Questões de Português - Preposições para Concurso

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Q1061986 Português

Todo filho é pai da morte de seu pai

Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido: é quando o filho se torna pai de seu pai.

É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.

É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.

É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.

É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.

E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.

Todo filho é pai da morte de seu pai.

Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.

E assim como mudamos a casa para atender nossos bebês, tapando tomadas e colocando cercadinhos, vamos alterar a rotina dos móveis para criar os nossos pais.

Uma das primeiras transformações acontece no banheiro.

Seremos pais de nossos pais na hora de pôr uma barra no box do chuveiro.

A barra é emblemática. A barra é simbólica. A barra é inaugurar um cotovelo das águas.

Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes.

A casa de quem cuida dos pais tem braços dos filhos pelas paredes. Nossos braços estarão espalhados, sob a forma de corrimões.

Pois envelhecer é andar de mãos dadas com os objetos, envelhecer é subir escada mesmo sem degraus.

Seremos estranhos em nossa residência. Observaremos cada detalhe com pavor e desconhecimento, com dúvida e preocupação. Seremos arquitetos, decoradores, engenheiros frustrados. Como não previmos que os pais adoecem e precisariam da gente?

Nos arrependeremos dos sofás, das estátuas e do acesso caracol, nos arrependeremos de cada obstáculo e tapete. E feliz do filho que é pai de seu pai antes da morte, e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.

Meu amigo José Klein acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.

No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando Zé gritou de sua cadeira:

— Deixa que eu ajudo.

Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.

Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.

Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer: pequeno, enrugado, frágil, tremendo.

Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância, um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.

Embalou o pai de um lado para o outro.

Aninhou o pai. Acalmou o pai.

E apenas dizia, sussurrado:

— Estou aqui, estou aqui, pai!

O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.

(Autor desconhecido. Disponível em: http://www.contioutra.com/todo-filho-e-pai-da-morte-de-seu-pai/. Acesso em: 27/12/2016.)

Quanto à classe de palavras, analise os termos sublinhados no seguinte trecho: “Porque o chuveiro, simples e refrescante, agora é um temporal para os pés idosos de nossos protetores. Não podemos abandoná-los em nenhum momento, inventaremos nossos braços nas paredes” (13º§). De acordo com o contexto, os termos sublinhados são classificados, respectivamente, como:
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Q1057854 Português
Leia o texto para responder à questão.

    Houve um tempo em que o jornalismo investigativo vivia de entrevistas confidenciais que pessoas bem informadas sobre algum assunto de interesse davam a repórteres em que confiavam, em troca de não terem sua identidade revelada.
    Eram tempos em que uma caneta, um bloquinho e uma agenda de telefones privilegiada constituíam todo o básico de investigação de qualquer jornalista. Um profissional sério desprezava até os gravadores de fita cassete, que, em geral, intimidavam os entrevistados. A palavra gravada precisava ser cuidadosamente medida e calculada. Em off, a conversa corria mais solta. Assim nasciam os grandes furos.
    Por óbvio, naquele tempo já havia pequenos aparelhos desenvolvidos pelas agências de espionagem internacionais que permitiam instalar dispositivos de gravação e filmagem disfarçados de abajures, canetas, óculos e até botões de roupa. Nada disso, porém, era de fácil acesso às pessoas comuns – o que só mudaria com o advento dos smartphones, a partir do final da década de 1990.
    A cumplicidade entre internet e dispositivos móveis de captação de som, imagem e informação, com a possibilidade de retransmissão instantânea do material captado, alterou de vez a relação entre o homem moderno e seu ambiente social. Começava, nesse momento, a grande derrocada da privacidade como a conhecemos um dia.
    A primeira rede social via internet nos moldes atuais, a Classmates, surgiu em 1995, nos Estados Unidos e Canadá. Era voltada para a troca de informações entre estudantes universitários. Desde então, as redes se multiplicaram e acabaram por se transformar nos principais polos de disseminação de informação do planeta. A maior rede disponível hoje, o Facebook, foi criada em 2004 por estudantes de Harvard e reúne mais de 2,2 bilhões de usuários, entre pessoas reais, perfis falsos e robôs.
    Por meio das redes, a indústria e o comércio sabem o que mais consumimos, presidentes são eleitos e derrubados, e os pecados que gostaríamos de ver escondidos são tornados públicos.
    O onipresente olho nos acompanha a cada passo que damos, reconhecendo-nos quando circulamos, pretensamente anônimos, em meio às multidões dos blocos carnavalescos.

(Luiza Pastor. Redes sociais destruíram ideia de privacidade, diz pesquisadora. www1.folha.uol.com.br, 28.06.2019. Adaptado)
Considere a seguinte passagem do texto:
“A primeira rede social via internet nos moldes atuais, a Classmates, surgiu em 1995, nos Estados Unidos e Canadá. Era voltada para a troca de informações entre estudantes universitários. Desde então, as redes se multiplicaram e acabaram por se transformar nos principais polos de disseminação de informação do planeta.” (5° parágrafo)
Nesse trecho, o vocábulo que expressa sentido de meio é:
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Q1057804 Português
Leia o texto para responder à questão.

    Houve um tempo em que o jornalismo investigativo vivia de entrevistas confidenciais que pessoas bem informadas sobre algum assunto de interesse davam a repórteres em que confiavam, em troca de não terem sua identidade revelada.
    Eram tempos em que uma caneta, um bloquinho e uma agenda de telefones privilegiada constituíam todo o básico de investigação de qualquer jornalista. Um profissional sério desprezava até os gravadores de fita cassete, que, em geral, intimidavam os entrevistados. A palavra gravada precisava ser cuidadosamente medida e calculada. Em off, a conversa corria mais solta. Assim nasciam os grandes furos.
    Por óbvio, naquele tempo já havia pequenos aparelhos desenvolvidos pelas agências de espionagem internacionais que permitiam instalar dispositivos de gravação e filmagem disfarçados de abajures, canetas, óculos e até botões de roupa. Nada disso, porém, era de fácil acesso às pessoas comuns – o que só mudaria com o advento dos smartphones, a partir do final da década de 1990.
    A cumplicidade entre internet e dispositivos móveis de captação de som, imagem e informação, com a possibilidade de retransmissão instantânea do material captado, alterou de vez a relação entre o homem moderno e seu ambiente social. Começava, nesse momento, a grande derrocada da privacidade como a conhecemos um dia.
    A primeira rede social via internet nos moldes atuais, a Classmates, surgiu em 1995, nos Estados Unidos e Canadá. Era voltada para a troca de informações entre estudantes universitários. Desde então, as redes se multiplicaram e acabaram por se transformar nos principais polos de disseminação de informação do planeta. A maior rede disponível hoje, o Facebook, foi criada em 2004 por estudantes de Harvard e reúne mais de 2,2 bilhões de usuários, entre pessoas reais, perfis falsos e robôs.
    Por meio das redes, a indústria e o comércio sabem o que mais consumimos, presidentes são eleitos e derrubados, e os pecados que gostaríamos de ver escondidos são tornados públicos.
    O onipresente olho nos acompanha a cada passo que damos, reconhecendo-nos quando circulamos, pretensamente anônimos, em meio às multidões dos blocos carnavalescos.
(Luiza Pastor. Redes sociais destruíram ideia de privacidade, diz pesquisadora. www1.folha.uol.com.br, 28.06.2019. Adaptado) 
Considere a seguinte passagem do texto:
“A primeira rede social via internet nos moldes atuais, a Classmates, surgiu em 1995, nos Estados Unidos e Canadá. Era voltada para a troca de informações entre estudantes universitários. Desde então, as redes se multiplicaram e acabaram por se transformar nos principais polos de disseminação de informação do planeta.” (5o parágrafo)
Nesse trecho, o vocábulo que expressa sentido de meio é:
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Q1057616 Português
Leia o texto para responder à questão.

Vão-livre do Masp vira casa para crianças e adultos.

    Deitado sobre um colchão, Hippierre Freitas, 34, estica o pescoço para ver as horas. Da sua cama improvisada no meio do vão-livre do Masp, ele avista um dos relógios eletrônicos da avenida Paulista e se situa no horário. “É meu relógio particular”, diz ele, enfiado debaixo de uma pilha de cobertores. O mesmo colchão serve de “habitação” para a vira-lata Maloqueira, a única distração capaz de mobilizar a atenção do grupo de dez meninos, que também têm como casa o espaço entre os famosos pilares vermelhos da construção de Lina Bo Bardi.
    Em comum, histórias de agressão, de desestruturação familiar, conflitos na comunidade onde vivem ou ameaças são o que mantém crianças e adultos longe de casa, de acordo com a Secretaria de Assistência Social.
    Viver nas ruas para fugir de conflitos familiares não é exclusividade das crianças. Há 13 anos vivendo nas calçadas da Paulista, Thiago Rodrigo Simões, 29, conta que tem casa e família no extremo da zona leste da capital, mas mantém a rotina de alternar duas semanas dormindo no chão do vão-livre do Masp com uma semana em que volta para casa “para tomar banho e trocar de roupa.” Eles aqui na rua são a minha família de verdade, me sinto mais confortável aqui do que na minha casa. Tenho um estilo aventureiro”, diz ele, que divide o colchão com Hippierre e a cachorra.
    Sobre a escolha do vão-livre para se instalar, Thiago cita a segurança como principal atrativo. “Aqui tem muitas câmeras. Se eu der alguma coisa na sua mão, os policiais ali já ficam ligados”, diz ele apontando uma base da Polícia Militar instalada no outro lado da avenida, em frente ao Parque Trianon.
    Enquanto isso, uma equipe do museu montava um palco a poucos metros do colchão para uma atração musical. “Agora vou ver um show de graça sem nem sair da minha cama”, diz Thiago. “O vão, como o próprio nome diz, é livre, e deve ser ocupado.”
(Folha de S. Paulo, 09.06.2019. Adaptado)
A preposição de na frase – Thiago é morador de rua – tem sentido de
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Q1057298 Português
Feliz dia, pai!

    Meu pai não faz churrasco. Também não cozinha um ovo. Não é força de expressão, é real mesmo. Se ele tentar fazer torrada, é capaz de esquecer que tem que ligar a torradeira na tomada. É bem possível que nem o café com leite ele acerte, deve errar na proporção.
    Ele sempre foi o cara da estrutura, que faz as compras, prepara o ambiente para o pessoal chegar, coloca música. Em bebidas, meu pai é ótimo. Não tem quem faça caipira melhor do que ele, mesmo que seus carroschefes sejam o Campari e a gin tônica.
     Ele é a pessoa mais educada e sensível que eu conheço, se existe uma unanimidade nesse mundo, é o meu pai. Isso tudo torna qualquer ambiente em que ele esteja um lugar ainda mais agradável e inesquecível. Algumas das minhas memórias mais legais, relativas a grandes jantares e tudo mais, foram na minha casa, utilizando-se de toda essa cancha do velho. A imagem é sempre a mesma: ele atrás do bar, fazendo drinks para os convidados, enquanto observa como está o nível de bebida nos copos, de forma que jamais estejam vazios.
    Ou seja, ele virou pai sem deixar de ser o cara que sempre foi. E esse é um primeiro grande aprendizado.
    Lógico que hoje em dia o pique nem é mais o mesmo, a agenda de encontros é cada vez menor e o maior apetite atualmente é por receber todos os netos em casa. Muda o público, mas não o cacoete da hospitalidade. Chegando lá, a lareira está sempre acesa, os brinquedos das crianças à disposição, a mesa de jantar lindíssima e uma outra de centro na sala de estar com várias entradinhas para todos os gostos.
    Esse bastão já tá trocando de mão. É a minha hora de pôr em prática todos os ensinamentos e o exemplo para que, finalmente, ele possa relaxar e curtir como convidado, não mais como anfitrião.
    Agora, o maior aprendizado de toda essa relação é perceber que ser pai não é só cuidar diretamente, mas dar atenção aos detalhes que nós, os filhos, só vamos entender quando chegar a nossa vez.
Fonte: Diogo Carvalho. In: Jornal Zero Hora, Caderno Destemperados. 9/08/2019, página 2.
Assinale a alternativa que apresente a justificativa para o uso da crase no período: “Chegando lá, a lareira está sempre acesa, os brinquedos das crianças à disposição, a mesa de jantar lindíssima e uma outra de centro na sala de estar com várias entradinhas para todos os gostos.”
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Q1054453 Português
Texto: Deveríamos viver a vida ou capturá-la?

    Um artigo recente no New York Times explora a onda explosiva de gravações de eventos feitas em smartphones, dos mais significativos aos mais triviais.

    Todos são, ou querem ser, a estrela de sua própria vida, e a moda é capturar qualquer momento considerado significativo. Microestrelas do YouTube têm vídeos de selfies que se tornam virais em questão de horas, como o mais recente do jornalista Scott Welsh, gravado durante um voo da companhia aérea Jetblue Airways, em que as máscaras de oxigênio baixaram devido a um defeito mecânico. Se você se depara com a morte, por que não compartilhar seus momentos derradeiros com aqueles que você deixou?
    Há um aspecto disso tudo que faz sentido; todos somos importantes, nossas vidas são importantes, e queremos que elas sejam vistas, compartilhadas, apreciadas. Mas há outro aspecto que leva a um desligamento com o momento.
    Estarão as pessoas esquecendo de estar presentes no momento, espalhando seu foco ao ver a vida através de uma tela? Você deveria estar vivendo a sua vida ou vivendo-a para que os outros a vejam?
    Deve-se dizer, entretanto, que isso tudo começou antes da revolução dos celulares. Algo ocorreu entre o diário privado que mantínhamos chaveado em uma gaveta e a câmera de vídeo portátil. Por exemplo, em junho de 2001, levei um grupo de alunos da universidade de Dartmouth em uma viagem para ver o eclipse total do Sol na África. A bordo havia um grupo de “tietes de eclipse”, pessoas que viajam o mundo atrás de eclipses. Quando você vir um, vai entender o porquê. Um eclipse solar total é uma experiência altamente emocionante que desperta uma conexão primitiva com a natureza, nos unindo a algo maior e realmente incrível a respeito do mundo. É algo que necessita um comprometimento total e foco de todos os sentidos. Ainda assim, ao se aproximar o momento de totalidade, o convés do navio era um mar de câmeras e tripés, enquanto dezenas de pessoas se preparavam para fotografar e filmar o evento de quatro minutos.
    Em vez de se envolverem totalmente com esse espetacular fenômeno da natureza, as pessoas preferiram olhar para isso através de suas câmeras. Eu fiquei chocado. Havia fotógrafos profissionais a bordo e eles iam vender/dar as fotos que tirassem. Mas as pessoas queriam as suas fotos e vídeos de qualquer forma, mesmo se não fossem tão bons. Eu fui a outros dois eclipses, e é sempre a mesma coisa. Sem um envolvimento pessoal total. O dispositivo é o olho através do qual eles escolheram ver a realidade.
    O que os celulares e as redes sociais fizeram foi tornar o arquivamento e o compartilhamento de imagens incrivelmente fáceis e eficientes. O alcance é muito mais amplo, e a gratificação (quantos “curtir” a foto ou o vídeo recebe) é quantitativa. As vidas se tornaram um evento social compartilhado.
    Agora, há um aspecto que é bom, é claro. Celebramos momentos significativos e queremos compartilhar com aqueles com quem nos importamos. O problema começa quando paramos de participar completamente do momento porque temos essa necessidade de registrá-lo. O apresentador Conan O’Brien, por exemplo, reclamou que ele não pode mais nem ver o rosto das pessoas quando se apresenta. “Tudo que vejo é um mar de iPads”, ele disse. Algumas celebridades estão proibindo celulares pessoais durante os seus casamentos. Nick Denton, diretor da Gawker, disse a seus convidados: “Vocês podem dar atenção à sua presença virtual – e seus seguidores no Twitter e no Instagram – amanhã”.
    Nisso podemos incluir palestrar usando o PowerPoint ou o Keynote, como posso afirmar por experiência própria. Assim que uma tela iluminada aparece, os olhares se voltam a ela e o palestrante se torna uma voz vazia. Nenhum envolvimento direto é então possível. É por isso que eu tendo a usar essas tecnologias minimamente, para mostrar imagens e gráficos ou citações significativas.

Marcelo Gleiser

Disponível em: https://www.fronteiras.com/artigos/marcelo-gleiser-deveriamos-viver-a-vida-oucaptura-la
Em “Estarão as pessoas esquecendo de estar presentes no momento, espalhando seu foco ao ver a vida através de uma tela?”(4º parágrafo), a preposição em destaque expressa sentido de:
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Q1054448 Português
Texto: Deveríamos viver a vida ou capturá-la?

    Um artigo recente no New York Times explora a onda explosiva de gravações de eventos feitas em smartphones, dos mais significativos aos mais triviais.

    Todos são, ou querem ser, a estrela de sua própria vida, e a moda é capturar qualquer momento considerado significativo. Microestrelas do YouTube têm vídeos de selfies que se tornam virais em questão de horas, como o mais recente do jornalista Scott Welsh, gravado durante um voo da companhia aérea Jetblue Airways, em que as máscaras de oxigênio baixaram devido a um defeito mecânico. Se você se depara com a morte, por que não compartilhar seus momentos derradeiros com aqueles que você deixou?
    Há um aspecto disso tudo que faz sentido; todos somos importantes, nossas vidas são importantes, e queremos que elas sejam vistas, compartilhadas, apreciadas. Mas há outro aspecto que leva a um desligamento com o momento.
    Estarão as pessoas esquecendo de estar presentes no momento, espalhando seu foco ao ver a vida através de uma tela? Você deveria estar vivendo a sua vida ou vivendo-a para que os outros a vejam?
    Deve-se dizer, entretanto, que isso tudo começou antes da revolução dos celulares. Algo ocorreu entre o diário privado que mantínhamos chaveado em uma gaveta e a câmera de vídeo portátil. Por exemplo, em junho de 2001, levei um grupo de alunos da universidade de Dartmouth em uma viagem para ver o eclipse total do Sol na África. A bordo havia um grupo de “tietes de eclipse”, pessoas que viajam o mundo atrás de eclipses. Quando você vir um, vai entender o porquê. Um eclipse solar total é uma experiência altamente emocionante que desperta uma conexão primitiva com a natureza, nos unindo a algo maior e realmente incrível a respeito do mundo. É algo que necessita um comprometimento total e foco de todos os sentidos. Ainda assim, ao se aproximar o momento de totalidade, o convés do navio era um mar de câmeras e tripés, enquanto dezenas de pessoas se preparavam para fotografar e filmar o evento de quatro minutos.
    Em vez de se envolverem totalmente com esse espetacular fenômeno da natureza, as pessoas preferiram olhar para isso através de suas câmeras. Eu fiquei chocado. Havia fotógrafos profissionais a bordo e eles iam vender/dar as fotos que tirassem. Mas as pessoas queriam as suas fotos e vídeos de qualquer forma, mesmo se não fossem tão bons. Eu fui a outros dois eclipses, e é sempre a mesma coisa. Sem um envolvimento pessoal total. O dispositivo é o olho através do qual eles escolheram ver a realidade.
    O que os celulares e as redes sociais fizeram foi tornar o arquivamento e o compartilhamento de imagens incrivelmente fáceis e eficientes. O alcance é muito mais amplo, e a gratificação (quantos “curtir” a foto ou o vídeo recebe) é quantitativa. As vidas se tornaram um evento social compartilhado.
    Agora, há um aspecto que é bom, é claro. Celebramos momentos significativos e queremos compartilhar com aqueles com quem nos importamos. O problema começa quando paramos de participar completamente do momento porque temos essa necessidade de registrá-lo. O apresentador Conan O’Brien, por exemplo, reclamou que ele não pode mais nem ver o rosto das pessoas quando se apresenta. “Tudo que vejo é um mar de iPads”, ele disse. Algumas celebridades estão proibindo celulares pessoais durante os seus casamentos. Nick Denton, diretor da Gawker, disse a seus convidados: “Vocês podem dar atenção à sua presença virtual – e seus seguidores no Twitter e no Instagram – amanhã”.
    Nisso podemos incluir palestrar usando o PowerPoint ou o Keynote, como posso afirmar por experiência própria. Assim que uma tela iluminada aparece, os olhares se voltam a ela e o palestrante se torna uma voz vazia. Nenhum envolvimento direto é então possível. É por isso que eu tendo a usar essas tecnologias minimamente, para mostrar imagens e gráficos ou citações significativas.

Marcelo Gleiser

Disponível em: https://www.fronteiras.com/artigos/marcelo-gleiser-deveriamos-viver-a-vida-oucaptura-la
“Um artigo recente no New York Times explora a onda explosiva de gravações de eventos feitas em smartphones, dos mais significativos aos mais triviais”. No trecho, o elemento destacado é equivalente a:
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Q1054375 Português

Texto II: A língua

      Quando imagino o terror dos africanos a bordo de navios negreiros, nos palanques dos leilões, habitando a arquitetura insólita das fazendas de monocultura, considero que esse terror ia além do medo da punição e residia também na angústia de ouvir uma língua que não compreendiam. O próprio som do inglês devia aterrorizá-los. Penso nos negros encontrando uns aos outros num espaço distante das diversas culturas e línguas que os distinguiam uns dos outros obrigados pelas circunstâncias a achar maneiras de falar entre si num “mundo novo” onde a negritude ou a cor escura da pele, e não a língua, se tornariam o espaço da formação de laços. Como lembrar, como evocar esse terror? Como descrever o que devem ter sentido os africanos cujos laços mais profundos haviam sido sempre forjados no espaço de uma língua comum, mas foram transportados abruptamente para um mundo onde o próprio som de sua língua materna não tinha sentido?

     Imagino-os ouvindo o inglês falado como a língua do opressor, mas também os imagino percebendo que essa língua teria de ser adquirida, tomada, reclamada como espaço de resistência. Imagino que foi feliz o momento em que perceberam que a língua do opressor confiscada e falada pela língua dos colonizados, poderá ser espaço de formação de laços. Nesse reconhecimento residia a compreensão de que a intimidade poderia ser recuperada, de que poderia ser formada uma cultura de resistência que possibilitaria o resgate do trauma da escravização. Imagino, portanto, os africanos ouvindo o inglês pela primeira vez como “a língua do opressor” e depois ouvindo-o outra vez como foco potencial de resistência. Aprender o inglês, aprender a falar a língua estrangeira, foi um modo pelo qual os africanos escravizados começaram a recuperar seu poder pessoal dentro de um contexto de dominação. De posse de uma língua comum, os negros puderam encontrar de novo um modo para construir a comunidade e um meio para criar a solidariedade política necessária para resistir.

bell hooks

Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. Trad. de

Marcelo B. Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2013

No fragmento “Quando imagino o terror dos africanos a bordo”, no que se refere ao uso de crase na expressão destacada, é possível afirmar que a crase:
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Q1054031 Português
Leia o texto para responder à questão.

Estacionados na arrogância

    Um dos problemas das grandes cidades, e até das pequenas, é encontrar lugar para estacionar. Uma vaga livre, hoje, é um bilhete premiado. Muitos ficam indignados com motoristas que não dão a mínima importância para as linhas que delimitam o espaço para os automóveis nos estacionamentos de shoppings e demais áreas comerciais.
    Então lá vem o piloto, com pressa. O estacionamento está quase vazio, há vagas ainda disponíveis. Ele nem titubeia: imbica o carro de qualquer jeito, sem reparar que avançou em cima daquela faixa branca ou amarela, impossibilitando que outro motorista estacione a seu lado. Ele está ocupando duas vagas e não se importa, pois não enxerga além do próprio umbigo e não é da sua conta se daí a pouco aquele estacionamento estiver lotado de pessoas procurando vaga – ele não foi programado para pensar nos outros.
    O que ele deveria fazer, sem gastar mais do que 10 segundos do seu precioso tempo, era manobrar até deixar o carro reto entre as duas faixas, com espaço suficiente para ter vizinhos que, além de estacionarem, conseguirão abrir as portas de seus veículos. Muitos motoristas manobram até deixar o carro retinho e nem por isso perderam os braços ou aumentaram o consumo de combustível. E quantos motoristas não se preocupam em repetir o que outros fizeram! Isso criará uma corrente em que todos, durante todo o dia, estacionarão em cima das faixas e o resultado será menos vagas disponíveis.
    Não deveria ser preciso esmolar a compreensão das pessoas. Se todos estacionassem seus carros direitinho no espaço destinado a eles, sem deixá-los tortos, sem avançar na vaga alheia, sem abandonar os carros com displicência, teriam sua contribuição reconhecida e haveria grande chance de nós, dali a algum tempo, não termos de pagar multa por causa disso também, já que a única didática eficaz do país é mexer no bolso das pessoas. Vamos tentar ser educados de graça!
(Martha Medeiros. Simples assim. Porto Alegre: L&PM, 2015. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a palavra destacada expressa sentido de modo.
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Q1053843 Português

Para responder à questão, assinale a alternativa que completa, correta e adequadamente, as falas dos personagens dos quadrinhos.


Imagem associada para resolução da questão

(Peanuts. Felicidade é…Charles M. Schulz. Adaptado)

Alternativas
Q1053689 Português
Leia o texto para responder à questão.

Enchendo e esvaziando balões

    Daniela trabalha numa empresa em que a gentileza não é preocupação central. E por isso o estresse provocado pelo trabalho em si não é nada comparado ao desgaste causado pelo convívio com chefes e colegas mal-educados. Por exemplo, Daniela tem um colega, Pedro, que nem se importa se ela está falando ao telefone, resolvendo algum problema. Ele chega, não pede licença e começa a falar, simplesmente ignora o fato de a colega estar ocupada. O que ele quer é resolver o problema dele.
    Apesar de ser um assunto sério, Daniela faz as pessoas rirem quando descreve o que chama de “técnica para amortecer o impacto da convivência diária com pessoas grosseiras”. Quando volta do trabalho, Daniela, antes de comer, fica dez minutos no quarto enchendo balões e depois esvaziando. Ela pega alguns balões e vai enchendo um por um, pensando em tudo o que a desgastou naquele dia: o colega que foi grosseiro, o chefe que lhe deu uma patada e outras situações desagradáveis. Ela visualiza os momentos negativos enquanto vai enchendo cada balão com força. Depois solta de uma vez; quando o balão esvazia, parece que sai um peso de dentro dela. É como se estivesse pondo para fora todas as coisas ruins.
    O exercício terapêutico só tem um problema: não pode ser feito perto da filha de três anos, que, nas poucas vezes que testemunhou o ritual da mãe, achou que era festa de aniversário e, depois de cantar o parabéns, queria bolo e presentes.
    A sensação que Daniela tem é de que estamos achando cada vez mais natural agir com falta de educação. Ela não duvida nada de que exista alguém enchendo balões por aí por causa de alguma falta de educação que ela cometeu e nem notou. Por isso é sempre bom estar atento aos próprios gestos e comportamentos.

(Leila Ferreira. A arte de ser leve. São Paulo: Globo, 2010. Adaptado)
No trecho − ... Daniela faz as pessoas rirem quando descreve o que chama de “técnica para amortecer o impacto da convivência diária com pessoas grosseiras”. – a palavra destacada estabelece relação de sentido de
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Q1052815 Português

Leia o texto para responder à questão.

Quando a esposa vai embora

    A esposa de Maurício, Karen, abandonou a casa deles há pouco tempo, levando as roupas e os pertences.
    O casal estava feliz nas últimas semanas, o que deixou Maurício muito confuso. Não houve nenhuma discussão, nenhuma cobrança, nenhum problema.
    A empregada deles, Leonice, chegava sempre às 8 horas e encontrava Maurício arrumado, já de saída. Numa sexta- -feira, ele avisou Leonice que Karen ia ficar dormindo até mais tarde porque estava morta de cansaço, tinham assistido a um filme e deitaram tarde.
    Leonice foi então ao mercado comprar ingredientes para preparar o almoço. No caminho, recebeu uma ligação de Maurício.
    ─ Ela levantou?
    ─ Não, permaneceu quietinha lá.
    ─ Então, deixa dormindo.
    Quando Maurício foi almoçar em casa, no meio da tarde, Karen não tinha dado sinal. Pensou, pensou e decidiu não despertar Karen. O tempo passou. Quando Maurício voltou para casa, no final do dia, Karen continuava dormindo. Então ele pediu à Leonice:
    ─ Vai acordá-la, pois já passou do limite!
    Leonice foi acordar Karen. Retornou pálida para a sala.
    ─ Não tem ninguém no quarto. Maurício respirou fundo e somente disse:
   ─ Não estou pronto para saber disso. Vamos continuar fingindo que ela ainda mora conosco, tá bom, Leonice?
(Carpinejar. Espero alguém. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2013. Adaptado)

No trecho – ... foi então ao mercado comprar ingredientes para preparar o almoço. –, a palavra destacada estabelece sentido de
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Q1052213 Português

Leia o texto para responder às questões de números 01 a 12.

Nostalgia instantânea

            Vivemos a era da nostalgia instantânea. Ela resulta da corrida tecnológica e do modo como esta moldou novas formas extremamente sensíveis de viver e sentir o mundo e a passagem do tempo. São sistemas operacionais e designs de telefones celulares e computadores, entre outras engenhocas, signos e programas, que se atualizam o tempo todo, não dando tempo aos usuários de se acostumarem com a novidade imediatamente anterior, e assim para trás e para diante.

             A moda foi o primeiro sistema de comunicação que adotou a novidade como princípio motor – e a descartabilidade como seu contrapeso. O lançamento periódico das coleções de roupas e acessórios se atropelam para impulsionar a indústria e provocar o efeito de ultrapassagem sobre os consumidores.

             Hoje, a moda e as artes se sincronizaram e se tornaram servas do design, em especial o design de produtos tecnológicos de ponta. Serão os objetos da tecnologia de ponta o resultado de uma arte que agora mostra o poder e importância? Certamente sim. E mais: essas modalidades de avanço, que conjuram as estratégias mais eficazes da moda e das outras artes, levam a sensibilidade do consumidor às raias da loucura. Transformam o descartável em antiguidade, pois, ao tornar obsoleto e inoperante o que mal havia sido uma novidade assombrosa, refugam itens que adquirem um certo miasma de aura, de aparição única de algo imediatamente distante e irrecuperável. Numa inversão do processo de descarte, à medida que refugamos objetos e atualizamos os processos de software, passamos a sentir falta e a cultuar aplicativos, sistemas e modelos do recém-passado. Se o usuário se fascina pelos novos comandos e funções, ele sente saudade dos que acabaram de sair de cena.

             O imperativo da obsolescência em alta velocidade dá origem ao sentimento da nostalgia instantânea e, com ela, o amor e o luto por aquilo que acabou de acontecer. Eis aí um sentimento novo. É como se o envelhecimento pudesse ser abreviado e experimentado em um milésimo de segundo. O fenômeno nos ensina a examinar com maior precisão a obsolescência em todos os níveis: na troca cada vez mais rápida das gerações e das pessoas, dispositivos, aplicativos, linguagens, falas e modas. Tudo se converte em “vintage” – ou, mais precisamente, em proto-retrô. A urgência pela novidade e pela morte da novidade se dá como uma erupção da alma destes tempos – ou o espírito desta falta de tempo de nossos tempos. Será que um dia o homem sentirá a nostalgia de um tempo em que a eternidade parecia existir? Talvez nunca mais.

(GIRON, Luís Antônio. Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e -blogs/luis-antonio-giron/noticia/2013/12/bnosta lgiab-instantanea.html. Acesso em 18.10.2017. Adaptado)

Considere as frases reescritas para responder à questão.

“É como se o envelhecimento pudesse ser abreviado e experimentado em um milésimo de segundo.”

“O lançamento periódico das coleções de roupas e acessórios se atropelam para impulsionar a indústria...”.

“... dá origem ao sentimento da nostalgia instantânea e, com ela, o amor e o luto por aquilo que acabou de acontecer”.

As preposições destacadas estabelecem entre as palavras, correta e respectivamente, as relações de:

Alternativas
Q1051932 Português

Leia o texto para responder a questão.

       Alguém ainda se lembra do telefone de todas as tias, dos tios, dos primos, dos avós ou dos vizinhos? Na minha casa era assim. Minha mãe, por exemplo, sabia o telefone de todo mundo. Parecia até que o Catálogo Telefônico era o seu livro de cabeceira.

      — Mãe, qual é o telefone de tia Lili?

      — 2-4036.

      Sim, os números eram mais curtos, mas, mesmo assim, eu ficava impressionado ao ver como ela sabia de cor, como ela tinha na cabeça o telefone de todos os parentes e também do açougue, do armazém, da farmácia, do Colégio Marista e do Colégio Sion.

      Hoje, todos nós ficamos preguiçosos. Quando roubaram o meu smartphone, só fui contar o ocorrido em casa, porque não sabia o telefone de ninguém, da mulher, dos filhos, nem mesmo o fixo que fica no meu escritório.

     Mas lembrar número de telefone não é nada. Ficamos preguiçosos pra tudo. Pra subir escada, pra rodar a manivela do vidro do carro, pra levantar e mudar o canal da TV.

    Ficamos preguiçosos pra ir de um lugar pra outro sem usar o Waze*. Já reparou que não se vê mais ninguém abrindo o vidro do carro e perguntando pro pedestre:

    — Por favor, onde fica a rua Apinagés?

     Para você ir do início da Avenida Paulista até o final dela, é só seguir reto, mas você coloca no Waze. E o pior é que às vezes ao invés de ele dizer “siga em frente toda vida”, como um bom mineiro, ele informa:

     — A 100 metros, vire à esquerda.

     Foi o que aconteceu comigo dentro de um taxi. O motorista argumentou que era pra evitar o trânsito. Passamos por Pinheiros, pela Vila Madalena, por Perdizes pra ir do início ao fim da Avenida Paulista.

(Alberto Villas. “Você chegou ao seu destino!”. www.cartacapital.com.br. 02.03.2018. Adaptado)


* Waze: aplicativo de navegação por GPS que informa as condições do trânsito.

Considere o sentido do vocábulo destacado nos trechos:

•  “Parecia até que o Catálogo Telefônico era o seu livro de cabeceira.”

•  “Para você ir do início da Avenida Paulista até o final dela, é só seguir reto (...)”

Nesses contextos, o vocábulo até exprime, respectivamente, circunstâncias de

Alternativas
Q1044900 Português

Leia o texto para responder a questão.


O inolvidável*

      Não é muito confortável ficar ao lado de grandes corporações, mas não vejo como não apoiar a tese do Google de que o Tribunal de Justiça da União Europeia (UE) não pode impor o tal do direito ao esquecimento ao serviço de busca em nível mundial.

     Comecemos pelo polêmico direito ao esquecimento, que vem sendo reconhecido por alguns tribunais, em especial os europeus. É fácil simpatizar com o adolescente que fez um comentário inadequado na rede e não quer que o lapso o assombre para sempre. Também dá para ser solidário com a vítima de um crime que não deseja que sua identidade passe a ser definida por esse acontecimento traumático.

          É muito complicado, porém, dar a cada indivíduo o poder de determinar o que pode ou não ser dito a seu respeito. Fazê-lo representaria um embaraço forte demais às liberdades de expressão.

        A prevalecer uma versão forte do direito ao esquecimento, um artista vaidoso poderia mandar apagar as críticas negativas à sua obra; um político desonesto poderia fazer sumir os registros das condenações que sofreu. Na ausência de critérios inequívocos sobre o que é aceitável descartar da memória coletiva, é melhor não conceder a ninguém o direito de editar o passado.

           O que me preocupa mais nessa história não é, porém, o mérito do direito ao esquecimento, mas a pretensão da Justiça europeia de que suas decisões se apliquem fora das fronteiras da União Europeia. O risco aí é o de totalitarismo. Não convém conceder a nenhum Estado, por mais democrático que seja, o poder de impor suas leis a todo o planeta.

           Em algum grau os EUA já fazem isso, ao reclamar para si jurisdição sobre todas as transações financeiras que envolvam o dólar, independentemente do local do crime ou da nacionalidade dos delinquentes. Não penso, porém, que essa atitude deva ser imitada ou aceita. O ideal seria que o poder de cada Estado ficasse restrito a suas fronteiras.

(Hélio Schwartsman. Folha de S.Paulo. 22.09.2018. adaptado)

* inolvidável: não olvidável; que não pode ser esquecido.

Assinale a alternativa cujo termo em destaque é empregado para intensificar o sentido da informação a que se refere.
Alternativas
Q1044884 Português

Leia o texto para responder a questão.

(In)Civilidade no trânsito

            A maneira como dirigimos serve de medida para nossas virtudes cívicas – uma literal exposição do nosso compromisso com as “regras do caminho”. No Brasil, entretanto, é uma expressão dos nossos piores vícios: cerca de 47 mil pessoas são mortas a cada ano em acidentes de trânsito, um dos maiores pedágios do mundo.

         A civilidade que demonstramos nas estradas e ruas das cidades vem em pequenos atos. No entanto, é a incivilidade que percebemos nas rodovias brasileiras.

      Assim como na violência letal, há várias partes envolvidas no problema da violência no trânsito e que também precisam estar na solução. O bom planejamento de estradas, das sinalizações e fiscalizações de velocidade precisa ser uma prioridade dos distintos níveis de governo. É fundamental investir em pesquisas e campanhas inovadoras de mudança de atitude de quem está ao volante. E arrisco dizer que as regras para tirar a carteira de motorista e a educação para o trânsito devem ser repensadas. O processo ficou mais longo e caro sem resultar em mais segurança. Não é com burocracia e decoreba de regras que vamos conscientizar nossos cidadãos para que deixem de usar carros como armas letais.

           Não conheço estudos no Brasil que busquem uma correlação entre o estresse do trânsito e o nível de violência em nossa sociedade. Seria interessante olhar mais de perto essa questão. Entender em que parte dela melhor se encaixa o comportamento violento do brasileiro no trânsito ou o quanto o estresse ocasionado pelas condições de nosso trânsito nos torna mais violentos no dia a dia.

            Acima de tudo, como dirigimos é, de certa forma, um reflexo do nosso compromisso democrático mais amplo. O modelo atual de dependência excessiva dos carros em detrimento dos espaços dos pedestres e de um bom transporte público prioriza a elite e aprofunda a nossa desigualdade. Somos uma sociedade em busca do interesse público – respeito entre os cidadãos, valorização do transporte coletivo e dos pedestres? Ou somos uma sociedade que só preza por interesses individuais e familiares, driblando as regras e acelerando por nossos interesses privados? Isso, condutores, é uma questão que cada um de nós deve começar a considerar.

(Ilona Szabó de Carvalho. Folha de S.Paulo, 01.08.2018. Adaptado)

Os termos destacados nas frases – “E arrisco dizer que as regras para tirar a carteira de motorista…” e “… o estresse ocasionado pelas condições de nosso trânsito nos torna mais violentos… – exprimem, respectivamente, noção de
Alternativas
Q1044520 Português
Leia o texto para responder à questão.

Logística reversa* e sustentabilidade

    Nos últimos anos, a sustentabilidade se tornou um dos temas mais discutidos no setor empresarial. Isso é fruto, principalmente, da conscientização social. O ser humano está cada vez mais certo de que os recursos naturais que utiliza são finitos. Dessa maneira, se não nos preocuparmos com o planeta, as próximas gerações estarão ameaçadas. O tripé reduzir, reutilizar e reciclar é uma tendência cada vez mais presente em nossa sociedade.
    Com leis relacionadas às questões ambientais muito mais rígidas, as empresas e indústrias brasileiras se viram na obrigação de desenvolver projetos voltados à logística reversa. Hoje em dia, já não basta reaproveitar e remover os refugos do processo de produção. O fabricante é responsável por todas as etapas até o fim da vida útil do produto. Por isso, a logística reversa está cada vez mais presente nas operações das empresas. O investimento para o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, retornáveis ou descartáveis, vem promovendo não só a queda do peso dos recipientes, o que já colabora para a redução do impacto ambiental, mas também a diminuição dos custos de industrialização, por serem mais leves. Outro ponto favorável fica por conta do crédito perante a opinião pública, já que as empresas demonstram que também se preocupam com o meio ambiente.
    Ambos os lados se beneficiam com a logística reversa. O consumidor atende sua consciência ecológica, recuperando parte do valor do produto, enquanto a empresa fabrica novos produtos com menos custos e insumos. Quem está no meio dessa cadeia também se beneficia, já que novas oportunidades de negócios são geradas e há uma inserção maior no mercado de trabalho para uma parcela marginalizada da sociedade.
    Fica evidente que a logística reversa é uma forma eficiente de recuperar os produtos e materiais descartados das empresas. Atualmente, as empresas modernas já entenderam que, além de lucratividade, é necessário atender aos interesses sociais, ambientais e governamentais, para atingir a sustentabilidade. É preciso satisfazer governos, comunidade, clientes, funcionários e fornecedores, que avaliam a empresa por diferentes ângulos. A logística reversa ainda está em difusão no Brasil, aplicada ora somente por empresas de grande e médio porte. O potencial de crescimento nos próximos anos, porém, é muito promissor.
(Nili Cini Junior. Revista Planeta. junho 2018. ano 46. Edição 54. Adaptado)

* Logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
Considere as frases do texto para responder à questão.
•  “... o que já colabora para a redução do impacto ambiental...” •  “A logística reversa ainda está em difusão no Brasil...”
As preposições destacadas estabelecem entre as palavras, correta e respectivamente, relações de:
Alternativas
Q1044386 Português

Leia o texto para responder à questão.


Logística reversa* e sustentabilidade


    Nos últimos anos, a sustentabilidade se tornou um dos temas mais discutidos no setor empresarial. Isso é fruto, principalmente, da conscientização social. O ser humano está cada vez mais certo de que os recursos naturais que utiliza são finitos. Dessa maneira, se não nos preocuparmos com o planeta, as próximas gerações estarão ameaçadas. O tripé reduzir, reutilizar e reciclar é uma tendência cada vez mais presente em nossa sociedade.
     Com leis relacionadas às questões ambientais muito mais rígidas, as empresas e indústrias brasileiras se viram na obrigação de desenvolver projetos voltados à logística reversa. Hoje em dia, já não basta reaproveitar e remover os refugos do processo de produção. O fabricante é responsável por todas as etapas até o fim da vida útil do produto. Por isso, a logística reversa está cada vez mais presente nas operações das empresas. O investimento para o desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis, retornáveis ou descartáveis, vem promovendo não só a queda do peso dos recipientes, o que já colabora para a redução do impacto ambiental, mas também a diminuição dos custos de industrialização, por serem mais leves. Outro ponto favorável fica por conta do crédito perante a opinião pública, já que as empresas demonstram que também se preocupam com o meio ambiente.
     Ambos os lados se beneficiam com a logística reversa. O consumidor atende sua consciência ecológica, recuperando parte do valor do produto, enquanto a empresa fabrica novos produtos com menos custos e insumos. Quem está no meio dessa cadeia também se beneficia, já que novas oportunidades de negócios são geradas e há uma inserção maior no mercado de trabalho para uma parcela marginalizada da sociedade.
     Fica evidente que a logística reversa é uma forma eficiente de recuperar os produtos e materiais descartados das empresas. Atualmente, as empresas modernas já entenderam que, além de lucratividade, é necessário atender aos interesses sociais, ambientais e governamentais, para atingir a sustentabilidade. É preciso satisfazer governos, comunidade, clientes, funcionários e fornecedores, que avaliam a empresa por diferentes ângulos. A logística reversa ainda está em difusão no Brasil, aplicada ora somente por empresas de grande e médio porte. O potencial de crescimento nos próximos anos, porém, é muito promissor. 

(Nili Cini Junior. Revista Planeta. junho 2018. ano 46. Edição 54. Adaptado)

* Logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.
Leia o texto a seguir.
As próximas gerações estão sujeitas ____ recessão dos recursos naturais. / As leis relacionadas às questões ambientais são compatíveis _____ projetos voltados à logística reversa.
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do texto, conforme a norma-padrão da língua portuguesa
Alternativas
Q1044088 Português
Considerando a norma-padrão da Língua Portuguesa, assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas da frase a seguir.
A ajuda psicológica é responsável ___________ beneficiar muitas pessoas no que diz respeito__________ mudança de comportamento. Porém nem sempre é fácil convencê-las de que isso _________ fará bem. 
Alternativas
Q1043929 Português
Leia o texto, para responder à questão.

Novos tempos, novos olhares

      O individualismo tem pautado a sociedade atual em uma posição que contraria os valores humanos, principalmente contra a prática dos princípios eleitos por muitos como filosofia de vida, entre eles o amor, a paz, a justiça, a liberdade, a harmonia, a honestidade, a igualdade e tantos outros. O discurso sobre a crise dos valores repete-se periodicamente, e todas as gerações tendem a ver nas posteriores uma degradação e rebaixamento dos padrões. Com essa não é diferente. O mundo moderno que sofre com o confronto entre o conservador e o inovador, o público e o particular, ainda em discordância, para muitos parece estar de ponta-cabeça.
      Segundo Wilson Bragança, especialista em Sociologia, Economia e Políticas Públicas, ao que parece, na nossa sociedade, os comportamentos, as normas e o sentido global da vida individual e comunitária não se inspiram em padrões éticos de valores, mas sim em critérios imediatistas, consumistas, hedonistas, pragmáticos. As pessoas – afirma – preferem o imediato, o prazer sem consequências e tudo o que for mais fácil.
    O polonês Zygmunt Bauman, um dos pensadores mais importantes e populares do fim do século 20, que cunhou a expressão “modernidade líquida”, escreveu que as formas de vida contemporâneas se assemelham pela vulnerabilidade e fluidez, incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça um estado frágil e temporário nas relações sociais e nos laços humanos.
      A faceta preocupante da crise de valores está no fato de nós sermos cada vez mais incapazes de enfrentar o problema. Temos uma grande dificuldade em falar dos valores porque se instalou entre nós a ideia de que, numa democracia, não há valores impessoais ou suprapessoais: cada um escolhe os seus valores, um pouco como os seus gostos, e, obviamente, todos aprendemos que os gostos não se discutem.
     “Viver numa democracia, dizem-nos, é aceitar todos os valores, reconhecer igual direito à expressão de todos eles e, mais do que isso, reconhecer a todos igual consideração e respeito; mas as profundas alterações econômicas, científicas e tecnológicas não apenas estimulam o abandono dos valores tradicionais, elas parecem ter conduzido a humanidade para um vazio deles”, afirma Bragança.

(Gisele Bortoleto. Revista Be bem-estar, 22.07.2018. Adaptado)
Nos contextos das passagens – O mundo moderno que sofre com o confronto entre o conservador e o inovador … / O discurso sobre a crise dos valores repete-se … / As pessoas [...] preferem o imediato, o prazer sem consequências e tudo o que for mais fácil. –, as preposições destacadas expressam, correta e respectivamente, as noções de
Alternativas
Respostas
1861: C
1862: D
1863: C
1864: C
1865: C
1866: D
1867: B
1868: D
1869: D
1870: E
1871: C
1872: D
1873: D
1874: E
1875: B
1876: B
1877: D
1878: B
1879: C
1880: E