Questões de Português - Pontuação para Concurso
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A presença da vírgula pode mudar a função sintática de determinado termo na oração. Sendo assim, assinale a alternativa que traz uma frase em que o emprego da vírgula na posição destacada pode diferenciar o objeto direto do vocativo.
Quanto à frase, atribua (V) para verdadeiro ou (F) para falso aos itens e assinale a alternativa correta:
( ) O papagaio falava sete línguas e tinha custado uma fortuna. (Frase declarativa).
( ) Cadê o papagaio que eu comprei? (Frase interrogativa).
( ) Meu Deus! (Frase exclamativa).
( ) Tome cuidado com esse homem! (Frase imperativa).
( ) Tomara que você não goste dela. (Frase optativa).
Uma vela para Dario
Dario vem apressado, guarda-chuva no braço esquerdo. Assim que dobra a esquina, diminui o passo até parar, encosta-se a uma parede. Por ela escorrega, senta-se na calçada, ainda úmida de chuva. Descansa na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes à sua volta indagam se não está bem. Dario abre a boca, move os lábios, não se ouve resposta. O senhor gordo, de branco, diz que deve sofrer de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo apagou. O rapaz de bigode pede aos outros que se afastem e o deixem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario ronqueja feio, bolhas de espuma surgem no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua conversam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobrem o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora , comendo e bebendo, gozam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficaram sabendo do nome, idade, sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: é a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo - os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio - quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão.
A última boca repete - Ele morreu, ele morreu. E a gente começa a se dispersar. Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para descansar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço vem com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.
[1964] (De "Cemitério de Elefantes", Rio, Civilização Brasileira, 6. ed. , 1980)
Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagará a corrida? A função dos dois pontos neste fragmento do texto é de:
Assinale a alternativa em que a pontuação está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
Texto para as questões de 1 a 6.
1 O trigo manipulou o Homo sapiens a seu bel prazer. Esse primata
vivia uma vida confortável como caçador-coletor até por volta de dez mil
anos atrás, quando começou a dedicar cada vez mais esforços ao cultivo
4 do trigo. Em poucos milênios, os humanos em muitas partes do mundo
estavam fazendo não muito mais do que cuidar de plantas de trigo do
amanhecer ao entardecer.
7 Não foi fácil. O trigo demandou muito deles. O trigo não gostava
de rochas nem de pedregulhos e, por isso, os sapiens deram duro para
limpar os campos. O trigo não gostava de dividir espaço, água e
10 nutrientes com outras plantas e, assim, homens e mulheres trabalharam
longas jornadas sob o sol abrasador, eliminando ervas daninhas. O trigo
ficava doente e, por isso, os sapiens tinham de ficar de olho em vermes
13 e pragas. O trigo era atacado por coelhos e nuvens de gafanhotos, então
os agricultores construíram cercas e passaram a vigiar os campos. O trigo
tinha sede, então os humanos cavaram canais de irrigação ou passaram
16 a carregar baldes pesados de poços para regá-lo. Os sapiens até mesmo
passaram a coletar fezes de animais para nutrir o solo em que ele crescia.
O corpo do Homo sapiens não havia evoluído para tais tarefas.
19 Estava adaptado para subir em macieiras e correr atrás de gazelas, não
para remover rochas e carregar baldes de água. A coluna, os joelhos, o
pescoço e os arcos plantares dos humanos pagaram o preço. Estudos de
22 esqueletos antigos indicam que a transição para a agricultura causou
uma série de males, como deslocamento de disco, artrite e hérnia. Além
disso, as novas tarefas agrícolas demandavam tanto tempo que as
25 pessoas eram forçadas a se instalar permanentemente ao lado de seus
campos de trigo. Isso mudou por completo seu estilo de vida. Nós não
domesticamos o trigo; o trigo nos domesticou. A palavra “domesticar”
28 vem do latim domus, que significa casa. Quem é que estava vivendo em
uma casa? Não o trigo. Os sapiens.
Yuval Noah Harari. Sapiens – uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. 22.ª ed. Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 90-91 (com adaptações).
No que se refere à pontuação no texto, estariam preservados o sentido original e a correção gramatical do texto caso