Questões de Português - Pontuação para Concurso

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Q2782242 Português

Atenção: Para responder às questões de números 11 a 15, considere o texto abaixo.


[Um leopardo no Kilimanjaro]


O Kilimanjaro é aquela montanha na África onde, segundo Hemingway disse num conto*, um dia encontraram a carcaça congelada de um leopardo perto do cume, e nunca ficaram sabendo o que o leopardo fazia por lá. O leopardo de Hemingway já foi considerado símbolo de muitas coisas: espírito de aventura, a busca solitária do inalcançável, a imprevisibilidade do comportamento humano, a pretensão ou a simples inquietação que move bichos e artistas.

Num mundo ameaçado de afogamento pelo degelo causado pelo aquecimento global, o leopardo de Hemingway também pode simbolizar o instinto suicida que nos trouxe a este ponto. O próprio Kilimanjaro é um termômetro assustador do efeito estufa cujas consequências e combate se discutiram na Conferência de Bali. O pico do monte já perdeu mais de 80 por cento de sua cobertura de neve nos últimos noventa anos e o cálculo é que a neve desaparecerá por completo nos próximos vinte.



* “As neves do Kilimanjaro”, conto do escritor norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961)

(Verissimo, Luis Fernando. O mundo é bárbaro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p. 121)

Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase:

Alternativas
Q2781818 Português

O sequestro das palavras


Gregório Duvivier


___Vamos supor que toda palavra tenha uma vocação primeira. A palavra mudança, por exemplo, nasceu filha da transformação e da troca, e desde pequena servia para descrever o processo de mutação de uma coisa em outra coisa que não deixou de ser, na essência, a mesma coisa – quando a coisa é trocada por outra coisa, não é mudança, é substituição. A palavra justiça, por exemplo, brotou do casamento dos direitos com a igualdade (sim, foi um ménage): servia para tornar igual aquilo que tinha o direito de ser igual, mas não estava sendo tratado como tal.

___No entanto as palavras cresceram. E, assim como as pessoas, foram sendo contaminadas pelo mundo à sua volta. As palavras, coitadas, não sabem escolher amizade, não sabem dizer não. A liberdade, por exemplo, é dessas palavras que só dizem sim. Não nasceu de ninguém. Nasceu contra tudo: a prisão, a dependência, o poder, o dinheiro – mas não se espante se você vir a liberdade vendendo absorvente, desodorante, cartão de crédito, empréstimo de banco. A publicidade vive disso: dobrar as melhores palavras sem pagar direito de imagem. Assim, você verá as palavras ecologia e esporte juntarem-se numa só para criar o EcoSport – existe algo menos ecológico ou esportivo que um carro? Pobres palavras. Não têm advogados. Não precisam assinar termos de autorização de imagem. Estão aí, na praça, gratuitas.

___Nem todos aceitam que as palavras sejam sequestradas ao bel prazer do usuário. A política é o campo de guerra onde se disputa a posse das palavras. A "ética", filha do caráter com a moral, transita de um lado para o outro dos conflitos, assim como a Alsácia-Lorena, e não sem guerras sanguinárias. Com um revólver na cabeça, é obrigada a endossar os seres mais amorais e sem caráter. A palavra mudança, que sempre andou com as esquerdas, foi sequestrada pelos setores mais conservadores da sociedade – que fingem querer mudar, quando o que querem é trocar (para que não se mude mais). A Justiça, coitada, foi cooptada por quem atropela direitos e desconhece a igualdade, confundindo-a o tempo todo com seu primo, o justiçamento, filho do preconceito com o ódio.

___Já a palavra impeachment, recém-nascida, filha da democracia com a mudança, está escondida num porão: emprestaram suas roupas à palavra golpe, que desfila por aí usando seu nome e seus documentos. Enquanto isso, a palavra jornalismo, coitada, agoniza na UTI. As palavras não lutam sozinhas. É preciso lutar por elas.


Observação: Após a coluna "O Sequestro das Palavras" ter sido publicada no jornal impresso, na segunda-feira, 21/3 de 2016, o colunista modificou seu texto e pediu para atualizá-lo na versão on-line.

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2016/03/1752170-o-sequestro-das-palavras.shtml

No terceiro parágrafo do texto, o autor emprega as aspas no termo “ética” para

Alternativas
Q2781648 Português

Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.


Largar as redes sociais?


  1. Apesar das críticas ___ redes sociais e inclusive das campanhas midiáticas para abrir mão
  2. delas, poucos usuários tomam a decisão de apagar suas contas. O Twitter continua com seus
  3. 300 milhões de perfis, o Facebook tem mais de dois bilhões, e o Instagram segue crescendo e
  4. já passa dos 500 milhões. Jaron Lanier, pioneiro da internet e da realidade virtual, considera
  5. que os benefícios dessas redes não compensam os inconvenientes. Em seu último livro,
  6. motivos para largar o Twitter, o Facebook e inclusive o WhatsApp e os serviços do Google. Se
  7. pudermos. E mesmo que seja só por uma temporada. Estes são alguns dos motivos que ele
  8. propõe nesse texto escrito a modo de manifesto:
  9. 1. Você está perdendo sua liberdade. As redes sociais, em especial o Facebook,
  10. pretendem guardar registro de todas as nossas ações: o que compartilhamos, o que
  11. comentamos, o que curtimos, aonde vamos. “Agora todos somos animais de laboratório”,
  12. escreve Lanier, e participamos de uma experiência constante para que os anunciantes nos
  13. enviem suas mensagens quando estivermos mais ..................... a elas.
  14. Isso também teve consequências políticas: os grupos que distribuem notícias falsas
  15. encontraram uma “.............. desenhada para ajudar os anunciantes ___ alcançarem seu público
  16. objetivo com mensagens testadas para conseguir sua atenção”. Para o Facebook tanto faz se
  17. estes “anunciantes” são empresas que querem vender produtos, partidos políticos ou difusores
  18. de notícias falsas. O sistema é o mesmo para todos e melhora “quando as pessoas estão
  19. irritadas, obcecadas e divididas”.
  20. 2. Estão lhe deixando infeliz. Lanier cita estudos que mostram que, apesar das
  21. possibilidades de conexão que as redes sociais oferecem, na verdade sofremos “uma sensação
  22. cada vez maior de isolamento” por motivos tão díspares como “os padrões irracionais de beleza
  23. e status, por exemplo”. Os algoritmos, escreve ele, nos colocam em categorias e nos ordenam
  24. segundo nossos amigos, seguidores, o número de curtidas ou retuítes, o muito ou pouco que
  25. publicamos… São critérios que nos parecem pouco significativos, mas que acabam tendo efeitos
  26. na vida real: “Nas notícias que vemos, em quem nos aparece como possível relacionamento
  27. amoroso, em que produtos nos oferecem”. Também podem acabar influenciando em futuros
  28. trabalhos: muitos dos responsáveis por recursos humanos procuram seus candidatos no
  29. Facebook e no Google.
  30. 3. Estão enfraquecendo a verdade. Lanier lembra que as teorias da conspiração mais
  31. loucas (ele dá o exemplo dos antivacinas) frequentemente começam nas redes sociais, onde seu
  32. eco se amplifica, “antes de aparecerem em veículos de comunicação extremamente partidários”.
  33. 4. Estão destruindo sua capacidade de empatia. Com esse argumento, Lanier se refere
  34. principalmente ___ bolha, termo criado por Eli Pariser. No Facebook, por exemplo, as notícias
  35. aparecem na tela de acordo com as pessoas e os veículos de comunicação que seguimos e,
  36. também, dependendo dos conteúdos de que gostamos. A consequência é que nas redes
  37. frequentemente acessamos somente nossa própria bolha, ou seja, tudo aquilo que conhecemos,
  38. com o que estamos de acordo e que nos faz sentir confortáveis. Ou seja, não vemos outras
  39. ideias, recebemos somente suas caricaturas. E, consequentemente, em vez de tentar entender
  40. as razões por ....... de outros pontos de vista, nossas ideias se reforçam e o diálogo é cada vez
  41. mais difícil.
  42. 5. Não querem que você tenha dignidade econômica. Lanier explica que o modelo de
  43. negócio que predomina na Internet é consequência do “dogma” de acreditar que “se o software
  44. não era grátis, não podia ser aberto”. A publicidade foi vista como uma forma de solucionar esse
  45. problema.
  46. Essas são somente algumas das razões expostas por Lanier em um livro que, como o próprio
  47. autor admite, nem mesmo chega a tocar alguns temas que não o afetam tão diretamente, como
  48. “as pressões insustentáveis em pessoas jovens, especialmente mulheres” e como “os algoritmos
  49. podem discriminá-lo por racismo e outras razões horríveis”. Lanier não quer acabar com a
  50. Internet. Pelo contrário: deixar as redes, ainda que somente por um tempo, pode ser uma forma
  51. de saber como estão nos prejudicando e, principalmente, percebermos o que poderiam nos
  52. oferecer.


Adaptado de: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/28/tecnologia/1535463505_331615.html

Analise as seguintes assertivas a respeito da pontuação do texto e assinale V, se verdadeiras, ou F, se falsas.


( ) As vírgulas da linha 04 são empregadas para separar um aposto.

( ) A vírgula da linha 05 é empregada para marcar um adjunto adverbial deslocado.

( ) A vírgula da linha 10 e a primeira da linha 11 são empregadas para separar orações de mesmo valor sintático.


A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

Alternativas
Q2781340 Português

Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões:


A Trump o que é de César.


Há algumas semanas, um sujeito muito parecido com Donald Trump levou 33 punhaladas no meio do Central Park, em Nova York. O sangue era cênico e os punhais eram falsos, mas o furor causado pela encenação nada teve de figurativo. Entre 23 de maio e 18 de junho, milhares de pessoas enfrentaram filas para assistir ao assassinato, enquanto outras tantas campeavam a internet denunciando a peça como apologia do terror político. Nada mau, repare-se, para um texto que anda entre nós há mais de 400 anos: o espetáculo em questão é uma . montagem de Júlio César, peça escrita por William Shakespeare em 1599. Nessa adaptação, dirigida por Oskar Eustin, o personagem-título tinha uma cabeleireira desbotada e usava terno azul, com gravata vermelha mais comprida que o aconselhável; sua esposa, Calpúrnia, falava com reconhecível sotaque eslavo. Um sósia presidencial encharcado de sangue é visão que não poderia passar incólume em um pais que já teve quatro presidentes assassinados: após as primeiras sessões, patrocinadores cancelaram seu apoio, fás do presidente interromperam a peça aos gritos, e e-mails de ódio choveram sobre companhias teatrais que nada tinham a ver com o assunto - exceto pelo fato de carregarem a palavra "Shakespeare” no nome.

Trocar togas por ternos não é ideia nova. Orson Welles fez isso em 1973, no Mercury Theater de Nova York; nessa célebre montagem, o ditador romano ganhou ares de Mussolini e foi esfaqueado pelo próprio Welles, que interpretava Brutus. Nas décadas seguintes, outras figuras modernas emprestaram trajes e trejeitos ao personagem: entre elas, Charles de Gaulle, Fidel Castro e Nicolae Ceausescu. Atualizações como essas expandem, mas não esgotam, o texto de Shakespeare - é muito difícil determinar, pela leitura da peça, se a intenção do bardo era louvar, condenar ou apenas retratar, com imparcialidade, os feitos sanguinolentos dos Idos de Março. Por conta dessa neutralidade filosófica, a tarefa de identificar o protagonista da peça é famosamente complicada: há quem prefira Brutus; há que escolha Marco Antônio ou até o velho Júlio.

O texto, como bom texto, não corrobora nem refuta: ele nos observa. Tragédias não são panfletos, e obras que se exaurem em mensagens inequívocas dificilmente continuarão a causar deleite e fúria quatro séculos após terem sido escritas. Em certo sentido, a boa literatura é uma combinação bem-sucedida de exatidão e ambiguidade: se os versos de Shakespeare ainda causam tamanho alvoroço, é porque desencadeiam interpretações inesgotáveis e, às vezes, contraditórias, compelindo o sucessivo universo humano a se espelhar em suas linhas. Ao adaptar a grande literatura do passado ao nosso tempo, também nós nos adaptamos a ela: procuramos formas de comunicar o misterioso entusiasmo que essas obras nos causam e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas.

Não, Shakespeare não precisa ter terno e gravata para ser atual-masse o figurino cai bem, porque não vesti-lo?

(Fonte: BOTELHO, José Francisco. Revista VEJA. Data: 18 de julho de 2017)


Utilize o excerto seguinte para responder as questões 08 e 09: "Tragédias não são panfletos, e obras que se exaurem em mensagens inequívocas dificilmente continuarão a causar deleite e fúria (...)"

O emprego da vírgula no fragmento:

Alternativas
Q2781339 Português

Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões:


A Trump o que é de César.


Há algumas semanas, um sujeito muito parecido com Donald Trump levou 33 punhaladas no meio do Central Park, em Nova York. O sangue era cênico e os punhais eram falsos, mas o furor causado pela encenação nada teve de figurativo. Entre 23 de maio e 18 de junho, milhares de pessoas enfrentaram filas para assistir ao assassinato, enquanto outras tantas campeavam a internet denunciando a peça como apologia do terror político. Nada mau, repare-se, para um texto que anda entre nós há mais de 400 anos: o espetáculo em questão é uma . montagem de Júlio César, peça escrita por William Shakespeare em 1599. Nessa adaptação, dirigida por Oskar Eustin, o personagem-título tinha uma cabeleireira desbotada e usava terno azul, com gravata vermelha mais comprida que o aconselhável; sua esposa, Calpúrnia, falava com reconhecível sotaque eslavo. Um sósia presidencial encharcado de sangue é visão que não poderia passar incólume em um pais que já teve quatro presidentes assassinados: após as primeiras sessões, patrocinadores cancelaram seu apoio, fás do presidente interromperam a peça aos gritos, e e-mails de ódio choveram sobre companhias teatrais que nada tinham a ver com o assunto - exceto pelo fato de carregarem a palavra "Shakespeare” no nome.

Trocar togas por ternos não é ideia nova. Orson Welles fez isso em 1973, no Mercury Theater de Nova York; nessa célebre montagem, o ditador romano ganhou ares de Mussolini e foi esfaqueado pelo próprio Welles, que interpretava Brutus. Nas décadas seguintes, outras figuras modernas emprestaram trajes e trejeitos ao personagem: entre elas, Charles de Gaulle, Fidel Castro e Nicolae Ceausescu. Atualizações como essas expandem, mas não esgotam, o texto de Shakespeare - é muito difícil determinar, pela leitura da peça, se a intenção do bardo era louvar, condenar ou apenas retratar, com imparcialidade, os feitos sanguinolentos dos Idos de Março. Por conta dessa neutralidade filosófica, a tarefa de identificar o protagonista da peça é famosamente complicada: há quem prefira Brutus; há que escolha Marco Antônio ou até o velho Júlio.

O texto, como bom texto, não corrobora nem refuta: ele nos observa. Tragédias não são panfletos, e obras que se exaurem em mensagens inequívocas dificilmente continuarão a causar deleite e fúria quatro séculos após terem sido escritas. Em certo sentido, a boa literatura é uma combinação bem-sucedida de exatidão e ambiguidade: se os versos de Shakespeare ainda causam tamanho alvoroço, é porque desencadeiam interpretações inesgotáveis e, às vezes, contraditórias, compelindo o sucessivo universo humano a se espelhar em suas linhas. Ao adaptar a grande literatura do passado ao nosso tempo, também nós nos adaptamos a ela: procuramos formas de comunicar o misterioso entusiasmo que essas obras nos causam e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas.

Não, Shakespeare não precisa ter terno e gravata para ser atual-masse o figurino cai bem, porque não vesti-lo?

(Fonte: BOTELHO, José Francisco. Revista VEJA. Data: 18 de julho de 2017)

“(...) e projetamos o mundo, como o vemos em suas páginas”, | sobre fragmento só não se pode afirmar:

Alternativas
Respostas
426: A
427: B
428: A
429: A
430: C