Questões de Português - Pontuação para Concurso

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Q2774842 Português

A falsa liberdade e a Síndrome do “TER DE”


Lya Luft


Essa é uma manifestação típica do nosso tempo, contagiosa e difícil de curar porque se alimenta da nossa fragilidade, do quanto somos impressionáveis, e da força do espírito de rebanho que nos condiciona a seguir os outros. Eu tenho de fazer o que se espera de mim. Tenho de ambicionar esses bens, esse status, esse modo de viver – ou serei diferente, e estarei fora.

Temos muito mais opções agora do que alguns anos atrás, as possibilidades que se abrem são incríveis, mas escolher é difícil: temos de realizar tantas coisas, são tantos os compromissos, que nos falta o tempo para uma análise tranquila, uma decisão sensata, um prazer saboreado.

A gente tem de ser, como escrevi tantas vezes, belo, jovem, desejado, bom de cama (e de computador). Ou a gente tem de ser o pior, o mais relaxado, ou o mais drogado, o chefe da gangue, a mais sedutora, a mais produzida. Outra possibilidade é ter de ser o melhor pai, o melhor chefe, a melhor mãe, a melhor aluna; seja o que for, temos de estar entre os melhores, fingindo não ter falhas nem limitações. Ninguém pode se contentar em ser como pode: temos de ser muito mais que isso, temos de fazer o impossível, o desnecessário, até o absurdo, o que não nos agrada – ou estamos fora.

A gente tem de rir dos outros, rebaixar ou denegrir nem que seja o mais simples parceiro de trabalho ou o colega de escola com alguma deficiência ou dificuldade maior. A gente tem de aproveitar o mais que puder, e isso muitos pais incutem nos filhos: case tarde, aproveite antes! (O que significa isso?) [...]

A propaganda nos atordoa: temos de ser grandes bebedores (daquela marca de bebida, naturalmente), comprar o carro mais incrível, obter empréstimos com menores juros, fazer a viagem maravilhosa, ter a pele perfeita, mostrar os músculos mais fortes, usar o mais moderno celular, ir ao resort mais sofisticado.

Até no luto temos de assumir novas posturas: sofrer vai ficando fora de moda. Contrariando a mais elementar psicologia, mal perdemos uma pessoa amada, todos nos instigam a passar por cima. “Não chore, reaja”, é o que mais ouvimos. “Limpe a mesa dele, tire tudo do armário dela, troque os móveis, roupas de cama, mude de casa.” Tristeza e recolhimento ofendem nossa paisagem de papelão colorido. Saímos do velório e esperam que se vá depressa pegar a maquilagem, correr para a academia, tomar o antidepressivo, depressa, depressa, pois os outros não aguentam mais, quem quer saber da minha dor?

O “ter de” nos faz correr por aí com algemas nos tornozelos, mas talvez a gente só quisesse ser um pouco mais tranquilo, mais enraizado, mais amado, com algum tempo para curtir as coisas pequenas e refletir. Porém temos de estar à frente, ainda que na fila do SUS.

Se pensar bem, verei que não preciso ser magro nem atlético nem um modelo de funcionário, não preciso ter muito dinheiro ou conhecer Paris, não preciso nem mesmo ser importante ou bem-sucedido. Precisaria, sim, ser um sujeito decente, encontrar alguma harmonia comigo mesmo, com os outros, e com a natureza na qual fervilha a vida e a morte é apaziguadora.

Em lugar disso, porém, abraçamos a frustração, e com ela a culpa.

A culpa, disse um personagem de um filme, “é como uma mochila cheia de tijolos. Você carrega de um lado para o outro, até o fim da vida. Só tem um jeito: jogá-la fora”. Mas ela tem raízes fundas em religiões e crenças, em ditames da família, numa educação pelo excessivo controle ou na deseducação pela indiferença, na competitividade no trabalho e na pressão de nosso grupo, que cobra coisas demais. [...]

Nessa rede de complexidades, seria bom resistir à máquina da propaganda e buscar a simplicidade, não sucumbir ao impulso da manada que corre cegamente em frente. Com sorte, vamos até enganar o tempo sendo sempre jovens, sendo quem sabe imortais com nariz diminuto, boca ginecológica e olhar fatigado num rosto inexpressivo. Não nos faltam recursos: a medicina, a farmácia, a academia, a ilusão, nos estendem ofertas que incluem músculos artificiais, novos peitos, pele de porcelana, e grandes espelhos, espelho, espelho meu. Mas a gente nem sabe direito onde está se metendo, e toca a correr porque ainda não vimos tudo, não fizemos nem a metade, quase nada entendemos. Somos eternos devedores.

Ordens aqui e ali, alguém sopra as falas, outro desenha os gestos, vai sair tudo bem: nada depressivo nem negativo, tudo tem de parecer uma festa, noite de estreia com adrenalina e aplausos ao final.


Disponível em: http://www.contioutra.com/a-falsa-liberdade-e-a-sindrome-do-ter-de-lya-

luft/#ixzz4HMEDzQMU Acesso em 14 ago. 2016 (Adaptado)

As aspas em: A culpa, disse um personagem de um filme, “é como uma mochila cheia de tijolos. Você carrega de um lado para o outro, até o fim da vida. Só tem um jeito: jogá-la fora.” são usadas para

Alternativas
Q2774362 Português

A vírgula está empregada corretamente, EXCETO em:

Alternativas
Q2772948 Português

O que nosso cérebro faz de nós


01 O que você faria se tivesse que responder a dezenas de milhares de comandos e

02 comunicar-se com mais de mil pessoas ao mesmo tempo, sendo que essa troca de informações

03 pode mudar o tempo todo? Se você fosse um neurônio, não teria problema algum. Agora imagine

04 toda essa atividade sendo exercida por cerca de 86 bilhões de células neurais. É na intimidade

05 desses circuitos de múltiplos contatos entre os neurônios, auxiliados por células, que transitam

06 nossos instintos, afetos, pensamentos, subjetividade, nossa lógica, atitudes e estratégias,

07 _______, quem somos.

08 Se o que somos é o resultado de nossas funções cerebrais, é importante esclarecer que as

09 pessoas não são pré-determinadas, mas se constituem ao longo de sua vida. Somos todos

10 diferentes não apenas porque resultamos de uma constituição genética diferente, mas porque

11 vivemos diferentes experiências. No final das contas, ambos os fatores, a genética e a

12 experiência, _____ sobre os circuitos neurais, sobre as conexões entre os neurônios, as sinapses.

13 Cada comportamento é o resultado das atividades cerebrais. É graças a essa plasticidade que

14 experiências traumáticas podem ser superadas, que nosso humor é adaptável ao contexto, que

15 nossas atitudes podem melhorar com nossos erros. Inventamos, planejamos a longo prazo,

16 dimensionamos as consequências de nossos atos. No entanto, muitas dessas capacidades não

17 são exclusividade humana. O cérebro vem evoluindo há milhões de anos. Responder a certos

18 estímulos, regular nossas vísceras, corrigir a postura corporal e a locomoção, formar memórias,

19 manifestar nosso medo e raiva fazem parte de nossos kits neurais básicos de sobrevivência.

20 Muito já se conhece sobre localizações de funções no cérebro, mas os neurocientistas

21 seguem mesmo interessados em decifrar a área mais desenvolvida que os humanos possuem: o

22 pré-frontal.

23 Sobre o cérebro, do ponto de vista molecular ao emocional e comportamental, muito vem

24 sendo compreendido. Só que ao conhecê-lo melhor, deparamos com a realidade nua e crua dos

25 mecanismos neurais, que pode, à primeira vista, ir contra preceitos até então soberanos. É o caso

26 do livre-arbítrio. Ao ver como o cérebro processa e avalia decisões, encaramos o fato de que

27 muita atividade neuronal já aconteceu antes de nos darmos conta de nossas vontades e intenções.

28 Outras áreas mais desenvolvidas no nosso cérebro são as da linguagem. Diz-se que a

29 linguagem verbal é um dom da espécie humana. Ainda não há um veredicto final da ciência sobre

30 isso, mas sim, é bem provável. A aprendizagem da linguagem pelas regiões cerebrais

31 responsáveis floresce em conexões sinápticas e, com poucos meses de vida, independente da

32 formação cultural de um povo, o cérebro aprende a reconhecer os fonemas da língua falada a sua

33 volta, associando-os à mímica facial típica de cada som, seguindo um padrão universal. Mas, de

34 novo, descobriu-se que não somente as crianças, mas outros mamíferos também são capazes de

35 perceber categorias fonéticas.

36 Por isso, se quisermos entender _______ somos como somos, precisamos também

37 conhecer o cérebro dos outros animais. As pesquisas do grupo de Suzana Herculano-Houzel

38 reconhecem que o encéfalo humano não possui um número excepcionalmente maior de neurônios

39 cerebrais que explique as nossas habilidades cognitivas superiores. Talvez o que possa justificar

40 essa diferença cognitiva seja a incrível ideia que nossos ancestrais tiveram de, um dia, cozinharem

41 a comida que consumiam. Daí pra diante, nosso cérebro que arduamente orquestrava

42 comportamentos e trabalhosas funções digestórias e metabólicas para obter energia de alimentos

43 ____ pôde, então, se dedicar a outras atividades, como falar, filosofar, criar. E a história humana

44 tomou um rumo diferente da de outras espécies.

Fonte: Caderno PrOA - http://www.clicrbs.com.br – acesso em 29-9-2015 – texto adaptado

Quanto à pontuação em situações textuais e à acentuação gráfica de determinados vocábulos, avalie as afirmações que são feitas a seguir:


I. A vírgula da linha 03 separa um adjunto adverbial deslocado, assim como a da linha 08.

II. As vírgulas da linha 18 separam orações reduzidas, as quais exercem funções distintas em relação à forma verbal fazem (l. 19).

III. As ocorrências da palavra circuitos (l. 05 e 12) foram incorretamente grafadas no texto, visto apresentarem as condições exigidas para acentuação do i: ser tônico, formar sílaba sozinho, apresentando, portanto, um hiato.

IV. Na linha 24, conhecê-lo recebe acento gráfico por tratar-se de um vocábulo terminado em e; no caso, um verbo no infinitivo, seguido de pronome.


Quais estão INCORRETAS?

Alternativas
Q2772211 Português

Leia o texto para responder às questões 9 e 10.

O Joãozinho, assustado, pergunta:


- Professora, alguém pode ser castigado por uma coisa que não fez?


- Não, Joãozinho, nunca!


- Ai que bom, então, estou livre! Eu não fiz a lição.

“– Não, Joãozinho, nunca!”


Na fala da professora, o ponto de exclamação indica que ela teve a intenção de demonstrar:

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Q2772081 Português

Instrução: As questões de números 01 a 10 referem-se ao texto abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões.

A questão da leitura no Brasil

  1. Sabemos que ler traz muitos benefícios a quem o pratica de modo correto. A leitura
  2. desenvolve e aumenta o repertório geral, auxilia para que o indivíduo tenha senso crítico, amplia
  3. o vocabulário, estimula a criatividade e, finalmente, facilita a escrita. _________ carregue
  4. consigo grandes benefícios, é preciso tomar cuidado e selecionar bem o que se lê. Segundo Valdir
  5. Heitor Barzotto, professor da Faculdade de Educação da USP, “vivemos em um momento em que
  6. há excesso de material disponível, o que também pode ser prejudicial, pois uma pessoa pode ler
  7. coisas que não são, necessariamente, de uma fonte confiável. É uma novidade do tempo
  8. contemporâneo. Existe muito acesso ao texto, mas não ao conhecimento”. A grande quantidade
  9. de informação disponível foi propiciada, _________, pelo avanço da tecnologia, em especial o
  10. da internet.
  11. Além disso, outro grande problema do panorama da leitura e da escrita no País é a questão
  12. da interpretação. Alunos com 14 anos ainda têm dificuldades em identificar informações que
  13. estão tanto explícitas quanto implícitas em um texto. Este déficit transcende a disciplina de
  14. português e atinge matérias como matemática, no momento de interpretar enunciados-problema,
  15. e história, para compreender as relações entre os fatos. Nesse sentido, é importante
  16. lembrar o papel de uma educação de boa qualidade, pois é necessário, primeiramente,
  17. ultrapassar a barreira da dificuldade da leitura para que o poder de interpretação seja facilitado.
  18. Na busca pela melhoria do incentivo à leitura e à escrita no País, há três perspectivas para
  19. as quais devemos tornar os nossos olhares: o governo, a escola e o próprio lar. Esses três
  20. constituem os principais pilares e não acontecem separadamente. Do poder público é preciso
  21. cobrar uma melhor administração dos recursos destinados a levar as pessoas a ler. Para o
  22. professor Barzotto, isso se reflete, principalmente, nas bibliotecas escolares que, além de
  23. estarem bem aparelhadas, também devem contar com bons funcionários especializados em
  24. leitura. “O governo precisa garantir uma estrutura mínima em que seja possível ler”, afirma.
  25. No que diz respeito às funções da escola, é necessário que se construa uma autonomia
  26. dentro de cada uma. Hoje, muito do que é reproduzido em sala de aula parte de pesquisas
  27. advindas das universidades, como investigações sobre leitura, escrita e aprendizado. Cria-se
  28. então uma relação de dependência, quando, na verdade, a universidade deveria funcionar como
  29. uma parceira. “Por mais que saibamos que o Estado controla como se deve fazer, ele não está
  30. todos os dias na escola.”
  31. Em casa, o professor Barzotto diz que é indispensável que haja material de leitura
  32. disponível, mas ressalta que quantidade nem sempre é qualidade. O importante é que,
  33. primeiramente, não se force o hábito de leitura na família como uma obrigação, mas sim como
  34. um prazer. É muito mais produtivo que a família converse e discuta sobre o que leu.

(Fonte: http://www5.usp.br/84357/especialistas-comentam-desafios-para-a-pratica-da-leitura-no-brasil/ – Texto adaptado especialmente para esta prova.)



Considere o seguinte fragmento do texto para responder às questões 09 e 10:


Na busca pela melhoria do incentivo à leitura e à escrita no País, há três perspectivas para as quais devemos tornar os nossos olhares: o governo, a escola e o próprio lar.

Considere o que se afirma sobre a pontuação do período:


I. A primeira vírgula separa um termo deslocado, e a segunda vírgula separa termos de mesma função.

II. Os dois-pontos separam um aposto.

III. Por se tratar de um período longo, seria correto substituir a primeira vírgula por ponto e vírgula.


Quais estão corretas?

Alternativas
Respostas
446: D
447: A
448: C
449: A
450: C