Questões de Português - Pronomes pessoais oblíquos para Concurso
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Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões.
O texto de Marta Medeiros, Miss Brasil 2000, de 1998, presta homenagem a Regina Casé, hoje, sucesso como protagonista de Amor de Mãe, telenovela brasileira de Manuela Dias.
Miss Brasil 2000
A primeira vez que a vi foi em Trate-me Leão, uma peça que sacudia a juventude brasileira dos anos 70 e inaugurou um novo estilo de humor, gerando o TV Pirata e o que veio depois. Esquálida, dentuça, desengonçada. Mas eletrizante. Hilária. Encantadora. Não nascia uma estrela, nascia uma camaleoa.
Regina Casé, junto com a maioria do elenco do grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, acabou trocando o teatro pela televisão, fazendo novelas, seriados e programas humorísticos antológicos. Depois resolveu seguir carreira solo e conduziu um dos programas mais inteligentes e criativos da tevê, o Brasil Legal. Agora chegou a vez de Regina testar-se no papel de entrevistadora: sábado passado estreou Muvuca, um talk-show que é a cara da dona. O programa vai pegar? Vai ter audiência? Vai durar mais do que dois meses? Deixo essas questões para análise dos especialistas. Estou aqui para fazer aquilo que alguns críticos acham imperdoável: elogiar.
Por que gosto tanto da Regina Casé? Provavelmente pelo mesmo motivo que você: Regina é a porta-voz do Brasil que nos orgulha, e não daquele que nos envergonha. Ela é inteligente sem ser pedante, é engraçada sem ser. inconveniente, é moderna sem ser datada. Ela unifica o Brasil do norte a sul, circula com naturalidade na arquibancada do Maracanã e no Palácio do Planalto, extingue conceitos como brega e chique, extrai o melhor das pessoas, trata Carlinhos Brown e Fernando Henrique com a mesma sem cerimônia. Tem o dom de transformar celebridades em simples mortais e de alçar desconhecidos ao estrelato. Põe Cid Moreira para jogar peteca e Angélica de touca de banho, ao mesmo tempo que enaltece o talento e a importância de uma empregada doméstica ou de um menino que trabalha como guia turístico no sertão. Regina Casé é o Midas da humanização: tudo o que ele toca vira gente de carne e osso.
Rótulos não a impressionam. Seu entrevistado não é um intelectual, uma socialite ou o rei do pagode, mas alguém que gosta de aspargos, que canta no chuveiro, que cria três filhos. Isso interessa? Taí o show de Truman. E jornalismo? Também. . Estamos vivendo a era do estereótipo, da robotização, da exaltação da imagem em detrimento do conteúdo. O que Regina Casé faz com as pessoas que dividem a cena com ela é rasgar a embalagem e buscar o que há dentro. Ela mesma é um exemplo disso. Extrai de si própria coração, cérebro, humor, sensibilidade, todas essas coisas que substituem o par de olhos verdes e o corpaço que não tem. É a feia mais bonita que eu conheço.
Vida longa a Regina Casé e ao Brasil legal que ela representa, que não é o Brasil dos grampos telefônicos, das fraudes dos desmentidos, das dissimulações. Eu compraria um carro usado mesmo que tivesse placa de Brasília.
Fonte: MEDEIROS, Martha. Trem Bala, p. 153,154. Ed. Nov/98.
A colocação do pronome oblíquo em: “Rótulos não a impressionam.” deve-se à:
Em: “Nas a últimas décadas, nos acostumamos a um ritmo frenético, inimaginável para nossos pais a avós.”, não se podes afirmar que:
Atenção: Para responder às questões de números 1 a 10, leia a crônica abaixo.
1. Um jornal é lido por muita gente, em muitos lugares; o que ele diz precisa interessar, senão a todos, pelo menos a um certo número de pessoas. Mas o que me brota espontaneamente da máquina, hoje, não interessa a ninguém, salvo a mim mesmo. O leitor, portanto, faça o obséquio de mudar de coluna. Trata-se de um gato.
2. Não é a primeira vez que o tomo para objeto de escrita. Há tempos, contei de Inácio e de sua convivência. Inácio estava na graça do crescimento, e suas atitudes faziam descobrir um encanto novo no encanto imemorial dos gatos. Mas Inácio desapareceu − e sua falta é mais importante para mim do que as reformas do ministério.
3. Gatos somem no Rio de Janeiro. Dizia-se que o fenômeno se relacionava com a indústria doméstica das cuícas, localizada nos morros. Agora ouço dizer que se relaciona com a vida cara e a escassez de alimentos. À falta de uma fatia de vitela, há indivíduos que se consolam comendo carne de gato, caça tão esquiva quanto a outra.
4. O fato sociológico ou econômico me escapa. Não é a sorte geral dos gatos que me preocupa. Concentro-me em Inácio, em seu destino não sabido.
5. Eram duas da madrugada quando o pintor Reis Júnior, que passeia a essa hora com o seu cachimbo e o seu cão, me bateu à porta, noticioso. Em suas andanças, vira um gato cor de ouro como Inácio − cor incomum em gatos comuns − e se dispunha a ajudarme na captura. Lá fomos sob o vento da praia, em seu encalço. E no lugar indicado, pequeno jardim fronteiro a um edifício, estava o gato. A luz não dava para identificá-lo, e ele se recusou à intimidade. Chamados afetuosos não o comoveram; tentativas de aproximação se frustraram. Ele fugia sempre, para voltar se nos via distantes. Amava.
6. Seria iníquo apartá-lo do alvo de sua obstinada contemplação, a poucos metros. Desistimos. Se for Inácio, pensei, dentro de um ou dois dias estará de volta. Não voltou.
7. Um gato vive um pouco nas poltronas, no cimento ao sol, no telhado sob a lua. Vive também sobre a mesa do escritório, e o salto preciso que ele dá para atingi-la é mais do que impulso para a cultura. É o movimento civilizado de um organismo plenamente ajustado às leis físicas, e que não carece de suplemento de informação. Livros e papéis, sim, beneficiam-se com a sua presteza austera. Mais do que a coruja, o gato é símbolo e guardião da vida intelectual.
8. Depois que sumiu Inácio, esses pedaços da casa se desvalorizaram. Falta-lhes a nota grave e macia de Inácio. É extraordinário como o gato “funciona” em uma casa: em silêncio, indiferente, mas adesivo e cheio de personalidade. Se se agravar a mediocridade destas crônicas, os senhores estão avisados: é falta de Inácio. Se tinham alguma coisa aproveitável era a presença de Inácio a meu lado, sua crítica muda, através dos olhos de topázio que longamente me fitavam, aprovando algum trecho feliz, ou através do sono profundo, que antecipava a reação provável dos leitores.
9. Poderia botar anúncio no jornal. Para quê? Ninguém está pensando em achar gatos. Se Inácio estiver vivo e não sequestrado, voltará sem explicações. É próprio do gato sair sem pedir licença, voltar sem dar satisfação. Se o roubaram, é homenagem a seu charme pessoal, misto de circunspeção e leveza; tratem-no bem, nesse caso, para justificar o roubo, e ainda porque maltratar animais é uma forma de desonestidade. Finalmente, se tiver de voltar, gostaria que o fizesse por conta própria, com suas patas; com a altivez, a serenidade e a elegância dos gatos.
(ANDRADE, Carlos Drummond. Cadeira de balanço. São Paulo: Companhia das Letras, 2020)
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a palavra sublinhada em:
As formas de pensamento singulares se tornam raras, pois o que aparece como critério de êxito é
o leque da prática padronizada da linguagem. Assim, desencadeia-se a volta permanente a formas
herdadas da modernidade, quase como um pastiche, que as transpõem sem de fato repensá-las [...]
Os pronomes oblíquos presentes nesse trecho substituem