhar alto”. O conceito de felicidade que uso em meu dia a dia é difícil de explicar num artigo curto. Eu o aprendi nos livros de Edward De Bono, Mihaly Csikszentmihalyi e de outros nessa linha. A ideia é mais ou menos esta: todos nós temos desejos, ambições e desafios que podem ser definidos como o mundo que você quer abraçar. Ser rico, ser famoso, acabar com a miséria do mundo, casar-se com um príncipe encantado, jogar futebol, e assim por diante. Até aí, tudo bem. Imagine seus desejos como um balão inflável e que você está dentro dele. Você sempre poderá ser mais ou menos ambicioso inflando ou desinflando esse balão enorme que será seu mundo possível. É o mundo que você ainda não sabe dominar. Agora imagine um outro balão inflável dentro do seu mundo possível, e portanto bem menor, que representa a sua base. É o mundo que você já domina, que maneja de olhos fechados, graças aos seus conhecimentos, seu QI emocional e sua experiência. Felicidade nessa analogia seria a distância entre esses dois balões – o balão que você pretende dominar e o que você domina. Se a distância entre os dois balões for excessiva, você ficará frustrado, ansioso, mal-humorado e estressado. Se a distância for mínima, você ficará tranquilo, calmo, mas logo entediado e sem espaço para crescer. Ser feliz é achar a distância certa entre o que se tem e o que se quer ter.
O primeiro passo é definir corretamente o tamanho de seu sonho, o tamanho de sua ambição. Essa história de que tudo é possível se você somente almejar alto é pura balela. Todos nós temos limitações e devemos sonhar de acordo com elas. Querer ser presidente da República é um sonho que você pode almejar quando virar governador ou senador, mas não no início da carreira. O segundo passo é saber exatamente seu nível de competências, sem arrogância nem enganos, tão comuns entre os intelectuais. O terceiro é encontrar o ponto de equilíbrio entre esses dois mundos. Saber administrar a distância entre seus desejos e suas competências é o grande segredo da vida. Escolha uma distância nem exagerada demais, nem tacanha demais. Se sua ambição não for acompanhada da devida competência, você se frustrará. Esse é o erro de todos os jovens idealistas que querem mudar o mundo com o que aprenderam no primeiro ano de faculdade. Curiosamente, à medida que a distância entre seus sonhos e suas competências diminui pelo seu próprio sucesso, surge frustração, e não felicidade.
Quantos gerentes depois de promovidos sofrem de famosa “fossa do bem-sucedido”, tão conhecida por administradores de recursos humanos? Quantos executivos bem-sucedidos são infelizes justamente porque “chegaram lá”? Pessoas pouco ambiciosas que procuram um emprego garantido logo ficam entediadas, estacionadas, frustradas e não terão a prometida felicidade. Essa definição explica por que a felicidade é tão efêmera. Ela é um processo, e não um lugar onde finalmente se faz nada. Fazer nada no paraíso não traz felicidade, apesar de ser o sonho de tantos brasileiros. Felicidade é uma desconfortável tensão entre suas ambições e competências. Se você estiver estressado, tente primeiro esvaziar seu balão de ambições para algo mais realista. Delegue, abra mão de algumas atribuições, diga não. Ou então encha mais seu balão de competências estudando,observando e aprendendo com os outros, todos os dias. Os velhos acham que é um fracasso abrir mão do espaço conquistado. Por isso, recusam ceder poder ou atribuições e acabam infelizes. Reduzir suas ambições à medida que você envelhece não é nenhuma derrota pessoal. Felicidade não é um estado alcançável, um nirvana, mas uma distância contínua. É chegar lá, e não estar lá como muitos erroneamente pensam. Seja ambicioso dentro dos limites, estude e observe sempre, amplie seus sonhos quando puder, reduza suas ambições quando as circunstâncias exigirem. Mantenha sempre uma meta a alcançar em todas as etapas da vida e você será muito feliz.
Stephen Kanitz, Revista Veja, 22 de junho de 2005
O teor da mensagem, acrescido da concentração de verbos no modo imperativo, confere ao texto o tom de:
Leia com atenção ao poema de autoria de Vinícius de Moraes a seguir:
TERNURA
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível d
os teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto
que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.
Texto extraído da antologia "Vinicius de Moraes Poesia completa e prosa", Editora Nova Aguilar Rio de Janeiro, 1998, pág. 259.
O poema “ Ternura”: