Questões de Concurso Sobre morfologia em português

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Q3069753 Português
A luta e a lição


    Um brasileiro de 38 anos, Vítor Negrete, morreu no Tibete após escalar pela segunda vez o ponto culminante do planeta, o monte Everest. Da primeira, usou o reforço de um cilindro de oxigênio para suportar a altura. Na segunda (e última), dispensou o cilindro, devido ao seu estado geral, que era considerado ótimo.

    As façanhas dele me emocionaram, a bem-sucedida e a malograda. Aqui do meu canto, temendo e tremendo toda a vez que viajo no bondinho do Pão de Açúcar, fico meditando sobre os motivos que levam alguns heróis a se superarem. Vítor já havia vencido o cume mais alto do mundo. Quis provar mais, fazendo a escalada sem a ajuda do oxigênio suplementar. O que leva um ser humano bem-sucedido a vencer desafios assim?

    Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade. Se cada um repetisse meu exemplo, ficando solidamente instalado no chão, sem tentar a aventura, ainda estaríamos nas cavernas, lascando o fogo com pedras, comendo animais crus e puxando nossas mulheres pelos cabelos, como os trogloditas – se é que os trogloditas faziam isso. Somos o que somos hoje devido a heróis que trocam a vida pelo risco. Bem verdade que escalar montanhas, em si, não traz nada de prático ao resto da humanidade que prefere ficar na cômoda planície da segurança.

    Mas o que há de louvável (e lamentável) na aventura de Vítor Negrete é a aspiração de ir mais longe, de superar marcas, de ir mais alto, desafiando os riscos. Não sei até que ponto ele foi temerário ao recusar o oxigênio suplementar. Mas seu exemplo – e seu sacrifício – é uma lição de luta, mesmo sendo uma luta perdida.


(Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/. Acesso em: julho de 2024.)
O emprego correto das classes de palavras, como substantivos, adjetivos, verbos, advérbios, pronomes, entre outras, é essencial para a construção de um texto claro e coeso. Sobre o emprego das classes de palavras no texto apresentado, assinale a afirmativa correta.
Alternativas
Q3068196 Português
Ansiedade climática: como a seca pode afetar sua saúde mental

        Dias cinzentos e com altas temperaturas passaram a fazer parte do dia a dia dos brasileiros nas últimas semanas. Com o agravamento dos incêndios ao redor do país, o clima mais seco do que o normal tomou conta das cidades. No início da semana, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo para a baixa umidade em 12 estados do país, com níveis entre 12% e 20%. São Paulo também subiu ao topo do ranking de cidades com o ar mais poluído do mundo.
        A situação, que já traz sintomas físicos e aumenta os riscos à saúde, também tem impactos na saúde mental. O fenômeno ficou conhecido como “ansiedade climática”, condição caracterizada por sentimentos de impotência, angústia, mal-estar e medo em relação às mudanças do clima. “A seca traz uma sensação de impotência muito forte. Esse sentimento de desesperança pode, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo grave”, explica Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
        No Brasil, mais de 60% dos jovens entre 16 e 25 anos se dizem “muito” ou “extremamente preocupados” com os efeitos das mudanças climáticas, segundo um estudo realizado em 2021 por pesquisadores do Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos. Desde então, a situação tem ficado ainda pior.
      Como o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo, esse tipo de preocupação pode ser intensificado no ambiente digital. “Se alimentar constantemente de informações falsas e verdadeiras gera um estresse gigantesco.”
     O especialista explica que algumas pessoas são naturalmente mais vulneráveis a esses impactos psicológicos, especialmente se já estão fragilizadas emocionalmente ou enfrentaram situações de estresse intenso no passado. “Quem já apresenta problemas como depressão, ansiedade, consumo de drogas ou dificuldades de relacionamento, tem maior chance de sofrer com a ansiedade climática. Nessas circunstâncias, a crise ambiental pode agravar o estado mental da pessoa.”
      Esses quadros estão se tornando cada vez mais comuns, acompanhando as mudanças e tragédias do clima em todo o mundo. “Estamos vivendo temperaturas extremas, queimadas no Brasil e outros eventos climáticos severos. Por serem incontroláveis, esses fenômenos geram uma sensação ainda maior de desamparo.”
     Embora não exista uma fórmula para resolver o problema, alguns hábitos podem ajudar a prevenir e tratar a ansiedade climática.
      Praticar atividades físicas, meditar, manter uma alimentação equilibrada, cuidar do sono e limitar o uso de redes sociais são estratégias recomendadas. “Mesmo durante a seca, se for possível fazer exercícios como caminhadas, com bastante hidratação, já ajuda bastante.”
    Além de mudanças no estilo de vida, é importante buscar apoio médico para quem enfrenta os sintomas da ansiedade climática.
    O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), por exemplo, é um serviço de saúde pública que oferece suporte psicológico em mais de duas mil unidades espalhadas pelo Brasil. “Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem ajudar quem estiver sofrendo com esse tipo de estresse”, diz Guerra, que também recomenda procurar um médico de confiança para discutir o tratamento adequado.

(Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/. Acesso em: setembro de 2025.) 
Mesmo durante a seca, se for possível fazer exercícios como caminhadas, com bastante hidratação, já ajuda bastante.” (8º§) Conforme o contexto, as palavras sublinhadas são classificadas, respectivamente, como:
Alternativas
Q3068192 Português
Ansiedade climática: como a seca pode afetar sua saúde mental

        Dias cinzentos e com altas temperaturas passaram a fazer parte do dia a dia dos brasileiros nas últimas semanas. Com o agravamento dos incêndios ao redor do país, o clima mais seco do que o normal tomou conta das cidades. No início da semana, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo para a baixa umidade em 12 estados do país, com níveis entre 12% e 20%. São Paulo também subiu ao topo do ranking de cidades com o ar mais poluído do mundo.
        A situação, que já traz sintomas físicos e aumenta os riscos à saúde, também tem impactos na saúde mental. O fenômeno ficou conhecido como “ansiedade climática”, condição caracterizada por sentimentos de impotência, angústia, mal-estar e medo em relação às mudanças do clima. “A seca traz uma sensação de impotência muito forte. Esse sentimento de desesperança pode, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo grave”, explica Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
        No Brasil, mais de 60% dos jovens entre 16 e 25 anos se dizem “muito” ou “extremamente preocupados” com os efeitos das mudanças climáticas, segundo um estudo realizado em 2021 por pesquisadores do Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos. Desde então, a situação tem ficado ainda pior.
      Como o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo, esse tipo de preocupação pode ser intensificado no ambiente digital. “Se alimentar constantemente de informações falsas e verdadeiras gera um estresse gigantesco.”
     O especialista explica que algumas pessoas são naturalmente mais vulneráveis a esses impactos psicológicos, especialmente se já estão fragilizadas emocionalmente ou enfrentaram situações de estresse intenso no passado. “Quem já apresenta problemas como depressão, ansiedade, consumo de drogas ou dificuldades de relacionamento, tem maior chance de sofrer com a ansiedade climática. Nessas circunstâncias, a crise ambiental pode agravar o estado mental da pessoa.”
      Esses quadros estão se tornando cada vez mais comuns, acompanhando as mudanças e tragédias do clima em todo o mundo. “Estamos vivendo temperaturas extremas, queimadas no Brasil e outros eventos climáticos severos. Por serem incontroláveis, esses fenômenos geram uma sensação ainda maior de desamparo.”
     Embora não exista uma fórmula para resolver o problema, alguns hábitos podem ajudar a prevenir e tratar a ansiedade climática.
      Praticar atividades físicas, meditar, manter uma alimentação equilibrada, cuidar do sono e limitar o uso de redes sociais são estratégias recomendadas. “Mesmo durante a seca, se for possível fazer exercícios como caminhadas, com bastante hidratação, já ajuda bastante.”
    Além de mudanças no estilo de vida, é importante buscar apoio médico para quem enfrenta os sintomas da ansiedade climática.
    O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), por exemplo, é um serviço de saúde pública que oferece suporte psicológico em mais de duas mil unidades espalhadas pelo Brasil. “Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem ajudar quem estiver sofrendo com esse tipo de estresse”, diz Guerra, que também recomenda procurar um médico de confiança para discutir o tratamento adequado.

(Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/. Acesso em: setembro de 2025.) 
Embora não exista uma fórmula para resolver o problema, alguns hábitos podem ajudar a prevenir e tratar a ansiedade climática.” (7º§) A palavra “embora” introduz ideia de: 
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Q3068191 Português
Ansiedade climática: como a seca pode afetar sua saúde mental

        Dias cinzentos e com altas temperaturas passaram a fazer parte do dia a dia dos brasileiros nas últimas semanas. Com o agravamento dos incêndios ao redor do país, o clima mais seco do que o normal tomou conta das cidades. No início da semana, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo para a baixa umidade em 12 estados do país, com níveis entre 12% e 20%. São Paulo também subiu ao topo do ranking de cidades com o ar mais poluído do mundo.
        A situação, que já traz sintomas físicos e aumenta os riscos à saúde, também tem impactos na saúde mental. O fenômeno ficou conhecido como “ansiedade climática”, condição caracterizada por sentimentos de impotência, angústia, mal-estar e medo em relação às mudanças do clima. “A seca traz uma sensação de impotência muito forte. Esse sentimento de desesperança pode, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo grave”, explica Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
        No Brasil, mais de 60% dos jovens entre 16 e 25 anos se dizem “muito” ou “extremamente preocupados” com os efeitos das mudanças climáticas, segundo um estudo realizado em 2021 por pesquisadores do Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos. Desde então, a situação tem ficado ainda pior.
      Como o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo, esse tipo de preocupação pode ser intensificado no ambiente digital. “Se alimentar constantemente de informações falsas e verdadeiras gera um estresse gigantesco.”
     O especialista explica que algumas pessoas são naturalmente mais vulneráveis a esses impactos psicológicos, especialmente se já estão fragilizadas emocionalmente ou enfrentaram situações de estresse intenso no passado. “Quem já apresenta problemas como depressão, ansiedade, consumo de drogas ou dificuldades de relacionamento, tem maior chance de sofrer com a ansiedade climática. Nessas circunstâncias, a crise ambiental pode agravar o estado mental da pessoa.”
      Esses quadros estão se tornando cada vez mais comuns, acompanhando as mudanças e tragédias do clima em todo o mundo. “Estamos vivendo temperaturas extremas, queimadas no Brasil e outros eventos climáticos severos. Por serem incontroláveis, esses fenômenos geram uma sensação ainda maior de desamparo.”
     Embora não exista uma fórmula para resolver o problema, alguns hábitos podem ajudar a prevenir e tratar a ansiedade climática.
      Praticar atividades físicas, meditar, manter uma alimentação equilibrada, cuidar do sono e limitar o uso de redes sociais são estratégias recomendadas. “Mesmo durante a seca, se for possível fazer exercícios como caminhadas, com bastante hidratação, já ajuda bastante.”
    Além de mudanças no estilo de vida, é importante buscar apoio médico para quem enfrenta os sintomas da ansiedade climática.
    O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), por exemplo, é um serviço de saúde pública que oferece suporte psicológico em mais de duas mil unidades espalhadas pelo Brasil. “Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem ajudar quem estiver sofrendo com esse tipo de estresse”, diz Guerra, que também recomenda procurar um médico de confiança para discutir o tratamento adequado.

(Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/. Acesso em: setembro de 2025.) 
No seguinte fragmento: “Com o agravamento dos incêndios ao redor do país, o clima mais seco do que o normal tomou conta das cidades.” (1º§), a palavra “com” estabelece relação de: 
Alternativas
Q3068190 Português
Ansiedade climática: como a seca pode afetar sua saúde mental

        Dias cinzentos e com altas temperaturas passaram a fazer parte do dia a dia dos brasileiros nas últimas semanas. Com o agravamento dos incêndios ao redor do país, o clima mais seco do que o normal tomou conta das cidades. No início da semana, o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) emitiu um alerta laranja de perigo para a baixa umidade em 12 estados do país, com níveis entre 12% e 20%. São Paulo também subiu ao topo do ranking de cidades com o ar mais poluído do mundo.
        A situação, que já traz sintomas físicos e aumenta os riscos à saúde, também tem impactos na saúde mental. O fenômeno ficou conhecido como “ansiedade climática”, condição caracterizada por sentimentos de impotência, angústia, mal-estar e medo em relação às mudanças do clima. “A seca traz uma sensação de impotência muito forte. Esse sentimento de desesperança pode, em muitos casos, evoluir para um quadro depressivo grave”, explica Arthur Guerra, professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
        No Brasil, mais de 60% dos jovens entre 16 e 25 anos se dizem “muito” ou “extremamente preocupados” com os efeitos das mudanças climáticas, segundo um estudo realizado em 2021 por pesquisadores do Reino Unido, Finlândia e Estados Unidos. Desde então, a situação tem ficado ainda pior.
      Como o terceiro país que mais utiliza redes sociais no mundo, esse tipo de preocupação pode ser intensificado no ambiente digital. “Se alimentar constantemente de informações falsas e verdadeiras gera um estresse gigantesco.”
     O especialista explica que algumas pessoas são naturalmente mais vulneráveis a esses impactos psicológicos, especialmente se já estão fragilizadas emocionalmente ou enfrentaram situações de estresse intenso no passado. “Quem já apresenta problemas como depressão, ansiedade, consumo de drogas ou dificuldades de relacionamento, tem maior chance de sofrer com a ansiedade climática. Nessas circunstâncias, a crise ambiental pode agravar o estado mental da pessoa.”
      Esses quadros estão se tornando cada vez mais comuns, acompanhando as mudanças e tragédias do clima em todo o mundo. “Estamos vivendo temperaturas extremas, queimadas no Brasil e outros eventos climáticos severos. Por serem incontroláveis, esses fenômenos geram uma sensação ainda maior de desamparo.”
     Embora não exista uma fórmula para resolver o problema, alguns hábitos podem ajudar a prevenir e tratar a ansiedade climática.
      Praticar atividades físicas, meditar, manter uma alimentação equilibrada, cuidar do sono e limitar o uso de redes sociais são estratégias recomendadas. “Mesmo durante a seca, se for possível fazer exercícios como caminhadas, com bastante hidratação, já ajuda bastante.”
    Além de mudanças no estilo de vida, é importante buscar apoio médico para quem enfrenta os sintomas da ansiedade climática.
    O CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), por exemplo, é um serviço de saúde pública que oferece suporte psicológico em mais de duas mil unidades espalhadas pelo Brasil. “Profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, podem ajudar quem estiver sofrendo com esse tipo de estresse”, diz Guerra, que também recomenda procurar um médico de confiança para discutir o tratamento adequado.

(Disponível em: https://forbes.com.br/forbessaude/. Acesso em: setembro de 2025.) 
Das alternativas a seguir, assinale aquela cujo trecho tem sentido de possibilidade.
Alternativas
Q3067953 Português

(Disponível em: https://apublica.org/2024/09/tigrinho-vai-a-escola-apostas-invadem-recreios-e-salas-de-aula/ – texto adaptado especialmente para esta prova).


Relacione a Coluna 1 à Coluna 2, associando as classes gramaticais aos seus respectivos exemplos, com base em palavras retiradas do texto.
Coluna 1
1. Adjetivo. 2. Advérbio. 3. Preposição. 4. Pronome.
Coluna 2 ( ) “você” (l. 02). ( ) “a” (l. 06). ( ) “mirins” (l. 16). ( ) “não” (l. 20).

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Alternativas
Q3067952 Português

(Disponível em: https://apublica.org/2024/09/tigrinho-vai-a-escola-apostas-invadem-recreios-e-salas-de-aula/ – texto adaptado especialmente para esta prova).


Em relação aos recursos coesivos destacados em negrito nas linhas 31 e 32, considere as assertivas abaixo, assinalando V, se verdadeiras, ou F, se falsas.
( ) O vocábulo “e” conecta duas orações independentes.
( ) A conjunção “mas” conecta orações dependentes uma da outra, indicando uma oposição entre elas.
( ) O termo “porque” indica que a oração introduzida por ele é uma justificativa da oração “Não fiquei curioso”.
( ) O vocábulo “porque” poderia ser substituído pela locução conjuntiva “por isso”, sem alteração de sentido no texto.

A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:
Alternativas
Q3067886 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Um quadro
(Sérgio Porto)

Até bem pouco caminhava de um lado para o outro. Depois sentou-se algum tempo e deixou-se ficar, respirando fundo a cada instante, em pleno estado de expectativa. Mas já agora levantase, vai ao bar e começa a preparar uma bebida. Mede a dose (forte) e atravessa a sala em direção à cozinha, em busca de gelo e água.

Faz tudo isso automaticamente, sem pensar. E volta a sentar-se no sofá da sala; desta vez de pernas cruzadas e copo na mão. Sorve um gole grande e desce-lhe pelo corpo uma dormência boa, uma quase carícia.

Nervoso? Não, não está nervoso. Apenas – é claro – este não é um momento qualquer.

Ao segundo copo está, por assim dizer, ouvindo o silêncio. Há barulhos que aumentam a quietude da noite: piano bem longe, assovio de alguém que passa, buzina numa esquina distante, latido de cachorro no morro, pio de ave, o mar. As luzes estão apagadas e a claridade que vem de fora projeta-se contra a parede e ilumina o quadro.

É um velho quadro a óleo, representando um homem de meiaidade, com barbas grisalhas e basto bigode. Está há tanto tempo pendurado na parede que raramente repara nele. Um dia – faz muitos anos – perguntou quem era. Disseram-lhe que era o fundador da família, um antepassado perdido no tempo, que um pintor da época retratara sabe lá Deus por quantos patacos.

“Ele é o pai do pai do pai do pai do pai de meu pai”, pensou.

Por que, na partilha dos bens, sobrara-lhe o quadro é coisa que não sabe explicar. Quando os irmãos se separaram e deixaram a casa que seria demolida, talvez tivesse apanhado o “velho dos bigodes” (que é como o chamavam os meninos) e metido em um dos caixotes.

Agora estava ali a fazer-lhe companhia, espiando-o com seus olhos mansos em nada diferentes dos de seus semelhantes, outros avós, de outras famílias, em outras molduras.

Seu olhar calmo, de uma meiguice que os homens de hoje esqueceram de conservar, quanta coisa já contemplou? Quantos dramas, comédias, gestos, atitudes, festas, velórios? Quantas famílias de sua família?

Por certo viu moças que feneceram, homens que já não são mais. Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas. Na sua longa experiência de emoldurado provavelmente pouco se comoveu com as comemorações e os lamentos, fracassos ou júbilos dos que transitaram, através dos tempos, frente às muitas paredes em que o colocaram.

Em 1850 morava numa fazenda, casa do bisavô. Depois, ao findar o século, noutra fazenda, de terras menos pródigas, foi testemunha muda e permanente de um lento caso de morte.

“Meu avô”, pensou o que esperava, dando mais um gole na bebida. Será que pressentira a chegada da morte? A saúde do velho esvaindo-se, apagando-se lentamente, como um chio. As intermináveis noites de apreensão, a tosse quebrando o silêncio, angustiando os que esperavam. Depois não foi preciso esperar mais. Depois mais nada.

Mais nada ou tudo outra vez, que um dos filhos levou consigo o “velho dos bigodes” para novas contemplações; de outras paredes para outros descendentes. 

O telefone toca violentamente. O que aguarda a notícia salta para ele e com voz rouca atende:

- Seu filho já nasceu – informa a voz do outro lado. E acrescenta:

- Tudo vai bem.

O homem volta sereno para o bar. Enche novamente o copo, agora a título de comemoração. Levanta-o à altura do peito, mas na hora de beber lembra-se do velho do quadro e saúda-o sem dizer qualquer palavra. Não fosse o nervosismo de há pouco e também os uísques que tomara, seria capaz de jurar que o “velho dos bigodes” sorrira. Manchete, 23/01/1957.

PORTO, Sérgio. O homem ao lado: crônicas / Sérgio Porto 1ª edição. – São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
Releia e responda: “Assistiu impávido a batizados e casamentos, beijos furtivos, formaturas.” Dê a classe gramatical da palavra grifada:
Alternativas
Q3067785 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Moda é política e reflete as transformações no mundo


        Se você fosse presidente do Brasil, que tipo de roupa usaria? Terninho com tênis como a Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos? As cores fortes dos blazers da ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel? Vestiria um jeans, de vez em quando, para mostrar conexão com as ruas? Ou biojoias e roupas nacionais, de marcas que ensaiam práticas sustentáveis, para ressaltar a consciência em relação ao meio ambiente e apoiar o design local?

        A cada eleição no Brasil, torço muito para ser surpreendida com candidatas mulheres assumindo governos, dominando o Congresso, em sintonia com os anseios contemporâneos e com as necessidades sociais do país – de preferência, usando a moda para ajudá-las a expressar suas convicções e propósitos.

        Acho triste ver políticos se vestindo de forma pasteurizada. O uso obrigatório do terno no Congresso tem a ver com isso, já que a moda autêntica expõe verdades – convenientes ou não. Enquanto estão de terno, aparentemente são todos iguais. Imponentes, trabalhando dentro das convenções e mantendo a estrutura patriarcal que, infelizmente, domina nossa sociedade e se reflete no governo.

        Como diria Costanza Pascolato, as aparências realmente não enganam. Repare que, quando alguém tenta se disfarçar usando uma roupa sem convicção, seu estilo nunca parece ajustado. Ao contrário: em geral, a pessoa acaba transmitindo uma imagem incoerente, falsa.

       É que a moda joga na cara nossas intenções e crenças, mesmo quando não nos damos conta disso. Assim, pode funcionar como armadilha para os políticos (honestos) que, seguindo orientações de seus marketeiros, repetem uma fórmula que não lhes cabe no vestuário – e, enquanto fingem ser quem não são, acabam escondendo suas verdades.

      [...]

        Difícil de escapar quando o Regimento Interno do Congresso, em vigor entre 2019 e 2023, aconselha às congressistas que usem tailleurs ou vestidos e sapatos sociais. Essa orientação ao público feminino tem origem no fato de que as mulheres só puderam começar a usar calças compridas no plenário (pasmem!) em 1997. Ainda hoje, o uso de jeans, tênis e sandálias rasteiras é estritamente proibido por lá.

       Espelho de uma época, a moda reflete as transformações do mundo, do novo movimento feminista à urgência por diversidade, da equidade racial às causas LGBTQIAP+. Na posse da vice-presidente norte- -americana, Kamala Harris, o grande destaque foi a variedade de looks – a maioria de designers negros e mulheres – em tons de roxo, alusão ao movimento sufragista, desfilados por convidadas e pela própria.

        Recentemente também, o movimento Time’s Up, criado por atrizes, diretoras e produtoras de Hollywood, denunciou abuso e assédio sexual no meio, no Globo de Ouro de 2018, com todas de preto no tapete vermelho.

        Moda é exatamente sobre isso. Podemos nos vestir sem pensar o que nossas escolhas significam, ou fazer das roupas uma voz para defender nossos ideais. Não só os políticos, mas cada um de nós. Vale na vida, no look de tomar vacina ou votar – mas vale mais ainda na hora de escolher as pessoas que vão representar você a partir de janeiro. E sempre.


(Texto adaptado. Maria Rita Alonso, Revista Marie Claire, 16/02/2022. Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/Blogs/Maria-Rita-Alonso/noticia/2022/02/ moda-e-politica-e-reflete-transformacoes-no-mundo.html)

Assinale a alternativa em que a palavra estrangeira é popularmente utilizada em língua portuguesa por meio do processo de formação por derivação sufixal. 
Alternativas
Q3067783 Português

Leia o texto a seguir para responder à questão.


Moda é política e reflete as transformações no mundo


        Se você fosse presidente do Brasil, que tipo de roupa usaria? Terninho com tênis como a Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos? As cores fortes dos blazers da ex-chanceler da Alemanha, Angela Merkel? Vestiria um jeans, de vez em quando, para mostrar conexão com as ruas? Ou biojoias e roupas nacionais, de marcas que ensaiam práticas sustentáveis, para ressaltar a consciência em relação ao meio ambiente e apoiar o design local?

        A cada eleição no Brasil, torço muito para ser surpreendida com candidatas mulheres assumindo governos, dominando o Congresso, em sintonia com os anseios contemporâneos e com as necessidades sociais do país – de preferência, usando a moda para ajudá-las a expressar suas convicções e propósitos.

        Acho triste ver políticos se vestindo de forma pasteurizada. O uso obrigatório do terno no Congresso tem a ver com isso, já que a moda autêntica expõe verdades – convenientes ou não. Enquanto estão de terno, aparentemente são todos iguais. Imponentes, trabalhando dentro das convenções e mantendo a estrutura patriarcal que, infelizmente, domina nossa sociedade e se reflete no governo.

        Como diria Costanza Pascolato, as aparências realmente não enganam. Repare que, quando alguém tenta se disfarçar usando uma roupa sem convicção, seu estilo nunca parece ajustado. Ao contrário: em geral, a pessoa acaba transmitindo uma imagem incoerente, falsa.

       É que a moda joga na cara nossas intenções e crenças, mesmo quando não nos damos conta disso. Assim, pode funcionar como armadilha para os políticos (honestos) que, seguindo orientações de seus marketeiros, repetem uma fórmula que não lhes cabe no vestuário – e, enquanto fingem ser quem não são, acabam escondendo suas verdades.

      [...]

        Difícil de escapar quando o Regimento Interno do Congresso, em vigor entre 2019 e 2023, aconselha às congressistas que usem tailleurs ou vestidos e sapatos sociais. Essa orientação ao público feminino tem origem no fato de que as mulheres só puderam começar a usar calças compridas no plenário (pasmem!) em 1997. Ainda hoje, o uso de jeans, tênis e sandálias rasteiras é estritamente proibido por lá.

       Espelho de uma época, a moda reflete as transformações do mundo, do novo movimento feminista à urgência por diversidade, da equidade racial às causas LGBTQIAP+. Na posse da vice-presidente norte- -americana, Kamala Harris, o grande destaque foi a variedade de looks – a maioria de designers negros e mulheres – em tons de roxo, alusão ao movimento sufragista, desfilados por convidadas e pela própria.

        Recentemente também, o movimento Time’s Up, criado por atrizes, diretoras e produtoras de Hollywood, denunciou abuso e assédio sexual no meio, no Globo de Ouro de 2018, com todas de preto no tapete vermelho.

        Moda é exatamente sobre isso. Podemos nos vestir sem pensar o que nossas escolhas significam, ou fazer das roupas uma voz para defender nossos ideais. Não só os políticos, mas cada um de nós. Vale na vida, no look de tomar vacina ou votar – mas vale mais ainda na hora de escolher as pessoas que vão representar você a partir de janeiro. E sempre.


(Texto adaptado. Maria Rita Alonso, Revista Marie Claire, 16/02/2022. Disponível em: https://revistamarieclaire.globo.com/Blogs/Maria-Rita-Alonso/noticia/2022/02/ moda-e-politica-e-reflete-transformacoes-no-mundo.html)

As preposições, além de conectarem palavras ou orações, também sinalizam relações de sentido. Considerando isso e o contexto do texto, assinale a alternativa que contém o sentido da preposição em destaque no fragmento a seguir.
“Ou biojoias e roupas nacionais, de marcas que ensaiam práticas sustentáveis, PARA ressaltar a consciência em relação ao meio ambiente e apoiar o design local?”.
Alternativas
Q3067449 Português
Leia o texto a seguir:



Por que a geração Z e os millennials não atendem mais o telefone


"Olá, esta é a caixa postal de Yasmin Rufo. Por favor, não deixe mensagem, pois não vou ouvir, nem ligar de volta."

Infelizmente, esta não é a mensagem da minha caixa postal. Mas eu certamente gostaria que fosse, bem como a maior parte dos jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e dos millennials (nascidos entre 1981 e 1995).

Uma pesquisa recente concluiu que 25% das pessoas com 18 a 34 anos de idade nunca atendem o telefone. Os participantes responderam que ignoram o toque, respondem por mensagens de texto ou pesquisam o número online se for desconhecido.

A pesquisa do site Uswitch envolveu 2 mil pessoas. Ela também concluiu que cerca de 70% das pessoas com 18 a 34 anos preferem mensagens de texto a chamadas telefônicas.

Para as gerações mais velhas, falar ao telefone é normal. Meus pais passaram a adolescência brigando com seus irmãos pelo telefone fixo no corredor, o que só fazia com que toda a família ouvisse as suas conversas.

Já a minha adolescência foi passada em mensagens de texto. Fiquei obcecada por elas desde o momento em que ganhei meu Nokia cor-de-rosa de presente de aniversário, com 13 anos de idade.

Eu passava todas as noites depois da escola redigindo textos de 160 caracteres para os meus amigos.

Eu retirava todas as vogais e espaços desnecessários, até que a mensagem parecesse um grupo de consoantes aleatórias que os próprios serviços de inteligência teriam dificuldade de decifrar. Afinal, eu nunca iria pagar a mais para escrever 161 caracteres.

E, em 2009, as ligações telefônicas do meu celular custavam uma fortuna. "Nós não demos este telefone para você fofocar com suas amigas a noite inteira", relembravam meus pais sempre que recebiam minha conta telefônica, todos os meses.

Foi assim que surgiu uma geração de pessoas que só se comunicam por texto. As ligações por telefone celular eram para emergências e o telefone fixo era usado raramente para falar com os avós.


Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cwyw96x064eo. Acesso em: 31 ago. 2024.

Na palavra “INFELIZMENTE”, há:
Alternativas
Q3067447 Português
Leia o texto a seguir:



Por que a geração Z e os millennials não atendem mais o telefone


"Olá, esta é a caixa postal de Yasmin Rufo. Por favor, não deixe mensagem, pois não vou ouvir, nem ligar de volta."

Infelizmente, esta não é a mensagem da minha caixa postal. Mas eu certamente gostaria que fosse, bem como a maior parte dos jovens da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) e dos millennials (nascidos entre 1981 e 1995).

Uma pesquisa recente concluiu que 25% das pessoas com 18 a 34 anos de idade nunca atendem o telefone. Os participantes responderam que ignoram o toque, respondem por mensagens de texto ou pesquisam o número online se for desconhecido.

A pesquisa do site Uswitch envolveu 2 mil pessoas. Ela também concluiu que cerca de 70% das pessoas com 18 a 34 anos preferem mensagens de texto a chamadas telefônicas.

Para as gerações mais velhas, falar ao telefone é normal. Meus pais passaram a adolescência brigando com seus irmãos pelo telefone fixo no corredor, o que só fazia com que toda a família ouvisse as suas conversas.

Já a minha adolescência foi passada em mensagens de texto. Fiquei obcecada por elas desde o momento em que ganhei meu Nokia cor-de-rosa de presente de aniversário, com 13 anos de idade.

Eu passava todas as noites depois da escola redigindo textos de 160 caracteres para os meus amigos.

Eu retirava todas as vogais e espaços desnecessários, até que a mensagem parecesse um grupo de consoantes aleatórias que os próprios serviços de inteligência teriam dificuldade de decifrar. Afinal, eu nunca iria pagar a mais para escrever 161 caracteres.

E, em 2009, as ligações telefônicas do meu celular custavam uma fortuna. "Nós não demos este telefone para você fofocar com suas amigas a noite inteira", relembravam meus pais sempre que recebiam minha conta telefônica, todos os meses.

Foi assim que surgiu uma geração de pessoas que só se comunicam por texto. As ligações por telefone celular eram para emergências e o telefone fixo era usado raramente para falar com os avós.


Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cwyw96x064eo. Acesso em: 31 ago. 2024.

“Meus pais passaram a adolescência brigando com seus irmãos pelo telefone fixo no corredor, o que só fazia com que toda a família ouvisse as suas conversas” (5º parágrafo). Nesse trecho, as palavras destacadas são classificadas, respectivamente, como:
Alternativas
Q3067014 Português
Qual das opções abaixo não faz parte de uma estratégia argumentativa:
Alternativas
Q3067011 Português
Qual das palavras a seguir é um exemplo de neologismo:
Alternativas
Q3067010 Português
Possui o mesmo radical a seguinte sequência de palavras:
Alternativas
Q3066888 Português
O texto adiante também é de autoria do escritor Cristovão Tezza. Leia-o e, em seguida, responda:

BLOGUEIRO DE PAPEL
(Cristovão Tezza)


    Antigamente a desgraça das crianças na escola eram os gibis. Coisa pesada, só péssimos exemplos: o Tio Patinhas, aquela figura mesquinha, de um egoísmo atroz, interesseiro e aproveitador, explorador de parentes; o histérico Pato Donald, um eterno fracassado a infernizar os sobrinhos; Mickey, um sujeitinho chato, namorado da também chatíssima Minnie; Pateta, um bobalhão sem graça. O estranho é que não havia propriamente “família” – os tios e tias misteriosos, todos sem pai nem mãe. Walt Disney, esse complexo mundo freudiano, sob um certo ângulo, ou esse paladino do imperialismo capitalista, sob outro, foi a minha iniciação nas letras.
    O tempo passou, os marginais de Disney substituíram-se pelos integrados Cebolinha e seus amigos, todos vivendo pacificamente vidas normais, engraçadas e tranquilas em casas com quintal – e o vilão da escola passou a ser a televisão. Foram duas décadas, a partir dos anos 1970, agora sim, ágrafas. Com a conivência disfarçada de pais e mães (um alívio!), as crianças passavam horas diante da telinha. Estudar, que é bom, nada – é o que diziam. Acompanhei essa viagem desde a TV Paraná, canal 6, com transmissões ao vivo (não havia videoteipe) no estúdio da José Loureiro. Eu colecionava a revista TV Programas, assistia ao seriado Bat Masterson e aguardava ansioso a chegada de Chico Anysio, todas as quartas. Depois vieram a TV em cores, as redes nacionais, o barateamento do mundo eletrônico, e a famigerada telinha passou a ser o próprio agente civilizador do país – boa parte do Brasil via uma torneira pela primeira vez no cenário de uma novela das oito.
    E agora, com a internet, a palavra escrita voltou inesperada ao palco de uma forma onipresente. Não há uma página na internet sem uma palavra escrita; não há um só dia em que não se escreva muito no monitor, e não se leia outro tanto. Os velhos diários dos adolescentes de antanho voltaram em forma de blogues – a intimidade trancada na gaveta de ontem agora se escancara para o mundo. E, com ela, a maldição: ora já se viu – em vez de estudar, dá-lhe Orkut!
    Tio Patinhas era melhor? Não sei dizer, mas acho que há vilões muito mais graves que a internet. E sou suspeito, também fascinado pela novidade. É verdade que nunca me converti aos blogues, que sugam tempo e precisam ser alimentados todo dia, como gatos e cachorros. Mas cá estou eu, enfim, blogueiro a manivela, inaugurando minha vida de cronista.
[01/04/2008]
TEZZA, Cristovão. Um operário em férias, organização e apresentação Christian Schwartz; ilustrações Benett. – Rio de Janeiro: Record, 2013.
Releia e responda: “O estranho é que não havia propriamente “família” – os tios e tias misteriosos, todos sem pai nem mãe.” De acordo com as regras atinentes ao processo de formação de palavras, qual é o processo em que se enquadra a palavra grifada?
Alternativas
Q3066880 Português

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda:


Bichectomia, homoeomorfo e ninfoplastia

(Ruy Castro*)



    Nas últimas semanas, comecei a estranhar a incidência de palavras como sofrência, refrescância e picância no vocabulário das pessoas. Referiam-se respectivamente a sofrimento, refresco e picante. Não que estivessem erradas. Afinal, se temos ardência, ignorância e superabundância, por que não, como no mundo do futebol, valência, volância e centroavância, referindo-se aos valores (qualidades) de um jogador e às posições de volante e centroavante?

    O fato é que palavras antes nunca usadas estão entrando no nosso dia a dia como se não pudéssemos mais passar sem elas. Quem terá sido o primeiro a falar esta ou aquela? Como ela se propagou? Ninguém estranhou ao ouvi-la? Ou fez de conta que sabia do que se tratava? Eis algumas:

    Animicidade, aristopopulismo, bichectomia, bioestilador, cleptocracia, conspiritualidade, criptoassalto, cromoterapia, despolarização, ecocídio, economocrata, fibroplastia, flavorizante, hipergamia, hipomania, homoemorfo, hotelificação, informata, jogoteca, labioplastia, ludopatia, mastopexia, mentoria, microagulhamento, microfocagem, nepobaby, ninfoplastia, normopata, opinódromo, oxidativo, pornotortura, probiótico, reflexologia, reformômetro, romantasia, sináptico, sologamia, subótimo, supramáximo, tiktokização, tocofobia, e turbidez.

     Colhi todas essas palavras dos jornais dos últimos 30 dias, em textos que não se deram ao trabalho de defini-las. Note bem, todas são plausíveis, têm formação perfeita, e basta conhecer seus componentes para captar o seu significado, mas, que são esdrúxulas, são – e não me refiro a trocadilhos como jesuscidência, patriotário e neopentelhocostal, divertidos, mas, como todo trocadilho, infames.

    Confesso que boiei em algumas palavras e, ao ir ao dicionário, me surpreendi. Aliás, é o que lhe acontecerá se você for buscar o significado de, digamos, bichectomia, homoeomorfo ou ninfoplastia. Mas quero ver se algum deles nos dirá do que se tratam aruspicatório, carboxiterapia, criolipólise, fotoblastia, incretinomimético, mastócito, melasmítico, microbiota, lipocavitação, orofacial, picossegundo, tecarterapia e tranexâmico.


* Jornalista e escritor, Ruy Castro é autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e membro da Academia Brasileira de Letras Edição Digital do jornal Folha de São Paulo, de 22 de setembro de 2024.

Marque a alternativa CORRETA, de acordo com o texto:
Alternativas
Q3066879 Português

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda:


Bichectomia, homoeomorfo e ninfoplastia

(Ruy Castro*)



    Nas últimas semanas, comecei a estranhar a incidência de palavras como sofrência, refrescância e picância no vocabulário das pessoas. Referiam-se respectivamente a sofrimento, refresco e picante. Não que estivessem erradas. Afinal, se temos ardência, ignorância e superabundância, por que não, como no mundo do futebol, valência, volância e centroavância, referindo-se aos valores (qualidades) de um jogador e às posições de volante e centroavante?

    O fato é que palavras antes nunca usadas estão entrando no nosso dia a dia como se não pudéssemos mais passar sem elas. Quem terá sido o primeiro a falar esta ou aquela? Como ela se propagou? Ninguém estranhou ao ouvi-la? Ou fez de conta que sabia do que se tratava? Eis algumas:

    Animicidade, aristopopulismo, bichectomia, bioestilador, cleptocracia, conspiritualidade, criptoassalto, cromoterapia, despolarização, ecocídio, economocrata, fibroplastia, flavorizante, hipergamia, hipomania, homoemorfo, hotelificação, informata, jogoteca, labioplastia, ludopatia, mastopexia, mentoria, microagulhamento, microfocagem, nepobaby, ninfoplastia, normopata, opinódromo, oxidativo, pornotortura, probiótico, reflexologia, reformômetro, romantasia, sináptico, sologamia, subótimo, supramáximo, tiktokização, tocofobia, e turbidez.

     Colhi todas essas palavras dos jornais dos últimos 30 dias, em textos que não se deram ao trabalho de defini-las. Note bem, todas são plausíveis, têm formação perfeita, e basta conhecer seus componentes para captar o seu significado, mas, que são esdrúxulas, são – e não me refiro a trocadilhos como jesuscidência, patriotário e neopentelhocostal, divertidos, mas, como todo trocadilho, infames.

    Confesso que boiei em algumas palavras e, ao ir ao dicionário, me surpreendi. Aliás, é o que lhe acontecerá se você for buscar o significado de, digamos, bichectomia, homoeomorfo ou ninfoplastia. Mas quero ver se algum deles nos dirá do que se tratam aruspicatório, carboxiterapia, criolipólise, fotoblastia, incretinomimético, mastócito, melasmítico, microbiota, lipocavitação, orofacial, picossegundo, tecarterapia e tranexâmico.


* Jornalista e escritor, Ruy Castro é autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e membro da Academia Brasileira de Letras Edição Digital do jornal Folha de São Paulo, de 22 de setembro de 2024.

Dadas as assertivas:

I. Podem ocorrer transformações na configuração de um idioma, ao longo do tempo, e uma delas pode incidir na renovação de seu repertório vocabular;
II. No que diz respeito à organização lexical de uma língua, os trocadilhos têm a mesma estrutura e composição dos neologismos; e
III. Os neologismos especificados no texto, ainda que sejam estranhos, apresentam plausibilidade na sua composição e significação.

Está(Estão) correta(s) a(s) seguinte(s) assertiva(s), de acordo com o texto:
Alternativas
Q3066878 Português

Leia o texto abaixo e, em seguida, responda:


Bichectomia, homoeomorfo e ninfoplastia

(Ruy Castro*)



    Nas últimas semanas, comecei a estranhar a incidência de palavras como sofrência, refrescância e picância no vocabulário das pessoas. Referiam-se respectivamente a sofrimento, refresco e picante. Não que estivessem erradas. Afinal, se temos ardência, ignorância e superabundância, por que não, como no mundo do futebol, valência, volância e centroavância, referindo-se aos valores (qualidades) de um jogador e às posições de volante e centroavante?

    O fato é que palavras antes nunca usadas estão entrando no nosso dia a dia como se não pudéssemos mais passar sem elas. Quem terá sido o primeiro a falar esta ou aquela? Como ela se propagou? Ninguém estranhou ao ouvi-la? Ou fez de conta que sabia do que se tratava? Eis algumas:

    Animicidade, aristopopulismo, bichectomia, bioestilador, cleptocracia, conspiritualidade, criptoassalto, cromoterapia, despolarização, ecocídio, economocrata, fibroplastia, flavorizante, hipergamia, hipomania, homoemorfo, hotelificação, informata, jogoteca, labioplastia, ludopatia, mastopexia, mentoria, microagulhamento, microfocagem, nepobaby, ninfoplastia, normopata, opinódromo, oxidativo, pornotortura, probiótico, reflexologia, reformômetro, romantasia, sináptico, sologamia, subótimo, supramáximo, tiktokização, tocofobia, e turbidez.

     Colhi todas essas palavras dos jornais dos últimos 30 dias, em textos que não se deram ao trabalho de defini-las. Note bem, todas são plausíveis, têm formação perfeita, e basta conhecer seus componentes para captar o seu significado, mas, que são esdrúxulas, são – e não me refiro a trocadilhos como jesuscidência, patriotário e neopentelhocostal, divertidos, mas, como todo trocadilho, infames.

    Confesso que boiei em algumas palavras e, ao ir ao dicionário, me surpreendi. Aliás, é o que lhe acontecerá se você for buscar o significado de, digamos, bichectomia, homoeomorfo ou ninfoplastia. Mas quero ver se algum deles nos dirá do que se tratam aruspicatório, carboxiterapia, criolipólise, fotoblastia, incretinomimético, mastócito, melasmítico, microbiota, lipocavitação, orofacial, picossegundo, tecarterapia e tranexâmico.


* Jornalista e escritor, Ruy Castro é autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, e membro da Academia Brasileira de Letras Edição Digital do jornal Folha de São Paulo, de 22 de setembro de 2024.

As opções a seguir trazem alguns tópicos da classificação e do ordenamento gramatical da língua portuguesa, todavia APENAS UM está em consonância com a abordagem tratada no texto. Assinale-o:
Alternativas
Q3066713 Português
Leia o texto adiante e, em seguida, responda:

Solidariedade
(Ferreira Gullar)

Décio, poeta e filósofo radical, vive desde menino as contradições da condição humana. No quintal de sua casa, no Andaraí, observou uma turma de saúvas devastando uma planta. Com pena da planta, tratou de espantar as saúvas, mas com cuidado, para também não machucá-las. Pegava-as uma por uma e ia arrancando-as da pobre planta já bastante mutilada. Só que as saúvas eram muitas e não estavam dispostas a desistir de sua tarefa: enquanto tirava esta, aquela subia pelo caule, outra decepava um talo, outra fugia carregando um pedaço de folha, e a que ele tirara antes já voltava à planta. Nervoso e já perdendo a paciência, Décio compreendeu que a única maneira de salvar a planta era matar as saúvas. Diante dessa constatação, desistiu: por que haveria de salvar uma vida e eliminar muitas outras? Abandonou a planta à sanha das saúvas que, com mais rapidez ainda, a devastaram. É, pensou Décio, não tenho que intervir nesse processo natural, as saúvas também precisam de comer e, se não comerem plantas, morrerão de fome. Esse incidente contribuiu para mostrar-lhe a dura realidade da vida: um comendo o outro.

Mas isso não o tornou menos solidário com as pessoas e os seres que necessitam de ajuda. Ou seja, em lugar de fugir das contradições, Décio mergulha nelas, enfrenta-as como um Quixote, e sofre-lhes as consequências. Assim é que, numa viagem de ônibus do Rio para São Paulo, sentado no último banco, suportou sem reclamar a companhia de um bêbado que ora roncava, ora jogava-se sobre seu ombro, ora caía em seu colo e terminou por vomitá-lo todo. Finda a viagem, Décio, preocupado com seu incômodo companheiro de viagem, desceu com ele do ônibus, perguntou-lhe o endereço e o pôs atenciosamente num táxi.

Certa tarde, a mãe lhe pediu que fosse à rua fazer algumas compras para o jantar. Na esquina adiante, Décio vê caído na calçada um homem que ele, dias atrás, levara até o pronto-socorro do hospital Moncorvo Filho, ali perto: bêbado, ele sangrava com a testa quebrada. Agora, estava ali outra vez, de porre, o esparadrapo na testa. Décio aproximou-se, ajudou-o a se erguer e o aconselhou a ir para casa. O homem, que mal se mantinha em pé, apoiou-se no ombro de Décio. – Onde mora? – perguntou ele ao bêbado. – Ali. – Vou levar você lá – disse Décio, agarrando o homem de modo a poder conduzi-lo. Mal atravessaram a rua, o homem quis entrar no boteco em frente. Décio cedeu, ele pediu duas cachaças, sendo que uma era para o Décio, que não bebe nem chope. – Vai beber, compadre, ou não é meu amigo! Que remédio! Décio deu uma bicada na cachaça ordinária, cuspiu, esperou que o outro engolisse a sua dose e o arrastou para fora do botequim, depois de pagar a bebida com o dinheiro das compras, que, de seu, não tinha um tostão no bolso.

Para encurtar a conversa, chegaram na casa assobradada e velha onde morava o bêbado. Subiu com ele por uma escada íngreme como o Monte Santo, num esforço sobre-humano para evitar que seu protegido rolasse escada abaixo. Ao final da subida, deparou com um cômodo todo dividido por tabiques, lençóis estendidos e folhas de jornal, constituindo os diversos “quartos” onde moravam os hóspedes. Mas, no momento, quase todos em cuecas ou nus da cintura pra cima, formavam rodas de jogo: baralho, dama ou dominó. E o bêbado entendeu de apresentar o Décio a todos os presentes, interrompendo-lhes a jogatina. Era repelido com palavrões. Décio, constrangido, pedia desculpas pelo outro. Até que, não se sabe ao certo por quê, a casa foi invadida por policiais armados que levaram todo mundo em cana, inclusive Décio, que não pôde explicar o que fazia naquele antro de marginais.


GULLAR, Ferreira. Crônicas para jovens / seleção, prefácio e notas bibliográficas Antonieta Cunha. – 1ª ed. – São Paulo: Global, 2011. (Coleção Crônicas para jovens).
Releia e responda: “Subiu com ele por uma escada íngreme como o Monte Santo, num esforço sobrehumano para evitar que seu protegido rolasse escada abaixo.” Dê a classe gramatical da palavra em destaque:
Alternativas
Respostas
741: B
742: A
743: D
744: A
745: D
746: E
747: B
748: E
749: E
750: D
751: D
752: B
753: E
754: A
755: E
756: B
757: E
758: B
759: D
760: A