Questões de Concurso
Comentadas sobre pontuação em português
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DIFERENÇAS ESTRUTURAIS ENTRE CÉREBRO DE HOMENS E MULHERES PODE SER MITO, SUGERE ESTUDO COM NEUROIMAGENS
1 “O cérebro masculino é mais racional; o feminino, mais emotivo.” Quem já não ouviu esse senso comum? E, além
2 disso, há quem diga que homens são biologicamente mais propensos a seguir carreira na área das exatas e, as mulheres, no
3 campo das humanas. Um estudo feito na Universidade de Tel-Aviv, no entanto, sugere que essas percepções são superficiais
4 e, muito possivelmente, carregadas de vieses culturais. Com base no estudo de imagens do cérebro de mais de 1.400
5 pessoas, os cientistas descobriram que cérebros de homens e de mulheres compartilham uma miscelânea de formas, que
6 pareceriam variar mais de indivíduo para indivíduo do que de sexo para sexo.
7 Os neurocientistas encontraram algumas poucas diferenças estruturais. O hipocampo esquerdo – área associada
8 com a memória – costumava ser maior em homens, por exemplo. No entanto, houve uma quantidade significativa de
9 cérebros femininos em que essa região era do tamanho típico de um cérebro masculino. Por outro lado, em diversos
10 cérebros masculinos o hipocampo esquerdo era menor do que a média dos femininos.
11 Mas então por que homens e mulheres agem de forma tão diferente? Há base neurobiológica para isso? Segundo a
12 chefe de pesquisa, Daphna Joel, isso parece ser um mito. Sua equipe analisou dados sobre comportamentos estereotipados
13 de cada gênero, como jogar videogame e fazer artesanato. Os resultados também foram muito variados: apenas 0,1% dos
14 indivíduos tinha apenas comportamentos considerados femininos ou apenas comportamentos considerados masculinos.
15 Joel acredita que os resultados, publicados no Proceedings of the National Academy of Sciences, são um primeiro passo para
16 revolucionar a forma como o cérebro é compreendido pela comunidade científica e as percepções sobre gênero.
Na primeira linha do texto há uma passagem entre aspas e nas linhas 7 e 8 há outra passagem que aparece entre travessões. Essas duas ocorrências de pontuação, neste texto, devem ser interpretadas como
Leia o texto a seguir para responder às questões de 01 a 06.
LITERATURA PARA CURTIR NO BANHEIRO
O escritor japonês Koji Suzuki, autor da trilogia O Chamado, conseguiu que uma marca de papel higiênico no Japão publicasse uma de suas histórias de horror. Intitulado Drop, o conto fala de uma superstição japonesa sobre espíritos que habitam vasos sanitários. Cada rolo terá o conto impresso repetidas vezes. O representante da marca de papéis Hayashi Paper Corp não vê nada de anormal no lançamento, com a diferença que se pode ler uma boa história antes de usar o papel. Embora a empresa já tenha lançado outros tipos de papel com estampas e inscrições, é a primeira vez que o lançam com uma história impressa. Cerca de mil “exemplares” estão à venda em lojas, supermercados e pela internet. A ideia, no entanto, não é nova. Na versão espanhola do produto, já foram impressos trechos de literatura, teatro, poesia e até salmos da Bíblia.
Literatura para curtir no banheiro. Língua Portuguesa. S. Paulo: Segmento, Ano 4. n. 47. set. 2009. p. 9. Vírgulas.(Adaptado)
No texto, a palavra “exemplares” aparece entre aspas porque
Leia o texto a seguir e responda às questões de 11 a 20:
Português
A Língua Portuguesa ou apenas português é uma língua originada no galego-português, idioma falado no Reino da Galiza e no norte de Portugal. Os portugueses foram os primeiros europeus a lançar-se ao mar no período das Grandes Navegações Marítimas.
Em virtude dessa expansão marítima, motivada por questões comerciais, deu-se a difusão da língua nas terras conquistadas, entre elas, o Brasil, cuja língua primária é o português.
A influência da cultura portuguesa por aqui foi tamanha que acabou definindo o idioma oficial da terra recém-conquistada. O mesmo aconteceu em outras partes do mundo, principalmente na África, onde países como Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe utilizam, além de vários dialetos, a língua de Camões, Fernando Pessoa e de nosso genial Machado de Assis.
Além dos países africanos, o português chegou a Macau, Timor-Leste e em Goa, países asiáticos que também foram colonizados ou dominados por Portugal.
Hoje, a língua portuguesa é a 5ª língua mais falada no mundo e a mais falada no hemisfério sul da Terra, contando com aproximadamente 280 milhões de falantes em diferentes continentes.
De acordo com estimativas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, a UNESCO, o português, depois do inglês e do espanhol, é um dos idiomas que mais crescem entre as línguas europeias, além de ser a língua com maior potencial de crescimento como língua internacional na África e na América do Sul. Se as estimativas se confirmarem, é possível que, até o ano de 2050, nosso idioma conte com mais de 400 milhões de falantes ao redor do mundo!
O português, assim como vários outros idiomas, sofreu uma evolução histórica, fato que comprova a organicidade de nossa língua. Ao longo dos séculos, outras línguas e dialetos influenciaram sua composição, resultando no idioma tal qual o conhecemos hoje.
É importante ressaltar que o português brasileiro, hoje o mais estudado, falado e escrito no mundo, apresenta importantes diferenças em relação ao português falado em Portugal, especialmente no que diz respeito ao vocabulário, à pronúncia e à sintaxe.
Tais diferenças deram origem a dois padrões de linguagem diferentes, o que não significa que um seja mais correto do que o outro. Nossa língua é rica em variedades, e essas variedades, sobretudo regionais, não inviabilizam a sua compreensão, ainda que dificuldades pontuais possam acontecer.
Além das variações linguísticas, a língua portuguesa também possui diferentes registros, adotados de acordo com as necessidades comunicacionais dos falantes. Esses registros referem-se aos níveis de linguagem e estabelecem diferenças entre a linguagem culta (determinada pela norma-padrão) e a linguagem coloquial, empregada em diferentes situações de nosso cotidiano. Tais aspectos apenas comprovam a riqueza e a diversidade de nosso idioma, reforçando a importância de estudá-lo e compreendê-lo.
Fonte: Luana Castro. Disponível em: < +http://brasilescola.uol.com.br/portugues/>.
Na frase: “O país do "jeitinho" é a mais verdadeira das nossas realidades! Afinal, o negócio é levar vantagem em tudo, certo?”, os sinais de pontuação utilizados, em ordem sequencial, são:
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental
Por Pâmela Carbonari
01 Sabe aquele baixo astral que dá quando você fica muito tempo nas redes sociais? Não é só
02 com você. Além do tempo perdido, as horas que passamos conectados também afetam nossa
03 saúde mental. A coisa funciona como uma droga, afinal: quanto mais tempo você passa diante
04 do celular ou do computador, mais tempo você quer ficar.
05 A metáfora não é em vão. Redes sociais são mais viciantes que álcool e cigarro – é o que diz
06 a pesquisa realizada pela instituição de saúde pública do Reino Unido, Royal Society for Public
07 Health, em parceria com o Movimento de Saúde Jovem. E, dentre elas, o Instagram foi avaliado
08 como a mais prejudicial à mente dos jovens.
09 Os resultados mostram que 90% das pessoas entre 14 e 24 anos usam redes sociais mais do
10 que qualquer outro grupo etário, o que os torna ainda mais vulneráveis a seus efeitos colaterais.
11 Ao mesmo tempo, as taxas de ansiedade e depressão nessa parcela da população aumentaram
12 70% nos últimos 25 anos. Os jovens avaliados estão ansiosos, deprimidos, com a autoestima
13 baixa, sem sono, e a razão disso tudo pode estar na palma das mãos deles: nas redes sociais,
14 justamente.
15Ao longo da pesquisa, 1.479 indivíduos entre 14 e 24 anos tiveram que ranquear o quanto as
16 principais redes (Youtube, Instagram, Twitter e Snapchat) influenciavam seu sentimento de
17 comunidade, _________, ansiedade e solidão.
18 O estudo mostrou que o compartilhamento de fotos pelo Instagram impacta negativamente o
19 sono, a autoimagem e aumenta o medo dos jovens de ficar por fora dos acontecimentos e das
20 tendências. Segundo a pesquisa, o site menos nocivo é o YouTube, seguido do Twitter. Facebook
21 e Snapchat ficaram em terceira e quarta posição, respectivamente.
22 Apesar do Youtube ser um dos sites que mais deixam os jovens acordados até altas horas, o
23 site foi avaliado como o que menos prejudicou a comodidade dos participantes. Instagram, em
24 contrapartida, recebeu mais da metade das avaliações negativas. Sete em cada 10 voluntários
25 disseram que o app fez com que eles se sentissem pior em relação à própria autoimagem. Entre
26 as meninas, o efeito Instagram foi ainda mais devastador: nove em cada 10 se sentem infelizes
27 com seus corpos e pensam em mudar a própria aparência, cogitando, inclusive, procedimentos
28 cirúrgicos.
29A “vida perfeita” compartilhada nas redes sociais faz com que os jovens desenvolvam irreais
30 ______________ sobre suas próprias vivências. Não à toa, esse perfeccionismo atrelado à baixa
31 estima pode desencadear sérios problemas de ansiedade. Os pesquisadores advertem: os
32 usuários que passam mais do que duas horas diárias conectados em mídias sociais são mais
33 propensos a desenvolverem distúrbios de saúde mental, como estresse ___________. “As
34 plataformas que supostamente ajudam os jovens a se conectarem podem estar alimentando uma
35 crise de saúde mental”, afirmou a Royal Society for Public Heath, na divulgação dos resultados
36 da pesquisa.
Texto adaptado para essa prova - http://super.abril.com.br/sociedade/instagram-e-a-redesocial-mais-prejudicial-a-saude-mental/
Analise as seguintes assertivas sobre a pontuação do texto:
I. A vírgula da linha 06 e a primeira da linha 07 foram empregadas para separar um aposto.
II. A vírgula da linha 19 foi empregada para separar uma oração de caráter explicativo.
III. O emprego dos dois-pontos, linha 26, foi realizado com o intuito de indicar um resultado.
Quais estão corretas?
A questão 5 refere-se ao texto abaixo.
“Tingir o cabelo de uma cor berrante (1) fazer plástica (2) ou entrar no regime do divórcio (3) são algumas reações femininas comuns pós-separação. Como não precisa de nada disso (4) Grazi Massafera vai entrar como está (5) encabeçando a partir de abril o programa sobre beleza do canal GNT.”
Revista Veja, 26 fev. 2014. p. 75.
Quais os números entre parênteses que ocupam uma vírgula, pontuando adequadamente o texto acima, de acordo com a norma padrão da língua portuguesa?
A questão 4 refere-se ao texto abaixo.
“Toda língua é um tesouro social: não só o conjunto de suas regras gramaticais, mas todo o acervo produzido pelos desempenhos de uma língua.”
Umberto Eco
No texto, os dois-pontos
No trecho abaixo, também adaptado de Folha de S. Paulo (07/12/2016), conclui-se que há um:
“Indicadores como esse contribui para a compreensão de um dos dados mais chocantes das inúmeras tabelas divulgadas pela OCDE na terça-feira.”
Texto I
CIDADANIA E EDUCAÇÃO
1.Cidadania, palavra que pode ser empregada em muitos sentidos. Desde sua origem na Roma antiga, a idéia de cidadania está vinculada ao princípio de que os habitantes têm o direito de participar da vida política da sociedade. O termo vem da palavra latina civis, que significa "habitante", e civitatis, que dava a condição de cidadão aos habitantes. Ou seja, dava-lhes o direito de participar ativamente na vida e no governo do povo.
2.Novamente, como no modelo grego de democracia, a cidadania na Roma antiga não era atribuída a todos os habitantes. Em primeiro lugar, estrangeiros e escravos não eram cidadãos, denominação garantida somente aos romanos livres. Em segundo lugar, mesmo entre os romanos livres havia uma distinção entre a cidadania e a cidadania ativa. Enquanto a primeira era uma denominação dada à maioria dos romanos, incluídas nesse grupo todas as mulheres, a segunda, que dava o direito efetivo de participar das atividades políticas e da administração pública, era destinada a um pequeno grupo de romanos (homens) livres.
[...]
3.Em seu sentido tradicional, portanto, a cidadania expressa um conjunto de direitos e de deveres que permite aos cidadãos e cidadãs participar da vida política e da vida pública, podendo votar e ser votados, participar ativamente na elaboração das leis e exercer funções públicas, por exemplo. Partindo dessas ideias, podemos fazer um questionamento importante para a compreensão atual dos significados possíveis para cidadania: Será que a garantia de participação ativa na vida política e pública é suficiente para garantir a todas as pessoas o atendimento de suas necessidades básicas? Não acredito que a cidadania pressuponha apenas o atendimento das necessidades políticas e sociais, com o objetivo de garantir os recursos materiais que dêem uma vida digna às pessoas. Do meu ponto de vista é necessário que cada ser humano, para poder efetivamente participar da vida pública e política, se desenvolva em alguns aspectos que lhe dêem as condições físicas, psíquicas, cognitivas, ideológicas e culturais necessárias para uma vida saudável, uma vida que o leve à busca virtuosa da felicidade, individual e coletiva.
4.Entender a cidadania a partir da redução do ser humano a suas relações sociais e políticas não é coerente com a multidimensionalidade que nos caracteriza e com a complexidade das relações que estabelecemos com o mundo à nossa volta e com nós mesmos. Assim, a luta pela cidadania passa não apenas pela conquista de igualdade de direitos e de deveres a todos os seres humanos, mas também pela conquista de uma vida digna, em sua mais ampla concepção, para todos os cidadãos e cidadãs, habitantes do planeta. Tal tarefa, complexa por natureza, pressupõe a educação de todos, crianças, jovens e adultos, a partir de princípios coerentes com esses objetivos, com a intenção evidente de promover a cidadania pautada na democracia, na justiça, na igualdade, na equidade e na participação ativa de todos os membros da sociedade.
5.Nessa direção é imperativo uma “Educação para a cidadania”, elemento essencial para a democracia e que remete a algumas ideias de Machado (1997). Para esse autor “educar para a cidadania significa prover os indivíduos de instrumentos para a plena realização desta participação motivada e competente, desta simbiose entre interesses pessoais e sociais, desta disposição para sentir em si as dores do mundo”. (p. l06)
6.Estamos falando, portanto, da formação e da instrução das pessoas para sua capacitação à participação motivada e competente na vida política e pública da sociedade. Ao mesmo tempo, entendo que essa formação deva visar ao desenvolvimento de competências para lidar com a diversidade e o conflito de ideias, com as influências da cultura e com os sentimentos e emoções presentes nas relações do sujeito consigo mesmo e com o mundo. Além disso, deve garantir a possibilidade e a capacidade de indignação com as injustiças cotidianas. Nesse sentido, a educação para a cidadania e para a vida em uma sociedade democrática não pode se limitar ao conhecimento das leis e regras, ou a formar pessoas que aprendam a participar da vida coletiva de forma consciente.
7.É necessário algo mais, que é o trabalho para a construção de personalidades morais, de cidadãos e cidadãs autônomos que buscam de maneira consciente e virtuosa a felicidade e o bem pessoal e coletivo.
[...]
8.Trabalhar na formação desse cidadão e dessa cidadã pressupõe considerar as diferentes dimensões constituintes da natureza humana: a sociocultural, a afetiva, a cognitiva e a biofisiológica e atuar intencionalmente sobre elas. Atuar sobre a dimensão sociocultural pressupõe propiciar uma educação que leve as pessoas a conhecer criticamente os dados e fatos sobre a cultura e a realidade social em que estão inseridas, assim como ao domínio dos conteúdos essenciais ao exercício da cidadania, principalmente a língua e as matemáticas.
9.Atuar sobre a dimensão afetiva pressupõe oferecer condições para que as pessoas conheçam a si mesmas, seus próprios sentimentos e emoções, que construam o auto-respeito e valores considerados socialmente desejáveis. No caso da dimensão cognitiva, partimos do princípio de que a construção de determinadas capacidades intelectuais ou de formas mais complexas de organizar o pensamento é importante para a compreensão da realidade e para a organização das relações das pessoas com o mundo. Por fim, temos a dimensão biofisiológica, que é nosso próprio corpo, sede de nossa personalidade. Garantir seu desenvolvimento adequado, respeitando as diferenças e características individuais, é essencial para o enriquecimento de nossas experiências e para a interação com o mundo a nossa volta.
Fonte: ARAÚJO, Ulisses F. A construção de escolas democráticas: histórias sobre complexidade, mudanças e resistências. São Paulo: Moderna, 2002. p. 32-40.
Em diferentes partes do texto, o autor faz uso das aspas e dos parênteses. Esses elementos linguístico-gramaticais orientam o interlocutor em relação ao projeto de dizer do locutor.
Em relação ao uso das aspas e dos parênteses no texto, podemos dizer que
Leia o texto para responder às questões de números 01 a 09.
Não há como não ressaltar a fortíssima repercussão – e os aplausos – da encíclica Laudato Si, do papa Francisco, principalmente as questões ali relacionadas com meio ambiente – uma delas, a dos recursos hídricos. Também é instigante verificar a coincidência da encíclica em temas centrais – como o da água – com os enunciados na mesma semana por um novo documento da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.
Pode-se começar pela questão dos recursos hídricos, com base em estudos da Nasa decorrentes de registros de satélites (pesquisas de 2003 a 2013). Neles se ressalta que “o mundo caminha para a falta de água” e que 21 dos 37 maiores aquíferos subterrâneos do mundo “estão sendo exauridos em níveis alarmantes”, pois a retirada é maior que a reposição. E isso acontece simultaneamente com algumas das secas mais fortes da história, inclusive nos EUA e no Nordeste brasileiro.
A encíclica papal investe pesadamente contra a “crescente tendência à privatização” dos recursos hídricos no mundo, “apesar de sua escassez” – e tendendo a transformá-los “em mercadoria, sujeita às leis do mercado” –, o que prejudicaria muito os pobres. E a água continua a ser desperdiçada, em países ricos e nos menos desenvolvidos. O conjunto de causas leva a um aumento do custo de alimentos – a ponto de vários estudos indicarem um déficit de recursos hídricos em poucas décadas –, afetando “bilhões de pessoas”. Além disso, seria admissível pensar que “o controle da água por grandes empresas multinacionais de negócios” pode tornar-se “um dos fatores mais importantes de conflitos neste século”.
Essas causas podem levar também à dramática perda da biodiversidade, que se ressente ainda da ação de produtos químicos nas lavouras. Nesse ponto, a encíclica é muito direta e dura ao ressaltar que na Amazônia e na bacia do Congo “interesses globais, sob pretexto de proteger os negócios, podem solapar a soberania das nações”. Já há até – diz o documento – “propostas de internacionalização da Amazônia, que serviriam apenas aos interesses econômicos de corporações transnacionais”.
A encíclica papal e os estudos da Nasa são dois documentos que nos põem diante das questões cruciais para a humanidade nestes tempos conturbados. Não há como fugir a elas em nenhum lugar. Em termos de Brasil, convém que prestemos muita atenção a documentos como o da Pesquisa Nacional por Amostragem de Municípios, que aponta milhões de brasileiros vivendo na miséria e outras dezenas de milhões abaixo do nível de pobreza. A hora de agir é agora.
(Washington Novaes. O Estado de S. Paulo. 26.06.2015. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a pontuação foi empregada de acordo com a norma-padrão.
Texto para responder às questões de 01 a 15.
Muribeca
Lixo? Lixo serve pra tudo. A gente encontra a mobília da casa, cadeira pra pôr uns pregos e ajeitar, sentar. Lixo pra poder ter sofá, costurado, cama, colchão. Até televisão.
É a vida da gente o lixão. E por que é que agora querem tirar ele da gente? O que é que eu vou dizer pras crianças? Que não tem mais brinquedo? Que acabou o calçado? Que não tem mais história, livro, desenho?
E o meu marido, o que vai fazer? Nada? Como ele vai viver sem as garrafas, sem as latas, sem as caixas? Vai perambular pela rua, roubar pra comer? E o que eu vou cozinhar agora? Onde vou procurar tomate, alho, cebola? Com que dinheiro vou fazer sopa, vou fazer caldo, vou inventar farofa?
Fale, fale. Explique o que é que a gente vai fazer da vida? O que a gente vai fazer da vida? Não pense que é fácil. Nem remédio pra dor de cabeça eu tenho. Como vou me curar quando me der uma dor no estômago, uma coceira [...]? Vá, me fale, me diga, me aconselhe. Onde vou encontrar tanto remédio bom? E esparadrapo e band-aid e seringa?
O povo do governo devia pensar três vezes antes de fazer isso com chefe de família. Vai ver que eles tão de olho [...] aqui. Nesse terreno. Vai ver que eles perderam alguma coisa. É. Se perderam, a gente acha. A gente cata. A gente encontra. Até bilhete de loteria, lembro, teve gente que achou. Vai ver que é isso, coisa da Caixa Econômica. Vai ver que é isso, descobriram que lixo dá lucro, que pode dar sorte, que é luxo, que lixo tem valor.
Por exemplo, onde a gente vai morar, é? Onde a gente vai morar? Aqueles barracos, tudo ali em volta do lixão, quem é que vai levantar? [...] Esse negócio de prometer casa que a gente não pode pagar é balela, é conversa pra boi morto. Eles jogam a gente é num esgoto. Pr'onde vão os coitados desses urubus? A cachorra, o cachorro?
[...] Isso tudo aqui é uma festa. Os meninos, as meninas naquele alvoroço, pulando em cima de arroz, feijão. Ajudando a escolher. A gente já conhece o que é bom de longe, só pela cara do caminhão. Tem uns que vêm direto de supermercado, açougue. Que dia na vida a gente vai conseguir carne tão barato? Bisteca, filé, chã-de-dentro – o moço tá servido? A moça?
Os motoristas já conhecem a gente. Têm uns que até guardam com eles a melhor parte. É coisa muito boa, desperdiçada. Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda. [...]
Agora, o que deu na cabeça desse povo? A gente nunca deu trabalho. A gente não quer nada deles que não esteja aqui jogado, rasgado, atirado. A gente não quer outra coisa senão esse lixão pra viver. Esse lixão para morrer, ser enterrado. Pra criar os nossos filhos, ensinar o nosso ofício, dar de comer. Pra continuar na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Não faltar brinquedo, comida, trabalho.
Não, eles nunca vão tirar a gente deste lixão. Tenho fé em Deus, com a ajuda de Deus eles nunca vão tirar a gente deste lixo. Eles dizem que sim, que vão. Mas não acredito. Eles nunca vão conseguir tirar a gente deste paraíso.
FREIRE, Marcelino. Angu de sangue. Cotia:Ateliê, 2000. p. 23-5.
A elaboração do texto escrito envolve uma série de decisões relativas ao emprego dos sinais gráficos. No trecho “Tanto povo que compra o que não gasta – roupa nova, véu, grinalda.”, o travessão foi usado para:
Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 15 a 20.
Os Estados Unidos, como organização social e política, são comprometidos com uma visão alegre da vida. Não poderia ser diferente. A noção de tragédia é um luxo reservado a sociedades aristocráticas, nas quais a sorte do indivíduo não é entendida como tendo uma importância política legítima, sendo determinada por uma ordem moral ou destino imutável e suprapolítico – ou seja, não controverso.
Sociedades modernas e igualitárias, no entanto, sejam de posicionamento político democrático ou autoritário, baseiam-se sempre na premissa de que estão tornando a vida mais feliz; a função declarada do Estado moderno, pelo menos originalmente, não seria apenas regulamentar as relações sociais, mas também estabelecer a qualidade e as possibilidades da vida humana em geral.
A felicidade, portanto, torna-se questão política primordial – de alguma maneira, a única questão –, e por esse motivo não pode se tornar um problema. Se um norte-americano ou um russo é infeliz, isso implica certa reprovação da sociedade a que ele pertence.
Portanto, devido a uma lógica cuja necessidade todos reconhecemos, vira uma obrigação cidadã ser alegre; se as autoridades acreditam que é necessário, o cidadão pode até ser compelido a fazer demonstrações públicas, em ocasiões especiais, de sua felicidade, assim como em tempos de guerra ele pode ser constrangido a entrar para o exército.
(Adaptado de: WARSHOW, Robert. “O gângster como herói trágico”, Serrote, p. 109)
Atente para as frases abaixo sobre a pontuação do texto.
I. Pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente após “assim” em ...assim como em tempos de guerra... (4º parágrafo), uma vez que se trata de advérbio conclusivo.
II. No segmento Não poderia ser diferente. A noção de tragédia... (1º parágrafo), o ponto final pode ser substituído por dois-pontos, com as devidas alterações de maiúscula para minúscula.
III. No segmento ...imutável e suprapolítico – ou seja, não controverso... (1º parágrafo), o travessão pode ser substituído por ponto e vírgula.
Está correto o que se afirma em
“Comece pelo começo”, disse o rei, muito grave, “e siga adiante até chegar ao fim: então, pare e ponto”.
(Lewis Carroll, As Aventuras de Alice no país das maravilhas)
Alterando-se a pontuação, a frase se mantém correta em:
Atenção: Considere o texto abaixo para responder às questões de números 1 a 11.
Diminuto feito grão de poeira, mera mancha de caneta, migalha no teclado, o ponto final é o sumo magistrado de nossos sistemas de escrita, ainda à espera de ser cantado em verso. Sem ele, não haveria fim para o sofrimento do jovem Werther e as viagens do hobbit jamais se completariam. Sua presença permitiu que Henri Michaux comparasse nossa essência a “um ponto que a morte devora”.
Ele coroa o pensamento que se completa, propicia a quimera de uma conclusão e guarda certa altivez que, como a de Napoleão, provém de seu tamanho minúsculo. Ansiosos por seguir em frente, não precisamos de nada que assinale o início, mas precisamos saber onde parar: esse pequeno memento mori, “lembrança da morte”, faz recordar que para tudo há de ter um fim, inclusive para nós mesmos. Como um professor sugeriu, um ponto final é “sinal de um sentido que se perfaz e de uma frase perfeita”.
A necessidade de indicar o fim de uma frase escrita é talvez tão velha quanto a própria escrita, mas a solução, sucinta e prodigiosa, não se estabeleceu até o Renascimento italiano. Por séculos, a pontuação fora assunto irremediavelmente errático.
Já no século I d.C., Quintiliano propunha que a frase além de expressar uma ideia completa devia ainda ser pronunciada de um só fôlego. Por muito tempo os escribas pontuaram os textos com todo o tipo de sinais e símbolos, de um simples espaço em branco a toda uma variedade de pontos e barras.
No começo do século 5 d. C., São Jerônimo, tradutor da Bíblia, concebeu um sistema que assinalava cada unidade de sentido por meio de uma letra que avançava para fora da margem, como indicando um novo parágrafo.
Três séculos mais tarde, o “ponto” era usado para indicar tanto uma pausa no interior da frase como o fim da frase propriamente dito. Valendo-se de convenções tão confusas assim, os escritores não tinham como esperar que o público lesse determinado texto conforme as intenções do autor.
Então, no ano de 1556, Aldo Manuzio, o Jovem, em seu manual de pontuação, Interpungendi ratio, caracterizou pela primeira vez a função e o aspecto definitivo do ponto final. Queria escrever um manual para tipógrafos; não tinha como saber que legava a nós as dádivas de sentido e música de toda a literatura por vir.
(Adaptado de: MANGUEL, A. “Ponto final”, Serrote, jul. 2012)
As frases abaixo referem-se à pontuação do texto.
I. No segmento ...de sinais e símbolos, de um simples espaço... (4º parágrafo), a vírgula pode ser substituída por dois-pontos, uma vez que a ela se segue uma explicação.
II. No segmento ...manual de pontuação, Interpungendi ratio... (último parágrafo), com a supressão da vírgula entenderíamos que Aldo Manuzio escreveu mais de um manual de pontuação.
III. No segmento ...o sofrimento do jovem Werther e as viagens do hobbit... (1º parágrafo), o acréscimo de uma vírgula imediatamente após Werther comprometeria a correção da frase.
Está correto o que se afirma em
Como prejuízo, a perda de dois itens cobiçados: tempo e dinheiro.
Os dois pontos foram empregados, nesse texto, para:
Leia o texto a seguir para responder às questões de 1 a 10.
O Brasil registrou crescimento exponencial no número de mulheres presas. Entre 2000 e 2016, o encarceramento feminino passou de 6 mil para 42.355, impactantes 656% de aumento. Os dados foram compilados pelo Departamento Penitenciário Nacional, órgão ligado ao Ministério Extraordinário da Segurança Pública. Desse total, metade tem até 29 anos e 62% dos crimes estão relacionados ao tráfico de drogas.
“Há um crescimento industrial das prisões no país e, em geral, falamos dos presos homens. Os números alarmantes mostram a urgência em falar da condição da mulher no sistema carcerário”, afirmou Henrique Apolinário, advogado e assessor do programa de violência institucional da Conectas.
O Brasil é o quarto país que mais encarcera mulheres no mundo – atrás de Estados Unidos, China e Rússia. Divulgado na quinta-feira (10 de maio), o relatório foi retirado da página do Depen logo depois, apesar de o link para acessá-lo permanecer ativo. Por nota, o Ministério “confirma a necessidade de equilíbrio entre a priorização das políticas de alternativas penais e a construção e/ou reforma de unidades prisionais” diante do crescimento da população encarcerada. O impacto “afeta diretamente a possibilidade de oferta de serviços adequados, desde a falta de vagas até a oferta das assistências.”.
Os dados evidenciam a superlotação dos presídios. Em junho de 2016, havia apenas 27.029 vagas no sistema prisional para acomodar as mais de 42 mil detentas.
Seguindo o parâmetro do International Centre for Prision Studies, o número de mulheres encarceradas para cada grupo de 100 mil habitantes é maior no estado de Mato Grosso. Lá, são 113 mulheres presas para cada grupo de 100 mil. A média nacional é 40,6.
Há, ainda, uma disparidade entre o aprisionamento de mulheres brancas e negras. No país, o número de mulheres brancas presas é de 40 a cada 100 mil. Entre as negras, o total é de 62 para cada 100 mil.
Mais que um retrato do encarceramento feminino, o levantamento enumera as fragilidades do sistema. Quase metade das mulheres, 45%, estão detidas sem julgamento ou condenação – em 2014, eram 30,1%. No Amazonas, são 81%; em Sergipe, 79%; e, na Bahia, 71%. No Rio de Janeiro e em São Paulo, são 45% e 41%, respectivamente.
Na avaliação de especialistas, a mudança na política de combate às drogas, adotada em 2006, foi o combustível para o aumento das prisões femininas. A legislação mudou o jeito de lidar com usuários e traficantes. Enquanto o usuário tem pena alternativa ao invés de ser preso, o traficante é punido com prisão – na prática, afirmam, todos os casos passaram a ser enquadrados como tráfico. “A legislação é imprecisa, e usuárias ou mulheres em posições marginais no tráfico acabam encarceradas como traficantes em vez de terem a prisão preventiva substituída pela medida cautelar ou, em última instância, pela domiciliar” afirmou Roberta Canheo, pesquisadora do Instituto Terra, Trabalho e Cidadania no Programa Justiça Sem Muros.
A taxa de suicídio entre presas é 20 vezes maior que a média nacional. Muitos fatores influenciam o sofrimento psicológico atrás das grades. Entre eles, está a falta de informação sobre a situação prisional e o tempo da pena, a violência física e emocional a que são submetidas e o abandono da família e dos amigos. “É uma fonte inesgotável de angústia”, disse Canheo. Em nota, o Depen afirmou que “está construindo projeto específico para combate ao suicídio de mulheres nas cadeias brasileiras, incluindo também a população de mulheres trans.”
O relatório mostrou que três em cada quatro mulheres presas são mães. “As mulheres são arrimo de família. O encarceramento delas impacta filhos, avós”, afirmou Apolinário, da Conectas. E há ainda as gestantes. Nos estados de Rio Grande do Norte, Roraima e Tocantins não existem celas ou dormitórios adequados para grávidas. E apenas 14% das unidades prisionais femininas ou mistas têm berçário ou um centro de referência materno-infantil. O Depen afirmou que tem trabalhado pela implementação de penas alternativas e monitoramento eletrônico.
LAZZERI, Thais. The Intercept. Disponível em: < https://bit.ly/2Kp6La8 >. Acesso em: 22 maio 2018 (fragmento adaptado).
A norma-padrão admite que, em algumas situações, a vírgula pode ser retirada das orações sem constituir um desvio gramatical.
A(s) vírgula(s) dos trechos a seguir pode(m) ser suprimidas de acordo com a norma-padrão, exceto em:
O texto abaixo é referência para as questões 12 a 14.
Quase todo mundo é ansioso. Segundo a Associação Internacional de Controle do Stress (ISMA), 72% dos trabalhadores brasileiros são estressados. Mais da metade da população está acima do peso e tem problemas de sono – hoje se dorme 1h30 a menos, por noite, que na década de 1990. E nunca houve tanta gente, no mundo, sofrendo de depressão. De onde vem tudo isso? Cada um desses problemas tem suas próprias causas. Mas novos estudos têm revelado um ponto em comum entre todos eles: a sua barriga.
Dentro do sistema digestivo humano existe o que alguns pesquisadores já chamam de “segundo cérebro”, com meio bilhão de neurônios e mais de 30 neurotransmissores (incluindo 50% de toda a dopamina e 90% da serotonina presentes no organismo). Tudo isso para controlar uma função essencial do corpo: extrair energia dos alimentos. Mas novas pesquisas estão revelando que não é só isso. Os neurônios da barriga podem interferir, sem que você perceba, com o cérebro de cima, o da cabeça – afetando o seu comportamento, as suas emoções e até o seu caráter. […]
Outros estudos já encontraram relação entre a falta de lactobacillus e doenças como depressão e anorexia. Esses microorganismos ajudam a manter a camada de muco que protege o intestino. Quando eles não estão presentes, essa barreira fica mais fraca, e surgem pequenas inflamações no intestino – que são encontradas em 35% das pessoas deprimidas. Para tentar entender o porquê, os cientistas autores da descoberta injetaram lactobacilos em ratos. As bactérias protegeram o intestino e produziram efeitos semelhantes aos de remédios antidepressivos.
(Disponível em: < https: seu-segundo-cerebro="" saude="" super.abril.com.br="" >. Acesso em 05, set. 2018.)
Sobre a pontuação do texto, considere as seguintes afirmativas:
1. Na primeira linha do texto, os parênteses foram usados para introduzir uma explicação do termo anterior.
2. No segundo parágrafo, a expressão “segundo cérebro” foi escrito entre aspas para demarcar um deslocamento do sentido usual da palavra.
3. No último parágrafo, o termo lactobacillus foi registrado em itálico por se tratar de um termo científico.
Assinale a alternativa correta.
Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.
As máquinas inteligentes e suas regras
01---------Em 1950, o cientista Alan Turing (1912-1954) criava um experimento que entraria para a
02--história. No famoso Teste de Turing, descrito no artigo Computing Machinery and Intelligence, o
03--britânico propunha que um computador e um humano respondessem ____ mesmas perguntas.
04--Caso o interrogador não conseguisse diferenciá-los, a máquina passava no teste, provando a sua
05--inteligência. Com sua validade questionada pela comunidade científica de hoje, o experimento
06--trouxe ____ tona uma indagação perturbadora: a máquina superará o ser humano? Passadas
07--mais de cinco décadas, a questão ainda ressoa na esfera pública, principalmente devido à
08--automação de atividades cotidianas, do transporte ao cuidado de idosos e crianças.
09---------Entu__iasta dos avanços tecnológicos, o docente do Instituto de Informática da
10--Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Edson Prestes, defende que a revolução robótica em
11--curso trará muitos benefícios. Porém, a sociedade civil precisa estar atenta, zelando pela
12--manutenção dos direitos humanos. “É consenso que robôs coe__istirão com os homens nos mais
13--variados ambientes, com as mais variadas funções. Eles impactarão certamente as nossas vidas.
14--A questão que é necessária responder é: de que forma? Se desenvolvermos robôs sem qualquer
15noção ética, certamente o impacto será negativo”, ressalta.
16---------O pesquisador integra a Global Initiative for Ethical Considerations in Artificial Intelligence
17--and Autonomous Systems, iniciativa que reúne especialistas de todo o globo para debater os
18--desafios da inteligência artificial. Essa discussão já toma forma com o desenvolvimento dos carros
19--autônomos, que não necessitam de motorista. Nos últimos dez anos, empresas de tecnologia,
20--como o Google e a Apple, e as tradicionais montadoras têm investido no setor, em uma corrida
21--para chegar ao mercado. Mais do que um benefício para quem não gosta de guiar, a promessa é
22--que esses veículos sejam mais seguros. Segundo estudo da consultoria McKinsey & Company, os
23--carros autônomos poderiam reduzir em 90% o número de acidentes, os quais são causados nos
24--dias de hoje principalmente por falhas humanas como e__esso de velocidade, consumo de álcool
25--e fadiga.
26---------Imune _____ distrações, os novos automóveis trariam benefícios inegáveis. No entanto, há
27--um fator que torna a equação um pouco mais complexa: o acaso. Como o veículo agirá se, por
28--exemplo, um pedestre aparecer de repente em seu percurso? Atropelará ____ pessoa ou desviará
29--para outro local pondo a vida do passageiro em risco? Segundo o gerente de estratégia da Ford,
30--Luciano Driemeier, situações como essas exigiriam a criação de normas de conduta. “O código de
31--ética é uma questão de toda a indústria. Precisamos de abordagens e discussões consistentes, e
32--de todas as partes interessadas – incluindo governo, indústria automobilística, suprimentos,
33--companhias de seguros e grupos de defesa dos consumidores”, afirma.
34---------O físico, astrônomo e docente da universidade norte-americana Dartmouth College,
35--Marcelo Gleiser, concorda que o padrão de conduta dos veículos autônomos deve ser discutido por
36--grupos multidisciplinares, incluindo filósofos especializados em ética. “A boa notícia é que, dada a
37--imparcialidade da máquina, muito provavelmente a melhor decisão será salvar o maior número de
38--vidas possível”, comenta. Esse fator também é ressaltado pelo gerente de projetos da BMW,
39--Henrique Miranda. Ele argumenta que, ao contrário do motorista, a máquina não age “por instinto
40--de sobrevivência”. “O objetivo da tecnologia não é escolher entre vidas, mas proteger todas as
41--vidas”, afirma.
42---------Para que esses carros possam ser inseridos no mercado, também será necessário criar
43--novas leis. Atualmente, por exemplo, ainda não há uma definição clara de quem seria
44--responsabilizado – a empresa ou o passageiro – caso o veículo provoque um acidente.
45--Recentemente, o governo alemão deu o primeiro passo nesse sentido, anunciando uma série de
46--diretrizes relacionadas ao uso de carros autônomos. Outras nações devem seguir o exemplo,
47--e__pandindo a regulamentação para outras áreas. “Diversos grupos em universidades já estão
48--discutindo que regras deveriam guiar o trabalho dos robôs. Afinal, se conseguirmos de fato
49--construir máquinas inteligentes, como garantir que elas seguirão nossas regras e não as delas?”,
50--indaga Gleiser.
(Fonte: Mariana Tessitore – Revista da Cultura – Disponível em:
https://www.livrariacultura.com.br/revistadacultura/reportagens/etica-e-tecnologia - adaptação)
Analise as assertivas a seguir no que tange ao emprego correto dos sinais de pontuação.
I. Na linha 44, a ocorrência dos travessões indica a inserção de um discurso direto intercalado.
II. Nas linhas 12 e 15, o emprego das aspas indica a reprodução do enunciado de outra pessoa de maneira indireta.
III. Na linha 14, o emprego dos dois pontos indica a ocorrência de uma estrutura explicativa.
Quais estão corretas?
Incêndio do Museu Nacional é vitória da intolerância e morte do conhecimento
Na noite de domingo, 2 de setembro, na Quinta da Boa Vista, o cenário era de perplexidade diante da dimensão catastrófica do incêndio do Museu Nacional. A polícia tentava barrar pessoas indignadas que vinham oferecer seus braços para remediar a tragédia, alguns professores, estudantes e funcionários montaram vigília e estavam lá estarrecidos ao verem seus trabalhos de vida ardendo em chamas.
(...)
No ar, um misto de tristeza profunda e revolta. Raiva, indignação. Alguns estudantes e pesquisadores ali na frente do Museu, ora choravam, ora expressavam raiva pura diante desse crime premeditado: o incêndio é um crime contra a história do Brasil, contra a luta por direitos, contra a ciência que poderia produzir um conhecimento para uma vida melhor, ajudar a combater as mudanças climáticas, a mudar nosso modo de se relacionar com o planeta e a deixar o mundo habitável para as futuras gerações, e menos desigual, menos injusto. Um epistemicídio anunciado, que caminha ao lado do genocídio em marcha. Um projeto de país que se funda na destruição.
O fogo no Museu Nacional é uma das maiores tragédias da humanidade - sim, muito além do Brasil -, é como a queima da Biblioteca de Alexandria da história do Brasil, da história da fauna, da flora, da história dos povos indígenas, da colonização... É uma destruição de memórias, de livros, de peças, de artefatos, de áudios, de imagens, de fósseis que sobreviveram a milhares de anos, de vidas inteiras dedicadas à pesquisa, de conhecimento acumulado para a humanidade, um acervo imprescindível para as futuras gerações. Mataram o conhecimento e, nesse sentido, provocaram um epistemicídio.
Ainda que não exista até o momento a determinação das causas do incêndio, certamente as condições para que ele ocorresse de forma tão devastadoras é sim um crime. E ao mesmo tempo, reflexo do País que nos tornamos, um país bruto, insensível, ignorante, desigual, autoritário.
(...)
Agora, o governo anuncia postumamente que havia fechado um acordo com o BNDES de cerca de 20 milhões de reais para a infraestrutura básica — enquanto isso, ali do lado do Museu Nacional, era transtornador ver o Estádio do Maracanã que recebeu mais de um bilhão poucos anos atrás. Há um descompasso tremendo.
E não foram apenas peças do acervo do Museu Nacional que foram corroídas: havia milhares de peças de outros museus e centros de pesquisas, como, por exemplo, cabeças esculpidas pelo povo mundurucu, que pertenciam ao Museu Paraense Emílio Goeldi e haviam sido emprestadas para uma exposição há cerca de cem anos. Era um museu verdadeiramente nacional.
As primeiras notas emitidas pelo governo mancham suas próprias mãos. Era anunciado o risco, ameaças de fechamento do museu, cortes nas bolsas dxs pesquisadrxs e o governo sabia que estava deixando o país inteiro exposto com os cortes irresponsáveis.
O estrangulamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro, os cortes seguidos do governo federal, o descaso, o desdém não são apenas falta de interesse, mas sim “um projeto”, como já disse Darcy Ribeiro.
Por isso, um epistemicídio, a morte do conhecimento, que caminha lado a lado, como publiquei nessa coluna há uma semana, ao genocídio em curso dos povos indígenas, da população jovem negra, e do crescente fascismo.
Destruir o Museu Nacional é uma vitória da intolerância, do Brasil escravista e colonizador, talvez esses alguns fantasmas que podem ter sido exumados pelo fogo e que estão vivendo tão junto na nossa contemporaneidade.
(https://www.cartacapital.com.br/sociedade/incendio-do-museu-nacional-e-vitoria-da-intolerancia-e-morte-do-conhecimento) Adaptado
Mataram o conhecimento e, nesse sentido, provocaram um epistemicídio. Assinale a alternativa que o uso da vírgula seja justificado pela mesma regra acima:
(Leia o texto abaixo para responder as próximas oito (08) questões):
1 Condenado como integrante do grupo
extremista autodeclarado Estado Islâmico
(EI), Aines Davis é parte de uma tendência
preocupante de criminosos comuns europeus
5 que se tornam jihadistas violentos. Antes,
Davis vendia drogas e andava armado pelo
bairro de Hammersmith no oeste de
Londres. Ele chegou a ser condenado
diversas vezes por sua atuação como
10 traficante
Após ser preso em 2006 por porte ilegal de
arma, Davis tentou deixar para trás a vida de
crimes, e se converteu ao islã. Mas acabou se
radicalizando. Aine Davis representa uma
15 tendência preocupante de criminosos
comuns que deixam países ocidentais para
se tornar jihadistas violentos no Oriente
Médio.
Davis negou que fazia parte do Estado
20 Islâmico, dizendo à Justiça britânica que as
histórias sobre sua atuação como extremista
eram falsas. Também negou ser o chefe da
unidade responsável pelos reféns: "Não sou
do El. Fui para a Síria porque há opressão no
25 meu país".
(Adaptado de O Globo, 10/05/2017)
No Texto, há erro gramatical relacionado à pontuação. Para que ele seja corrigido, é necessário efetuar a seguinte alteração:
Eu sei, mas não devia
Marina Colassanti
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma ___ não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, ___ medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez vai pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir ____ comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma ____ poluição. ____ salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter _________ uma planta.
A gente se acostuma ____ coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e ____ no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não ____ muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar ____ pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Assinale a alternativa CORRETA: